segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

O SPORTING NÃO SABE PERDER E É INCOMPETENTE


 

LEONARDO JARDIM UM EXEMPLO SAUDÁVEL

 

O Sporting está cada vez mais com os tiques de clube pequeno que se considera grande: grandes aspirações, pequenos resultados. O que tem como consequência reacções despropositadas provocadas pelas sucessivas frustrações dos objectivos inalcançados. E tanto mais violentas quanto mais perto parece ter estado dos frustrados objectivos.

Aconteceu assim na Taça de Portugal, ao ser eliminado pelo Benfica, voltou a acontecer no domingo ao ser eliminado na Taça da Liga… por culpa própria.

Os dirigentes do Sporting – não o treinador que é um modelo de comportamento desportivo – não têm estabilidade emocional para participar em competições desportivas de primeiro plano. Qualquer pretexto, por mais ridículo que seja, lhes serve para ofuscar o inêxito com base em causas virtuais indemonstráveis e assim tentarem passar a mensagem de que a derrota é sempre da responsabilidade de terceiros que na sombra maquinam dia e noite contra o Sporting.

O que se passou na Taça da Liga é da responsabilidade da Liga…e do Sporting. A Liga deveria ter assegurado e garantido que os jogos começavam à mesma hora. Mas a Liga não pode garantir que os jogos que começam à mesma hora terminem à mesma hora. Mas, se por razões que se desconhecem, os jogos não começaram à mesma hora, há que averiguar por que razão isso aconteceu. E só se o Porto tivesse actuado dolosamente é que poderia ser punido. Como esse dolo é muito difícil de provar, para não dizer impossível, num atraso de 2 minutos e 45 segundos, o Sporting poucas ou nenhumas possibilidades terá de passar às meias-finais de uma competição que perdeu no campo.

O Sporting poderia ter evitado o que se passou e não seria penalizado por isso se se tivesse recusado a entrar em campo enquanto o Porto o não fizesse. Não há regulamento que o impeça de fazer isso. Nem haveria nesse comportamento qualquer batota ou vigarice. Que Eduardo Barroso não compreenda isto, que os dirigentes do Sporting também não compreendam, é absolutamente normal dado o fanatismo que lhes perturba a mente. Se os directores desportivos do Sporting, nenhum deles, têm a inteligência suficiente para conhecer os critérios de classificação ou de eliminação da prova ou de interpretação dos regulamentos, é um problema grave com que o Sporting se debate. Podem esses dirigentes ter feito a sua aprendizagem numa “boa escola”…mas logo esqueceram o que aprenderam mal chegam ao Sporting.

Em conclusão: há muitas razões de queixa no futebol português. Todos sabemos disso. Mas é ridículo que se pretenda combater o que está mal há muitos anos com situações como as de domingo passado.

O protesto ridículo sobre o que se passou no domingo apenas vai servir de motivo para que os mesmos de sempre se aproveitem desse ridículo para que tudo continue na mesma.

Aliás, basta ouvir E. Barroso para se perceber o que é a moralidade desportiva para os fundamentalistas do Sporting. Barroso calunia os jogadores adversários imputando-lhe intenções e actos que não prova ou que eles manifestamente não cometeram. Deturpa vergonhosa e dolosamente que se passou no Marítimo-Benfica do ano passado. Omite os vários golos em fora de jogo que o Sporting marcou este ano. Omite o que se passou no Sporting-Benfica deste ano em Alvalade: um golo em off side e um penalty sobre Cardozo que só Hugo Miguel e E. Barroso não viram.  

A honra dos jogadores para Eduardo Barroso é algo que pode ser enxovalhada com calúnias vulgares. Numa palavra: Barroso não tem classe. É vulgar, demasiado vulgar!

A tudo isto Seara assiste impávido…O Benfica apenas lhe serve para tentar ganhar votos… e notoriedade…

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

BENFICA VENCE MARÍTIMO E CONTINUA NA FRENTE


 

 
SPORTING E PORTO NÃO DESCOLAM
 
Rodrigo deixou Marítimo feito num oito na Luz

O Benfica venceu o Marítimo com dois golos de Rodrigo, um dos quais em fora de jogo, embora a vitória não sofra qualquer contestação já que o Benfica jogou o suficiente para ganhar por uma margem mais dilatada. A arbitragem errou para para os dois lados, deixando por marcar uma evidente grande penalidade por falta cometida dentro da área sobre Marcovic.

De realçar um jogo relativamente consistente do Benfica e uma excelente exibição de Oblak que mais uma vez demonstrou ser hoje o melhor guarda-redes da equipa. Infelizmente, foi preciso que uma lesão de Artur lhe abrisse as portas da titularidade, já que Jorge Jesus no início da época havia dito que Oblak não tinha hipóteses de ser titular do Benfica.

Além de Oblak, deverá sublinhar-se o excelente momento de forma de Gaitan e a eficácia de Rodrigo que, depois de um longo período de relativo apagamento, voltou às exibições de há dois anos.

Saber se Matic pode ou não ser substituído sem prejuízo manifesto para a equipa ainda é muito cedo para se afirmar. O Marítimo não é a equipa ideal para fazer esse teste e somente com adversários de outra envergadura, tanta interna como externamente, se verá até que ponto a falta de Matic se fará sentir.

Jesus mais uma vez substituiu Rodrigo, apesar do bom momento de forma que atravessa. Parece que o primeiro a sair é sempre Rodrigo independentemente da sua prestação. Esteja a jogar bem ou mal, é ele o primeiro a ser substituído.

Por outro lado, Jesus depois das inacreditáveis palavras que proferiu a propósito da saída de Matic, demonstrou hoje, mais uma vez, que não tem em grande conta os jovens da formação. Pelo menos, parecem não contar tanto quanto os jovens de outras proveniências. E, de facto, ainda hoje fez entrar Ivan Cavaleiro e André Gomes a dois e um minuto do fim, respectivamente. Não parece sério num jogo onde ganhar tempo não fazia sentido, já que o Benfica não estava a sentir qualquer necessidade disso, fazer entrar dois jovens que desde o início do campeonato esperam uma oportunidade. É certo que Ivan tem tido algumas oportunidades, apesar das palavras desencorajadoras do treinador, mas já André Gomes tinha até hoje jogado um minuto! Com a oportunidade que Jesus hoje lhe concedeu, passou a ter dois minutos!

Cabe ao presidente uma palavra.

O Sporting vai a pouco e pouco afirmando a sua candidatura ao título. A vitória em Arouca é um passo importante nesse sentido não apenas pelo resultado, mas principalmente pela forma como foi alcançado. Alicerçado numa equipa jovem, muito bem orientada, o Sporting vai-se consolidando a cada jogo que passa.

O Porto ganhou com muita facilidade a uma equipa macia e apática – o Vitória de Setúbal. Dito de outro modo, saber se o Porto continua a curva descendente ou se consegue invertê-la é uma resposta que o jogo contra o Setúbal não permite dar.

Para terminar, apenas acrescentar que as declarações de Pinto da Costa a meio da semana passada tiveram inequivocamente em vista os objectivos que no post anterior lhe atribuímos. Pinto da Costa não quer António Oliveira como presidente do Porto e também não quer que os comentadores do Porto nas televisões critiquem a equipa, quer a crítica recaia sobre os jogadores quer sobre o treinador. Vamos lá ver qual é o grau de obediência da “nação portista”, embora seja de esperar que todos acabem por alinhar com uma atitude semelhante à de Guilherme Aguiar, que pela sua experiência e carreirismo nem de advertências precisa.

 

 

 

sábado, 18 de janeiro de 2014

RESCALDO DA JORNADA: PINTO DA COSTA E JESUS




DEPOIS DO BENFICA-PORTO

Nada mais haveria a dizer relativamente à última jornada para além daquilo que já estava dito – que o Benfica ganhou concludentemente ao Porto e que o Estoril e Sporting se anularam mutuamente – se as declarações de Jesus e de Pinto da Costa não tivessem aberto uma nova frente de discussão não tanto pelo que disseram mas pelo que se depreende daquilo que disseram.

Pinto da Costa falou obviamente da arbitragem de Soares Dias – era o pretexto da entrevista – considerando-a escandalosa. Pinto da Costa a criticar a arbitragem é um pouco como Al Capone a exigir o cumprimento da lei. Não pode ser levado a sério e, de facto, ninguém o leva a sério quando ele critica os árbitros, embora toda a gente o leve a sério – muito a sério - quando ele se ocupa da arbitragem com a eficiência que toda a gente lhe reconhece, exuberantemente demonstrada nos mais de trinta anos que leva à frente do FCP.

O que verdadeiramente Pinto da Costa pretendeu com a entrevista que concedeu ao seu canal foi, por um lado, dar um sinal claro aos críticos que tomará boa nota daqueles que continuam a não acreditar na equipa e que tanto tem contribuído para a desmoralizar. Pinto da Costa conhece como ninguém as fragilidades do plantel que tem, assim como está ciente das limitações do treinador que escolheu. Todavia, sabe que não é agora o tempo certo para remediar os problemas criados por aquelas duas graves deficiências e por isso fez questão de vir dizer aos seus apaniguados que não aceita mais críticas ao plantel nem ao treinador. Exige unidade em torno das escolhas feitas, tanto mais que o Benfica vai ficar fragilizado na segunda metade do campeonato e o Sporting verdadeiramente ainda não conta para ele. Ele acha que um Porto a cinquenta por cento será suficiente, se internamente novas fissuras não forem abertas.

Este, o primeiro recado. O segundo tem a ver com a sucessão. Pelo que disse, Pinto da Costa quis igualmente sinalizar que não apoia Fernando Gomes (presidente da FPF) nem António Oliveira para presidentes do Porto.

Que Pinto da Costa não apoia um nem outro é absolutamente claro. Partir daqui para afirmar que ele já tomou partido pela luta que no seu “inner circle” se trava pela sua sucessão é que parece um pouco exagerado, mesmo que um dos putativos ou pretensos sucessores seja o seu filho. É que Pinto da Costa, como todos os ditadores que se prezam, não aborda a sucessão nem a encara…apesar de ela inevitavelmente vir a ocorrer. E nessas circunstâncias, ou seja, no contexto que os próprios ditadores acabam por criar, tentar saber quem eles pretenderiam para lhes suceder será perfeitamente irrelevante.

De Jorge Jesus apenas a confirmação de que não conta com os jovens jogadores portugueses nem nada fará por eles mesmo que pertençam à formação do clube que lhe paga rios de dinheiro…para ele disputar à Liga Europa.

O que Jorge Jesus disse a propósito da substituição de Matic é absolutamente inaceitável, quaisquer que tenham sido ou venham a ser as correcções posteriores às suas palavras. Jesus não sabe falar, nem sabe português suficiente para se exprimir com correcção, mas o que ele disse, por palavras e por gestos, a propósito das hipóteses de os jovens da formação virem a integrar o primeiro team é absolutamente eloquente. Não precisa de tradução nem de interpretações.

Mais: não é a primeira vez que Jesus desincentiva a formação. Ainda há umas semanas atrás, a propósito da permanência de Ivan Cavaleiro na equipa principal, as suas palavras se tivessem sido ditas por um inimigo do jogador não seriam mais contundentes. Também disse claramente que o Benfica tinha naquela posição excelentes jogadores e que quando todos estivessem aptos as hipóteses daquela jovem promessa seriam muito escassas.

Acontece, para além de tudo o que significa esta atitude de Jesus, que ele é exactamente uma das pessoas que menos – ou nenhuma – legitimidade tem para se pronunciar sobre a afirmação dos jovens valores portugueses. Jesus está principescamente pago no Benfica, tem beneficiado de plantéis fabulosos, como o deste ano, e apenas ganhou um campeonato com jogadores como Luisão, David Luiz, Aimar, Saviola, Cardozo, Di Maria, Ramires, Fábio Coentrão, entre outros. Tem contratado ou proposto a contratação de jogadores medíocres e recusa-se a abrir oportunidades para jovens valores portugueses, como, por exemplo, André Gomes, escandalosamente ostracizado pelo treinador. Apenas um nome entre vários.

O próprio Matic que ele agora tanto admira só despontou no Benfica em estado de necessidade. Tivessem Xavi Garcia e Witzel ficado na equipa mais um ano e ainda hoje Matic continuaria no banco ou já estaria dispensado ou emprestado a um qualquer clube sem ambições.


Perante situações como esta, o presidente do Benfica deveria intervir publicamente, desautorizando Jorge Jesus. É o que verdadeiramente se exige, já que a "reinterpretação" que Jesus possa vir a fazer das suas próprias palavras é manifestamente irrelevante!

domingo, 12 de janeiro de 2014

BENFICA-PORTO: VITÓRIA SEM DISCUSSÃO


 

A HOMENAGEM QUE EUSÉBIO QUERIA
Benfica venceu o F.C. Porto por 2-0

Ainda mal tinha chegado a casa, depois de ter assistido, no Estádio da Luz, a uma indiscutível vitória do Benfica sobre o Porto por 2-0, e já na TVI 24 um conhecido ex- jogador, especialista em boîtes e em noitadas por todos os clubes por onde passou, comentava, irado, a arbitragem por ter prejudicado o FCP numa fase crucial do jogo, afirmando mesmo que tais erros foram fatais para o Porto e para o resultado final da partida. O mais curioso é que o dito comentador é um conhecido sportinguista nado e criado em Alvalade! Conclusão: a fúria com que falava da arbitragem num programa onde somente um ex-árbitro costuma opinar sobre esse tema mais não significa do que a continuação, por outra via, das “parvoíces” que Presidente do Sporting não se cansa de exibir sempre que lhe põem um microfone na frente.

Este triste e lamentável exemplo, ocorrido como comentário a um jogo, em que desde a claque do Porto ao mais descontraído adepto do Benfica a ninguém ficou dúvidas sobre a supremacia do Benfica durante toda a partida, é um indício, mas um indício muito elucidativo, do que vão ser até ao fim da época os comentários dos sportinguistas que nas várias estações de televisão actuam disfarçados de comentadores.

E a propósito deste lamentável exemplo ocorre-nos recordar mais uma vez o jogo entre Portugal e a Coreia do Norte que na última quarta-feira aquela mesma estação de televisão transmitiu. Que saudade dos jogos em que não havia repetições e em que quem estava a ver pela TV tinha uma percepção do jogo semelhante à de quem está no estádio situado no mesmo ângulo da câmara!

Deixando de parte essas excrescências, que nada adiantam nem atrasam relativamente  ao jogo que realmente se jogou, o que todos vimos na Luz foi, para começar, uma sentida e espectacular homenagem a Eusébio. Aparte alguns, muito poucos, elementos da claque do Porto que não respeitaram o minuto de silêncio, pode dizer-se que tanto fora como dentro do campo tudo correu com aceitável desportivismo. Mesmo algumas decisões da arbitragem eventualmente mais discutíveis foram aceites pelos jogadores sem protestos. Para isto muito contribuiu a supremacia que o Benfica demonstrou desde o primeiro minuto.

O Benfica esteve, na verdade, muito forte na contenção do jogo do Porto e sempre muito perigoso no contra-ataque. O facto de o Benfica ter jogado com Lima e com Rodrigo, contrariamente ao que o treinador do Porto esperava, de forma alguma significou que tivesse jogado no sistema habitual de Jorge Jesus. O Benfica esteve sempre muito forte no meio-campo, que nunca desguarneceu, e soube sempre partir com muito perigo para o ataque, deixando frequentemente desequilibrada a equipa do Porto.

O primeiro golo, de Rodrigo – um golo à Eusébio – foi disso a prova. Dois jogadores do Benfica chegaram para desequilibrar toda a defensiva portista. E o mesmo Rodrigo poderia ter marcado o terceiro num lance idêntico.

Enfim, para terminar uma referência especial a Garay que marcou o segundo golo na sequência de um canto e também a Oblak, muito acarinhado pelos adeptos do Benfica, que mais uma vez deixou o adversário a zero. É obra ter na baliza de um clube como o Benfica um guarda-redes tão jovem! Que o exemplo de Oblak ilumine Jorge Jesus e faça com que outros jovens de muito valor que no Benfica existem possam ter as mesma oportunidades.
 

sábado, 11 de janeiro de 2014

EFABULAÇÕES SOBRE A VIDA DE EUSÉBIO


A LENDA VAI TOMANDO O LUGAR DA HISTÓRIA

Muito se tem falado de essa coisa de “Eusébio ser património nacional”. Ele também falou disso, mas sempre com aquela ironia africana tão Xipamanine e Mafalala. Dizem-se coisas absolutamente contraditórias sobre as frustradas transferências de Eusébio para a Itália, primeiro para a Juventus e depois para o Inter de Milão.

É verdade que a Juventus manifestou interesse em ter Eusébio nas suas fileiras em 1964 (e não em 1966, como já vi para aí escrito). Nessa altura já Eusébio havia ganho uma Taça dos Campeões Europeus (1962) e já tinha participado noutra final da mesma Taça em 1963. Na época seguinte 1963/64, o Benfica ganhou o campeonato, mas foi estrondosamente eliminado pelo Borússia de Dortmund (ganhou 2-1, na Luz e perdeu 5-0, em Dortmund, sem Eusébio).

Foi neste contexto que surgiu a proposta italiana. À época os jogadores não eram livres de se transferir como hoje. Os contratos não tinham prazo e quando passaram a ter o clube que detinha o passe podia sempre exercer o direito de preferência pela ridícula quantia de 10% do valor da proposta. Eram uma espécie de servos da gleba, com a diferença de que não estavam ligados à terra mas ao clube. Portanto, Eusébio só se transferiria se o Benfica autorizasse (nessa época a FIFA não intervinha nestas coisas; noutra ocasião falar-se-á aqui do caso Puskas, que não é verdadeiramente uma excepção ao afirmado). E muito provavelmente o Benfica não autorizaria.

Mas há mais. O Eusébio como todos os mancebos da sua idade tinha de cumprir o serviço militar. E ninguém era autorizado a emigrar sem primeiramente cumprir o serviço militar. Era por isso que os jovens dessa época “iam a salto” sempre que queriam trabalhar no estrangeiro. Eusébio não o poderia fazer, não poderia “ir a salto”, porque sem a autorização do clube a que pertencia não poderia “trabalhar” no estrangeiro.

Estas as razões por que Eusébio não foi para a Juventus. Nunca à época ou posteriormente ouvi dizer que Salazar se tivesse metido nisto. Nem precisava de o fazer. As leis vigentes encarregavam-se de assegurar que Eusébio não sairia. Aliás, Eusébio, que se saiba, apenas foi recebido por Salazar duas vezes, uma em 1962, juntamente com a equipa do Benfica, para assinalar a vitória na Taça dos Campeões Europeus e outra em 1966, juntamente com os colegas de selecção, para comemorar o terceiro lugar no Mundial de Inglaterra.

Basta atentar nas datas para logo se perceber que essa coisa do “património nacional” a propósito da transferência da Juventus não passa de uma fábula.

Mais tarde, depois do Mundial de 1966, no defeso, apareceu a tal proposta do Inter de Milan e ao que parece, dados os montantes envolvidos – um milhão de dólares (hoje ninguém imagina o que era à época um milhão de dólares por um futebolista!) – o Benfica estaria na disposição de vender. Eusébio foi a Milan e quando estava iminente a transferência, a Federação Italiana (ou o Governo italiano, não posso precisar com rigor) proibiu as transferências de estrangeiros para o futebol italiano. Porquê? Porque os italianos imputaram a eliminação da Squadra Azzurra na fase de grupos do mundial de 66 (curiosamente em consequência do resultado do jogo contra a Coreia do Norte) à proliferação de jogadores estrangeiros no futebol italiano, nomeadamente na Série A.

Esta a razão por que se gorou a segunda hipótese de transferência para a Itália.

Repare-se que a propósito desta gorada transferência nunca ninguém responsabilizou o regime (Salazar). Mas se não havia entraves à sua saída em 1966 (porque já tinha cumprido o serviço militar) por razão haveria em 1964 de haver outras proibições que não as que resultavam do incumprimento do serviço militar?  

É evidente, porém, que Eusébio não saiu para outro lado,  depois de frustrada a transferência para o Inter de Milão, porque o regime que vigorava no futebol era como acima já foi dito de completo desrespeito pelos direitos do jogador. Mas isso não acontecia apenas em Portugal. Acontecia em toda a parte, embora alguns clubes noutros países, principalmente os clubes latino-americanos da Argentina e do Brasil e também nalguma medida em França (Kopa, por exemplo, foi autorizado a transferir-se do Reims para o Real Madrid), fossem mais permissivos.

De qualquer modo, Eusébio beneficiou deste “assédio”, melhorando significativamente a partir de 66 a sua situação no Benfica, tendo na negociação sido acompanhado pelo recém-licenciado em Direito, Silva Resende, jornalista de A Bola, sportinguista e grande admirador de Salazar e da Ditadura. Só que as melhorias daquele tempo, comparadas com as que beneficia hoje um grande crack, quando renegoceia o vínculo contratual, não têm nenhum significado, mesmo fazendo o cálculo actuarial do valor do dinheiro.

Quanto ao Panteão Nacional, apenas uma pequena nota: será que Eusébio gostaria de lá estar? Será que não preferiria outro “palco”, o seu “palco” predilecto?


E para terminar, toda a gente parece esquecer que Eusébio também era Moçambicano. Optou ficar em Portugal, mas sempre teve muito orgulho nas suas origens. Seria de muito bom tom que isto não fosse esquecido, principalmente pelo Benfica, pelos seus adeptos, pela Federação e pelos desportistas em geral, já que dos políticos, sempre prontos a aproveitar-se de tudo que os possa beneficiar, nada se pode esperar.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

O PORTUGAL – COREIA DO NORTE DE 1966


 

COMPARAÇÕES E ANÁLISES

 
Analisemos o jogo que em 23 de Julho opôs a Selecção Portuguesa à da Coreia do Norte no Mundial de 1966, disputado na Inglaterra, e que ontem tivemos ocasião de rever na íntegra numa emissão da TVI 24.
Para quem não é daquela época e ainda não tem a dimensão do tempo que, infelizmente, só a idade confere, a primeira coisa que lhe ocorrerá dizer, principalmente se estiver de má vontade, como alguns certamente estarão, é que o futebol que se jogou foi medíocre e que os jogadores de uma e de outra equipa não teriam hoje lugar em qualquer equipa da primeira divisão de actualidade.

Puro engano e total imbecilidade. Tal afirmação, a ser feita – e verão que vai ser feita -, seria tão imbecil como afirmar que dois dos maiores cabos de guerra da história da humanidade, como Alexandre e Júlio César, seriam hoje facilmente derrotados por uma qualquer divisão de um exército moderno. Obviamente, que só um rematado estúpido poderá fazer tal comparação e acreditar nela. Mas como no futebol há lugar para todas as alarvidades, mais vale prevenir e antecipar a argumentação do que estar a responder depois de a asneira ser dita.

Certamente que o futebol nestes últimos 50 anos evoluiu muito táctica, técnica e fisicamente. Rapidamente se percebe vendo um jogo daquela época integralmente quão grande foi a evolução táctica do desporto-rei e como os próprios jogadores evoluíram técnica e fisicamente.

Mas não só. Evolução muito mais acentuada verificou-se nos meios técnicos que nos permitem ver em directo e ao vivo algo que está a acontecer a milhares de quilómetros de distância. À época, as transmissões televisivas em directo não tinham mais que meia dúzia de anos. E o melhor que no mundo se fazia em matéria de transmissões televisivas de eventos desportivos era aquilo que a BBC ontem nos proporcionou ao vermos o filme de há 48 anos. Ninguém filmava tão bem o futebol como os ingleses (ainda hoje é assim, de resto) e, todavia, aquela transmissão está a anos-luz do que hoje se faz, do que hoje a mesma BBC faz!

Com o futebol passava-se exactamente o mesmo. Aquele era o melhor futebol que à época se jogava. Ninguém no Campeonato do Mundo de 1966 jogou melhor. Uns anos antes, no fim da década de 50 e no começo da época de 60, talvez o Real Madrid e a selecção do Brasil apresentassem um melhor futebol ou, no mínimo, mais artístico, mas no Campeonato de 66 ninguém jogou melhor do que ontem se viu. Aliás, a FIFA e a e a FA (English Football Association) consideram o Portugal-Coreia do Norte e o Inglaterra-Portugal como os dois melhores jogos do Campeonato, sob todos os pontos de vista.

Depois há outros aspectos em que o futebol de então até hoje regrediu e de que maneira. Desde logo, no fair play tanto no que respeita às relações dos jogadores com o árbitro como dos jogadores entre si. Alguém viu algum jogador a protestar uma decisão do árbitro? Alguém viu algum jogador a pressionar o árbitro para marcar uma falta não assinalada? Alguém viu alguma jogada que tivesse posto em risco a integridade física do adversário? E todos certamente notaram a preocupação dos jogadores relativamente a algum adversário que saísse ligeiramente molestado de uma jogada, embora neste plano, apesar da correcção reinante, Eusébio bata todos os demais em fair play.

Quanto ao jogo propriamente dito, visto à luz da época em que se jogou, deve dizer-se que José Pereira esteve mal num dos golos, que o centro da defesa (Alexandre Baptista e Vicente) abriu muitas brechas, que Coluna, no meio campo, esteve muito longe das suas normais exibições (quase sempre de alto nível) só se tendo encontrado quando o jogo já estava virado e que Jaime Graça, embora tendo estado em bom plano, teria sido muito mais útil no meio, como volante, do que na ponta. Os laterais, que à época jogavam sem outros apoios – nem os centrais os dobravam, nem os extremos defendiam -, estiveram bem não tendo sido por culpa de Morais nem de Hilário que os portugueses sofreram três golos em 25 minutos.

Na frente, Torres também esteve longe do que costumava fazer, tendo sido muitas vezes batido nas bolas por alto. José Augusto fez alguns bons remates e o passe para o primeiro golo de Eusébio, mas teria sido mais útil se tivesse jogado a extremo-direito, que era o seu lugar. Simões foi extraordinário, foi sempre o mais inconformado e fez uma grande exibição seja qual for a época da história em que o jogo é analisado.

Eusébio com 4 golos, dois deles magníficos, principalmente o primeiro, pela rapidez e velocidade de execução e pela jogada individual que deu lugar à marcação do segundo penalty, foi a grande figura do encontro. Foi um grande jogo de Eusébio mas não foi, nem de perto, o melhor jogo de Eusébio. Foi um jogo marcante pela viragem do resultado mas houve muitos outros jogos em que Eusébio foi ainda muito maior!

Finalmente, viu-se ontem que os jogadores portugueses, apesar de jogarem em clubes rivais, não se viam uns aos outros como inimigos. Pelo contrário, havia e há sólidos laços de amizade e de camaradagem entre todos eles.

Sobre o que se passou depois, o jogo em Wembley contra a Inglaterra, a derrota e tudo o mais que antecedeu esta partida, tendo a considerar que José Carlos tem razão: houve falta de ambição do corpo técnico, principalmente do seleccionador, que se apresentou perante os ingleses como um súbdito (enfim, consequências ainda decorrentes de durante mais de 100 anos essa ter sido a posição de Portugal relativamente à Inglaterra).

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

A IGNORÂNCIA E O FANATISMO DE EDUARDO BARROSO


 

EDUARDO BARROSO, UMA VERDADEIRA MÁQUINA DE ANTI-SPORTINGUISMO
 É difícil encontrar no futebol alguém tão sectário, tão parcial e simultaneamente tão ignorante como Eduardo Barroso.

As pessoas comuns que o ouvem na televisão chegam a pensar que não se trata de uma pessoa normal ou então que é alguém completamente transformado quando fala de futebol, porventura por ter acumulado décadas e décadas de frustrações futebolísticas de que já não tem idade para se libertar.

Num programa onde está acompanhado por um provocador nato, que se está positivamente nas tintas para a repercussão que as suas palavras possam ter fora da sua tribo e por um sonso, que apenas procura tirar vantagens de outra ordem, nomeadamente políticas, da sua participação num programa em que o Benfica desempenha um papel meramente instrumental, Barroso pode dar livre curso às suas frustrações, provocações e ódios de estimação porque nenhum dos outros dois está verdadeiramente interessado em o contrariar.

Essa pretensa vantagem de Barroso acaba por ser o seu principal inimigo. Falando como fala, sem contenção, fanaticamente, ele é uma verdadeira máquina de fazer anti-sportinguistas. Pessoas que não sendo adeptas do Sporting e não tendo nenhuma especial antipatia pelo clube tornar-se-ão com muita facilidade anti-sportinguistas militantes depois de ouvirem Barroso no Programa “Prolongamento”.

É caso para dizer que intelectual e emocionalmente ele está ao nível de Dias Ferreira e a léguas da “perspicácia política” de Oliveira e Costa.

No começo do programa da noite passada – e só essa pequena parte tive paciência para ver – disse Barroso que essa coisa de o Eusébio ser um homem da selecção não passa de uma treta. O Eusébio é um símbolo do Benfica e na selecção não fez nada de importante com excepção desses jogos de 66 em que a equipa da selecção era o Benfica mais dois!

Barroso, além de ser “politicamente” uma desgraça, é muito ignorante em coisas do futebol. O que é mais uma prova do seu irreprimível fanatismo, pois, dedicando ele tanto tempo à modalidade, de futebol só “conhece” as fantasias com se deleita recriando a história do “seu Sporting”.

Para sua informação futura: Para participar no campeonato do Mundo de 66 foram convocados 22 jogadores (só mais tarde a FIFA permitiu a escalação de 23 para que as equipas pudessem contar com três guarda redes sem desguarnecer o princípio de haver dois jogadores para cada lugar).

Desses 22 jogadores convocados, 9 eram do Sporting: Carvalho, Peres, Figueiredo, Lourenço, Hilário, Manuel Duarte, Morais, Alexandre Baptista e José Carlos; 7 eram do Benfica: Germano, Cruz, Coluna, José Augusto, Eusébio, Torres e Simões; do Porto, 3: Américo, Custódio Pinto e Festa; do Belenenses, 2: José Pereira e Vicente; e do Vitória de Setúbal,1: Jaime Graça.

Portanto, o Sporting foi o clube que mais jogadores deu à selecção de 66. Certamente que nem todos jogaram, já que, alguns, para jogar, teriam de deixar de fora outros jogadores do Sporting (como era o caso de José Carlos) e outros, os avançados, teriam de colocar na reserva algum ou alguns dos cinco titulares do Benfica. Mas haveria alguém no lote dos 22 que pudesse pôr em causa a titularidade de Coluna, José Augusto, Eusébio, Torres e Simões? Só por incapacidade física de algum deles poderiam os outros atacantes aspirar à titularidade, já que à época – provavelmente Barroso não sabe – não havia substituições. Do Sporting, jogou Carvalho o primeiro jogo e jogaram regularmente Alexandre Baptista, Hilário e Morais, tendo este, tal como Vicente, falhado o jogo contra a Inglaterra por lesão.

Em conclusão: a equipa era constituída por 5 jogadores do Benfica (dos melhores da História do Benfica e dos melhores que havia na Europa, à época); por 3 do Sporting; 2 do Belenenses e um do Vitória de Setúbal.

Ao desqualificar ou, pelo menos, tentar diminuir, o papel de Eusébio na selecção de 66, Barroso demonstra mais uma vez que tem a “inteligência” completamente embotada pelo fanatismo, pois se há algo sobre o qual há um consenso mundial em matéria de futebol esse algo é certamente o papel de Eusébio no Mundial de Inglaterra: as suas exibições fazem parte da História do Futebol!

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

EUSÉBIO

EUSÉBIO E PELÉ

EUSÉBIO

 
EUSÉBIO E PELÉ

EUSÉBIO

OBRIGADO EUSÉBIO!
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domingo, 5 de janeiro de 2014