quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

OS JOGOS DE HOJE: DO PORTO E DO BENFICA



AS CONCLUSÕES QUE SE IMPÕEM

No jogo de hoje ficou mais uma vez claro que o Benfica está em nítida subida de forma. Está uma equipa espectáculo, com algumas deficiências defensivas, e com eficácia atacante intermitente.
Até ao momento, melhor dizendo, depois do jogo com o Porto, não têm sido os golos sofridos, nas poucas vezes em que isso aconteceu, que têm retirado eficácia atacante à equipa. Embora reste saber como reagirá a equipa se tiver de virar o resultado.
Outro aspecto que não pode de forma alguma ser desprezado é a marcação de grandes penalidades. O ano passado, Cardozo não converteu uma única penalidade, sempre que a marcou com o Benfica (ou o Paraguai) empatado ou a perder. Este ano já tinha quebrado esse “enguiço”, mas hoje o "velho problema" voltou a aparecer. E quanto a David Luiz, por mais que se tente negar as evidências, é óbvio que há coisas que “mexem com a gente”. E ele está, há muito tempo, a sofrer as consequências disso.
Tudo assuntos que Jesus não pode descurar, embora se perceba que ele teve que moderar o discurso do princípio de época, para voltar a ganhar os jogadores.
A vitória de 2-0 sobre o Rio Ave, em Vila do Conde, foi uma boa vitória, que coloca o Benfica na meia-final da Taça de Portugal, embora pudesse ter tido uma maior expressão.
Quanto ao Porto, a conclusão que se retira é a de que o Porto é cada vez mais Hulk. Sem Hulk, ou com Hulk desinspirado, o Porto seria uma equipa completamente diferente. Já aqui disse e repito: Hulk é, de todos os jogadores que depois de 1960 pisaram os relvados portugueses, o mais parecido com Eusébio. Não é um Eusébio, mas é o que mais se assemelha.
Estranho é que, tendo no último domingo o Benfica feito uma grande exibição, o Nacional nunca se tenha entregado e tenha inclusive feito um grande jogo. Hoje, no Porto, para o campeonato, passou-se exactamente o contrário: o Nacional não existiu. Mérito do Porto? O Porto não jogou melhor do que o Benfica no domingo passado, apesar de estar a jogar contra uma equipa que não jogou.
Mistérios do futebol ….

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

PARABÉNS EUSÉBIO


EUSÉBIO DA SILVA FERREIRA


Parabéns Eusébio. 69 anos...Quem diria!

Parabéns a todos os que se associaram à festa de Eusébio, especialmente a Vitor Baía!

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

AINDA O JOGO DA LUZ CONTRA O NACIONAL



O QUE FAZ FALTA…

Chega a ser ridículo a importância que a imprensa e as televisões deram àqueles “chega para lá” a que se assistiu durante breves segundos, no final do jogo da Luz, entre o Benfica e o Nacional.
Ninguém sabe como tudo começou, nem procura saber. Isso não interessa. Para a comunicação social o que interessa é o que possa aparecer como insólito, por mais insólito que seja a criação de um facto onde nada de relevante existiu.
Contrariamente ao que já tinha acontecido noutras deslocações do Nacional a Lisboa – tanto na Luz como em Alvalade – desta vez o jogo decorreu sem incidentes. Nem os jogadores do Nacional foram violentos, como aconteceu o ano passado, nem os jogadores do Benfica se envolveram em qualquer espécie de quezílias.
Depois de um grande jogo, de um grande espectáculo de futebol, que o Benfica ganhou com grande brilho e uma grande exibição, pesem embora as facilidades defensivas que concedeu na parte final do jogo – e que o Nacional soube aproveitar muito bem -, não mais se falou do jogo na maior parte da comunicação social, mas apenas e só de uma suposta “agressão” que ninguém viu, e que nenhum dos intervenientes confirma, do treinador do Benfica a um jogador do Nacional.
Ridículo! A RTP logo secundarizou o jogo, omitiu as condições em que foi marcado o penalty a favor do Porto contra o Beira-Mar, e passou a criar (a tentar criar) um facto onde nada de relevante existiu. O Record e o super intriguista Rui Santos logo falaram em “agressão” e em “facto muito grave”, transformando a dita ocorrência na notícia do jogo.
E, todavia, a grande ocorrência do Campeonato é que o Porto já leva três vitórias por 1-0, obtidas na marcação de outros tantos penalties marcados em condições mais que duvidosas. E o Benfica leva outras tantas derrotas, pela diferença mínima, em jogos em que ficaram por marcar quatro grandes penalidades que, no mínimo, lhe poderiam ter permitido empatar dois jogos que perdeu e ganhar outro.
E depois…é só fazer as contas! Esta a grande ocorrência.
A pequena ocorrência é resulta de uns vulgares empurrões entre Jesus e um jogador do Nacional. Empurrões recíprocos que ninguém, pelas televisões, viu como começaram nem porquê. Empurrões e nada mais, como os próprios intervenientes confirmam.
Pode não ser uma actuação bonita e certamente não é, mas só por grande hipocrisia se pode fazer do que se viu um caso do futebol português!
Entretanto, o treinador do Porto na sua ubíqua qualidade de técnico, adepto e super-dragão já veio criticar Jesus, em mais uma prova da sua inestimável solidariedade.
Não era preciso esta crítica para se perceber, embora agora fique claro para os que então não viram, que os elogios a Jesus depois do jogo no Porto, eram elogios à sua própria pessoa. Elogiando Jesus, elogiava-se a si próprio. Já os de Pinto da Costa obedeciam a dois propósitos: o primeiro desestabilizar e dividir o Benfica, como foi dito; o segundo, marcar terreno para uma futura substituição de Villas Boas. Foi talvez por ter percebido isto, que o super-dragão das Antas hoje atacou.

MOURINHO: A PROVA DE FORÇA CONTINUA



QUEM VAI GANHAR?

Mourinho nas muitas disputas em que intervém tem a seu favor já ter somado um número considerável de importantes vitórias em cerca de dez anos de profissão. Contra, nunca ter feita nada de especial pelo futebol, havendo até quem diga, entre os nomes mais famosos deste desporto, que Mourinho não trouxe nada de novo nem de bom ao futebol. Trouxe certamente vitórias para as equipas que treina, mas só isso.
No Real Madrid a história repete-se. Nada fazendo em prol de novos talentos – Mourinho prefere os jogadores feitos e com provas dadas, tenham eles 25 ou 35 anos –, o treinador do Real, acossado por um Barcelona brilhante até hoje quase sem deslizes, exige um ponta de lança com créditos firmados e grande experiência, para ter a certeza de que nas oportunidades (poucas ou muitas) de que a sua equipa desfruta esteja lá na frente quem não falhe.
Não lhe basta ter à frente Cristiano Ronaldo, Benzema, Pedro Leon, além obviamente de Di Maria e Kaká. Mourinho quer mais. Quer um avançado centro que prenda em permanência os dois centrais da equipa adversária, para que Ronaldo e Di Maria fiquem com mais liberdade nas incursões pelo centro.
O Real Madrid, com Valdano à frente, resiste e contabiliza: desde que Mourinho chegou, o Real, citando apenas as vedetas, contratou: Di Maria, Özil, Khedira, Ricardo Carvalho. Com os jogadores que já lá estavam – Casillas, Ramos, Pepe, Marcelo, Xabi Alonso, Cristiano, Kaká, Gago, Higuain, Diarra, Lass, Benzema, só para citar os mais famosos, qualquer treinador tinha obrigação de formar uma super-equipa.
Por outro lado, a direcção desportiva do Real Madrid e a junta dirigente, passando em revista os últimos três anos, conhecem bem o resultado a que levou a satisfação das exigências de anteriores treinadores: à dispensa de grandes jogadores, dos melhores do mundo, que logo depois de dispensados pelo Real brilharam a grande altura nos novos clubes e nas respectivas selecções nacionais. Por isso não cede.
Mourinho sabe bem que não tem equipa para se bater com o Barcelona por mais jogadores que contrate. O seu objectivo não é, portanto, ganhar vantagem no confronto face a face com o Barcelona. O seu objectivo é outro: Mourinho sabe que uma equipa como a do Barcelona, altamente competitiva e fascinantemente artística, pode falhar contra equipas menores. E são essas falhas que Mourinho quer aproveitar para ganhar. Mas para aproveitar essas falhas a cem por cento o Real não pode falhar. Em certos países, essas falhas contra as equipas menores podem resolver-se sem a contratação de jogadores, como Mourinho bem sabe. Em Espanha, porém, elas só se resolvem no campo, com jogadores que não falhem!
Sabendo isto, Mourinho continua fazenda a guerrilha antes e depois de cada jogo, arregimentando os jogadores para a sua causa, na esperança de assim pressionar os dirigentes e de os responsabilizar perante os adeptos pelo fracasso da equipa.
Para muita gente, Mourinho não tem, pelos processos de actuação que utiliza, um carácter que se recomende. Também não tem um futebol que entusiasme. Talvez ele perceba que está, porventura, a fazer no Real a sua prova de vida – da “vida” ao nível a que se habituou e a que habituou os adeptos das equipas que treina – dai que ele tenha elevado a luta a um ponto sem recuo: ou ganha, subjugando Florentino e "correndo" Valdano; ou perde, e sai sem honra nem glória.

domingo, 23 de janeiro de 2011

BENFICA: ESPECTÁCULO NA LUZ




NINGUÉM JOGA ASSIM EM PORTUGAL

Grande espectáculo na Luz. É provável que a equipa não tenha em todos os jogos a mesma consistência defensiva, mas o seu nível exibicional, aquele que o adepto gosta, é igual ou mesmo superior ao do ano passado.
O jogo de hoje, disputado pelas duas equipas com grande intensidade, foi um grande espectáculo de futebol. O Benfica foi indiscutivelmente muito mais vistoso do que o Nacional, tendo construído ao longo do jogo grandes oportunidades que não concretizou. Mas o Nacional jogou sempre com o mesmo entusiasmo, nunca se entregou, como algumas equipas fazem, principalmente em certos campos.
Mais uma vez o árbitro não assinalou um penalty daqueles que só ele não viu, em jogada da qual, aliás, resultou o primeiro golo do Benfica.
Na segunda parte, o Benfica, apesar de ter sofrido dois golos, quando ganhava por 3-0, foi ainda mais espectacular do que na primeira até ao primeiro golo do Nacional.
O primeiro golo do Nacional surge de bola parada - mais um esta época - e o segundo resulta de o Benfica não ter compreendido o modo como, a partir do primeiro golo, o Nacional se dispôs em campo. Certamente entusiasmados com a exibição que estavam fazendo, os jogadores do Benfica continuarem a jogar como até aí, com a intenção de dilatarem o resultado – o que poderia obviamente ter acontecido – sem se terem dado conta que o Nacional estava a jogar com a equipa partida, com muita gente na frente, tornando difícil a neutralização de qualquer jogada de contra-ataque, resultante de uma perda de bola do Benfica. E foi o que aconteceu. Sempre com a equipa muito balanceada no ataque, sem preocupação em guardar o resultado, o Benfica sofreu o segundo golo.
Mas não chegou a tremer, aliás, qualquer resultado que não fosse a vitória por vários golos seria sempre uma grande injustiça. E exactamente porque a confiança era muita, Jara pôs ponto final à questão com mais um golo.
A vitória por 4-2 não espelha completamente a verdade do jogo: o resultado poderia ser mais dilatado, mas faz jus à competitividade que o Nacional pôs em campo. E é quase certo que os adeptos do Benfica preferem estes jogos entusiasmantes, jogado por muitos artistas, com belas jogadas, do que aquele “joguinhos” em que se ganha por 1-0, sempre com a equipa muito contida para não ter surpresas.
Concluindo: está visto que não há penalties a favor do Benfica por mais descarados que sejam. Com o de hoje, já são nove os que ficaram por marcar. Em contrapartida, nos jogos do Porto nunca há dúvida, quando algo se assemelha a uma falta dentro da área adversária. É penalty!
E assim já lá vão três jogos por 1-0, todos ganhos na transformação de grandes penalidades mais que duvidosos: foi assim na Figueira da Foz contra a Naval; foi assim no Porto contra o Setúbal; e hoje em Aveiro contra o Beira-Mar!

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

BENFICA: APOSTAS GANHAS E FALHADAS



As LIÇÕES DO JOGO CONTRA O OLHANENSE

Alinhando contra o Olhanense com uma equipa quase completamente diferente da habitual, da qual apenas alinharam David Luiz fora do lugar, Maxi Pereira, Javi Garcia e Aimar durante cerca de uma hora, Jorge Jesus teve oportunidade de ver em acção numa fase adiantada da época um conjunto de jogadores pouco utilizados.
Mesmo sabendo-se que os jogadores menos utilizados têm um ritmo diferente dos habituais titulares, algumas lições se podem tirar do jogo contra o Olhanense, que o Benfica ganhou por 3-2.
A primeira, se é que já não estava tirada, é a de que David Luiz fora do seu ligar vale menos cinquenta por cento. Se numa altura em que lutava por se firmar na equipa a abnegação com que lutava no lugar de defesa esquerdo ainda lhe permitia disfarçar algumas fragilidades, hoje, conquistada que está, com todo o mérito, um lugar na equipa, tirá-lo do centro da defesa é diminui-lo e desvalorizá-lo.
César Peixoto, sem prejuízo de todo o empenho que põe em jogo, não está à altura das responsabilidades do clube. Mas isso não justifica que o jogador seja relativamente hostilizado por uma parte do público. Ele faz o que pode e entrega-se ao jogo com dedicação. Merecia mais respeito.
Ayrton não descola. É um jogador pesado, pouco ágil e não vai passar muito daquilo. Sydnei é lento, desconcentrado e gera intranquilidade na equipa.
Kardec, outra das apostas de Janeiro do ano passado, também não descola, nem nunca será um grande ponta de lança. Um ponta de lança precisa de inteligência e instinto, podendo este, se for muito apurado, dispensar alguma inteligência. O que não existe em nenhuma parte do mundo é um grande ponta de lança sem instinto goleador. Kardec não fareja o golo, nem tem o instinto de saber onde encontrar a bola. Pelo contrário, posiciona-se sempre mal, quase sempre em condições de não poder concluir. Tem mais instinto para fugir da bola do que para encontrá-la.
Filipe Menezes promete quando começa a jogar, mas depois desaparece e nunca mais se dá por ele. Para um jogador do meio-campo, esta é uma característica fatal.
Jara sobre o qual havia tantas dúvidas parece ser reforço. Como aqui já se tinha dito, Jara pareceu muitas vezes um jogador triste, desadaptado, sem ligação com a equipa. Integrado, animado, Jara poderá tornar-se num grande jogador. Ontem marcou um grande golo e fez uma boa exibição.
Gaitan já deu provas mais do que suficientes – aliás, Jesus recorreu a ele e a Savio, quando as coisas estavam mal paradas - de que pode ser um excelente reforço, mas tem de perceber, principalmente quando joga no meio do campo, que, na Europa, contra uma equipa média, perder a bola na primeira fase de construção quando a equipa está toda balanceada para a frente é fatal: normalmente resulta em golo do adversário. E ontem, nos vinte minutos que jogou, perdeu algumas bolas.
Um jogo que estava sendo fácil, que poderia ter rendido mais golos, acabou por ser salvo por Salvio que saiu do banco, a vinte minutos do fim, para marcar um grande golo.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

MOURINHO E O REAL MADRID



O QUE SE ESPERAVA

Antes do começo da época e antes que alguém o dissesse enumerei neste blogue as previsíveis vítimas de Mourinho no Real Madrid, se conseguisse impor a sua vontade soberana.
E simultaneamente alertei para o facto de o Real Madrid ser um clube completamente diferente de todos por que Mourinho tinha passado até então (com excepção do Benfica, onde esteve episodicamente), sendo de esperar grandes dificuldades de adaptação numa personalidade como a de Mourinho habituada a que sejam os outros a adaptar-se a ele.
As previsíveis vítimas de Mourinho, segundo o prognóstico que então fiz, seriam: Jorge Valdano; Cristiano Ronaldo; e o futebol espectáculo.
E expliquei: Valdano era demasiado culto e educado para caber na mesma equipa de Mourinho, ainda por cima numa posição de superioridade hierárquica. O estilo de Mourinho é outro: é o que vimos no Porto; no Inter; também no Chelsea, apesar de a Inglaterra impor limitações objectivas difíceis de ultrapassar; e no Real Madrid no jogo contra o Sevilha.
Cristiano Ronaldo, a segunda vítima, por Mourinho lhe reservar um papel idêntico ao de Eto’o. Aqui enganei-me, mas já explicarei porquê.
A terceira vítima seria o futebol espectáculo de que o Real jamais abdicaria, não só por o seu grande rival ter, desde Cruyff, esse futebol como matriz (embora sem sempre o conseguir), mas fundamentalmente por o Real ser quem é: a equipa do século XX! Poderia, admiti, na primeira época essa inevitável tendência de Mourinho para privilegiar exclusivamente a eficácia ser-lhe “perdoada” se ganhasse algo que se visse, mas jamais o Real aceitaria, como não aceitou com Capelo e outros, perder a sua identidade futebolística em troca de vitórias conseguidas “à Inter”. Daí, ter concluído que a “pátria do futebol” de Mourinho era a Itália, percebendo-se mal por que a abandonou.
E depois num outro post acrescentei: Mourinho ou percebe completamente uma equipa como Real Madrid e se adapta, ou vai ter muitas dificuldades em lá continuar. E expliquei porquê: até hoje Mourinho sempre treinou, com a tal excepção do Benfica, aquilo a que chamei “equipas párias”. Equipas que fazem da sua pequenez a sua força; equipas que vivem em guerra permanente contra todos os que não se submetem às suas estratégias e vontades: árbitros, jornalistas, jornais e estações de rádio e de televisão, equipas adversárias, enfim, toda a gente de fora.
Criam um clima de violência verbal e de constante provocação contra árbitros e jornalistas; pressionam árbitros; fazem “cenas” impróprias do desporto em campo e no acesso aos balneários; enfim, comportam-se realmente como párias. O exemplo máximo é o FCP, onde Mourinho verdadeiramente se educou, mas também as outras, com nuances e algumas diferenças, têm semelhanças entre si, desde logo por serem equipas só de alguns: ou dos ricos; ou de uma família; em regra, apenas com o apoio de um bairro de uma grande cidade.
No Real Madrid tudo seria diferente e nada disto seria admitido. O Real tem um nome a defender, construído com o prestígio adquirido em mais de um século de existência, respeitado e admirado nos quatro cantos do mundo, pelo que de forma alguma aceitaria que Mourinho passasse as marcas, mesmo que ganhasse.
Ainda é cedo para dizer que Mourinho não ganhou. E pode até vir a ganhar, mas a verdae é que ele já está a ensaiar o discurso da derrota, talvez porque ele próprio já tenha interiorizado o falhanço.

Na tentativa de se adaptar às exigências futebolísticas do Real, aceitou não sacrificar Cristiano Ronaldo em nome do futebol espectáculo (já o mesmo se não poderá dizer completamente de Di Maria), aceitou jogar o jogo que o Real e os seus adeptos querem ver jogado …e até agora tem falhado!

Falhou, primeiro, porque a Liga espanhola é muito difícil; depois, porque há nela uma super-equipa que deu a Mourinho um dos maiores “banhos de bola” da história do futebol. Mourinho, depois desse jogo de Camp Nou, nunca mais se recompôs. E Florentino Pérez, depois desse jogo, também percebeu que Mourinho não era o tal Midas que transformava em ouro tudo o que tocava; pelo contrário, até viu nele a existência de algum latão. E depois, a gota de água foi o jogo contra o Sevilha no Santiago de Bernabeu.
As cenas de violência com a equipa técnica do Sevilha, o empurrão ao veterano director de campo do Real Madrid, o ataque aos árbitros, o tratamento desrespeitoso a Jorge Valdano, a reacção da imprensa “madridista”, enfim, tudo isso pesou definitivamente na balança para que Florentino Pérez tenha claramente optado por Valdano e desautorizado Mourinho.
O jogo de Almeria, que confirma o nervosismo de Mourinho e o seu falhanço, foi apenas um pretexto que Mourinho tenta aproveitar a seu favor contra Valdano. Mas sem qualquer êxito, porque aquela conversa muito em voga no FCP – e infelizmente também já em uso noutras latitudes – para “atrasados mentais” não pega em Espanha. Por mais manobras de diversão que Mourinho invente, toda a gente percebeu que pôr Kaká a jogar no lugar de Benzema foi um erro…que a entrada de Benzema reparou parcialmente. Também não colhe em Madrid a versão que Mourinho se esforça por passar para os media e os adeptos, segundo a qual todos o problemas decorrem da sua relação com Valdano. Dito de outro modo, afastado este tudo seria diferente
Em conclusão: não admira que Mourinho diga que quer ir embora; contudo, em Madrid toda a gente percebe que Mourinho está a jogar a sua derradeira cartada para expulsar Valdano impor o seu estilo, fazendo ele próprio a ligação da equpa com o Presidente. Só que não será com empates na casa do “colista” do campeonato que o vai conseguir!

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O SPORTING DEU-SE MAL COM A DEMOCRACIA


DE CRISE EM CRISE

O Sporting navega de crise em crise há muitos, muitos anos. Primeiramente, esteve dezoito anos sem ganhar o campeonato e agora já lá vão quase dez desde a última vitória.
A partir da grande transformação operada no futebol, entendido como um grande negócio, e quando, simultaneamente, se esbateu o papel dos “mecenas” que antes todas as equipas buscavam, o Sporting deixou de ter meios para competir em igualdade de circunstâncias contra os seus principais rivais.
Em princípio, nada justificaria que o Sporting tivesse menos meios do que o Porto, porque sendo então um clube com maior projecção nacional do que o Porto e beneficiando de uma escola de formação de jogadores indiscutivelmente superior, além de também ter, à época, um passado desportivo, em várias modalidades, mais rico do que o seu rival nortenho, tudo apontaria no sentido de o Sporting poder congregar os meios necessários para se manter de facto (isto é, com vitórias) e não em teoria como um dos maiores clubes portugueses.
Tal não aconteceu. O Sporting sofreu, como muitos outros clubes de menor dimensão, as consequências da sua inadaptação à nova situação.
O Sporting era – e ainda é, nos aspectos que contam – aquilo a que se poderia chamar um clube "aristocrático". As “boas famílias” de Lisboa eram e são do Sporting, o Sporting esteve sempre ligado a extractos da alta/média burguesia e era dirigido por uma espécie de “governo aristocrático” onde o povo só entrava para desempenhar o mesmo tipo de funções (metaforicamente falando) que os hoplitas desempenhavam na Grécia antiga: a guerra, ou seja, em linguagem futebolística, para prestar no campo apoio à equipa!
Foi assim que o Sporting foi concebido e foi assim que o Sporting funcionou na maior parte da sua história. Contrariamente ao Benfica que sempre foi um clube popular, ligado à arraia-miúda, apoiado por tudo quanto é suburbano à volta de Lisboa e com apoio esmagador no resto do país, o Benfica, em consonância com a sua origem, sempre foi, pelo menos até Vieira, um clube democrático, dirigido pelo voto popular. Um clube onde sempre houve confronto de opiniões expresso na apresentação de listas divergentes. Sempre, tanto durante a ditadura salazarista, como depois, até Vieira.
Já no Porto as coisas se passavam de forma diferente. Prevalecendo-se do facto de se tratar do maior clube da segunda maior cidade do país, com pretensões a assumir-se como clube regional (o que ainda hoje, não obstante os progressos, está longe de ser uma evidência), o FCP sempre viveu muito “encostado” à cidade que o viu nascer e tudo nele era tratado numa perspectiva bairrista. Um bairrismo clássico, não violento, nem excludente, que cantava as virtudes dos seus sem hostilizar os de fora.
Com a chegada na década de oitenta de Pinto da Costa ao poder, depois de uma luta fratricida pela sua conquista, o FCP assumiu-se como uma verdadeira ditadura, com palavras de ordem hostis e violentas contra quem era de fora e a criação de um clima de permanente crispação no futebol português que já nada tinha a ver com as antigas e saudáveis rivalidades clubistas. Mesmo dentro do próprio clube reina para todos a mais férrea disciplina, não se admitindo dissidências nem oposições. O único candidato que até agora ousou desafiar em eleições o poder de Pinto da Costa foi ferozmente hostilizado, apodado de louco e só não foi internado num hospital psiquiátrico porque a tanto não chegava o poder do presidente do Porto.
Esta estratégia, porém, aliada a outros tantos factos inconfessáveis, resultou e causou danos incalculáveis nos dois grandes clubes de Lisboa. Mais, muito mais, no Sporting do que no Benfica. O Benfica levou algum tempo a perceber o que se estava a passar, mas acabou por perceber. Estribado numa falsa ou verdadeira amizade que utilizava perversamente, o presidente do Porto conseguiu neutralizar a oposição do Benfica durante a fase inicial de ascensão e consolidação do seu poder. O Benfica acabou por reagir depois, desorientou-se frequentemente quando começou a constatar que já tinha perdido influência e protagonismo, mas, como nunca perdeu adeptos nem apoio popular, conseguiu manter-se na luta.
O Sporting não percebendo o que se estava a passar e vendo sempre no Benfica o seu principal rival, nunca, salvo episodicamente, se opôs com firmeza à crescente hegemonia portista, com a qual frequentemente se aliou para proveito e gáudio de Pinto da Costa.
Por outro lado, continuando a ser governado “aristocraticamente”, mesmo depois da extinção do conselho dos quinhentos, o Sporting não estava preparado para lidar com as demandas provenientes da base. Esta, desde sempre habituada a obedecer, foi aceitando durante muito tempo sem grandes protestos os presidentes que lhe apresentavam para dirigir o clube. Ainda houve um começo de revolta há muitos anos atrás com Gonçalves, saído directamente do povo, e depois com Cintra, tão povo quanto o primeiro, embora aureolado de self made man formado na “cultura do compra por 5 e vende por 50”, que os posteriores desenvolvimentos do 25 de Abril amplamente facilitavam.
Como, porém, os resultados foram péssimos, no primeiro caso, e maus, no segundo, rapidamente se voltou à cooptação dos presidentes dentro do círculo restrito aristocrático dominante.
Primeiro foi Santana Lopes pela mão de Roquete, depois o próprio Roquete enfado com os desmandos empresariais de Santana Lopes, a seguir Dias da Cunha e depois Soares Franco. Depois da chegada de Pinto da Costa ao poder, este foi apesar de tudo o melhor período do Sporting: ganhou dois campeonatos, Taças de Portugal, Supertaças e vários segundos lugares.
Todavia, como houve uma cisão no grupo dirigente durante o mandato do último presidente cooptado (Soares Franco) entre facção deste e a de Dias da Cunha, não foi possível, por pressão de bases cada vez mais exigentes, manter o sistema da cooptação seguida de ratificação.
E o presidente seguinte teve mesmo de ir a votos. Ganhou José Eduardo Bettencourt por larguíssima margem. Apesar de legitimado eleitoralmente pelo voto dos sócios, Bettencourt, empossado como presidente profissional, não resistiu à pressão das bases. Não soube impor-se; não souber dirigir; não soube contratar; enfim, era difícil encontrar alguém que num tão curto espaço de tempo fizesse tantas asneiras.
Primeiro foi a demissão de Paulo Bento, o treinador que melhor serviu o Sporting nas últimas décadas; depois a revolta do balneário ou de parte dele contra Sá Pinto, director desportivo, e a sua substituição por Costinha, um homem sem qualquer ligação ao clube, onde nunca conseguiu impor-se nem criar qualquer tipo de empatia com os adeptos nem com os media; antes disso o tratamento desprimoroso para com Carvalhal, um homem inteligente que, tendo ficado com a equipa em condições difíceis, deixou o Sporting na UEFA, onde aliás fez com ele uma excelente temporada; a seguir o anúncio da substituição de Carvalhal, com a época a decorrer, pelo treinador do Vitória de Guimarães, clube onde, aliás, tinha chegado já no decurso dessa mesma época ido do Paços de Ferreira; depois, a venda de Moutinho ao Porto num negócio que os sócios não compreenderam; finalmente, a contratação de Couceiro para superintender em Costinha e no treinador.
Restou-lhe a demissão na pior fase da época, deixando o clube à deriva.
EM TEMPO:
Os sportinguistas são impagáveis. Nicolau Santos, subdirector do Expresso, tão liberal em economia e em política caseira, desde as leis do trabalho ao comércio internacional, é proteccionista em matéria de futebol! Grande coerência.
A Federação ou a Liga, diz ele, deveriam impor aos clubes a inclusão de um número mínimo de jogadores portugueses nas equipas. Porquê? É fácil responder, porque o Sporting não tem dinheiro para competir com o Benfica nem com o Porto.
E por que não limitar as exportações da Alemanha à obrigatoriedade de aquisição de uma determinada percentagem de produtos portugueses? E...e.. por aí fora. Não há nada como o futebol, a paixão clubista, para os ver mandar a coerência às malvas!

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011



APESAR DE NÃO SE TER EMPENHADO MUITO

A ideia com que fica qualquer pessoa que tenha visto jogo – e que atribua à Sport TV a importância que ela tem no comentário desportivo: zero! – é a de que o Benfica ganhou bem o jogo e poderia ter ganho por mais, principalmente enquanto a Académica jogou com onze.
Houve incríveis oportunidades falhadas, que se tivessem sido concretizadas teriam arrastado a equipa para uma exibição demolidora, porventura até mais consistente que muitas da época passada.
As bolas não entraram, por falta de eficácia do Benfica, e a equipa, a partir do momento em que passou a jogar contra dez, achou que mais tarde ou mais cedo marcaria mais vezes, tal a facilidade com que chegava à baliza contrária.
Assim não aconteceu e, sem nunca ter tremido, nem nada que se assemelhe, o Benfica sentiu um pouco chegar aos últimos dez minutos apenas com um golo de diferença. Porque, toda a gente sabe, quão fácil é numa qualquer bola perdida ou até num bom contra-ataque sofrer um golo.
É natural que a equipa não estivesse na parte final tão fresca quanto tem estado, embora a principal razão para um certo esmorecimento tenha muito mais a ver com a redobrada cautela em não sofrer um golo do que com qualquer tipo de cansaço.
É também verdade que um ou outro jogador pode não estar agora tão bem quanto esteve no princípio da época, mas isso, a ser verdade, só se passa com aqueles que iniciaram a época em grande forma, como Carlos Martins. Os demais estão agora muito melhor.
O árbitro não esteve bem. Toda a gente sabe que este árbitro raramente está bem. Mais difícil é saber, porque tal acontece, embora também se saiba que a principal razão para as suas falhas seja a incompetência.
O golo do Benfica pode ter sido irregular. Com a imagem parada percebe-se o que se passa. Com a bola corrida parece normal. Indesculpável, porém, é o cartão amarelo a Coentrão em vez da marcação de uma grande penalidade. E uma outra grande penalidade que ficou por marcar, por mão dentro da área de um jogador da Académica.
De qualquer modo, o árbitro nada tem a ver com a vitória do Benfica, nem tão-pouco com a escassez do resultado. Com a eficácia que tem demonstrado nos últimos jogos, o Benfica teria ganho por vários, sendo para o efeito irrelevante a actuação do árbitro.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

TODOS IGUAIS, PARA PIOR



A PROPÓSITO DE UM EPISÓDIO DO TRIO DE ATAQUE

Por se ter oposto à liberdade de imprensa, o sr. Rui Moreira teve de abandonar o programa da RTP acima referido.
Depois dos habituais protestos e ameaças, foi substituído pelo sr. Guedes que se apresentou como “corredor por conta própria”. Foi logo muito louvado, tanto pelo homem das sondagens, como pelo cineasta. E compreende-se: sem ele ou sem alguém que substituísse o anterior, o programa acabaria e lá se ia uma “renda mensal” de que se não pode prescindir, ainda por cima em tempos de crise.
Foi pena. Foi pena porque estes programas são um convite à estupidez e à incultura a que quase nenhum dos participantes escapa e a RTP, como serviço público que é, deveria dar o exemplo.
Mas não deu. E o programa continua, bem como os das estações concorrentes, cada um deles pior que o outro e sempre com o que há de mais lamentável no comentário desportivo.
A título de exemplo vale a pena atentar no que se passou ontem (digo ontem, porque vi, por acaso, em repetição).
O sr. Vasconcelos, a propósito do jogo do Benfica em Leiria, trouxe à discussão o jogo do Leiria no Porto. Jogo que aqui já havíamos comentado, por mais que uma vez, por termos estranhado a completa passividade com que a equipa do Leiria encarou o jogo. Mas só ontem fiquei a saber, pela intervenção de Vasconcelos, que o Leiria jogou no Porto sem os seus dois melhores jogadores – Silas e Carlão – por deliberada opção do treinador! Aliás, já não é a primeira vez que equipas da dimensão desportiva do Leiria jogam no Porto sem os melhores jogadores ou são substituídos, no decurso dos jogos, quando estão a fazer grandes exibições (os tristes casos do Belenenses e também do Setúbal, aqui há uns anos, servem de exemplo)
Reposta do comentador do FCP: “O Leiria jogou contra o Porto sem os mesmos jogadores que jogou contra o Benfica”.
Só que os dois referidos jogadores à data do jogo contra o Benfica já haviam sido transferidos. Já não pertenciam ao clube!
Que comparação pode haver entre as duas situações? É mesmo uma argumentação para atrasados mentais. Como de costume, o comentador do SCP, em tudo quanto não seja para atacar o Benfica, não tem opinião!

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

NOVA VITÓRIA DO BENFICA




O PORTO EM DIFICULDADES

O Benfica ganhou sem dificuldade ao Olhanense por 5-0, passando, assim; à eliminatória seguinte da Taça de Portugal, contra o Rio Ave, em Vila do Conde.
Cada vez mais a equipa tanto pelo nível das suas exibições, como pelos resultados se vai aproximando mais da da época passada, conquistando a confiança dos adeptos.
Saviola está outra vez a ser determinante e Cardozo confirmou o seu regresso aos golos. Salvio torna-se uma certeza a cada dia que passa bem como Gaitan.
Acabou por não ser um jogo muito exigente, mas o mérito vai todo para o Benfica, que o tornou fácil.
Compreende-se melhor o “discurso” do presidente do Porto, face às exibições do Benfica. Está com medo!
No seu estilo de pessoa que não respeita o adversário, seja ele forte ou fraco, que só sabe conviver num clima de violência latente, além de tudo o mais que dele se sabe – e que é audivelmente público! -, percebe-se que ele vai recorrer a todos os meios para impedir que o Benfica se aproxime…
Este ano ele não “vai dormir”. O ano passado, confessou, andou a "dormir", mas este ano não fará o mesmo. A gente já sabia que ele e o Reinaldo Teles trabalhavam de noite, mas supúnhamos que dormiam de dia. Afinal, vão deixar de dormir, o que significa que a coisa já não está como estava.
E não está. Como ainda hoje se viu contra o Pinhalnovense.

A DECEPÇÃO ESPANHOLA





E LOGO DOIS ESTRANGEIROS...

De uma maneira geral os países europeus são muito chauvinistas, uns porque são novos, com independências recentes, outros porque são velhos, mas com fronteiras contestadas.
Dificilmente se encontra um país mais arrogante e mais nacionalista do que a Espanha, muito fruto da herança imperial de Castela e das múltiplas humilhações sofridas depois do “siglo d’oro”.
É no fundo essa atitude que justifica o grande azedume com que a imprensa espanhola, nomeadamente a de Madrid, acolheu a premiação de dois profissionais de futebol que trabalham em Espanha…mas são estrangeiros.
Tudo isto, porque tinham por certo que Vicente del Bosque seria o escolhido como melhor treinador, aliás uma excelente pessoa, humilhado pelo Real Madrid aqui há uns anos, apesar de o clube madrileno tanto lhe dever, e que um dos dois grandes jogadores do Barcelona, Iniesta ou Xavi, seria o escolhido como melhor jogador.
A imprensa de Madrid, que apoia claramente o Real Madrid e mantém uma viva rivalidade com o Barcelona, sentiu como se de um jogador do Real se tratasse a preterição de ambos por Messi, igualmente do Barça, mas argentino.
E nem o facto de Mourinho treinar o RM constituiu motivo suficiente para olvidar a afronta que a preterição de del Bosque ou até de Guardiola constituíram.
A Marca titulava em primeira página especial: Dois vencedores (Mourinho e Messi) e um anti-espanhol (Joseph Blatter), o suíço que a Espanha inteira ostraciza por “repetidamente” a querer humilhar!
Onde é que está essa repetida humilhação? Na escolha da Rússia para sede do Mundial de 2018 e na decisão de ontem….com a qual Blatter, teoricamente, nada teve a ver.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

OS PRÉMIOS DA FIFA






SURPRESAS NÃO SURPREENDENTES

Constava com muita insistência na imprensa nacional e internacional que os principais prémios da FIFA iam para Vicente Del Bosque e Iniesta ou Xavi. De fora ficariam Mourinho e Leonel Messi.
E a convicção era tanta que até os principais excluídos estavam convencidos de que não seriam premiados.
Não aconteceu assim. Mourinho foi muito justamente considerado o melhor treinador do ano, já que o seu feito só foi superado pelo de Guardiola num ano em que os treinadores não eram galardoados por aquela organização.
Tendo ganho a Taça de Itália, o Campeonato Italiano e a Liga dos Campeões, Mourinho estava na primeira fila para receber o prémio, por muito que se conteste o seu estilo, o seu contributo para o futebol em geral e inclusive o seu futebol.
Vicente del Bosque ganhou o Campeonato do Mundo, como antes já tinha ganho grandes títulos no Real Madrid, entre os quais a Liga dos Campeões, mas a vitória numa prova relativamente curta, por mais importante e espectacular que seja, como é um Campeonato do mundo, não pode comparar-se à vitória em três provas, de grande prestígio e de grande dificuldade. Se nenhum treinador concorrente tivesse reunido em si vários títulos, seria normal a atribuição a Del Bosque. Com três títulos, Mourinho dificilmente poderia ser excluído.
Guardiola, apesar de ter ganho a Liga espanhola e de treinar a equipa que melhor e mais espectacular futebol pratica, além de ela própria ser indiscutivelmente a melhor equipa de futebol do mundo, não poderia vencer Mourinho por ter perdido no confronto directo com o treinador português a eliminatória das meias-finais da Liga dos Campeões.
Quanto ao melhor jogador do mundo, ninguém tem dúvidas de que é Messi. Como Messi não ganhou com a Argentina o Campeonato do Mundo, admitia-se que um dos seus dois mais dotados companheiros do Barcelona, campeões do mundo, pudesse este ano ser premiado. Não apenas para premiar o mérito individual, mas também a vitória espanhola e a “cantera” do Barcelona.
Não foi esse, porém, o critério que prevaleceu entre os votantes e apesar da simpatia generalizada de que desfrutam tanto Iniesta como Xavi tem de considerar-se que o prémio atribuído a Messi premeia o melhor jogador do mundo, porventura aquele que virá a ser considerado o melhor jogador de todos os tempos!
Daí que as “surpresas” de hoje à tarde não sejam surpreendentes…

O RECOMEÇO DO CAMPEONATO



QUASE TUDO NORMAL

O campeonato recomeçou após longa paragem sem grandes surpresas. De sublinhar entre estas a vitória da Naval em Guimarães, depois de reduzida a nove unidades e no começo do ciclo Carlos Mozer. Dada como certa na segunda divisão, a Naval vai agora demonstrar nos jogos subsequentes até onde vai o efeito Mozer. Espera-a já na próxima jornada um jogo difícil com o Porto, onde ninguém conta com surpresas.
O porto ganhou normalmente ao Marítimo, por 4-1, apesar de não contar com Falcão. Muito dificilmente perderá a vantagem que leva para o Benfica.
O Sporting consolidou o terceiro lugar vencendo o Braga por 2-1 em Alvalade. À parte os cerca de 10 minutos em que aconteceram todos os golos, foi um jogo pouco emotivo que o Sporting ganhou naturalmente. O Braga está uma sombra do Braga da época passada. Falha muitos passes, tem menos solidez defensiva e pouca eficácia no ataque.
O Benfica terá feito o melhor jogo da época fora de casa e tudo indica que a equipa está num crescendo, que pode ser insuficiente para recuperar a vantagem que o separa do Porto, mas muito importante para readquirir a confiança dos adeptos. Se o Benfica passar a dar espectáculo, como aconteceu o ano passado, pode ter a certeza de que terá os adeptos consigo. E o facto de dar espectáculo e isso ser reconhecido pela imprensa e os media em geral constituirá em si um efeito destabilizador para os demais, nomeadamente para o Porto.
Em Leiria, na primeira parte e nos últimos quinze minutos da segunda, o Benfica esteve muito próximo da equipa do ano passado, havendo jogadores decisivos, como Saviola, em grande forma
Tudo mudará quando o próximo jogo do Benfica deixará de ser esperado como uma confirmação do jogo anterior e passar a ser encarado como mais um motivo de alegria pelo espectáculo que os adeptos esperam da equipa.