terça-feira, 29 de setembro de 2015

NO SPORTING SÃO TODOS ANORMAIS?


 
ATÉ PROVA EM CONTRÁRIO…

 

Que saudades dos tempos em que o Sporting tinha ao seu serviço grandes desportistas que os portugueses admiravam, independentemente das suas cores clubísticas, por nãos serem levados, pelo comportamento dos dirigentes e adeptos sportinguistas, a repudiar e a afastar como quem se protege da peste tudo o que vem de Alvalade.

Falando de várias épocas, podem enumerar-se atletas como Alfredo Trindade, que apesar da rivalidade que sempre manteve com José Maria Nicolau, nem por isso deixava de ser admirado por todos os desportistas amantes do ciclismo; Jesus Correia, que jogava futebol no Sporting e hóquei em patins no Paço de Arcos, admirado e aplaudido pelos portugueses pelas suas exibições na selecção de hóquei; Travassos, interior esquerdo dos cinco violinos; numa época em que o futebol português não contava nada pela sua baixíssima qualidade, foi com orgulho que os portugueses o viram ser chamado para integrar uma selecção da Europa; Joaquim Agostinho, porventura o maior atleta português depois de Eusébio, idolatrado pelos portugueses que acompanhavam emocionados as suas extraordinárias proezas na volta à França; Carlos Lopes, o maior fundista português de todos os tempos, uma força da natureza, tão amado pelos portugueses em geral como pelos adeptos do seu clube; Vítor Damas, o grande Vítor Damas, que tinha um amigo em cada adversário e um fervoroso admirador em todos os amantes do futebol.

Hoje isto seria impossível. O Sporting, como consequência de um processo que já vem de trás, muito potenciado pela sua incapacidade de se adaptar ao futebol moderno, e também pela agressividade e fanatismo da maior parte dos seus comentadores televisivos, tornou-se num clube de paranóicos, insusceptível de cura, que pela voz e pela acção dos seus principais responsáveis e representantes espalha ódio de cada vez que se manifesta, despeito e desprezo pelos adversários sempre que com eles se confronta, que considera o adversário como um inimigo a abater, e, pior que tudo, sempre pronto a encontrar no comportamento e na acção dos outros a causa primeira das suas insuficiências e incapacidades.

Ouve-se o presidente do Sporting e é difícil conceber como pode ser escutado por pessoas normais sem lhes causar uma enorme repulsa, pela enormidade das suas declarações, pela boçalidade das suas atitudes, pelo desprezo pelos seus oponentes, internos ou externos. E mais difícil ainda é conceber como pode ser seguido, copiado e até ampliado nos seus propósitos, palavras e gestos pelos que falam em público.

Quem ontem assistiu ao programa Prolongamento não pode deixar de se sentir nauseado com o que lá se passou. Antes de mais é bom que se diga que não há nas televisões nem nas estações de radio portuguesas nada mais nefasto para o futebol e o desporto em geral do que os programas de comentário desportivo a cargo de adeptos. Dificilmente uma pessoa normal se poderá identificar, como modelo, com qualquer dos participantes. Quase todos são fanáticos, deturpadores da verdade e insuportáveis.

Mas há diferenças, apesar de tudo. Há modelos de actuação que, com algum esforço e boa vontade, podem ser compreendidos e tolerados. Outros, pelo contrário, são absolutamente de rejeitar.

Entre estes últimos integram-se todos aqueles que representam o Sporting. A actuação desses comentadores tem como balizas uma pretensa (e absolutamente insuportável) superioridade moral que vai desde a “honradez” das suas avaliações até à decisão sem recurso por ter sido proferida por um “impoluto desportista”, marca indelével de todos os sportinguistas, e simultaneamente uma permanente vitimização paranoicamente associada a uma constante luta do mal contra o bem. Se isto não é de anormais, digam-me lá o que é.

Depois há outros estilos que o Sporting, pelas suas intrínsecas características, jamais poderia corporizar, que consistem na intervenção provocadora, jocosa, gozona quando se ganha ou quando se está por cima e na crítica contundente aos “seus responsáveis” quando se perde ou se está por baixo. Às vezes tem graça…

Também há os “chatos militantes”, muito convencidos da sua verdade, que, embora oiçam os que se lhe opõem, querem à viva força levá-los a concordar consigo ou levá-los a pensar segundo as suas premissas. São também insuportáveis, mas não são perigosos.

Regressando ao Sporting, dificilmente os benfiquistas que tenham presente a história do seu clube deixarão de ter pena de Jorge Jesus, pela situação em que se encontra, metido num verdadeiro “saco de gatos”, que ele estava muito longe de imaginar quando rejeitou boas propostas que o Benfica lhe proporcionava no estrangeiro e optou pelo Sporting Clube de Portugal.

Voltando aos comentadores e outros responsáveis sportinguistas. Eles ainda não perceberam que estão a lidar com uma actividade altamente profissionalizada e industrializada. Que não se pode exigir aos jogadores nem aos seus representantes que sejam “sportinguistas desde pequeninos”. Não perceberam que isso não existe mais. O que se pode e deve exigir aos jogadores é que sejam profissionais e que honrem a profissão que escolheram no clube onde episodicamente se encontram.

Mas não é assim que eles pensam. Os comentadores sportinguistas são tontos suficientes para julgarem que Carrillo os traiu e que por isso deve ser afastado. Traíu-os por não ter desempenhado com brilho e profissionalismo as suas funções? Não. Até estava a ser o melhor jogador do plantel, dirão os menos tontos. Mas por não ser sportinguista. E como não é, deve ser punido, embora essa punição acabe por ser mais prejudicial ao clube do que ao jogador.

Tudo serve para se vitimizarem: as transferências falhadas; as arbitragens – nenhuma serve, desde as nacionais às estrangeiras, seja no Campeonato, na Taça de Portugal, na Champions ou na Liga Europa; eles acreditam que todos os árbitros que são nomeados para apitar o Sporting recebem juntamente com a comunicação da nomeação uma outra que os intima a prejudicarem o Sporting – o grande Sporting, alvo de todas as maquinações nacionais e internacionais.

Depois os comentadores do Sporting são tontos suficiente – uma parte deles, outra parte, a que actua disfarçadamente sem exibir as cores do clube, de tonto nada tem – para acreditarem que as “famosas novas tecnologias” dispensariam a avaliação da jogada pelo árbitro, seja o do campo ou outro, quando é óbvio que ele continuaria a ser necessário em mais de 99% dos casos.  A menos que candidamente acreditem que o árbitro do vídeo árbitro venha a ser, em todos os jogos do Sporting e do Benfica, o senhor Rui Santos!

 

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

O ÚLTIMO PORTO-BENFICA





O QUE PODE EXPLICAR A AGRESSIVIDADE DE MAXI
 
 

O Porto-Benfica do passado domingo, perdido pelo Benfica no 86.º minuto, foi um jogo razoavelmente interessante com duas partes destintas.

Nos primeiros minutos do jogo, cerca de sete, o Porto pareceu querer justificar o factor casa, tendo a bola mais tempo em seu poder, embora sem ameaçar as redes do Benfica.

A partir dessa altura até cerca de oito minutos do fim da primeira parte o jogo foi dominado pelo Benfica. A equipa da Luz mostrou uma consistência técnico-tática que este ano ainda se não tinha visto, demonstrou ser uma equipa equilibrada, com um meio campo consistente e capaz de tanto em jogadas de futebol corrido como de bola parada pôr em perigo as redes adversárias.

Por duas vezes, em cantos, o Benfica esteve à beira do golo, não foram, em ambos os casos, as excelentes defesas de Casillas, de facto um bom guarda-redes entre os postes. O Porto via jogar o Benfica e quem assistia ao jogo jamais suporia que iria assistir a uma segunda parte completamente diferente.

Na segunda parte o Porto entrou desde início mais forte, dominou o jogo durante a maior parte do tempo, tendo-se acercado da baliza do Benfica com perigo por duas vezes, ambas protagonizadas por Aboubakar, um grande avançado. Apesar de o Porto só ter criado perigo as duas vezes referidas, percebia-se, à medida que o tempo decorria, que a equipa o Benfica estava mais frágil. Mais frágil fisicamente.

Com um número reduzido de jogadores de qualidade o Benfica tinha dificuldade em refrescar a equipa, contrariamente ao que se passava com o Porto onde no banco havia jogadores da mesma valia, ou até superior, da dos que estavam em campo.

E aconteceu exactamente depois das substituições, primeiro de Jonas por Talisca e depois de Guedes por Pizzi, que o Benfica perdeu a bola a meio campo e sofreu o golo. Nos quatro ou sete minutos restantes já não houve tempo para fazer nada. Mais uma vez ao cair do pano o Benfica foi derrotado no Porto.

Do ponto de vista do jogo jogado houve um ligeiro ascendente do Porto, por ter sido melhor equipa durante mais tempo, justificando-se assim, deste estrito ponto de vista, a vitória.

O jogo teve, porém, outras incidências que não podem ser esquecidas. A primeira que interessa realçar é a manifesta intenção por parte da equipa do Porto de intimidar Jonas. Jonas era porventura o jogador mais temido pelos portistas. Ora, tendo em conta o que se passou em campo não será difícil deduzir que houve uma orientação técnica nesse sentido. A entrada de Maicon (que inacreditavelmente ficou impune) no fim da primeira parte – verdadeiro golpe de artes marciais – e o pontapé de Maxi no início da segunda parte são factos integrados na mesma estratégia.

A segunda incidência que não pode passar em claro foi a agressividade Maxi Pereira. Como todos os benfiquistas sabem, Maxi Pereira é um jogador muito competitivo, o que frequentemente o leva a disputar a bola à margem da lei. Isso aconteceu durante muitos anos no Benfica e é também natural que venha a acontecer no Porto nos anos que lá estiver. O que é novo – e muito – é a “beligerância” de Maxi depois de o árbitro apitar a falta. Dezenas de vezes Maxi foi punido com cartão amarelo no Benfica e algumas outras expulso. No Benfica e na selecção do Uruguai. Mas sempre que isso acontecia nada mais se passava a seguir. Maxi aceitava o castigo e continuava como sempre ou pura e simplesmente, quando expulso, saía sem protestar. Assim aconteceu nas duas expulsões mais recentes: contra o Chelsea na Liga dos Campeões e na selecção do Uruguai no primeiro jogo do Mundial do Brasil.

Pois bem. No Porto viu-se Maxi frequentemente envolvido em disputas e quezílias na sequência das faltas e até nos casos em que agrediu um adversário (Mitroglous) sem ser punido. Porquê, se além do mais se tratava de ex-companheiros de equipa? Porque Maxi estava de consciência pesada e queria demonstrar perante a afición portista que estava no Dragão de alma e coração. Deveria ter sido expulso se Artur Soares Dias fosse um árbitro com coragem para actuar disciplinarmente. Infelizmente, não é.

Finalmente, o treinador do Porto mais uma vez demonstrou que é um tipo de mau carácter a quem nenhum tipo de confiança deve ser dado. A sua intervenção na sala de imprensa, cínica e sectária, é o exemplo acabado de uma personalidade tortuosa e desonesta.

CARRILLO E OS VIGARISTAS DA VERDADE DESPORTIVA


 
A COACÇÃO JÁ VALE COMO ARGUMENTO?

 

Os vigaristas da verdade desportiva acham perfeitamente normal que o Sporting ponha de lado Carrillo por o jogador não querer renovar. É uma atitude inadmissível que deveria merecer o mais vivo repúdio de todos os desportistas bem como de todos aqueles que estão ligados ao fenómeno desportivo. Infelizmente não é assim. Acham que se pode coagir um jogador a assinar um contrato, impedindo-o de fazer aquilo que ele mais gosta de fazer: jogar!

Esta situação é até susceptível de constituir o Sporting em responsabilidade civil perante o jogador, da mesmo forma que um trabalhador qualificado também pode demandar o patrão por o impedir de exercer normalmente a sua profissão, marginalizando-o na empresa e não lhe dando trabalho.

Carrillo deveria queixar-se à FIFA e estou certo que desportivamente o Sporting seria punido.

Grave é que os comentadores, principalmente os do Sporting, achem a situação perfeitamente normal. Aliás os mesmos que hipocritamente defendem a “verdade desportiva”.

Bem sabemos que essa prática e até outras piores – como, por exemplo, a de ameaçar o jogador que não quer renovar de levar um tiro no joelho; ou de dar uma tareia ao jogador que se recusa a ser emprestado ao Braga – têm curso em alguns clubes portugueses. Não em todos, felizmente. Lembrámos a título de exemplo os casos do malogrado Robert Enke e, mais recentemente, de Maxi Pereira.

Tanto um como outros são jogadores a que o Benfica deve estar agradecido (a inversa também é verdadeira) por terem sido sempre, até ao último dia, excelentes profissionais. É isso o que se lhes pede. O amor clubístico apenas é exigível aos adeptos. Não obstante o modo como Maxi se comportou no último Porto-Benfica e que noutro post analisaremos.

No caso Carrillo, o que é lamentável é que os comentadores desportivos achem normal a coacção como elemento determinante da vontade. Eles não sabem que um contrato realizado sob coacção não tem valor?

Já a posição de Jorge Jesus merece ser analisada numa outra perspectiva. Jesus é empregado do clube. Como tal tem de obedecer à entidade patronal. Mas não está obrigado a inventar desculpas, nem tem de invocar razões técnicas para Carrillo não jogar. Deve explicar que se trata de uma decisão que o ultrapassa. Todavia, se entender esta decisão do presidente o priva de um jogador fundamental para alcançar os objectivos a que está obrigado poderá proporcionalmente desobrigar-se destes objectivos. De facto, não se trata da privação de um jogador por via de uma transferência, nem de uma qualquer lesão, mas por causa de uma decisão arbitrária assumida pelo presidente como retaliação, e simultaneamente coacção, por o jogador não querer renovar o contrato.

Perante este quadro, Carrillo pode inclusive rescindir o contrato com justa causa. Pena é que no panorama desportivo português, onde campeiam os comentadores por conta, ninguém assuma a defesa do jogador. O jogador é livre de contratar com quem quiser e de não contratar.

Os vigaristas da verdade desportiva não só não defendem o jogador, como igualmente se apressam a afirmar que o caso Carrillo não põe em causa o bom relacionamento entre o treinador e o presidente, como se pudesse ser verdade em qualquer parte do mundo um treinador aceitar com naturalidade prepotências deste género!

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

LIGA DOS CAMPEÕES: BENFICA GANHOU, PORTO EMPATOU


AS DESCULPAS DE LOPETEGUI

 

Mais uma vez o treinador do Porto se revela incapaz de assumir as suas responsabilidades e de ver as coisas com elas aconteceram.

O Porto empatou em Kiev, o que até seria um bom resultado se não se desse o caso de o golo do empate dos ucranianos ter sido marcado no octogésimo nono minuto por culpa exclusiva do seu guarda-redes, Iker Casillas.

O facto de haver um jogador em fora de jogo posicional – que até se afasta da jogada para nela não interferir – não invalida o golo marcado por um jogador em posição legal. A defesa do Porto fez o que lhe competia na jogada em causa: adiantou-se para atacar a bola e colocar os adversários em fora de jogo. Só que Casillas não acompanhou a defesa, deixou-se ficar entre os postes e depois não teve a rapidez suficiente para chegar à bola antes do adversário.

Lopetegui, que como todos já sabemos, não é uma pessoa séria, nem corajosa, está-se a defender a ele e a Casillas quando imputa o empate a um erro de arbitragem.

Casillas é aquilo que Mourinho disse dele. Uma lástima fora dos postes, uma calamidade nos cruzamentos, uma desgraça com os pés. Casillas apenas desempenha bem a função entre os postes onde por vezes até é brilhante. No jogo desta noite, só por acaso, sorte, pura sorte, Casillas não sofreu um golo logo aos três minutos por ter largado uma bola cruzada. Teve a sorte de ter um defesa do Porto por perto que impediu o golo.

Em suma, Helton ainda hoje é muito melhor do que Casillas, mas Lopetegui não gosta dele a ponto de na época passada ter preferido um guarda-redes manifestamente inferior.

Ainda sobre Casillas não deixa de ser ridículo o provincianismo dos jornalistas portugueses na promoção que fazem do guarda-redes espanhol. Deles tudo há a esperar, de Pinto da Costa é que se esperava mais lucidez. Todavia, a contratação de Casillas, pelos valores que envolve, demonstra que a lucidez é algo que já não mora perto das Antas.   

Quanto ao mais, o Porto poderia, com os jogadores que tem, ter ganho o jogo se não tivesse uma equipa tão parecida com a da época passada. Com excepção de Maxi, único que tem um jogo vertical, a equipa do Porto perde demasiado tempo com a bola sem nada de relevante fazer com ela. Não fosse a eficácia de Boubacar e o Porto estaria hoje a braços com um resultado bem diferente, apesar de o Dínamos de Kiev não ser nada de especial. Pode dar-se por satisfeito com o empate a duas bolas.

Na Luz, o Benfica não teve vida fácil, apesar de o Astana também não ser uma grande equipa. No primeiro tempo o Benfica não foi capaz de penetrar na defesa dos cazaques. A equipa pareceu na sua mobilidade sempre insuficiente para chegar ao golo. Na segunda parte tudo poderia ter sido diferente do que acabou por ser se o Astana tivesse marcado nos primeiros minutos. Felizmente para o Benfica não marcou e acabou por ser Gaitan a desbloquear o resultado com mais uma grande exibição. Dois zero reflecte a real valia das equipas em confronto.

Ainda é cedo, todavia, para se perceber até onde poderá ir o Benfica de Rui Vitória, tanto interna como internacionalmente. Muito provavelmente no fim deste mês já haverá uma resposta mais fundamentada, depois dos jogos com o Porto e com o Atlético de Madrid.

De sublinhar nesta jornada da Liga dos Campeões os maus resultados das equipas inglesas, com excepção do Chelsea; a performance de dois jovens portugueses (Cancelo e André Gomes), ex-jogadores do Benfica, que com Jesus quase não tiveram hipótese de jogar na equipa principal; o golo de Florenzi  (Roma) e os grandes golos de Hulk e Witsel na vitória do Zénite sobre o Valencia.