terça-feira, 21 de junho de 2011

VILLAS BOAS RESCINDE COM O PORTO

OS EQUÍVOCOS DE PINTO DA COSTA
Da cadeira de sonho para o Chelsea. Villas Boas segue os passos de Mourinho



Parece cada vez mais evidente que, em matéria de paixões, Pinto da Costa não é fiável. A história de amor que ele tanto encareceu em público entre Vilas Boas e o FCP, tal como tantas outras em que Pinto da Costa tem estado envolvido, correu mal. É certo que o Porto vai receber muito dinheiro, muito mais do que aquilo que o treinador parece valer por muitos e bons que sejam os seus méritos. Só que o dinheiro, por muito que seja, nunca apaga a ferida intensa causada pela “traição”.

Basta ler e ouvir os arautos do FCP nos jornais e nas televisões para imediatamente se perceber a dor intensa que lhes fustiga alma: traição, desonestidade, ingratidão são as palavras mais ouvidas.

De facto, parece impossível como um homem inteligente como Pinto da Costa e tão frio na escolha dos meios para atingir os seus fins seja tão vulnerável às paixões. Como ele acreditou no amor eterno que Vilas Boas jurou ao clube das Antes. Como é possível que Pinto da Costa, que até dizem conhecer os poetas, ainda não tenha percebido que o “amor só é eterno enquanto dura”?  

E hoje na devoradora sociedade capitalista em que vivemos ele é tão fugaz e o dinheiro exerce sobre ele uma influência tão negativa que não deixa de ser espantoso que um homem com tantas “capacidades” para alcançar resultados se deixe envolver por uma história de amor…no futebol. Nesse mesmo futebol onde ele tem resolvido muitas questões com dinheiro e com outros processos, onde o amor nunca entra!

Esta é sem dúvida a maior derrota pessoal de Pinto da Costa. Muito maior do que a sofrida frente a Carolina Salgado, que ele rapidamente descredibilizou (a partir da própria família dela), ou mesmo frente a Mourinho, que ele sempre teve como um “mouro mercenário” pronto a dar o salto na primeira ocasião e com depois acabou por fazer as pazes vendendo-lhe jogadores por preços que só Mourinho pode comprar…

Agora, não se sabe até onde vai a infidelidade: tudo depende de Abramovich para quem o dinheiro é coisa sem importância dada a forma como lhe veio parar às mãos. Ela, a infidelidade, pode estender-se a Moutinho e a Falcao. Seria muito dinheiro, mas nem assim a dor se apagaria…

Com todo esse dinheiro talvez Pinto da Costa ceda à tentação de vir “buscar” Jesus ao Benfica. O que seria certamente um grande alívio para os benfiquistas que podem ter que vir a pagar eles a “cláusula” lá mais para Novembro ou até antes, logo que as ilusões da nova época começem a cair por terra.

A Villas Boas tem de elogiar-se acima de tudo a coragem. Claro que ele tem uma vantagem face aos que, como jogadores, treinadores ou noutras funções, já passaram ou pretenderam passar por situações idênticas às dele: Villas Boas é do Porto, já foi dos Super Dragões, enfim, conhece a casa por dentro. Sabe melhor que ninguém como defender-se. Mesmo assim…foi corajoso!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

BENFICA E A NOVA ÉPOCA

BREVES CONSIDERAÇÕES



Não falta quem vaticine o pior para a nova época que se avizinha. O pior seria o Benfica falhar a Champions. E se tal acontecer desculpas não faltarão: a Copa América será a grande responsável. Até parece que o Benfica não sabia que em 2011 haveria Copa América. De facto, uma equipa com as pretensões do Benfica tem de estar preparada para estas situações. Ou seja, tem de ter uma defesa que, não sendo tão boa como a que estará ausente, saberá mesmo assim desempenhar o seu papel.

Depois há também quem vaticine que se as coisas começarem a correr mal, seja na Champions, seja no Campeonato, Jesus não chegará ao Outono. Se isso viera acontecer, apenas tem de se lamentar que tal desfecho não tenha ocorrido antes na Primavera passada. Na verdade, a sensação que se tem é a de que Jesus está esgotado. A forma habitual de escamotear esta situação é o treinador convencer a direcção que a maior parte dos jogadores tem de ser substituída. Gente nova é, por definição, mais dócil.

Aliás, é este entendimento das coisas que levou à dispensa de Nuno Gomes, bem como a sua parca utilização na temporada finda. Os 52 minutos que Jesus lhe concedeu em 2010/2011 serviram para justificar o desfecho agora conhecido, apesar de nesses escassos 52 minutos ter marcado 4 golos! Nuno Gomes nunca foi um “matador”, mesmo nos seus tempos áureos. Mas é um jogador experiente que, curiosamente, passou a falhar menos com a idade. Se o Benfica tivesse um ponta de lança como Falcao ou mesmo como o Cardozo de 2009/2010 e um segundo ponto de lança de relativa produtividade no tempo que lhe foi concedido, ainda se poderia admitir a dispensa do terceiro ponta de lança. Poderia, mas tratando-se de quem se trata seria sempre uma opção muito discutível. Mas com um jogador como Cardozo que o ano passado passou a maior parte do tempo a “dormir em campo”, provavelmente por não ter saído, e Kardec que não acertou uma para a “caixa” e falhou golos incríveis, a dispensa de Nuno Gomes não tem qualquer justificação técnica, mas apenas e só uma justificação relacionada com a chamada “gestão do plantel”. Jesus não quer na equipa gente de prestígio a criticar pelo silêncio – um silêncio contagiante – o seu trabalho. Ou seja, é a fraqueza do treinador que dispensa Nuno Gomes e não a idade do avançado.

Não é a primeira vez que situações destas acontecem. Elas ocorrem em todas as equipas e sempre pelas mesmas razões. O juízo crítico que elas merecem é que varia consoante os resultados obtidos.

Quanto ao mais, o Benfica continua a comprar muita gente nos jornais e também a vender nos jornais, nestes casos por iniciativa dos empresários e a colaboração dos jogadores em causa. O que se passou com Coentrão é mais uma prova da falta de autoridade da direcção, nomeadamente do presidente. O empresário conta mais…Noutro clube que a gente conhece, se isso acontecesse - que não acontece - o empresário “deixaria de o ser”…

domingo, 5 de junho de 2011

PORTUGAL VENCEU A NORUEGA

TRÊS EQUIPAS COM O MESMO NÚMERO DE PONTOS NO CIMO DA TABELA
Portugal sobe à liderança do grupo com golo de Postiga



No jogo desta noite, no Estádio da Luz, Portugal venceu a Noruega por 1-0, juntando-se assim no cimo da classificação ao adversário de hoje e à Dinamarca, que um pouco antes, vencera a Islândia por 2-0.

No começo do jogo Portugal correu o risco, por duas vezes, de sofrer um golo. Numa das vezes, Eduardo defendeu e na outra o atacante norueguês atirou para as nuvens o que parecia ser um golo fácil. Fora estas duas oportunidades, a Noruega não voltou a estar na eminência de marcar, o que não quer dizer que o jogo tenha sido fácil para Portugal. Pelo contrário, a Noruega defendeu muito bem e dificultou sempre a tarefa da equipa portuguesa.

De facto, cedo se percebeu que o grande goleador Cristiano Ronaldo dificilmente marcaria e os médios que costumam rematar bem, principalmente Martins e Meireles, hoje também não dispuseram de grandes oportunidades.

O golo acabou por aparecer na segunda parte numa jogada de Nani pelo lado direito, que cruzou rasteiro para o centro do terreno onde Postiga, antecipando-se ao defesa, acabou por fazer o golo, rematando de imediato ao canto inferior esquerdo do guarda-redes adversário. Foi de certa forma um golo improvável, já que Postiga, tanto no Sporting como na selecção, precisa de três jogos e umas décimas para marcar um golo. Paulo Bento acabou por acertar quando decidiu pô-lo a jogar em vez de Hugo Almeida, embora tanto um como outro não tenham uma grande relação com o golo, apesar de jogarem a ponta de lança.

Foi um jogo médio da selecção, sem grandes exibições. Talvez apenas Moutinho e Coentrão tenham estado acima dos restantes. Ronaldo, como de costume, joga melhor contra equipas fracas do que contra adversários fortes, tanto na selecção como no seu clube. É certo que acabou a época com um score impressionante de golos marcados, mas as suas exibições são sempre mais conseguidas contra o Málaga ou o Almeria do que contra o Barcelona ou contra os adversários fortes da selecção portuguesa. Ronaldo tem, de facto, este problema: é um grande jogador, mas quando se espera por ele nos grandes jogos, ele nem sempre aparece. Hoje aconteceu isso mais uma vez.

Finalmente, uma parte significativa do mérito da vitória tem de ser atribuído a Paulo Bento que, tendo pegado numa equipa “em cacos” deixada por Queiroz, ganhou os três jogos da qualificação jogados sob o seu comando e recuperou os pontos perdidos, a ponto de hoje ter igualado as duas equipas que iam à frente – Noruega e Dinamarca.

É preciso, porém, ter em conta que nada está ainda decido, as três equipas estão com o mesmo número de pontos, sendo preciso esperar pelos jogos que ai vêm para se saber quem vai ficar à frente e quem vai ficar em segundo lugar. Para já Portugal leva vantagem, tanto pelo número de golos marcados, como pela diferença entre marcados e sofridos, mas vai ser preciso esperar, tanto mais que a Dinamarca ainda tem que jogar, em casa, contra a Noruega e contra Portugal.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

O BENFICA NA RTP MEMÓRIA

ONTEM FOI DIA DE COMEMORAÇÕES
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A RTP Memória comemorou ontem condignamente a conquista da primeira Taça dos Campeões Europeus, pelo Benfica, há 50 anos, contra o Barcelona (3-2).
Dos heróis de Berna, poucos são os que continuam entre nós. Mas todos eles, com excepção de Coluna, lá estiveram a dar o seu testemunho sobre a campanha europeia de 1960/61. Mário João, lembrando o que teve de sofrer nos quinze minutos finais para manter o resultado de 3-2, contra a Barcelona; Ângelo, sempre irónico e vivaz, lembrando antes da final que o seu grande adversário era aquele avião de quatro motores em que estava prestes a entrar, desvalorizou, com graça, a bola que bateu nos dois postes de Costa Pereira: "Não se trata de sorte, mas de culpa do jogador que não sabe acertar na baliza, que é larga, e acerta nos postes, que são estreitos; o Eusébio, que era um grande jogador acertava sempre na baliza"; o Artur, que pouco jogou, explicou a mudança operada no futebol do Benfica nos anos 50, com a vinda de Otto Glória continuada depois por Béla Guttman; o Cruz que ainda ontem estava zangado com o que aconteceu em Viena contra o Rapid; o Zé Augusto recordando com humildade as suas grandes exibições na primeira campanha europeia, principalmente o memorável jogo de Aahrus, donde saiu em ombros, levado pela juventude dinamarquesa.
Pelo ecrã passaram ainda muitas entrevistas da época: de Costa Pereira, o homem que melhor falava na televisão; de José Águas, prometendo esforço e dedicação; de Germano, sempre muito comedido perante os jornalistas; de Béla Guttman, incisivo e confiante; e dos dirigentes do Benfica que ainda nem sequer tinham bem consciência da proeza que estavam a cometer.
O futebol evoluiu muito de então até hoje: táctica, técnica e fisicamente. E a bola, elemento fundamental do jogo, frequentemente esquecida nestas análises, nada tinha a ver com as bolas de hoje. A bola era um autêntico “fardo” para a maior parte dos jogadores: pesada, dura e agressiva. Impossível chutar então com a mesma força com que hoje se chuta. Basta ver que os guarda-redes evitavam o pontapé de saída e sempre que podiam substituíam-no pela reposição da bola em jogo com um pontapé em que a bola era colocada no ar com as mãos, exactamente para não terem de fazer o duro esforço muscular de arrancar um pontapé de longa distância com a bola no solo.
Estas diferenças não impedem, todavia, que em todas a épocas tenha havido grandes jogadores. A equipa do Benfica de 1961, embora inferior à do ano seguinte, já então tinha jogadores que estavam à frente do seu tempo, como era o caso de Coluna e de Germano. E o próprio Santana, que no ano seguinte viria a ser sacrificado (à época não havia substituições) para deixar entrar Eusébio, já tinha todas as características de um jogador moderno.
Mas não interessa fazer comparações com o futebol que então se jogava e o que se joga hoje; não se pode enveredar por esse caminho. As únicas comparações aceitáveis são entre aquele futebol que ontem se viu entre duas equipas finalistas e o jogado por outras equipas na mesma época. Certamente não haveria muito melhor, a não ser porventura o Real Madrid, nessa época eliminado pelo Barcelona, que já então exibia uma apreciável qualidade de passe. Não obstante, foi batido, sem apelo nem agravo, por esse mesmo Benfica na final do ano seguinte.
Mas há outras comparações que nada têm a ver com o futebol praticado pelas equipas, que já é legítimo fazer entre o futebol de então e o da agora. Na altura, o futebol ainda era um desporto saudável e com fair play, tanto dentro como fora do campo. Basta ver como a assistência se distribuía pelo estádio, até junto da linhas de jogo, sem seguranças nem polícias, para logo se perceber que a violência ainda não tinha chegado ao futebol. Depois é igualmente de realçar o modo como os jogadores acatavam as decisões do árbitro, praticamente sem protestos, por mais gravosas que fossem. E ainda como os jogadores mutuamente se respeitavam e como igualmente respeitavam o espectáculo e o público sem entradas violentas nem simulações vergonhosas, como hoje acontece.
Estas é que deveriam ter sido as diferenças que o tal repórter (de ontem) do Público deveria ter assinalado. É natural, porém, que não o possa fazer. A gente sabe quem introduziu o contrário de tudo isso no futebol português …
Entre 1960 e 1989 o Benfica jogou sete finais da Taça dos Campeões, tendo ganho duas, e uma da Taça UEFA; no mesmo período o Porto jogou uma final da Taça dos Campeões, que ganhou, e uma da Taça das Taças, que perdeu; o Sporting jogou uma final da Taça as Taças, que ganhou.
De 1990 até à actualidade, o Benfica não voltou a jogar qualquer final europeia; o Porto jogou uma da Liga dos Campeões, uma da Taça UEFA e outra da Liga Europa, tendo-as ganho todas; o Sporting jogou uma final da Taça UEFA, que perdeu e o Braga jogou uma final da Liga Europa, que igualmente perdeu.