quinta-feira, 24 de outubro de 2013

DEPLORÁVEL PRIMEIRA PARTE DO BENFICA


 

BENFICA QUASE FORA DA CHAMPIONS
Roberto evitou a tragédia grega na "piscina" da Luz

 

É difícil compreender como uma equipa constituída com os mesmos jogadores do ano passado, mais um conjunto de caríssimos reforços, consegue jogar tão mal como o Benfica jogou na primeira parte no jogo desta noite contra o Olympiakos. Uma equipa sem ideias, sem qualquer fio jogo digno desse nome, sem alguém capaz, uma única vez que fosse, de exprimir uma ideia diferente daquele fastidioso e repetitivo futebol que permanentemente se via: Artur, quando consegue não falhar, passa a Luisão que passa a Garay que devolve a Luisão, que entrega a Matic, que, depois de dar uma volta sobre si próprio, lateraliza para a direita, entregando a Ola John ao qual se junta de imediato Almeida para receber um passe curto com a intenção de repassar um pouco mais à frente ao mesmo Ola John, que ora chega à bola, ora não chega, e quando chega tenta centrar em regra para onde não está ninguém. E esta “brilhante” jogada repete-se vezes sem conta até o espectador, completamente enfastiado, começar a assobiar.

O futebol do Benfica, não apenas neste jogo, mas em todos os jogos desta época, é um futebol repetitivo, sem ideias, nem brilhantismo de qualquer espécie. Os jogadores parece que desaprenderam, principalmente aqueles que o ano passado se exibiram sempre ao mais alto nível. Garay e Matic são uma sombra do que foram e até o esforçado Enzo Pérez está longe do nível exibicional da última época.

Onde está aquele vistoso futebol de ataque que o Benfica começou a praticar no primeiro ano de Jesus como treinador? Onde está esse futebol? Esse futebol que nunca mais foi praticado e foi decaindo época após época, parece ter este ano atingido o ponto zero de espectacularidade e eficiência.

Paradoxalmente, o que esta noite valeu ao Benfica foi o “dilúvio” que se abateu sobre o Estádio da Luz. A impossibilidade de fazer aquele futebol “mastigado” da primeira parte, com falhanços sucessivos da defesa e ineficiência do meio campo, levou a equipa a jogar um futebol directo, de bola para a frente, que aturdiu os gregos e criou múltiplas dificuldades à sua defesa, a começar por Roberto. Num desses lances, como poderia ter acontecido noutros, o Benfica marcou, por Cardozo, e conseguiu o empate.

Um empate que, contrariamente ao que diz Jorge Jesus, é um resultado negativo. Muito negativo. Um resultado que praticamente põe o Benfica, mais uma vez, fora da Liga dos Campeões após os primeiros três jogos da fase de grupos.

Só por ignorância ou “esperteza saloia” se podem considerar idênticos os quatro pontos que neste momento têm tanto o Benfica como o Olympiakos. Os quatro pontos dos gregos foram obtidos fora de casa enquanto os do Benfica foram conquistados em casa. Basta esta simples comparação para imediatamente se perceber que o Benfica só teria garantida a passagem à fase seguinte se ganhasse na Grécia e em Bruxelas. O que com este futebol não acontecerá, seguramente. Além de que o Benfica nunca ganhou ao Anderlecht em Bruxelas e quase nunca alcançou resultados positivos na Grécia, principalmente contra os grandes clubes de Atenas, como se viu em 2008, na Taça UEFA, em que foi copiosamente derrotado por 5-1 por este mesmo Olympiacos que agora vai revisitar.

Enfim, o fraco percurso que o Benfica está fazendo em todas as provas em que participa, aliado  à fraquíssima qualidade exibicional da equipa, deixam antever uma época para esquecer…

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

PORTO VÍTIMA DA IMPUNIDADE DE QUE GOZA NO FUTEBOL NACIONAL


 
BOM JOGO DO PORTO CONTRA O DÍNAMO
F. C. Porto derrotado pelo Zenit, 1-0, no Dragão

 

Os responsáveis e os comentadores afectos ao Futebol Clube do Porto não pararam de se lamentar no jogo desta noite por o árbitro ter mostrado no mesmo minuto dois cartões amarelos a um jogador do Porto que cometeu duas faltas evidentes. À luz das regras do jogo, por que razão não há-de ser punido um jogador que comete duas num curto espaço de tempo? Há algo nas leis do jogo que lhe garanta a impunidade relativamente à segunda falta?

Não há, como toda a gente sabe. O que há é uma impunidade generalizada que leva a que as equipas grandes em Portugal, e dentre elas o FCP, muito particularmente, contem sistematicamente com a benevolência dos árbitros em situações semelhantes. Ou porque o jogo começou há poucos minutos, ou porque ninguém ousa punir uma falta que nem todos os árbitros marcam, ou porque a contestação seria muito violenta e duradoira, ou por outras inconfessáveis razões, a verdade é que o Porto não está habituado – ou talvez mais correctamente -, nas provas nacionais,  o Porto não admite que um jogador seu seja expulso no início do jogo e muito menos por duas faltas merecedoras de cartão amarelo.

E é claro que isto cria na equipa um sentimento de impunidade que a leva a actuar com alguma leviandade em competições internacionais onde frequentemente aparecem árbitros dispostos a fazer cumprir as leis do futebol qualquer que seja a fase do jogo em que a infracção tem lugar. Isto não significa que os jogadores do Porto não estejam suficientemente advertidos de que não podem fazer nos jogos internacionais o que fazem nas competições nacionais. Estão. E qualquer observador atento reconhece isso com muita facilidade. Mas esses avisos não garantem, como hoje não garantiram, que a força do hábito por vezes se sobreponha à força da lei.

Realçado isto apenas com o propósito de demonstrar que o cumprimento rigoroso, no plano interno, das leis do jogo acaba por reforçar a competitividade das equipas portuguesas e muito particularmente do FCP o qual, não obstante todos os favores de que pode beneficiar, continua sendo a melhor equipa portuguesa e que mais probabilidade tem de se bater quase de igual para igual com as grandes equipas europeias. O Porto pode não ter o melhor plantel – e muito provavelmente não o terá – mas continua a ter a melhor equipa.

No jogo desta noite, o Porto jogando com dez desde os seis minutos foi sempre melhor equipa que o Zénite de S. Petersburgo durante toda a primeira parte. Na segunda parte, o enorme esforço da primeira parte fez-se sentir, porventura mais cedo do que se esperava. O Zénite, embora sem criar lances de grande perigo, salvo um perdida de Hulk resultante de uma “oferta” de Otamendi, foi dominando o jogo e aproximando-se gradualmente da baliza de Helton. Numa dessas jogadas, já muito perto do final, Kerzhakov, a centro de Hulk, fez o golo da vitória num excelente remate de cabeça. Mesmo assim, o Porto por duas vezes ainda esteve perto do empate.

Com duas derrotas em casa o Porto compromete muito seriamente a passagem à fase seguinte, agora apenas possível se obtiver duas vitórias (uma delas necessariamente em S. Petersburgo) e o Zénite perder dois dos três jogos que lhe faltam jogar ou perder um (necessariamente contra o Porto) e empatar outro, ganhando o terceiro.

 

 

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

PORTUGAL FORA DO MUNDIAL?


 
 
SUÉCIA, UM ADVERSÁRIO MUITO DIFÍCIL
 
Portugal terá no play off de apuramento para o Mundial do Brasil (2014) uma das três equipas que, à partida, tendo em conta o historial da selecção portuguesa, lhe poderiam causar maiores problemas – a França, a Grécia e a Suécia. Calhou-lhe a Suécia, contra a qual tem um lamentável registo de 6 derrotas, 3 empates e 3 derrotas com a agravante de nunca ter ganho aos suecos em Portugal.
A situação não seria melhor se em vez da Suécia lhe tivesse saído em sorte a selecção da Grécia, à qual nunca ganhou, ou a França, contra a qual sempre perdeu os confrontos mais decisivos das provas oficiais em que a defrontou.
Acresce a esta estatística o facto de a Suécia ter hoje nas suas fileiras um jogador que tem sido determinante nos jogos da selecção (Zlatan Ibrahimovic). Apesar dos registos da Suécia na série de apuramento em que participou não serem nada de extraordinário – 6 vitórias, 2 empates e duas derrotas; 19 golos marcados e 14 sofridos – num grupo que contava com a presença da Alemanha, mas também das Ilhas Faroé e do Cazaquistão, a verdade é que daqueles 19 golos sete foram marcados à poderosa Alemanha que no cômputo geral apenas sofreu mais três.
Por outro lado, se tivermos em conta a decepcionante participação de Portugal no Grupo F, em que ficou em segundo lugar a um ponto da Rússia, com empates em casa contra a fraquíssima selecção da Irlanda do Norte e também contra Israel (num jogo decisivo que poderia ter alterado a classificação que desde há muito parecia estabelecida), tudo aponta para uma dificílima tarefa da selecção portuguesa.
Além de não ter um jogador verdadeiramente determinante nos confrontos decisivos (jogador que Cristiano Ronaldo manifestamente não é, como o seu historial na selecção inequivocamente demonstra), Portugal tem uma defesa fraca onde militam dois centrais em fim de carreira, perigosos pelas muitas faltas que fazem e pelo jogo violento que frequentemente praticam. A isto acresce um Rui Patrício muito longe da forma que o notabilizou, provavelmente frustrado por ter de permanecer no Sporting por ausência de propostas irrecusáveis ,e um Coentrão que desde que foi para o Real Madrid nunca mais voltou a ser o jogador que tanto se distinguiu no Benfica e no Mundial da África do Sul.
Na frente, apenas Cristiano Ronaldo verdadeiramente conta, já que Nani, de quem tanto se esperava, tem vindo a decair com a passagem dos anos e Varela é hoje uma sombra do jogador que já “ameaçou” poder vir a ser, principalmente na selecção. De Postiga, Hugo Almeida ou Nelson Oliveira pouco haverá a esperar e de Dani nunca há certeza se estará em condições físicas para alinhar na selecção.
Por tudo isto e também por ausência de uma linha média renovada, onde verdadeiramente só Moutinho continua a ter lugar, muito dificilmente Portugal marcará presença no Mundial do Brasil.
Esperemos para ver…