sexta-feira, 28 de setembro de 2012

LUÍS FILIPE VIEIRA DERROTADO


 
O QUE SE SEGUE?

 

O património mais valioso do Sport Lisboa e Benfica, por muito que na sua história pesem os êxitos desportivos, era a sua origem popular e democrática. No Benfica sempre houve eleições livres no tempo da ditadura. Nenhum presidente do Benfica foi eleito ou reeleito sem ter de se bater contra um opositor. E mais de uma vez aconteceu o presidente em exercício perder as eleições no confronto com o outro candidato.

Nada disto se passava nos outros grandes clubes portugueses onde vigoravam princípios e métodos que nada tinham a ver com as regras democráticas.

No Sporting era a “aristocracia” sportinguista, sediada no Conselho Leonino, que tinha nas mãos os destinos do clube. Só muito recentemente o Sporting passou a ter eleições democráticas, mas ainda hoje se ressente desse seu passado “aristocrático”. Gonçalves foi, como se sabe, o primeiro presidente do Sporting eleito pelos sócios e depois, como a experiência foi má, entrou-se num período de co-optação em que as eleições apenas serviam para ratificar a escolha já feita e em exercício. Somente com Bettencourt e agora com Godinho Lopes se institucionalizou verdadeiramente a regra democrática.

No Porto, como toda a gente sabe, vive-se em ditadura com percentagens de aprovação que fazem da Coreia do Norte uma experiência quase democrática. Da única vez em que sob o consulado de Pinto da Costa alguém ousou desafiá-lo esse pobre candidato foi apodado de louco e só por um triz não correu o risco de internamento num hospital psiquiátrico no bom estilo brejnoviano.

Infelizmente, no Benfica durante a gestão de Vieira passou-se algo de semelhante. Pela primeira vez um candidato às eleições foi impedido de participar com base em artifícios estatutários. No fundo, mais perigosa do que a concorrência desse candidato era a ousadia de alguém desafiar o chefe. Era isso que se pretendia evitar. E foi isso que, para vergonha dos benfiquistas, aconteceu.

Felizmente que ontem, para alegria dos benfiquistas, ficou demonstrado que continua viva no clube a pulsão popular e democrática que sempre foi a sua matriz. O Relatório e Contas da gestão de Luís Filipe Vieira foi reprovado por uma margem significativa de sócios.

Vieira, se conhecesse a história do Benfica, se fosse um verdadeiro benfiquista e não um ex-sócio do Alverca, do FCP e do Sporting, demitia-se e convocava eleições. O “chumbo” das contas é também a expressão do descontentamento benfiquista pelos métodos e processos de gestão do Benfica. Não é, pelo facto, de Vieira ter apenas, como ele faz gala em afirmar, a quarta classe que ele deixa de ser quem é para passar a ser um lídimo representante do sentimento popular de que acima falámos. E o mesmo se diga da sua adesão aos princípios democráticos - o modo como trata os adversários internos e frequentemente se imiscui nos assuntos internos de outros clubes demonstra que Vieira não está à altura da tradição do Benfica. Está na hora de sair. E seria bom que ele percebesse isso e poupasse o Benfica a uma luta fraccionista certamente muito negativa para o futuro do clube. Que Vieira vá e que deixe aos benfiquistas o encargo de escolher o novo presidente entre os candidatos que se perfilam para o substituir.

 

 

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

COISAS DO FUTEBOL PORTUGUÊS


 

A ARBITRAGEM SEMPRE NA ORDEM DO DIA

 

O Correio da Manhã de hoje noticia que o F. C. Porto teve no dia 14 de Setembro, em Lisboa, uma reunião secreta com o Conselho de Arbitragem, na qual teria “vetado” dois árbitros – Duarte Gomes e Bruno Paixão – para apitarem jogos da equipa. Segundo o jornal, Vítor Pereira e Lucílio Baptista estiveram presentes, mas não Luis Guilherme que declinou o convite para a referida reunião.

É claro que em Portugal nunca se vai saber se isto aconteceu ou não, embora nas declarações prestadas hoje por um membro da associação de árbitros a reunião não tenha sido negada. Negado, no sentido de que não parece crível, foi o veto dos árbitros.

A questão, porem, era fácil de resolver. Certamente o Conselho de Arbitragem tem uma agenda. A primeira coisa aa saber é se dessa agenda consta ou não aquela reunião. Se não constar, então, provando-se que ela teve lugar, ela terá sido uma reunião secreta. E se foi secreta todas as suspeições são legítimas.
E então se saberioa se, de facto, a arbitragem é dirigida de dentro para fora ou ...de fora para dentro.

 

Vítor Pereira, treinador do FCP, disse hoje ou ontem aos jornais que não apenas quer ganhar o próximo jogo do campeonato contra o Rio Ave, mas “aumentar mais a vantagem para os adversários”. Ora vamos lá recapitular para ver se eu percebi: Vítor Pereira quer ganhar, quer fazer três pontos contra o Rio Ave. Mas quer também aumentar a vantagem. Mas como, se a vitória do Porto só vale três pontos? Então, isso significa que para aumentar a vantagem ele tem de interferir nos jogos dos adversários directos (o Benfica, obviamente). E como pode ele interferiu num jogo em que não participa, em que não é parte? Que relação existe entre este parágrafo e o anterior? Essa a grande questão…

 

Jorge Jesus quer ganhar em Paços de Ferreira (quem não quer?) e diz que o Benfica tem de estar preparado para superar obstáculos externos. Até aqui tudo bem. Mas afirma a seguir que a grande prioridade do clube é o campeonato. Então, a Liga dos Campeões, a Taça de Portugal não são prioridades? Lamentável que na véspera de um jogo contra o Barcelona na prova mais famosa do calendário futebolístico europeu o treinador do Benfica venha dizer que a prioridade é o campeonato…

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

AS QUEIXAS DO BENFICA


EMPATE EM COIMBRA
Académica vs Benfica (LUSA)


Antes de mais é importante que se diga que é objectivamente positivo que um árbitro, no campeonato português, tenha a coragem de marcar no mesmo jogo dois penalties contra um “grande”, desde que, obviamente, haja razões para crer que as faltas que os determinam existiram mesmo.
 
Puxando o filme atrás. O ano passado o Sporting fez uma barulheira incrível por Bruno Paixão lhe ter assinalado dois penalties seguidos no jogo contra o Rio Ave. Teria sido ridículo se subjacente àquela falsa indignação não estivesse presente a ideia de que nenhum árbitro em Portugal tem o direito de fazer isso ao Sporting. Os penalties, como todos se recordarão, foram bem assinalados, embora relativamente ao primeiro, depois de muitas visualizações, se pudesse suscitar a dúvida se a falta foi cometida dentro ou fora da área.
 
Ontem aconteceu algo de sensivelmente idêntico. O Benfica também não aceitou os penalties de Carlos Xistra marcados contra si, mas já considera indiscutível (e foi) o que puniu a Académica, bem como a sanção aplicada ao jogador infractor (aceitável, mas discutível).
 
 
No jogo de ontem é até possível que nenhuma das duas faltas assinaladas contra o Benfica causadoras de duas grandes penalidades fosse merecedora daquele castigo máximo. É possível, mas não é óbvio. No lance que originou a primeira grande penalidade Maxi Pereira comete indiscutivelmente falta sobre o avançado da Académica. É um lance muito rápido que se desenrola quase sobre o risco da área. Com a imagem parada percebe-se que a falta se inicia fora da área, mas a dúvida é legítima. No segundo lance, Garay corta a bola legalmente, mas depois propositadamente ou não impede a passagem do avançado da Académica que tenta furar por onde manifestamente não cabia. Este parece um lance que suscita menos dúvidas que o anterior, mas vendo-o à velocidade normal é legítima a dúvida sobre a sua legalidade. Portanto, tem de se aceitar a decisão do árbitro, se a interpretação que ele fez do lance o leva a concluir pela existência da falta máxima.
 
A polémica à volta destes penalties surge, diga-se o que se disser, não por eles terem sido marcados nas condições que o foram, mas por haver na maior parte das pessoas a convicção segura de que em caso algum idêntica ou semelhante situação teria o mesmo desfecho contra o F. C. do Porto. Esse é que é o problema. E é um problema grave. É capaz, um árbitro português, num jogo de campeonato, de marcar contra o FCP dois penalties nas mesmas condições em que ocorreram os de Coimbra ou nas condições em que ocorreram os de Vila do Conde no jogo do Sporting? Mais de oitenta por cento dos inquiridos diria não sem hesitar! E enquanto esta situação existir – e ela existe – o futebol português continuará inquinado de suspeição. Com a agravante de nunca se provar nada, mesmo quando se “ouvem” os prevaricadores a cometerem o delito!
 
No que toca ao jogo de Coimbra, o Benfica tem de se queixar de si próprio. É inadmissível falhar situações de golo feito como as que o Benfica falhou na primeira parte. É também claro que o Benfica está mais fraco. Mais fraco e mais inseguro, depois das transferências (inevitáveis) do mercado de Verão. Dois empates em quatro jogos não auguram nada de bom…
 
O jogo terminou com o empate a duas bolas, as da Académica na conversão de duas grandes penalidades, como já se deixou dito, e as do Benfica na conversão de um penalty por Cardozo, depois de mão na bola de Galo, e o segundo golo a quatro minutos do fim num "tiro" de fora da área de Lima, que se estreou (oficialmente) a jogar e a marcar.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

A LIGA DOS CAMPEÕES (CONT.)


A SEGUNDA PARTE DA PRIMEIRA JORNADA

 

No segundo dia da primeira jornada da Liga dos Campeões, o Benfica empatou na Escócia contra o Celtic de Glasgow a zero. Pela primeira vez em quatro jogos contra o Celtic, na Escócia, o Benfica não perdeu, mas também ainda não foi desta que ganhou. E todavia nunca o Benfica havia defrontado um Celtic tão fraco como o de ontem à noite.

Sobre a equipa do Benfica pairava a enorme expectativa de saber como é que ela se comportava depois das saídas de Javi Garcia, Witsel e Saviola (que, em princípio, já não voltam mais) e com as ausências forçadas de Maxi e de Luisão, ambos por castigo. Foi evidente para toda a gente que a equipa se ressentiu, e muito, das ausências de Javi e de Witsel, com as quais tem de passar a conviver, mas também com as de Maxi e Luisão, porventura mais com a do primeiro do que com a do segundo. No que toca a Saviola, verdadeiramente só jogou com regularidade no Benfica no seu primeiro ano. E o resultado viu-se: Saviola foi o segundo melhor marcados da equipa e o Benfica foi campeão. Coincidência ou não, depois de Saviola ter perdido a titularidade nunca mais o Benfica competiu, a sério, pela conquista do título. Saviola parece estar a querer repetir no Málaga a sua primeira época no Benfica.

Diz a crítica que o Benfica, ontem, jogou bem na defesa e falhou no ataque. Não se pode dizer que tenha jogado bem na defesa contra uma equipa que, apesar de muito voluntariosa, nunca criou problemas. E também não se pode dizer que se não sentiu a falta do labor atacante de Maxi, porque sentiu, e muito, por acertadamente que o jovem André tenha estado. No meio da defesa, Jardel não comprometeu, mas não dá a mesmo segurança de Luisão. Enfim, a defesa fez o que lhe competia a defender – não deixou marcar golos – mas ficou muito aquém do que poderia fazer na ajuda ao ataque. E, no meio campo, Matic não é Javi nem Enzo Perez é Witsel. Mas este é assunto sobre o qual não adianta tecer grandes considerações porque o Benfica vai ter de jogar com os jogadores que lá tem e não com os que vendeu.

Na frente a decepção não poderia ser maior. Nem Salvio esteve á altura do que já fez nos três jogos do campeonato, nem Rodrigo, muito desamparado, deixou a ideia de que possa jogar tão desacompanhado. Aimar jogou muito longe da frente e Gaitan perdeu-se em individualismos e na hora de rematar, na única oportunidade de que dispôs, atirou contra as pernas do adversário.

Cardozo, Bruno, César e Nolito que entraram no decorrer do jogo para a substituição, respectivamente, de Aimar, Rodrigo e Gaitan também não acrescentaram nada, embora Bruno César seja um jogador com que o Benfica tem de contar em todos os jogos.

E foi assim num jogo muito enfadonho, sem emoção, pobre e triste que o Benfica evitou pela primeira vez a derrota na Escócia, o qual por essas mesmas razões também impediu que o Benfica de lá tivesse saído vitorioso pela primeira vez.

No outro jogo do grupo, o Barcelona teve de recorrer ao melhor Messi para levar de vencida um jogo em que esteve a perder por 2-1. A reviravolta no resultado (3-2) aconteceu, mais uma vez, por obra de Messi. Parece que este Barcelona de Tito Villanova tem de recorrer muito mais que o anterior ao talento individual de Messi para resolver problemas que o colectivo não soluciona.

O Spartak de Moscovo, pelo menos no jogo de ontem, demonstrou ser uma equipa difícil, daí que o empate do Benfica em Glasgow não seja, ao contrário do que diz Jorge Jesus, um bom resultado.

Nos demais jogos, o Chelsea empatou a dois com a Juventus, apesar da excelente exibição de Óscar; o Shakhtar Donetz ganhou naturalmente ao Nordsjaelland por 2-0; o Bate Borisov ganhou em Lille por 3-1; o Bayern ganhou em Munique, como lhe competia, ao Valencia por 2-1; e, finalmente, no grupo H, o Cluj derrotou surpreendentemente o Braga na Pedreira por 2-0; e o Manchester United ganhou em casa ao Galatasaray por 1-0.

 

A LIGA DOS CAMPEÕES


 

A PRIMEIRA PARTE DA PRIMEIRA JORNADA

 

Depois de quase vinte dias sem futebol de clubes, o futebol regressou na passada terça-feira com o começo da primeira jornada da Liga dos Campeões.

O Porto estreou-se a ganhar contra uma equipa fraca – Dínamo de Zagreb – num jogo onde não se sentiu a falta de Hulk tal foi o domínio exercido sobre a equipa croata. Na Liga dos Campeões, não obstante o nome, há sempre equipas fracas, às vezes em vários grupos e não apenas num, consistindo o mérito de quem participa na prova em ganhar a essas equipas tanto fora como em casa. Foi o que o Porto fez. Portanto, a sua prestação foi irrepreensível.

Na terça-feira o jogo mais emotivo foi sem dúvida o que em Santiago de Bernabéu pôs frente aa frente o Real Madrid, campeão de Espanha, e o Manchester City, campeão de Inglaterra. A primeira parte foi quase toda do Real Madrid que até conseguiu, desta vez, superar as tradicionais dificuldades atacantes quando joga contra equipas que tendem a ter os dez jogadores atrás da linha da bola. Não que durante esse período tenha marcado qualquer golo, mas porque conseguiu, contra o que é habitual, rematar com perigo por várias vezes às redes de Hart – um excelente guarda-redes – quase sempre de fora da área. Se na primeira parte o domínio do jogo pertenceu indiscutivelmente ao Real não é menos verdade que, na segunda parte, as coisas mudaram e poderiam mesmo ter terminado em catástrofe para Mourinho se os deuses da fortuna não tivessem estado mais uma vez pelo seu lado. Depois de ter rondado a baliza madrilista com perigo, quase sempre mediante iniciativas desse extraordinário Yaya Touré, o City acabou por marcar por Dzeko fazendo jus ao domínio que a equipa vinha exercendo.

Só que o Real Madrid também tem nas suas fileiras dos melhores jogadores do mundo. E um deles é Marcelo, esse fantástico lateral esquerdo, a cuja técnica e grande classe de execução se deve o empate. Quando o jogo se aproximava do seu fim, com o City sempre mais perigoso, a equipa inglesa desempatou de livre eximiamente marcado por Kolariov aparentemente com culpas para a defesa adversária, embora ao mais alto nível haja cada vez mais golos como o de Kolarov. Um golo que se supunha ter decidido a partida. Faltavam cinco minutos para o fim do jogo. Com o Real por baixo e a perder antevia-se um tempo muito difícil para Mourinho, tanto dentro da equipa, como fora. Mas os deuses têm um pacto com o homem de Setúbal. Dois minutos depois Benzema rodou sobre si próprio e sobre os adversários que o marcavam e conseguiu à entrada da área descortinar um espaço por onde a bola iria passar em direcção ao golo. Com as duas equipas a querer ganhar o jogo, apesar de se estar a jogar já o tempo de compensação, foi o Real Madrid a equipa mais feliz. Ronaldo do lado esquerdo do seu ataque flectiu ligeiramente para dentro e da esquina da área rematou com força e quase à figura do guarda-redes. Acontece que o defesa do City (Kompany) que estava entre ele e o seu guarda-redes por receio ou para deixar passar a bola na direcção de Hart encolheu-se (agachou-se) e a bola, passando sobre a sua cabeça, a meia-altura, acabou por enganar o guarda-redes. Foi o delírio em Chamartin. Mourinho suspirou de alívio e extravasou a sua ansiedade festejando o golo como se tivesse sido ele a marcá-lo. Com esta vitória ninguém mais se lembrou nem quis saber dos motivos por que Sérgio Ramos não jogou. O ambiente mantém-se tenso, mas para já Mourinho conseguiu adiar ou mesmo eliminar (adiante se verá) o que se estava a antever…

Nos demais jogos o que há de mais saliente é a vitória do Málaga por 3-0 sobre o Zénite, que alinhou com Hulk e com Bruno Alves, mas sem Witsel. Saviola, em grande forma, voltou a marcar. Quanto ao resto – vitória do PSG sobre o Dínamo de Kiev (4-1); do Borússia Dortmund sobre o Ajax (1-0); do Arsenal em Montpellier (1-2); do Schalke 04 em Atenas sobre o Olympiacos (1-2) - quase tudo normal, salvo o empate em casa do Milan com o Anderlecht (0-0).

domingo, 9 de setembro de 2012

TRISTE VITÓRIA DA SELECÇÃO


ASSIM NÃO VÃO LÁ
 

A selecção portuguesa derrotou, penosamente, os amadores do Luxemburgo pela diferença mínima (2-1).
 
Num jogo marcado pela “tristeza de Cristiano Ronaldo”, o ególatra que ganha num ano o que milhões e milhões de portugueses nunca ganhariam em várias vidas, a selecção ressentiu-se, como não poderia deixar de ser, da ausência de uma voz que tivesse sabido pôr termo, com as palavras justas, a essa inacreditável farsa do rapaz da Madeira.
 
Em campo, a selecção foi uma triste sombra daquela que jogou as últimas partidas do Europeu. Apostando no mesmo alinhamento, Paulo Bento não conseguiu que os jogadores interiorizassem a importância do jogo que estavam a jogar. Um jogo que, só por um triz, não traiu logo à partida as esperanças de estar presente no Brasil em 2014.
 
Contrariamente ao que os jogadores parecem supor, o grupo de Portugal não vai ser um passeio fácil até às terras de Vera Cruz. A Rússia será o adversário certamente mais perigoso, um adversário que vai levantar muitas dificuldades em casa, mas seria errado desprezar ou menosprezar os demais parceiros do grupo, nomeadamente Israel, que é sempre um adversário temível tanto em casa como fora.
 
Veremos terça-feira como tudo evoluirá.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

O FUTEBOL NACIONAL E AS TRANSFERÊNCIAS


HULK E WITSEL NA RÚSSIA


Enquanto o Benfica e o Porto com mais ou menos dificuldade vão assumindo a liderança da Liga, com duas vitórias e um empate, distanciando-se do Braga e do Sporting, este com um jogo em atraso, os adeptos das duas equipas vão ficando seriamente apreensivos com a consistência dos respectivos plantéis, principalmente no que toca à sua competitividade na prova máxima do futebol europeu.
 
O Benfica partiu para esta época com um plantel invejável, recheado de grandes jogadores em quase todos os sectores, salvo porventura no lado esquerdo da defesa, o que, em seu tempo, levou o presidente a afirmar que o Benfica iniciaria a época com um dos mais talentosos plantéis da sua história, capaz de causar inveja a qualquer grande europeu.
 
De então para cá, o Benfica, referindo apenas as grandes vedetas, perdeu Saviola para o Málaga, Javi para o Manchester City e Witsel para o Zénite. Ou seja, de um momento para o outro ficou sem os dois mais consistentes jogadores do meio campo, agora reduzido a Matic, Carlos Martins e Aimar. Pouco, muto pouco para uma época em várias frentes. Mas não só. Na defesa, para além de Maxi, Luisão, Garay e o adaptado Melgarejo, o Benfica pouco mais tem. Ou melhor: não tem rigorosamente ninguém capaz de se assemelhar a qualquer um dos quatro titulares. Em contrapartida, na frente, principalmente nas alas, tem extremos que davam para duas equipas. No centro, incluindo o segundo ponta de lança, tem Cardozo, Lima e Rodrigo. Portanto, um plantel muito desequilibrado com poucas hipóteses na Europa, onde acima de tudo conta, como se sabe, a consistência e a solidez sectorial e com as hipóteses em Portugal condicionadas à competitividade do Porto, do Braga e do Sporting, bem como à real valia das demais equipas, o que é ainda cedo para se avaliar.
 
O Porto apenas perdeu Hulk, o que é muito, mas bem menos do que poderia ter perdido. A falta de Hulk, tão como a de Falcao no ano passado, é insuprível no quadro das disponibilidades do respectivo plantel. Por mais falta que Hulk venha a fazer – e vai certamente fazer muita falta – o Porto fica mesmo assim mais equilibrado do que o Benfica. Fica com uma baixa de vulto na frente internacional e talvez com uma baixa menos notada na frente interna.
 
Hulk acabou por ser vendido por um preço (40 milhões) bem inferior ao que Pinto da Costa apregoava como indispensável para começo de conversa. Mesmo assim foi bem vendido. Nenhum clube na Europa ocidental daria esse dinheiro por ele.
 
No que toca ao Benfica, Javi terá sido transferido pelo preço justo (20milhões) enquanto Witsel foi vendido por um preço (40 milhões) somente ao alcance de quem não dá qualquer valor ao dinheiro…por não ter tido qualquer trabalho em “ganhá-lo”. De facto, somente os oligarcas russos que se apoderaram dos bens do povo na famigerada gestão Yeltsin ou a camarilha árabe do petróleo podem pagar as verbas por que estão sendo comprados os jogadores este ano transferidos para os clubes de que são proprietários.
 
Do ponto de vista dos clubes portugueses não havia como declinar tais propostas por mais nocivas que elas venham a revelar-se no plano desportivo.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

COITADO DO CRISTIANO RONALDO


 
TÃO DEPRIMIDO NAS SENSAÇÕES!
 
É óbvio que Cristiano Ronaldo não faz a menor ideia de quem é “Álvaro de Campos”. Nem como profissional de futebol, que veio para Lisboa com onze anos de idade para “aprender” na escola do Sporting, tinha que o saber.
Mas como craque de futebol universalmente conhecido, que ganha e gasta rios de dinheiro, poderia ter reservado uma pequenina parcela para a aprendizagem de boas maneiras desportivas e sociais em geral. Coisas como, por exemplo: saber como dirigir-se a pessoas que exercem funções representativas de relevo por decisão democrática da comunidade; referir-se publicamente a colegas de profissão, sejam seus companheiros de equipa ou não; felicitar, ou simplesmente cumprimentar, os adversários a quem por mérito próprio – e também por decisão democrática, posto que restrita – foram atribuídos prémios desportivos; enfim, comemorar com os colegas de equipa os feitos por estes cometidos na equipa a que pertence e não apresentar-se publicamente como o centro do mundo, um ególatra, possuído de um egoísmo desmedido e de uma auto-idolatria desportivamente estúpida.
É óbvio que quem assim se comporta perante colegas com personalidade não pode esperar deles amizade nem admiração pessoal. Podem reconhecer-lhe os méritos técnicos e as suas capacidades desportivas, mas detestam-no pessoalmente. E isso é absolutamente normal. Como também é absolutamente normal no futebol o contrário. Ou seja, um indivíduo sem grandes qualidades humanas fora do campo ter no relvado e nas atitudes associadas ao fenómeno desportivo um comportamento exemplarmente solidário e altruísta. Podem os colegas não conviver com ele fora do fenómeno do futebol mas no campo, e em tudo o que a ele estiver ligado, ele poderá sempre contar com a solidariedade e com o apoio sem reticências de todos os colegas.
Portanto, é perfeitamente natural que o comportamento de Ronaldo não gere na equipa em que está integrado relações de solidariedade, assim como também é perfeitamente natural que os espanhóis do Real Madrid tenham uma relação de sadia camaradagem e até de profunda amizade com os espanhóis do Barcelona forjada em anos e anos de camaradagem nas selecções de Espanha. Mourinho quis fazer de cada adversário forte um inimigo perigoso a abater; Ronaldo quer que os colegas de equipa, nomeadamente - mas não só - os espanhóis do Real Madrid, não tenham hesitações na escolha entre ele e os seus "inimigos pessoais" como melhor jogador do mundo, da Europa ou seja lá do que for. "Inimigos" cujo crime consiste em repartirem com ele o talento para jogar futebol.
Em conclusão, Ronaldo socialmente falando não é exemplo para ninguém no plano desportivo. Não se trata de ser mau profissional no apuramento das suas qualidades exclusivamente futebolísticas. Nada disso. Trata-se do seu relacionamento com as pessoas, desde logo com os colegas de profissão, como desportista. Provavelmente na sua ignorância sociológica Ronaldo apreciará instintivamente os servos, mas rejeitará os pares. E quem não aceita os pares não pode esperar deles reconhecimento.
É apenas isto o que se passa com Ronaldo e nada mais. Explicações baseadas na xenofobia, no anti portuguesismo e outras tonteiras do género não fazem neste caso o menor sentido nem têm qualquer capacidade explicativa. O problema não tem nada a ver com a nacionalidade, mas apenas e só com a personalidade...