quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

MOURINHO RETRATADO TAL QUAL É


A IMPRENSA DE MADRID NÃO POUPA MOURINHO

Aqui há muitos meses, neste post, antecipámos as dificuldades de Mourinho em Madrid, bem como as suas previsíveis vítimas.
Também dissemos que Mourinho, com experiência em clubes párias, iria ter muita dificuldade em adaptar-se ao Real Madrid.
Finalmente, Mourinho não é tão inteligente quanto o julgam. É um narciso, um ególatra, que apenas pensa em si e nos seus êxitos. E quem assim actua corre sempre o risco de não compreender o contexto em que actua.
É certo que nem todas as equipas em que Mourinho ganhou títulos são iguais. Há diferenças entre elas, mas todas têm de comum o serem equipas pequenas – equipas de apenas alguns. com poucos adeptos
O Porto é de longe aquele que melhor se adequa à personalidade de Mourinho. Tudo vale, tudo se pode fazer, desde que esses feitos levem à vitória. Pode-se fomentar a violência, pode-se coagir as arbitragens, pode-se mesmo levá-las para “casa” ou dar-lhes “fruta”, pode-se achincalhar os adversários, pode-se usar a intimidação e a violência contra jornalistas e outros agentes desportivos – desde que com essas práticas se alcance a vitória, elas serão boas. No Porto, Mourinho mais do que mestre, foi aluno: foi lá que ele aprendeu a ser quem é.
No Chelsea as coisas eram diferentes. Antes de mais, porque se estava em Inglaterra. Muitas das práticas que tinha aprendido em Portugal não poderiam ser transplantadas para lá. Mesmo assim, algumas foram.
A seu favor tinha o facto de o Chelsea ser um clube pequeno, um clube de ricos, numa Londres onde o futebol era originariamente proletário, comprado por um oligarca russo, que acima de tudo queria vitórias. Mas que, curiosamente, não desprezava, contrariamente à generalidade dos adeptos, o espectáculo.
A ausência de grandes vitórias no plano europeu e o desprezo pelo espectáculo ditaram a sorte de Mourinho. Foi despedido.
No Inter havia grande “fome” de vitórias nacionais e europeias. Arredado das vitórias nacionais durante largos anos, o Inter, beneficiando da grande crise do futebol italiano, nomeadamente da Juve e do Milan, havia encetado o regresso aos títulos nacionais antes de Mourinho. Com Mourinho consolidou-os e regressou aos títulos europeus, dos quais estava afastado há muitas décadas.
Como clube pouco popular que é, sem adeptos na Itália e com poucos adeptos na Lombardia, o Inter era o clube ideal para Mourinho poder fazer todo o tipo de guerras com os árbitros, com a imprensa, com os colegas, enfim, fazer uma completa demonstração de uma personalidade com um carácter que não respeita nada nem ninguém para atingir os seus fins.
No auge das suas vitórias, completamente embriagado com o seu próprio endeusamento, chegou a Madrid, sem perceber bem – vê-se agora – o chão que pisava. Já em anteriores ocasiões tinha dado sobejas provas de não compreender o “madridismo”, mas a partir do momento em que foi humilhado pelo Barcelona e em que levou um dos maiores “banhos de bola” da história do futebol, Mourinho ficou transtornado e desequilibrado tão forte foi a “machadada” desferida no seu incomensurável orgulho.
As cenas de domingo passado, a recusa em comparecer hoje na conferência de imprensa, foram a gota de água que fizeram a imprensa de Madrid dizer, sem meias-palavras, o que dele pensa, como se pode ler aqui (Madrid descobre o pior de Mourinho) e aqui (Que o Madrid se defenda de Mou).

Na conferência de imprensa de domingo, atacou Valdano. Florentino Peres, sem rodeios, respondeu. "Jorge é quem melhor nos representa".

Esta página da Marca é bem o exemplo do que é hoje Mourinho em Madrid.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

AFINAL, MOURINHO NÃO AGUENTA A PRESSÃO



OS CLUBES DE MOURINHO

Fica cada vez mais patente a cada dia que passa que Mourinho tem muita dificuldade em conviver com quem o supere. E para evitar ou tentar evitar que tal aconteça, Mourinho lança mão, sem escrúpulos, de tudo o que lhe possa ser útil.
Nenhum critério de natureza ética o demove nesse objectivo. Os seus critérios são puramente pragmáticos e utilitários. O que for útil, é bom. A mais completa amoralidade é a norma de conduta de Mourinho.
Por isso, Cruyft, com razão, diz que Mourinho pode ser, e é, um bom treinador para a sua equipa, mas não é um bom treinador para o país, para o futebol e para todos aqueles que podem tirar proveito de um grande exemplo.
Acontece que para Mourinho estas palavras não representam nada, nem sequer ele as interioriza como uma censura. O seu objectivo é ganhar, e, desde que o consiga, convive muito bem com tudo o resto.
Acontece que no Real Madrid as coisas não são bem iguais às de outros clubes por onde Moutinho passou. O Real Madrid quer ganhar, mas quer acima de tudo ser um clube de projecção nacional e mundial, sem mancha. Um clube que respeita os adversários, que respeita as estruturas do futebol nacional, europeu e mundial em que está integrado, em suma, o Real Madrid não é, nem quer ser um clube pária, mesmo que esse fosse o segredo ou o caminho mais curto para as vitórias. O Real Madrid quer ser, e nunca pela sua história abdicará disso, um clube de referência.
Aquilo a que eles chamam de “madridismo” não aceita, nem pode aceitar, os comportamentos de Mourinho e da sua gente.
Mourinho vem de outras experiências, umas de batota declarada e confirmada por escutas, outras de clubes adquiridos por plutocratas sem escrúpulos, oligarcas autoritários que se acham com direito a tudo, outras ainda de clubes impopulares e rejeitados não apenas pela grande maioria dos adeptos do futebol, mas inclusive da cidade ou região a que pertencem. É nestes ambientes que Mourinho se sente bem. Neles goza de rédea solta para utilizar a vasta gama de recursos que sabe pôr ao seu serviço para ganhar.
No RM não vai poder actuar assim. E não é facto de ontem já ter pedido desculpa ao presidente pelo que aconteceu na véspera que ele se pode sentir habilitado a voltar actuar da mesma maneira no dia seguinte.
Além do mais, em Madrid percebem que Mourinho está completamente destabilizado pelo futebol do Barcelona. Afinal, Mourinho não aguente a pressão. Ele que tanto se gabava de ser indiferente a tudo o que o rodeava…
Como desculpa, dizem alguns, tem a seu favor o ter levado um dos maiores “banhos de futebol” de que há memória!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O JOGO DE PAÇOS DE FERREIRA



DOIS ENIGMAS E UMA CERTEZA

O Porto ganhou em Paços de Ferreira por 3-0. Dois golos nos descontos e um na primeira parte.
Apenas dois enigmas.
Primeiro, o penalty marcado a favor do Porto, depois de corte com o pé de um jogador do Paços;
Segundo, os falhanços de Rondon…um caso a seguir com atenção.
A certeza é a do comentador de arbitragem da TVI - nem na arbitragem da Liga o quiseram!

domingo, 19 de dezembro de 2010

O REAL MADRID NA SPORT TV



ATÉ DI MARIA JÁ É "ANGELITO"

São ridículos, absolutamente ridículos, os comentários e a narração dos jogos do Real Madrid na Sport TV.
O comentador e o narrador são dois adeptos fanáticos do conjunto madrilista, não certamente por se tratar do Real Madrid, mas por a equipa ser treinada por Mourinho e lá ter Ronaldo e Ricardo Carvalho, além de Di Maria, que, desde que lá está, até passou a “Angelito”. O mesmo que o ano passado fazia imensas “fitas”, é agora um super craque.
É este “saloiismo bacoco”, disfarçado de patriotismo futebolístico, que faz com que o narrador e o comentador se refiram às vicissitudes do jogo e ao árbitro como se estivessem a tratar de um assunto deles e, por extensão de todos nós, pondo nele tal fervor e tanto facciosismo, que tornam o espectáculo, além de ridículo, insuportável.
Quem simplesmente queira assistir a um jogo de futebol não consegue. Os ditos “funcionários” da Sport TV – estes ou outros, já que é quase idêntico o comportamento de todos – não percebem que o Real Madrid está claramente traumatizado pelo êxito e pelas exibições do Barcelona - que, essas sim, arrebatam multidões em todo o mundo -, e, por isso, joga com intranquilidade e até pior do que poderia fazer noutras circunstâncias. Eles não percebem que as vitórias do Barcelona, sempre ligadas a exibições deslumbrantes, com prestações individuais verdadeiramente extasiantes, têm um efeito demolidor sobre a moral dos jogadores do Real, nomeadamente daqueles que supunham poder ombrear com os grandes craques do Barcelona.
E como não compreendem isto, ou fazem que não compreendem, procuram desculpas nas arbitragens, que, segundo a opinião deles, agem sempre contrariamente aos interesses do Real – o que também não deixa de ser ridículo para quem minimamente conheça o futebol espanhol – e atribuem todo o tipo de méritos e de elogios aos jogadores portugueses, mesmo quando os não merecem.
A Sport TV deveria saber que quem paga a assinatura para ver os jogos transmitidos em canal fechado paga isso mesmo: a possibilidade de ver jogos e não para assistir a verdadeiros comícios de apoio a uma determinada equipa.
Por esta forma de actuar dos tais funcionários da Sport TV igualmente se afere a sua completa ausência de profissionalismo. O que eles fazem abertamente com o Real Madrid, fazem-no encapotadamente na maior parte dos outros jogos. Só que, como não se trata de uma equipa portuguesa, eles partem do princípio que todos os espectadores apoiam aquela onde estão portugueses e, por isso, sentem-se tão à vontade como quando estão a relatar um jogo da selecção nacional. O que eles se esquecem é que a maior parte das pessoas o que quer é ver futebol e que as poupem ao fanatismo dos comentadores.
O clima em Madrid, e na Espanha em geral, á volta de Mourinho é cada vez pior. A arrogância do português, o auto-elogio permanente e a sombra, ou antes, o sol que irradia de Barcelona vão fazendo contra ele o seu caminho.
Aliás, este clima criado por Mourinho e a sua gente está-se tornando gradualmente insustentável. Ainda hoje Silvino se meteu com o banco do Sevilha – e não o contrário – e depois empurrou violentamente o delegado de campo do próprio RM. E tudo isto acontece, porque Mourinho “fez-se grande” em habitats onde a violência não era uma excepção e onde a impunidade era a regra!
EM TEMPO
Lidas as declarações de Mourinho após o encontro com Sevilha, percebe-se que ele pede a "cabeça" de Valdano. Como aqui se vaticinou logo que Mourinho assinou pelo Real, Valdano seria uma das suas próximas vítimas.
Valdano é demasiado civilizado para lidar com Mourinho. Não é com gente como Valdano que Mourinho está habituado a tratar...

sábado, 18 de dezembro de 2010

BENFICA VENCE E SOBE DE RENDIMENTO



A DEFESA AINDA COM FALHAS

O Benfica venceu o Rio Ave por 5-2 e realizou uma exibição que, do ponto de vista atacante, se aproximou das da época passada. Tanto na eficácia finalizadora, como na exibição, o Benfica jogou muito bem na primeira meia hora e depois, na segunda parte, soube reagir bem ao golo do Rio Ave e marcar em quase todas as situações de golo.
De evidenciar a boa exibição do Rio Ave, com excepção da tal primeira meia hora, que, apesar de ter sofrido golos em momentos decisivos do jogo, nunca se entregou e criou permanentemente dificuldades ao Benfica.
Com uma equipa quase Argentina é natural que o Benfica tenha feito gala de um bom toque de bola, apesar de algumas falhas, e de um virtuosismo muito próprio dos jogadores argentinos.
Contra, as falhas defensivas que continuam a existir. Falhas que não são necessariamente individuais, embora também existam, mas da organização defensiva da equipa. Se o Benfica melhorar neste aspecto, que tem sido o seu principal problema esta época, é provável que se aproxime do Porto.
Boas exibições individuais de Salvio, que foi o melhor em campo, de Saviola, a subir de rendimento de jogo para jogo, e de Roberto, que esteve à altura nos momentos decisivos. Do lado do Rio Ave, boa exibição de João Tomás.
Entretanto, o treinador do Porto deu mais uma vez provas do seu baixo nível. Comportando-se como adepto, e não como treinador, irá certamente, mais tarde ou mais cedo, sofrer as consequências dessa sua atitude.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

AS EQUIPAS PORTUGUESAS NA LIGA EUROPA



PERSPECTIVAS

Arredadas da Liga dos Campeões, por exclusiva responsabilidade do Benfica, que nem sequer cumpriu a obrigação de ganhar os jogos em casa, as equipas portuguesas concentraram-se todas na Liga Europa.
Apesar de o Benfica e o Porto defrontarem equipas de ligas da “Primeira Divisão” europeia, a verdade é que nem estas nem as outras duas equipas ainda em prova (Sporting e Sporting de Braga) irão ter pela frente equipas muito fortes.
O Braga jogará com o Lech Poznan da Polónia, que está em 10.º lugar a onze pontos do primeiro. Jogando primeiro em Poznan e, depois em Braga, há todas as condições para que a equipa bracarense siga em frente.
Já ao Sporting cabe-lhe defrontar o Rangers, em primeiro lugar na Liga escocesa, com apenas uma derrota. Este jogo é bem capaz de ser o mais difícil dos quatro, embora o Sporting costume fazer bons resultados com equipas britânicas. O problema é que o Sporting tanto faz hoje um jogo bom como amanhã um jogo péssimo. E como nunca se sabe com o que se pode contar, a eliminatória está em aberto, com mais probabilidades para os escoceses.
Ao Benfica cabe-lhe o Estugarda, já conhecido do clube da Luz nestas andanças. Com Trappattoni, o Benfica perdeu na Alemanha por 3-0 na Taça UEFA, numa modalidade parecida com a actual Liga Europa. O problema do Benfica é semelhante ao do Sporting: a irregularidade da equipa. Quanto ao resto, o Estugarda está em penúltimo lugar na Bundesliga, embora com muitos golos marcados…mas também com muitos sofridos. Contra, ainda o facto de em mais de 50 anos de competições europeias o Benfica nunca ter conseguido ganhar na Alemanha, mesmo quando as equipas que defrontou ocupavam, à época, os últimos lugares da tabela – Nürnberg, Hertha de Berlim e Schalke 04.
O Porto tem a tarefa facilitada, não apenas porque está a jogar bem e muito moralizado, mas também porque o Sevilha tem sido uma permanente decepção. Eliminado da Champions League pelo Braga, apurou-se in extremis na fase de grupos da Liga Europa, em consequência de uma inexplicável fraca prestação do Borússia de Dortmund. Em 12.º lugar na Liga espanhola, a vinte pontos do Barcelona, com mais golos sofridos do que marcados, o Sevilha não é, nem de perto nem de longe, uma equipa que possa fazer frente ao FCP.
Sendo certo que daqui a Fevereiro muita coisa pode acontecer e até mudar, é, no entanto, plausível, feitas todas as contas, que o Porto e o Braga tenham as eliminatórias garantidas, perspectivando-se muitas dificuldades para o Benfica e para o Sporting.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O BENFICA GANHOU, MAS ...



HÁ TRISTEZA NO FUTEBOL DO BENFICA

Pela primeira vez, como treinador, Jorge Jesus apresentou-se perante a imprensa com um ar abatido e triste, aparentemente sem soluções para o mal que afecta o Benfica.
O jogo contra o Braga, também a passar um mau bocado, não foi bom, nem foi mau. Foi um jogo triste, sem alma, no qual à partida se sabia que um passaria e outro ficaria.
Há qualquer coisa nos jogadores do Benfica que nem eles, nem o treinador, conseguem erradicar.
A equipa joga como se não houvesse treinador. Embora isso não seja necessariamente culpa do treinador. Do mesmo modo que o ano passado jogava como se o treinador estivesse permanentemente “dentro do campo” a explicar-lhe o que fazer, embora isso também não fosse mérito exclusivo do treinador.
Há, de facto, qualquer coisa no futebol, que está para além da lógica e da racionalidade. Há no futebol um lado afectivo e emocional que, não sendo suficiente para transformar onze jogadores numa boa equipa, é, todavia, necessário para fazer de onze bons jogadores uma boa equipa.
Há qualquer coisa no Benfica que se “quebrou” e que somente por um daqueles acasos em que o futebol é fértil se pode voltar a “soldar”.
Talvez Jesus não seja treinador para mais de um ano, principalmente pelas suas limitadíssimas capacidades comunicacionais e também pelo super ego que exibe quando está vitorioso. Nem uma coisa nem outra se adquirem ou perdem aos cinquenta anos…
Talvez que o Benfica devesse ter vendido quase todos os jogadores que queriam sair, nomeadamente os estrangeiros, e devesse ter comprado bem e a tempo alguém para os substituir.
Talvez…O que parece ser certo é que o Benfica não encontra dentro de si forças suficientes para se manter no topo. De cada vez que lá chega, volta a cair. E depois de cair leva muito tempo a levantar-se de novo.
Importante, muito importante é conseguir um lugar na Liga dos Campeões da próxima época. Não é que o resto seja secundário. O que não pode é sacrificar-se o essencial na tentativa de alcançar o acessório.

sábado, 11 de dezembro de 2010

BENFICA: UM FUTURO COMPLICADO



A GRANDE OPÇÃO

Multiplicam-se as análises sobre o actual momento do Benfica e, simultaneamente, as declarações de apoio do Presidente a Jesus. Vieira, ao contrário de Pedro, o apóstolo, três vezes o confirmou e todavia o exemplo do apóstolo que, por três vezes o renegou, acabaria por frutificar até hoje: “ Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”.
Vieira o que verdadeiramente quer dizer é: “Tu és Jesus e contigo ao leme não construirei o meu Benfica”.
Certamente que Jesus não é a pessoa certa para reconstruir o Benfica. Não é, nem tinha que ser. Essa não é a função do treinador. Essa é a função do Presidente. Se depois de tantos fracassos e de não menos ilusões levianamente vendidas o Benfica tomba com tanta facilidade na vulgaridade, a culpa é do Presidente. Que não sabe liderar. Que não sabe escolher. Que está mal acompanhado.
E mais uma vez isso vai acontecer este ano. Não adianta ter ilusões. Já se percebeu que o treinador, pelas suas próprias fragilidades – incultura, impreparação para lidar com o êxito e com o inêxito, incapacidade de comunicar e, inclusive, deficiências técnicas graves tanto na escolha dos jogadores como na preparação dos jogos – e pelo contexto em que actua – uma direcção fraca, arrogante no exercício do poder e frágil na imposição da verdadeira autoridade – não está, por si, em condições de recuperar o Benfica para o que falta da época.
Dificilmente o Benfica contará com a “revolta do balneário”, feita de orgulho ferido e de amor-próprio. E também não conta, como já se disse, com uma presidência à altura das circunstâncias. Menos ainda poderá esperar qualquer benevolência, por mínima que seja, vinda do exterior. Já se percebeu que não haverá disso: as pequenas e “inocentes” ajudas estão reservadas para o Porto, quando necessárias – contra a Naval, contra o Nacional, contra o Moreirense, contra o Vitória de Setúbal – ou para o Sporting, que, de tão fraco, as não aproveita ou até as esbanja logo a seguir – e tantas e tão caricatas são, que nem vale a pena enumerá-las.
O Benfica tem de ter um treinador que seja um profundo conhecedor do grande futebol europeu, assim alguém como o actual treinador do Shaktar Donetz, alguém que apoiado por uma direcção competente prepare o Benfica para um comportamento positivo constante nas provas europeias.
O campeonato nacional é importante. A vitória na Liga é muito reconfortante, mas, por estranho que possa parecer, não é o mais importante. Importante é apurar-se para a Liga dos Campeões e assegurar uma participação positiva na prova.
No estrangeiro, o que conta, o que dá prestígio e dinheiro, é a Liga dos Campeões. Fora das três, no máximo, quatro, grandes ligas europeias, ninguém sabe quem foi o campeão da Bielorrússia, da Ucrânia ou de Portugal. Mas passa nas televisões de todo o mundo o resumo da derrota do Benfica contra o Hapoel de Israel e fica a insignificância da equipa que a sofre. Ao contrário, as vitórias na prova, o apuramento na fase de grupos, a passagem da primeira eliminatória, se forem um hábito constante, dão à equipa uma dimensão universal, feita de factos e não de mitos.
É neste sentido que o Benfica tem de apostar. Participar regularmente com um mínimo de brilho na Liga dos Campeões é muito mais rentável que uma vitória no campeonato nacional. O resto…virá por acréscimo.

A COVARDIA DE RUI SANTOS



UM EXEMPLO ENTRE MUITOS

Rui Santos é um intriguista vulgar. Somente num país onde a paixão clubista se sobrepõe a toda a racionalidade e no qual, além do mais, as polémicas, tanto no futebol, como na política, não primam pela lógica e pela racionalidade se pode compreender que um comentador tão vulgar tenha alguma audiência.
Aliás, comentador em solilóquio, já que inclusive lhe falta a coragem para debater e discutir conjuntamente.
Vem estas breves considerações a propósito de um artigo que o dito intriguista publicou na Record de quinta-feira, 9 de Dezembro, sobre as incidências do Porto-Vitória de Setúbal, de segunda-feira passada.
Não podendo deixar de referir-se ao modo como o FCP assegurou a vitória, Rui Santos critica a arbitragem, mas sempre daquela forma tímida de quem receia pelas consequências, se “falar de mais”. E quando nada, absolutamente nada o justifica, introduz, manifestamente para sua defesa pessoal, o Benfica na questão, dando a entender que divide com o Porto os favores da arbitragem.
Se se tratasse de uma calúnia, semelhante a tanta outras em que RS é useiro e vezeiro, ele não mereceria qualquer resposta. Apenas a tem, porque aquele artigo demonstra que ele – o tal da verdade desportiva – não passa de um tipo sem coragem. Nenhuma coragem.
É que o Benfica não vem naquele artigo a propósito de nada, nem sequer de um qualquer outro jogo dos disputados este ano. O Benfica vem ali, apenas para o defender de uma investida portista, que nunca se sabe - e ele também sabe isso – como é feita. Dizer mal de uma arbitragem que favoreceu o Porto, metendo no mesmo saco o Benfica é algo, que na compreensão que ele tem das coisas, o deixa fisicamente descansado. Que miséria!
Se ao menos falasse do Sporting que, com corrupção ou sem corrupção – só os dirigentes e os influentes sportinguistas o sabem -, regista este ano (e também o ano passado) uma série inconcebível de “erros graves” a seu favor, ainda se compreenderia, por muito que a citação apenas tivesse por objectivo não o deixar isolado frente ao Porto.
Agora que tenha envolvido o Benfica é um acto de profunda covardia!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

RÚSSIA E QATAR SEDES DO MUNDIAL 2018 E 2022

DUAS GRANDES APOSTAS DA FIFA

Já há muito se percebeu que a FIFA quer fazer do futebol o primeiro desporto mundial. Os novos mercados e as regiões que até hoje nunca tinham organizado uma prova desta envergadura foram, naturalmente, os privilegiados nas escolhas. Mas não só. As escolhas da FIFA também são políticas, no sentido corrente e não pejorativo do termo.
A dúvida não estava na escolha da Rússia que, desde início, se apresentou com grande favoritismo. A dúvida estava entre os Estados Unidos e o Qatar. Apesar de os Estados Unidos representarem um grande mercado que ainda não está ganho para o futebol, tem de compreender-se que a FIFA com a sua decisão quis igualmente dar um contributo para a atenuação das tensões mundiais.
A escolha de um país árabe, situado numa zona nevrálgica do globo, acaba por representar um voto de confiança naqueles que não acreditam nas guerras entre civilizações.
E pelo que já se sabe a respeito das votações, as coisas passaram-se de modo muito diferente daquele que vinha sendo antecipado pelos “entendidos”.
Assim, relativamente ao Mundial de 18, o primeiro candidato a ser eliminado foi a Inglaterra, com apenas 2 votos na primeira votação, contra 4 da Holanda/Bélgica, 7 de Portugal/Espanha e 9 da Rússia.
No segundo round, a Holanda/Bélgica perdeu 2 votos, tendo ficado com 2, Portugal manteve os mesmos 7 e a Rússia somou os dois da Inglaterra, mais os 2 que a dupla H/B perdeu, além dos 7 que já tinha, tendo ficado com 13.
Resultado final: vitória concludente da Rússia por 13 a 7.
Quanto ao Mundial de 22, as coisas foram mais renhidas.
Na primeira volta, o Qatar somou 11; os EUA, 3; a Coreia do Sul, 4; e o Japão, 3 e a Austrália 1, tendo sido eliminada.
Na segunda volta, o Qatar perdeu um voto (10); os EUA ganharam 2 (5); a Coreia do Sul ganhou 1 (5); e o Japão perdeu 1 (2), tendo sido eliminado.
Na terceira volta, o Qatar voltou a subir para 11: os EUA ganharam mais um voto (6); e a Coreia do Sul Manteve os mesmos 5, tendo sido eliminada.
Na quarta e última volta, os 5 votos antes atribuídos à Coreia dividiram-se pelo Qatar (3) e pelos EUA (2).
Resultado final: Qatar 13, Estados Unidos 8.
O campeonato de 2018 disputar-se-á em 13 cidades do vasto território da Rússia, desde a mais ocidental Kaliningrado (antiga Könisberg) até à mais oriental Ekateringburg. Haverá também jogos no sul, no Cáucaso, em Sochi, no Mar Negro, em Krasnodar; em Rostov–on-Don, perto do Mar Azov; no Volga, em Volgogrado (antiga Estalinegrado), em Samara; em Kazan (ambas relativamente perto da cidade natal de Lenine – Simbirsk, hoje Ulianovsk); a ocidente do Volga, Saransk; e depois Nizhny Novgorod, ainda no Volga ocidental; ainda nas margens do Volga, mas muito mais a norte, Yaroslavl’; e por fim San Petersburgo e Moscovo.
Enfim, a Rússia terá certamente todas as condições para fazer um grande Mundial. Assim se espera.
A atribuição ao Qatar será analisada noutro post.

UM PALPITE SOBRE A DECISÃO DOS MUNDIAIS DE 2018 E 2022



UM SIMPLES PALPITE…

Como se sabe, Portugal e a Espanha concorrem conjuntamente à realização do Mundial de 2018.Têm como “adversários” nesta corrida a Inglaterra, a Rússia e a Bélgica/Holanda.
Para a realização do de 2022 competem os Estados Unidos, o Qatar, o Japão, a Coreia do Sul e a Austrália.
Depois de tudo o que se passou – e passou-se alguma coisa, por muito que os ingleses sejam parciais nas “notícias” que veiculam – parece muito difícil que a realização do Mundial de 2018 venha a caber aos países da Península Ibérica.
Provavelmente, também não irá para a Inglaterra. Seria difícil defender a decisão, por tudo o que aconteceu.
A Rússia também é suspeita, mas no novo regime em que agora vive ainda não organizou uma grande prova desportiva.
Sobre a Holanda e a Bélgica não recaem quaisquer suspeitas, mas também parece não estarem reunidas as condições mínimas para ganhar de forma indiscutível.
Assim, ponderados os prós e os contras, inclino-me para a vitória da Rússia.
Relativamente ao de 2022, a decisão parece mais fácil: os Estados Unidos vão ganhar.
A Coreia do Sul e o Japão, que agora concorrem separados, não terão grandes hipóteses, tendo em conta que ainda em 2002 o organizaram.
As Austrália que, sem a concorrência dos Estados Unidos, teria algumas hipóteses, verá por essa razão muito dificultada a sua escolha.
Finalmente, o Qatar, debaixo de grandes suspeitas, terá poucas hipóteses, apesar de ter muito dinheiro. Depois, o Golfo ainda não é uma região tranquila…e ninguém sabe como será daqui a doze anos.
Assim, a pouco menos de doze horas da decisão, o meu palpite é: Rússia e Estados Unidos.

LIGA EUROPA: SPORTING APURADO E EM PRIMEIRO LUGAR



MELHOR NA EUROPA, DO QUE EM PORTUGAL

O Sporting ganhou o jogo de esta noite contra o Lille por 1-0. Não foi um grande jogo, mas foi o suficiente para o Sporting passar à fase seguinte da Liga Europa.
O Lille, apesar do lugar que ocupa no Championat, não demonstrou em Alvalade possuir grandes predicados para competir com o Sporting. Batido em França e em Lisboa, o Lille vai ter agora de ganhar ao Gent para garantir a continuação na prova.
Mais uma vez o Sporting beneficiou de um erro escandaloso do árbitro. Dificilmente se encontrará esta época uma equipa tão beneficiada na Europa como o Sporting , tanto interna como internacionalmente.
São bolas que não entram transformadas em golos, são off sides de metros não assinalados, são agressões não punidas, enfim, há de tudo.
Será interessante ouvir os “comentadores” do Sporting sobre tudo isto. Eles que até já conseguiram “demonstrar” que o golo contra o Porto não foi marcado em posição de fora-de-jogo. Claro, que o Porto não liga muito a isso. Não convém hostilizar o Sporting, que lhe faz falta para outras guerras…
De facto, os “comentadores” do Sporting, os tais que só tem princípios, convicções, honradez e outros atributos que apenas a eles pertencem, levantam suspeições quando um erro, um simples erro, prejudica a sua equipa. Mas ficam silenciosos quando se passa o contrário…e acham que errar é humano.
Humano é…mas tem sido sempre a favor do Sporting.
Hoje foi uma coisa nunca vista: um jogador que já tinha amarelo desviou fraudulentamente a bola com a mão, um segundo empurrou o adversário e tocou também com a mão na bola e, finalmente, um terceiro voltou a passá-la com a mão. Tudo isto num canto, com três árbitros por perto: o de campo, o de baliza e o liner!

terça-feira, 30 de novembro de 2010

JESUS NA FLASH INTERVIEW


VILLAS BOAS NO BANCO

Ao que se ouve, causou certa polémica o modo como Jorge Jesus abandonou a flash interview no domingo passado, depois do jogo com o Beira-Mar.
A flash interview é, como o nome indica, uma curta entrevista sobre as incidências do jogo imediatamente feita após o termo da partida. Segundo os regulamentos da Liga, cada equipa disponibilizará para a dita entrevista um jogador (de dois solicitados pela estação emissora do jogo) e o treinador.
Nem o treinador nem o jogador estão obrigados a responder sobre as questões que nada tenham a ver com o jogo e o entrevistador, em princípio, deverá cingir-se a estes aspectos nas questões que formula.
Todavia, como o jornalista não está ao abrigo de qualquer regulamento da Liga, regendo-se apenas pelas leis da República, nada o impede de questionar os entrevistados sobre outras matérias. E estes têm duas opções: ou respondem, já que nada os impede de o fazerem; ou, pura e simplesmente, não respondem.
É perfeitamente natural que tanto no flash interview, como na entrevista colectiva, haja perguntas provocatórias…”legalmente admissíveis”.
No futebol português, tudo depende da protecção que o jornalista tem. Se não tiver qualquer espécie de protecção e o seu lugar correr perigo se “desalinhar”, certamente não as fará. Não é, por acaso, que nunca há perguntas provocatórias feitas a certo clube. É que além daquelas razões, outras há que aconselham a que não sejam feitas, como a história demonstra.
Neste contexto, o que Jorge Jesus deveria ter feito no domingo passado era dizer ao entrevistador, com toda a tranquilidade, que não responderia às suas perguntas. E não se compreende, dadas, por um lado, as conhecidas limitações de Jesus para se exprimir, e, por outro, o conhecimento que se têm da personalidade e das preferências clubistas do entrevistador, que a assessoria de imprensa do Benfica não tenha preparado o treinador para esta eventualidade. Esta é mais uma prova do amadorismo e do improviso que grassa naquele clube.
Os protestos da "classe jornalística"são de uma enorme hipocrisia, conhecido que é o seu silêncio sobre os prolongados "black out" que o clube das Antas costuma fazer sem qualquer oposição. E muito mais do que isso das agressões, ameaças e boicotes de toda a ordem contra quem "desalinhar"
No que respeita a André Villas Boas, técnico do FCP, começa a ficar claro alguns aspectos interessantes da sua personalidade enquanto treinador.
Percebe-se que ele está no Porto sobre brasas, não porque os resultados não tenham até estado além do esperado, nas porque ele sente que tem tudo a provar e que está permanentemente a ser avaliado. E é óbvio que isto causa um enorme desgaste emocional.
Numa primeira fase, para que não houvesse dúvidas de que ele não era neutro, mas da casa, assumiu-se como adepto, na tentativa antecipada de preparar o terreno para atenuação de uma eventual contestação se as coisas não corressem completamente bem.
Com o tempo e as vitórias foi deixando esmorecer esta faceta, sem contudo a perder. Mas percebe-se a grande estabilidade emocional que o assalta quando a equipa está em dificuldades e corre o risco de não ganhar. O modo como celebrou os golos do Porto em Guimarães e em Alvalade são prova disso. Mas mais do que a celebração dos golos é a incapacidade que revela de se comportar no banco de acordo com as regras, tanto assim que, das duas vezes que o Porto empatou, foi expulso.
Veremos até onde o levará a sua instabilidade emocional, prova clara da ausência de maturidade como treinador.

BARCELONA - O MAIOR "BANHO DE BOLA" DOS TEMPOS MODERNOS


UMA HUMILHAÇÃO SEM PRECEDENTES

Assistiu-se esta noite a uma das maiores exibições de futebol de que há memória num clássico do futebol.
A exibição do Barcelona foi total. O Real Madrid foi reconduzido ao papel de uma equipa de segunda categoria. Não por demérito da equipa de Madrid, mas por mérito exclusivo da equipa catalã.
Não há palavras para descrever tanta superioridade, tanta classe, tanto domínio como o que hoje se viu em Camp Nou.
A equipa catalã exibiu-se a um nível superior ao da selecção espanhola, campeã do mundo. É um regalo ver jogar Messi, Iniesta, Xavi, Pedro, enfim, todos sem excepção.
Custa a perceber como uma equipa de Mourinho é ridicularizada, humilhada, reconduzida a nível zero.
Vendo melhor, a explicação é simples: Mourinho nunca jogou nas equipas que treinou, salvo com o Porto cá dentro – e nem sempre – como joga este ano com o Madrid. O jogo típico das equipas de Mourinho é o jogo do Inter e do Chelsea. No Real Madrid Mourinho não pode jogar assim: em Santiago de Bernabeu não lhe permitiriam. Também é verdade que o Real Madrid não precisa de jogar à Mourinho, na maior parte dos jogos, para ganhar. Só que a questão que se põe é a seguinte: consegue esta equipa do Real Madrid, com Ronaldo, Di Maria, Özil, Higuain, mudar eficazmente o sistema de jogo naquelas partidas em que não tem argumentos para dividir o jogo com o adversário?
Não há dúvida de que a melhor materialização do espírito de Mourinho é o Inter do ano passado com os jogadores que o compunham. Conseguiu ganhar ao Barcelona e até eliminá-los. É certo que foi com a grande colaboração de Olegário Benquerença. Mas mesmo sem Benquerença nunca seria humilhado como foi este ano.
Outra conclusão que o jogo de hoje permite tirar, embora ela fosse óbvia, é a de que Cristiano Ronaldo não se compara a Messi. Messi é um jogador do “outro mundo”, enquanto Ronaldo não passa de um bom jogador deste mundo. Mas não é somente Messi que é fenomenal: Xavi e Iniesta também são!
Esta é a maior humilhação da carreira de Mourinho. Veremos até que ponto este resultado o afectará na sua carreira de treinador. Um resultado alcançado num jogo em que ele não se pode desculpar com nada, excepto com a grande classe do adversário.
Finalmente, é uma vergonha o que se passa na Sport TV. Um provincianismo bacoco que, além de ser, em si, uma vergonha, é também inaudível por quem paga uma taxa para ver futebol. O Sr. Castelo não pode fazer do microfone da televisão um instrumento doméstico. Se ele quer apoiar uma equipa que o faça na sua casa e não publicamente, a ponto de impedir os telespectadores de assistirem calmamente a um jogo de futebol. No caso, a um magnífico jogo de futebol!
Que pena não haver canais desportivos sem locutores, nem comentadores…

domingo, 28 de novembro de 2010

BENFICA: CARDOOOZO!



BOM JOGO EM AVEIRO

Antes de falar sobre o jogo de hoje à noite, em Aveiro, algumas considerações sobre o “envolvimento” jornalístico que acompanha certos jogos de futebol.
Quando os jogos de futebol da Primeira liga são transmitidos pelo Sport TV, a regra é conhecida: se forem jogados a norte do Mondego, o relator do jogo e o comentador são afectos ao FCP e não pronunciam qualquer palavra que possa ser usada depois contra o clube das Antas. A não ser quando a vitória é tão clara, que até convém dizer algo contra para simular alguma imparcialidade.
Quando se disputam abaixo do Mondego, na maior parte das vezes continua a haver alguém afecto ao FCP e o outro membro da reportagem ora simpatiza com o Sporting ora com o Benfica.
Na TVI as coisas não são bem assim. Em regra, as estão mais divididas. Ainda hoje, por exemplo, o locutor simpatizava com o Benfica, sem nunca deixar de ser imparcial, e o comentador – que agora também comenta política – é um conhecido fanático do FCP. Perante as vicissitudes do jogo, o dito comentador não tinha outra alternativa senão confirmar o locutor, tão evidentes eram as questões em análise. Mas fazia-o sempre com um “mas”. Enfim, os números e a exibição acabaram por se impor.
Mas eis que no flash interview está destacado um conhecido provocador que, no respeitante aos intervenientes do Benfica, apenas estava interessado em assuntos que nada tinham a ver como o jogo. Fê-lo com Saviola e também com Jesus. Saviola, como fala em espanhol (ou castelhano, como queiram), embora desagradado, tinha mais condições para sair incólume. Mas com Jesus, as coisas já são diferentes. Como tem mais dificuldade a reagir a provocações, deixou o dito provocador a falar sozinho…
Quanto ao jogo propriamente dito, ele marca o regresso de Cardozo como grande goleador e jogador decisivo para o Benfica. Grande segundo golo. Grande jogada no golo de Saviola, o terceiro. E muito bem marcada a grande penalidade, com muita calma e confiança. Aliás, já tinha havido outra que o árbitro não viu.
Além do regresso de Cardozo, que verdadeiramente precisava de descanso – o descanso que não tinha tido na época própria –, assistiu-se ao jogo de uma equipa que, por várias vezes, pareceu a do ano passado.
Ruben Amorim equilibrou o meio-campo e Saviola aproximou-se bastante do Saviola do ano passado.
Na defesa ainda algumas oscilações e uma certa “tremedeira” nas bolas paradas. Javi também parece estar a regressar à boa forma. No entanto, é preciso ter em conta que, com o Benfica deste ano, todas as previsões podem falhar. É preciso esperar, para ver…
O Beira-Mar jogou bem. Reagiu no fim do primeiro-tempo ao grande domínio do Benfica e começou em bom nível a segunda parte. Mas depressa a reacção aveirense foi neutralizada com o excelente segundo golo de Cardozo, numa grande jogada e num belo remate a culminar um rápido contra-ataque.

SPORTING EMPATOU, MAS DEVERIA TER GANHO


MANICHE COM RESPONSABILIDADE NO EMPATE

Afinal, o tal super Porto é uma equipa ao alcance de quem jogue contra ele com vontade de ganhar e um mínimo de inteligência táctica. Com excepção de uma pequena fífia da defesa do Sporting, o Porto pura e simplesmente não existiu na primeira parte.
Nunca ninguém tinha jogado assim contra o Porto este ano – os seja, normalmente. Com excepção do primeiro jogo contra o Naval em que o árbitro, consciente ou inconscientemente, deu a vitória ao Porto e de um outro na Madeira, contra o Nacional, em que a dualidade de critérios foi evidente, sempre em benefício do Porto, e sem falar agora na Taça de Portugal e no Moreirense…que não vem ao caso, a imagem com que mais insistentemente se fica do Porto deste ano é a daquele jogo contra o Leiria, em que o Leiria pura e simplesmente não jogou (vá-se lá saber porquê) e do jogo contra o Benfica em que a equipa da Luz entrou em campo positivamente “assustada” e com erros técnicos e tácticos de palmatória. Até que apareceu o Sporting que jogou como normalmente deve jogar uma equipa.
E então nem Hulk foi o “papão” que costuma ser, nem Beluchi se passeou pelo meio-campo como habitualmente e nem a a defesa teve descanso vendo-se obrigada a trabalhar muito para não sofrer mais golos.
Na segunda parte, o Sporting esmoreceu um pouco e o Porto arrebitou. Mas nunca teria chegado ao golo se não fosse mais uma vez Maniche. Falhou duas bolas seguidas em zona proibida - na primeira, a defesa do Sporting ainda conseguiu evitar o pior, mas na segunda, além de ter criado uma situação grave quando a equipa estava descompensada, ainda ficou no chão a simular uma lesão que não existiu, tudo isto tendo contribuído para que Hulk se acercasse da área do Sporting numa incursão pela direita e feito o cruzamento para Falcao, que, sem marcação, fez o golo.
Bem andou o treinador do Sporting, que pouco depois substituiu Maniche. Depois da expulsão de Maicon, o Porto só pensou em defender-se e assegurar o empate. Algum individualismo de alguns jogadores e a pouco serenidade de outros impediram, de certa forma, uma vitória que seria justíssima.
De realçar na equipa do Sporting, antes de mais, o empenho, a garra e a solidariedade com que lutou. Individualmente, grande exibição de Liedson, que, quando está em boa forma física e quer jogar, é, de facto, um grande jogador. Rui Patrício também jogou sempre muito bem, sendo de prever que será dentro de muito pouco tempo o titular da selecção.
As queixas do Porto e do seu treinador não têm qualquer cabimento. Podem dar-se por felizes com o resultado.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

BENFICA EM QUEDA LIVRE


O DIAGNÓSTICO É FÁCIL DE FAZER

O Benfica, o grande Benfica de tão nobres tradições na Taça dos Campeões, foi hoje vergonhosamente batido por um modesto Hapoel de Telavive por 3-0! Com a derrota ficam também completamente hipotecadas todas as hipóteses de prosseguir na prova. Uma vergonha!
Não adianta dizer que o Benfica dominou o jogo e que foi batido exactamente nas três vezes em que o adversário foi à sua área. Porque a desculpa ainda agrava mais a situação. É inadmissível que uma equipa com pretensões, e tão cara, se deixe bater no mesmo jogo em duas bolas paradas, para mais estando em ambos os casos em superioridade numérica na área.
É claro que há contratações que estão rendendo aquém do que se esperava; é também verdade que há jogadores que este ano jogam muito menos do que o ano passado. Sim, tudo isso é verdade. Só que o problema da equipa é outro.
Este ano não há verdadeiramente uma equipa. Nem há solidariedade, nem há entrega. Há descrença. Acima de tudo muita descrença. E alguém tem de ser responsável pelo que se passa.
Evidentemente, que o primeiro responsável é o presidente, que tem, desde sempre, uma atitude errante na condução do Benfica, nomeadamente no seu relacionamento com os técnicos. Ora confia exageradamente, ora lhes tira o “tapete”.
Esta atitude não é de um verdadeiro dirigente. De alguém que comanda, que sabe escolher o rumo certo e manter as distâncias, sem quebra de solidariedade, mas também sem perda de liderança.
Vieira, quando tudo corre bem, tece elogios exagerados às pessoas com quem ainda se não incompatibilizou, para logo a seguir as desqualificar se as coisas passam a correr mal ou a não correr como deviam. Agiu assim com Rui Costa e com Jesus. Como já antes tinha agido com Camacho. E em todos os casos agiu mal. Porque nem Rui Costa, nem Camacho, nem Jesus alguma vez mereceram os elogios (técnicos) que lhes prodigalizou, nem tão pouco se justificava o ostracismo a que foram ou vão ser votados.
Claro que isto leva, primeiramente, a uma hipervalorização imerecida e, secundariamente, a uma desvalorização excessiva que imediatamente se propaga a toda a equipa.
Ao ter entregado a Jesus a responsabilidade exclusiva pelas contratações, Vieira agiu mal, como antes já tinha agido quando concedeu plenos poderes a Rui Costa. É que tanto Jesus, como Rui Costa têm muitas limitações. Tinham de ser acompanhados muito mais de perto para que a equipa não caísse na posição em que está.
Logo se percebia que Jesus, no estilo bem português de fanfarronice (que é sempre tanto maior quanto menos se sabe), estava completamente transtornado com os êxitos do ano passado e logo se supôs superior a todos. A queda não poderia ter sido pior. Mais: os primeiros a aperceber-se das limitações do técnico foram os jogadores. Hoje Jesus não comanda a equipa. A equipa está à deriva por não ter quem lhe transmita, com autoridade e saber, força anímica. E sem força anímica no futebol nada se consegue de duradoiro.
Em conclusão: com Vieira à frente do futebol do Benfica situações como a deste ano vão acontecer sempre. Aliás, desde que ele lá está ainda não aconteceu outra coisa, salvo o ano passado.
Em segundo lugar, Jesus como treinador do Benfica está esgotado. Já deu o que tinha a dar. Agora há que ampará-lo até Maio…e escolher alguém com conhecimentos mais estruturados pelo estudo académico e pela prática.
A época do autodidatismo analfabético acabou…
Outra conclusão a tirar do que se passa é a de que o Benfica deve vender já na reabertura do mercado os jiogadores mais valorizados, sob pena de os ter contrariados na equipa e a perder valor.
Enfim, a última conclusão é a de que a derrota no Porto afinal não tem o mérito que lhe quiseram atribuir, pois se até o desconhecido Hapoel de Telavive lhes dá três...O que há, é muito demérito de quem perde!

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

GRANDES VITÓRIAS DO BRAGA E DE MOURINHO




NO RESTO, TUDO NORMAL

O Braga começou o jogo de hoje titubeante contra um Arsenal que prometia ganhar pela primeira vez em Portugal num jogo da Liga dos Campeões. Mas ainda não foi desta. Com alguma sorte – a sorte que sempre está presente no futebol -, o Braga conseguiu superar o famoso conjunto de Londres por 2-o, com dois excelentes golos de Mateus, nomeadamente o segundo, ambos obtidos em contra-ataque puro.
Tudo poderia ter sido diferente se o árbitro tivesse assinalado um penalty sobre Vela quando o resultado estava empatado. Ainda bem que não marcou, embora pelas imagens transmitidas durante o jogo tivesse ficado a ideia, numa das repetições, que houve rasteira de Rodriguez. Não marcou e, como se disse, ainda bem. Mas isso não tira que dentro de dias Domingos e o seu inqualificável presidente estejam a vociferar contra uma hipotética falta, não assinalada, a favor do Braga. Com a diferença de que, quando isso acontecer, há desde já a garantia de que o protesto será feito no português macarrónico do presidente do Braga!
Apesar da vitória, são escassas, quase nulas, as hipóteses de o Braga passar à fase seguinte, não só em virtude da vitória do Shaktar Donetz em Belgrado, contra o Partizan (2-0), mas também pela diferença de golos desfavorável ao Braga, relativamente às equipas concorrentes.
Futebol de outro quilate jogou-se em Amsterdam, na Arena, onde outrora se praticava o mais espectacular futebol do mundo.
O Real Madrid de Mourinho – sim, de Mourinho, porque antes da chegada do português aquilo era no dizer de Maradona “una puteria” onde ninguém se entendia – voltou a ganhar na Liga dos Campeões, por larga margem, com dois golos de Ronaldo e mais uma excelente exibição de toda a equipa, inclusive de Di Maria no pouco tempo em que esteve em campo.
O Ajax não teve qualquer hipótese nem nunca em nenhuma fase do jogo incomodou minimamente o Real Madrid. Dai a derrota por 4-0.
Com um Real totalmente transfigurado, jogando um futebol que não estávamos habituados a ver nas equipas de Mourinho, tudo se pode esperar do jogo da próxima segunda-feira, em Camp Nou, contra essa grande equipa que é o Barcelona.
Em França, contra o Auxerre, o Milan, que hoje parece ser a melhor equipa italiana, ganhou por 2-0, com um excelente golo de Ronaldinho, em jogo na parte final da partida.
Na Itália, a Roma, depois de ter estado a perder contra o Bayern por 2-0, conseguiu dar a volta ao resultado e ganhar por 3-2. Na suíça, o Basileia ganhou por 1-0 ao Cluj e ainda tem hipóteses de se qualificar para os oitavos, embora seja pouco provável que o consiga.
Finalmente, o Marselha ganhou por 3-0 em Moscovo, contra o Spartak, enquanto o Chelsea, em crise, ganhou mesmo no fim do jogo por 2-1 ao MSK Zilina, depois de ter estado a perder por 1-0, durante muito tempo. Depois de duas derrotas seguidas na Premier league já havia quem dissesse que o lugar de Carlo Ancellotti estava em risco. Veremos o que se segue depois desta difícil vitória.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

PORTUGAL GOLEIA A ESPANHA


GRANDE EXIBIÇÃO NA LUZ

Num jogo particular destinado a promover a candidatura ibérica à realização de um dos dois próximos campeonatos do mundo e, simultaneamente, integrado nas comemorações do Centenário da República, Portugal realizou uma portentosa exibição, no Estádio da Luz, contra a Espanha, campeã do Mundo e da Europa.
Na primeira parte, assistiu-se a um jogo intensíssimo, sempre com predominância da equipa portuguesa. A Espanha nunca conseguiu impor o jogo que a tornou mundialmente famosa nas duas últimas competições em que participou e ganhou. Pelo contrário, foi a equipa portuguesa que, pela velocidade que imprimiu ao jogo, se impôs e obrigou a Espanha a correr atrás da bola, coisa que, como se sabe, ela não gosta,nem está habituada a fazer.
Pena foi que o excelente golo de Ronaldo tivesse sido irregularmente anulado. De facto, a bola já estava dentro da baliza quando Nani lhe tocou, além de que, segundo parece, Nani não estaria em off side.
Alguns minutos depois, Carlos Martins marcou; pouco antes Piqué tinha evitado, de cabeça, sobre a linha, um golo certo do mesmo Carlos Martins.
Na segunda parte, durante mais de meia hora, a selecção continuou empolgada, apesar das substituições, e introduziu a bola por três vezes na baliza de Casillas. Uma por Sérgio Ramos, emendando um belo remate de Postiga; outro do mesmo Postiga a passe de Moutinho; e a finalizar, um de Hugo Almeida.
Foi, de facto, um jogo memorável, tanto mais que a Espanha não perdia por 4-0 desde 1942! De facto, além desse jogo contra a Itália, contam-se pelos dedos as goleadas sofridas pela Espanha: 7-1 contra a Itália, em Amesterdão, em 1928; 6-1 contra o Brasil, em 1950; 6-2, contra a Escócia, em Madrid, em 1963; e 4-1, contra a Argentina, em Setembro passado.
Impossível é também não comparar o desempenho desta selecção com a selecção de Queiroz. Fica provado, se necessário fosse, que dificilmente Portugal poderia ter tido um seleccionador do que Queiroz.
Aqueles “sábios” do futebol que defenderam Queiroz têm de se render à evidência. A menos que, como parece, alguns deles também não tenham ainda percebido bem o que é o futebol. Ainda não compreenderam, por exemplo, o papel que os factores emocionais desempenham neste jogo. Propositadamente deixamos de lado os intriguistas que, em solilóquio na televisão, tanto se esforçaram por escorraçar Scolari e defender Queiroz.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

MOURINHO, OS "REGALOS" E OUTRAS COISAS



NO SUL DA EUROPA HÁ COISAS ESTRANHAS

Causaram grande polémica em Espanha as declarações de Mourinho na véspera da deslocação do Real Madrid a Gijon.
Mourinho quis deixar um alerta sobre uma ocorrência muito comum nos países do sul da Europa, nomeadamente na Itália, na Espanha e em Portugal: nem todas as equipas se empenham da mesma forma em todos os jogos.
Obviamente que não se pode exigir que as equipas joguem sempre da mesma maneira e façam excelentes exibições. Mas muitas vezes é mais do que notório que há equipas que jogam certos jogos com uma força e um empenhamento que noutros não põem, nomeadamente contra equipas que com aquelas concorrem.
Isso levou Mourinho a denunciar o comportamento do Gijon contra o Barcelona, que jogou em Camp Nou com cinco ou seis reservistas, e desde início conformado com o resultado. Na véspera da deslocação às Astúrias, para demonstrar que não se “corta”, Mourinho fez a denúncia dos “partidos regalados”.
Em Portugal, são muito frequentes situações destas. Só que ninguém as denuncia, apesar de algumas delas serem evidentes.
Neste campeonato, em Portugal, já se passaram destas coisas. Nos dois sentidos: há equipas que se superam pelo empenho que põem no jogo e há equipas que se batem muito abaixo das suas possibilidades em jogos onde poderiam fazer muito mais.
Porquê? Essa a questão. Uma coisa, porém, é certa: se as situações forem denunciadas, elas tendem a desaparecer ou a diminuir; se não forem, tendem a manter-se ou até a ampliar-se.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

OS SPORTINGUISTAS



A INDESMENTÍVEL DECADÊNCIA

O ano passado por esta altura os sportinguistas estavam bem melhor do que este ano e estavam nervosíssimos. Este ano à 10.ª jornada estão a 13 pontos do primeiro classificado; no ano passado, à mesma jornada, estavam a 11 pontos. E a crise era tremenda. Por todo o lado se pediam cabeças.
Nos anos anteriores, embora desde cedo tivessem perdido as esperanças de poder ganhar o campeonato, também não houve crise.
Tudo isto tem uma explicação que, sendo em si bem simples, é, por outro lado, bem eloquente sobre a profunda crise que ataca o Sporting. Mais do que uma crise, é o sinal de decadência.
Verdadeiramente, o Sporting não concorre para ganhar. E muito menos ao Porto. O Sporting concorre para não ficar atrás do Benfica ou, quando muito, para ficar perto do Benfica.
Que o Porto tenha treze pontos de vantagem este ano, que nos anos anteriores o Porto tenha ficado sempre à frente do Sporting com muitos pontos de avanço, isso é coisa que não interessa nada ao Sporting.
Ainda na última jornada os sportinguistas estavam tão contentes com a derrota do Benfica, que nem deram pela vitória do Guimarães.
Que importância tem perder com o Guimarães em casa (mal estes comentadores de agora sabem que já os “cinco violinos” haviam in illo tempore perdido em casa pelo mesmo score), se o Benfica também perdeu, ainda por mais?
Não há maior sinal de decadência de um clube do que o revelado pelo comportamento dos seus adeptos e simpatizantes, quando estes deixam de se interessar pelos resultados do seu clube e apenas lhes interessa ficar à frente ou a par do rival, qualquer que seja o lugar que este ocupe.
É este o espectáculo que semanalmente nas televisões os comentadores do Sporting nos oferecem, mais aqueles que, ocasionalmente, se intrometem para reforçar a mesma ideia ainda com comentários mais lamentáveis.
Transformado numa sucursal do Porto, o Sporting, por culpa dos seus pobres comentadores, corre o risco de ser uma espécie de “aguadeiro” do clube do norte. E em troca o que ganham os sportinguistas com isso? Nada, limitam-se alguns deles a fazer o papel de “idiotas úteis”.
Do lado do Benfica, por muito que isso custe ao Sporting, o clube de Alvalade deixou de ser um rival. Há mais de vinte anos! Pelo contrário, os benfiquista até olham para o Sporting com aquele benevolência com que costumam acompanhar o trajecto das equipas de segunda linha…

terça-feira, 9 de novembro de 2010

JESUS SEM MARGEM PARA ERRAR



CONFIRMA-SE A ANÁLISE DE ONTEM

Tal como prevíamos, Jorge Jesus esgotou no jogo de domingo passado a sua margem de erro. Esgotou-a, porque a ultrapassou largamente.
Não está em causa perder contra o principal rival, se o rival é melhor ou jogou melhor. O que está em causa é cometer os mesmos erros; o que está em causa é não aprender com o passado.
Se o homem inteligente é o que aprende com os erros alheios, ao homem normal exige-se que aprenda com os próprios.
Tal como em Liverpool, na Primavera passada, também agora no Dragão, Jesus cometeu os mesmos erros, optando por um sistema completamente inapropriado para o jogo em causa, quer pelo sistema em si, quer pelos jogadores escolhidos para o desempenhar.
É possível colectivamente anular ou, pelo menos, atenuar consideravelmente a mais-valia da equipa adversária, nomeadamente se a sua acção se desenvolve nas alas, como é o caso de Hulk.
Em vez de optar pela marcação de um para um, que nunca resultaria completamente, mesmo com o melhor lateral esquerdo, Jesus deveria ter optado pela marcação de dois para um, executada colectivamente, consoante o posicionamento do jogador e o próprio desenvolvimento das jogadas.
Depois, Jesus não pode jogar contra as grandes equipas apenas com um médio defensivo. Repare-se: Mourinho não o faz no Real Madrid e tem os jogadores que todos conhecemos. Com pode fazê-lo o Benfica com esta equipa?
Também neste caso Jesus não aprendeu nada com o passado, nem percebeu as diferenças entre a última época e esta.
O ano passado Jesus pôde jogar assim no Benfica com relativo êxito (não se pode esquecer a Taça de Portugal e a Liga Europa) por duas razões:
Em primeiro lugar, porque o Benfica era mais forte, às vezes muito mais forte, do que as equipas contra as quais jogou, tanto cá dentro como lá fora;
Em segundo lugar, porque tal sistema de jogo assentava, por um lado, na extraordinária capacidade atacante de Di Maria – um jogador capaz de levar o jogo para a frente 20 a 30 metros sempre que tocava na bola – e pela extraordinária cultura táctica de Ramires, que, com ou sem instruções do treinador, conseguia desempenhar várias funções em diversas partes do campo, sem deixar de desempenhar a que prioritariamente lhe estava destinada – médio ala direito.
O ano passado o sistema funcionou praticamente contra quase todas as equipas porque quase todas eram inferiores ao Benfica. Quase: de facto, não funcionou contra as grandes equipas, qualquer que fosse o seu momento de forma. Não funcionou contra o Liverpool, em Anfield Road, campo onde o Benfica claudicou, tal como no domingo passado.
Em conclusão: o Benfica tem que jogar com os jogadores no seu lugar e tem de actuar com mais preocupações defensivas, consoante os adversários.
Jesus não pode desculpar-se com os jogadores que tem, nem exigir mais reforços. Os jogadores que o Benfica tem foram escolhidos ou “homologados” por Jesus e os que vieram de novo foram especificamente escolhidos por ele para substituir os que os que iam partir. Se se enganou, tem de saber remediar o erro.
Aliás, nem sequer é certo que os jogadores comprados este ano não sirvam. Ainda é cedo para se saber. Provavelmente servem, Jesus é que não sabe ou ainda não aprendeu a utilizá-los.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

JORGE JESUS: CRÉDITO ESGOTADO




PODE JESUS CONTINUAR?

Depois do que Jorge Jesus fez ontem, algo tacticamente inaceitável, depois das contratações feitas este ano, algo inconcebível para as necessidades da equipa, muito dificilmente recuperará o crédito indispensável para continuar no Benfica.
São erros a mais e muito dinheiro gasto. A equipa mais cara da história do Benfica dificilmente recuperará do desaire sofrido no Porto.
Não se trata de saber se a equipa poderá ainda ganhar o campeonato, porque essa pergunta tem, para toda a gente, a resposta óbvia. O que se trata é de saber se a equipa está em condições de lutar em cada jogo, como se esse jogo fosse importante para ganhar o campeonato. E a resposta a esta pergunta dificilmente poderá ser afirmativa.
Quem está de fora percebe que a empatia entre os jogadores e o treinador está sendo gradualmente destruída. É como se o treinador tivesse esgotado o seu repertório e nada mais tivesse para dizer de novo. Os sinais vindos a público da parte de alguns jogadores apontam nesse sentido.
Talvez fosse melhor que o Benfica e Jesus rescindissem amigavelmente, sem custos para qualquer das partes, já que dificilmente os benfiquistas aceitarão que à frente da equipa continue alguém que perdeu com o Porto por 5-0.
É verdade que já houve no Benfica quem tivesse perdido por mais (7-1) e tivesse continuado. Mas esse alguém, depois dessa derrota, disse: Vou falar com os meus jogadores e estou certo que vamos ganhar o campeonato.
E ganhou. John Mortimore percebeu que a derrota não teve nada a ver com erros tácticos flagrantes, como também se apercebeu do sentimento de revolta que aquele resultado tinha causado nos jogadores.
O caso de Jesus é diferente. Repete erros. Não aprende com eles. Já o ano passado em Liverpool também não compreendeu as características da equipa contra quem ia jogar. E foi o que se viu…
Haverá quem ache esta posição extemporânea. E haverá também quem entenda que ela é fruto da frustração do momento. Ver-se-á que não é. O que se vai passar na Champions League porá a nu a realidade aqui antecipada.

NOITE FANTÁSTICA DE HULK



BENFICA HUMILHADO NO DRAGÃO

Grande borrada de Jesus no jogo do Dragão. Grande borrada de Jesus seria um título adequado para o que se passou esta noite, não fora a injustiça que tal título representaria para um jogador como Hulk que nada tem a ver com as opções tácticas dos treinadores.
As opções de Jesus estavam derrotadas antes de o jogo começar e somente as suas indesmentíveis limitações o impediram de ver o que toda a gente imediatamente antecipou mal viu a formação da equipa do Benfica.
De facto, tentar travar Hulk no um para um com David Luiz é coisa que somente poderia passar pela cabeça de Jesus.
Coentrão é muito melhor a defesa esquerdo do que a médio ala do mesmo lado, além de que, no jogo de hoje, o que se exigia era alguém que juntamente com Coentrão se encarregasse sistematicamente de travar Hulk.
Não o tendo feito, tendo deixado o excelente jogador do Porto à vontade, o resultado viu-se: três golos em poucos minutos, todos pelo mesmo lado.
As mudanças operadas na 2.ª parte não demonstram que tanto valia jogar com Fábio Coentrão atrás como à frente, como pretende Jesus, apenas demonstram que Jesus não compreendeu o jogo antes de jogado, nem depois de jogado durante 45 minutos.
A acrescer a este erro crasso, mais dois: a colocação de Aimar numa posição que não é a sua, nem na qual tenha alguma vez feito grandes jogos pelo Benfica; e a posição de Carlos Martins, também diferente da que costuma ocupar.
Depois, a classe da actual equipa do Porto fez o resto. E o resto foi uma goleada de 5-0. Uma vergonha para o Benfica e uma humilhação dificilmente reparável.
É de presumir uma grande debandada da equipa do Benfica na reabertura do mercado e, antes disso, mais frustrações na Liga dos Campeões.
Ficou provado: Jesus não é nem nunca será um grande treinador. Será apenas aquilo que sempre tinha sido antes de chegar ao Benfica.
O Porto, pelo contrário, está embalado para uma grande época, em várias competições, e para a revelação de mais um treinador.
É salutar ganhar dentro do campo. É igualmente muito salutar saber perder dentro e fora do campo…

domingo, 7 de novembro de 2010

O ÁRBITRO DO PORTO-BENFICA


PEDRO PROENÇA

Veja aqui e depois não se admire

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

A VITÓRIA DO BENFICA


O BOM E O MAU

A vitória que o Benfica foi construindo até aos 75 minutos de jogo, se tivesse sido alcançada o ano passado, dir-se-ia que era brilhante.
Como foi alcançada este ano, e estando, no fundo, os sócios e os imensos simpatizantes do Benfica descrentes da equipa (basta olhar para a assistência do Estádio da Luz), vai dizer-se que foi uma vitória à imagem do Benfica que temos este ano. De um Benfica irregular, que tarda a impor-se e que, muito provavelmente, vai combinado em cada jogo, o bom com o mau.
No jogo de hoje, as equipas, acabadas de defrontar-se há quinze dias, entraram relativamente desconfiadas uma da outra. Afinal, pensava cada uma delas, que tipo de equipa vou defrontar?
O Benfica não entrou avassalador como era seu hábito nas provas europeias, nos bons velhos tempos. Tanto assim que o Lyon introduziu por duas vezes a bola na sua baliza nos primeiros quinze minutos de jogo. A primeira vez em off side, a segunda, depois de a bola ter sido dominada com o braço.
Forte nas bolas paradas o ano passado, o Benfica não desaprendeu tudo. De bola parada, a cruzamento de Carlos Martins, Kardec de cabeça marcou um lindo golo. Pouco depois, num rápido contra-ataque, Carlos Martins fez o último passe para Coentrão, que, sem deixar cair, marcou um grande golo. Antes, já César Peixoto tinha falhado um golo incrível.
Perto do intervalo, de canto marcado por Carlos Martins, Javi Garcia bateu o guarda-redes francês de cabeça e fez o terceiro.
No segundo tempo, o Benfica não entrou para defender o resultado, mas para o segurar, dando a iniciativa ao adversário, e esperando, num contra-ataque, aumentá-lo. Foi o que aconteceu na sequência de um canto marcado pelo Lyon. Numa rapidíssima transição ofensiva em que intervieram quatro jogadores, Carlos Martins fez o passe final para Coentrão, que, num magnífico chapéu, marcou o golo mais lindo da noite.
Daí para a frente tiveram lugar as substituições, Saviola por Jara, Kardec por Weldon e Carlos Martins por Felipe Menezes, e com elas o descalabro da equipa.
Uma deficiente cobertura no centro do terreno, numa bola que Coentrão deixou cruzar, permitiu a Gourcuff marcar o primeiro aos 74 minutos; onze minutos depois, Gomis, na marcação de um canto, fez o segundo e a partir daí o Benfica tremeu. Se até aos 85 minutos o Benfica ainda voltou às redes do Lyon e esteve mesmo em vias de marcar por Maxi Pereira, a partir do segundo golo dos franceses a equipa já só pensava no apito final do árbitro. Tanto assim que, mesmo no fim do jogo, num livre marcado do meio do campo, Roberto teve uma saída verdadeiramente suicida à cabeça da área, permitindo a Lovren transformar em golo um toque de cabeça que, noutras circunstâncias, não teria qualquer perigo.
Mas ficaram da exibição do Benfica algumas lições. A primeira é a de que Coentrão é muito mais eficiente a defesa do que a médio ala esquerdo; a segunda é a de que César Peixoto, não obstante as suas fragilidades, confere mais equilíbrio à equipa do que Gaitan, nomeadamente quando Coentrão sobe – e muitas são as vezes em que o faz; finalmente, viu-se hoje, pela primeira vez, com Salvio, alguém que dá profundidade à equipa. Não faz o que Di Maria fazia o ano parecido, mas faz algo de semelhante e isso é uma notícia fantástica para os benfiquistas.
Quanto ao mais, o que já se sabia: Jara, continua assustado, ainda não sabe ao que veio e está permanentemente perdido em campo. O Benfica tem de decidir se o recambia para a Argentina ou se o põe a jogar na Europa num clube que lhe faça perceber o que é o futebol europeu.
David Luuiz continua desconcentrado. Só por acaso não aconteceu hoje o que já tinha acontecido em Gelsenkirchen e em Lyon: uma perda de bola e golo do adversário. E só por acaso também, numa bola simplíssima, não fez um auto-golo numa das suas famosas “roscas”. Um caso a seguir com atenção…
Conclusão: a vitória era o mais importante, os golos também podem ser e a “psicologia” da equipa igualmente.

domingo, 31 de outubro de 2010

O PORTO GANHOU EM COIMBRA



O BRAGA PERDEU EM VILA DO CONDE

O Braga deste ano não é o do ano passado. Nem sei se o deixariam ser, mesmo que a equipa estivesse à altura. Nada melhor para o Rio Ave que conseguiu a sua primeira vitória, logo contra o vice-campeâo do ano passado.
Assim, resta ao Braga lutar por um lugar europeu. O campeonato ainda só vai na nona jornada, mas para um clube que o ano passado discutiu o título até ao fim, esta terceira derrota intercalada, com mais dois empates em jogos anteriores, deixa pouco espaço para grandes ambições. Quatro vitórias em nove jogos, é muito pouco.
O Porto ganhou em Coimbra, como vem acontecendo regularmente nas últimas décadas. Num campo impossível, o jogo teve aspectos de verdadeira lotaria. No primeiro tempo, os jogadores da Académica reclamaram um penalty, em jogada que a televisão não repetiu, como frequentemente acontece a norte do Mondego nos jogos em que participa certo clube. Não marcou a Académica, marcou o Porto, por Varela, praticamente na única bola que rematou em toda a primeira parte.
Na segunda parte, a Académica passou muitas bolas ao seu adversário, jogou sempre muito longe da baliza do Porto e falhou muito. Poderia ter sofrido o 2-0, não fora Moutinho ter mandado a bola à barra. Mesmo no fim do jogo, com algumas substituições entretanto feitas, a Académica acordou e esteve a milímetros de empatar. Primeiro foi um livre contra a barra, depois uma recarga incrivelmente perdida por Sougou. Mesmo no fim, no meio de uma grande confusão, com muitos ressaltos, o árbitro interrompeu na área portista uma jogada quando a Académica estava de posse da bola em condições de rematar, o que originou uma vivíssima onda de protestos dos estudantes. A televisão, para não variar, não voltou a mostrar a imagem.

sábado, 30 de outubro de 2010

ARMANDO DIEGO MARADONA, 50 ANOS



O QUE O TORNA ÚNICO

Já aqui tivemos oportunidade de escrever a propósito de Pelé e dizer que ele é, pelos títulos conquistados, o maior.
Todavia, Maradona é único! Dentro e fora do campo. Nunca ninguém esquecerá as suas brilhantes exibições no Campeonato do Mundo de 1986, nem como tentou repetir esse êxito, quatro anos depois, em Itália. Esteve perto de o conseguir: perdeu na final contra a Alemanha. Nunca mais, depois dele, a selecção da Argentina voltou a chegar tão longe. Também nunca ninguém esquecerá o que fez pelo Nápoles e como conseguiu levar o insignificante clube do mezzogiorno italiano à vitória em dois campeonatos nacionais contra os poderosos clubes do norte.
Igualmente inesquecíveis são os seus fantásticos golos, sem esquecer o que foi marcado com a mão – a mão de Deus – contra a Inglaterra. Por isso, muitos o consideram o melhor jogador de sempre. Tecnicamente era fantástico. Jogava com o pé esquerdo, mas nunca ninguém notava que lhe faltava o direito, tal a mestria com que fazia da bola o que queria. Era clarividente no passe, imbatível no drible e mortífero no remate em jeito!
Estatisticamente, porém, os seus títulos e palmarés não se equiparam aos de Pelé. Um Mundial de sub 20; um Campeonato do Mundo; um campeonato argentino; dois campeonatos italianos; uma Taça do Rei (Espanha); uma Taça de Itália; uma Supertaça de Itália; e uma Taça UEFA. Melhor marcador, por três vezes, do campeonato metropolitano argentino e, por duas, do nacional; melhor marcador do campeonato italiano (uma vez) e da Taça de Itália, também uma vez.
Maradona, além da selecção da Argentina, ao serviço da qual participou em quatro fases finais do campeonato de mundo (de 1982 a 1994), jogou no Argentino Juniors, pequeno clube de Buenos Aires onde começou a sua extraordinária carreira de futebolista – aos nove anos já era entrevistado para a televisão e com quinze anos atraía multidões. Mais tarde, foi transferido para o grande e popular clube da Argentina, o Boca Juniors, tendo, no primeiro jogo em que alinhou pelo novo clube, levado à Bombonera 65 mil pessoas! Seguiu-se o Barcelona, onde tudo lhe correu mal: doença por mais de três meses (hepatite); lesão (106 dias fora dos relvados por entrada violenta de Goikoetxea) e castigo (três meses de suspensão, pela enorme confusão na final da Taça do Rei com o Atlético de Bilbau). Depois, seguiu-se o Nápoles, para onde o Barcelona aceita transferi-lo e Maradona aceita ir por estar financeiramente arruinado.
É, porém, no pequeno Nápoles, sem história no futebol europeu e sem palmarés na Itália (apenas duas Taças de Itália e alguns títulos nas divisões inferiores) que Maradona revela, na Europa, toda a sua extraordinária classe. Recebido no Estádio de San Paolo como um Deus, Maradona acabaria por ser decisivo nas duas vitórias que até hoje o Nápoles ostenta no campeonato italiano, tendo-lhe fugido a terceira por ter sido derrotado na penúltima jornada pelo grande Milan, de Van Basten e Ruud Gullit.
Em Nápoles, Maradona estava no seu ambiente, a ponto de em 1990, no Campeonato Mundo, ter influenciado os napolitanos a apoiar a selecção da Argentina contra a Itália. Ficou célebre o seu apelo aos napolitanos: “Durante trezentos e sessenta e quatro dias do ano, vocês são considerados pelo resto do país como estrangeiros e, hoje, têm de fazer o que eles querem, torcendo pela selecção italiana. Eu, por outro lado, sou napolitano durante os trezentos e sessenta e cinco dias do ano”.
A partir de 1990 começa a decadência, deixa o Nápoles em litígio, ruma a Sevilha, onde não faz nada de muito especial; de Sevilha regressa a Argentina, assina pelo Newell’s Old Boys, onde uma série de lesões o impedem de jogar mais quatro jogos oficiais. A seguir é a passagem pelo campeonato do mundo de 1990, depois de uma cura de emagrecimento, que juntamente com outros factores, levou a mais uma análise antidoping positiva. Castigado durante quinze meses pela FIFA, Maradona tenta o lugar de director-técnico em dois pequenos clubes argentinos. Sem êxito nesta passagem, volta, com Cannigia, ao Boca Juniors como jogador, onde as coisas até começaram por não correr mal, mas foram piorando à medida que o campeonato se aproximava do fim. Com excepção de uma notável vitória sobre o River Plate, o grande rival do Boca, nada de muito importante há assinalar. Afasta-se definitivamente em 1997.
Com crises múltiplas depois daquela data, algumas das quais lhe iam custando a vida, Maradona não deixou de ser notícia quase sempre pelas piores razões.
A sua grande tristeza continua a ser a exclusão da selecção de 1978 (que viria a ganhar o Mundial) por decisão de Menotti. A grande alegria, a vitória de 1986, no Campeonato do Mundo, realizado no México.
Dentro dos relvados nunca foi controverso, apesar de nem sempre ser pacífico. Porém, quando tentou prolongar a sua carreira para além do razoável, depois de já ter sido punido várias vezes sempre pelo mesmo motivo, todo o mundo suspirava pelo seu afastamento definitivo, por respeito ao enormíssimo jogador que ele tinha sido. Fora dos relvados, Maradona, quando lúcido, tem combatido os grandes poderes instalados. Infelizmente, essa luta tem sido pouco considerada pelo rosário de erros graves que tem cometido ao longo da vida.
Nomeado seleccionador da Argentina, conseguiu, depois de um apuramento difícil, causar alguma emoção na África do Sul, pelo estilo caloroso e carinhoso com que lidava com os jogadores. A derrota contra a Alemanha por 4-0, embora não lhe tenha retirado popularidade junto dos indefectíveis, fê-lo perder o lugar de seleccionador da Argentina, que continua a ser a sua grande ambição.
O que reservará o futuro a Maradona? Na Argentina tudo pode acontecer…

QUINTA VITÓRIA CONSECUTIVA DO BENFICA


CINCO JOGOS SEM SOFRER GOLOS

O Benfica ganhou 2-0 perante uma equipa aguerrida que nunca facilitou a vida ao adversário, embora pudesse ter perdido por mais, várias foram as oportunidades falhadas na segunda metade do segundo tempo.
Com um grande golo de Aimar, na primeira parte, e outro de Kardec, na segunda, de grande penalidade, o Benfica construiu a sua quinta vitória consecutiva, sem sofrer golos.
O Benfica não caminha para uma equipa como a do ano passado, que era uma equipa excepcional, mas se assim continuar estará ao mesmo nível do que tem sido o das equipas vitoriosas nos últimos anos. Solidez defensiva e aproveitamento das oportunidades, mesmo que não sejam muitas.
Outras questões à parte, foi assim que o Porto ganhou os últimos campeonatos. Este ano, o início desastroso do Benfica pode ter deitado tudo a perder.
Tudo vai depender do modo como os adversários do Porto o defrontarem. Se o defrontarem do mesmo modo que o Leiria o defrontou no último fim-de-semana (e já houve outros), bem pode desde já encomendar as faixas de campeão. Pelo contrário, se as equipas, em casa ou no Dragão, defrontarem o Porto com o mesmo entusiasmo e agressividade com que o Paços de Ferreira foi á Luz – até parecia que estava a jogar a permanência – então o Porto, como qualquer outra equipa, perderá pontos e tudo poderá acontecer.
É bom que se diga, para não haver equívocos, que o último parágrafo não envolve uma crítica ao Paços, apesar de alguma virilidade a mais. Pelo contrário, o que se pretende é que todas demonstrem o mesmo brio profissional dos pacenses.
Amanhã com a Académica logo veremos…