quarta-feira, 20 de novembro de 2013

ONTEM, RONALDO FOI EUSÉBIO


 
A SELECÇÃO PORTUGUESA NA FASE FINAL DO MUNDIAL DO BRASIL

Ontem Ronaldo foi efectivamente decisivo para o apuramento da selecção portuguesa de futebol. E nem sequer se pode dizer como alguns insinuaram que a Suécia não é uma grande selecção. A verdade é que a Suécia ficou no seu grupo de apuramento no único lugar a que poderia aspirar: o segundo lugar já que desse grupo fazia parte a Alemanha, com a qual essa mesma Suécia empatou um jogo e perdeu outro pela diferença mínima. Dois jogos nos quais a Suécia marcou nada menos que sete golos à poderosa Alemanha!

Portanto, a exibição de Ronaldo e os golos que marcou são mesmo um feito. Um feito que ficará nos anais do futebol português. E mais vincado ficaria se Ronaldo tivesse marcado o quarto golo, que esteve a centímetros de obter.

Claro que Ronaldo não ganhou sozinho, embora tenha dado um contributo decisivo para a vitória. Mas seria injusto não sublinhar aqui os magníficos passes de Moutinho dos quais resultaram dois golos. Mourinho está para esta selecção e para Ronaldo como o grande Mário Coluna estava para Eusébio e para a selecção portuguesa e o Benfica.

Todos os títulos, todos os encómios iam para Eusébio, mas nada teria sido como foi tanto na selecção como no Benfica se não tivesse havido Coluna. O mesmo se passa com Moutinho. Também vão para Ronaldo – e muito justamente – todos os títulos da imprensa, das rádios e das televisões. Mas nada teria sido como foi, sem Moutinho.

Neste elenco de apreciações individuais, mal ficaria não lembrar aqui a exibição de Rui Patrício, que defendeu, momentos antes do primeiro golo do Ronaldo, uma bola que se tivesse entrado poderia ter dado ao jogo um rumo completamente diferente. E nem sequer é justo culpar Rui Patrício pelo segundo golo. A bola foi batida com muita força, adquiriu grande velocidade, perfurou a barreira e deixou o guarda-redes sem qualquer hipótese de reacção em tempo útil. Como disse Manuel José num programa televisivo ontem à noite, Patrício só com o pé poderia ter tido alguma hipótese de defender aquela bola.

Louros também para Pepe, aqui tantas vezes criticado, que esteve “intratável” e não deixou nunca que pelo seu lado alguém ameaçasse a baliza de Portugal. Bruno Alves, que esteve bem até ao segundo golo da Suécia, falhou na marcação a “Ibra” por ter sido traído pelo sueco que saltou à sua frente. Ou seja, Bruno Alves supôs que o sueco chegaria à bola e depois, ao constatar que não, ficou sem reacção para saltar. Tudo se passou em fracções de segundo, mas foi o suficiente para que o golo tivesse acontecido como aconteceu – remate de cabeça do craque sueco sem oposição.

Finalmente, uma palavra para Paulo Bento. Bento tem mérito na qualificação pela mesma razão que sobre ele recairia todo o demérito se Portugal não tivesse sido apurado para a fase final do mundial. Reconhece-se também a integridade de carácter do seleccionador e sua firmeza de princípios. Mas há em Paulo Bento comportamentos por vezes incompreensíveis. A generalidade da crítica e de todos aqueles que sobre o futebol se pronunciam nas televisões e nos jornais como comentadores, bem como nas redes sociais, são unânimes sobre o momento de forma de Nani. Afastado da equipa principal no Manchester, Nani deixou há muito tempo de corresponder na selecção ao que dele se esperava. Varela, porventura entre outros, estaria certamente em muito melhores condições e já deveria ter merecido a confiança do seleccionador, ou, pelo menos, ter entrado na equipa mais vezes e durante mais tempo no decorrer da segunda parte. Mas isso não acontece, apesar de Nani piorar de jogo para jogo.

Muitos acham que esta opção de Paulo Bento tem como única e exclusiva razão de ser a pública demonstração de que ele como seleccionador não se deixa pressionar por ninguém. É bom que o seleccionador se não deixe pressionar, mas já seria péssimo que o seleccionador não tome as decisões que deveria tomar pelos simples facto de elas estarem a ser reclamadas na praça pública. Essa teimosia não seria sinónimo de inteligência. Pelo contrário, seria prova de falta dela. E nem sequer adianta argumentar, como indirectamente Paulo Bento já o fez, com a afirmação de que ele assume por completo as consequências das suas decisões. E não adianta porque isso de nada vale depois de a asneira estar feita. Que é que todos nós ganharíamos com essa assumpção de responsabilidade por Paulo Bento se Portugal ontem tivesse sido eliminado por fraca prestação de alguns jogadores que ele, teimosamente, recusa substituir?

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

GRANDE JOGO NA LUZ E GRANDE VITÓRIA DO BENFICA


 

O PRESIDENTE DO SPORTING É “CASCA GROSSA”
Cardozo: “Jogámos muito bem e merecemos ganhar”

 

Grande jogo de futebol na Luz como há muito se não via entre os grandes rivais de Lisboa. Um jogo de Taça com incerteza no resultado até final, apesar de na primeira meia hora ter parecido que o jogo estava definitivamente resolvido a favor do Benfica.

Notável recuperação do Sporting, com um primeiro golo espectacular e mais dois de bola parada em mais dois inacreditáveis erros defensivos do Benfica. Erros que põem definitivamente à prova a defesa à zona em que Jorge Jesus insiste apesar da evidência da recorrência dos erros em que a defesa do Benfica frequentemente incorre a ponto de tais erros poderem pôr em causa o desempenho da equipa em jogos da máxima importância.

Jorge Jesus não pode nem deve esperar mais para mudar. A derrota em Atenas pôs o Benfica praticamente fora da Liga dos Campeões. Só mesmo um milagre o pode salvar. O segundo e o terceiro golos do Sporting só por acaso não puseram o Benfica fora da Taça de Portugal. O golo do Belenenses pode ter sido fatal para as aspirações do Benfica no Campeonato – a perda de pontos em casa é normalmente irrecuperável.

Se Jesus, ao fazer entrar para o meio campo Ruben Amorim para apoiar os esforços de Matic e Enzo Pérez, tornando a equipa mais compacta e mais competitiva, já foi capaz de demonstrar que era capaz de mudar o sistema de jogo em que insistia fazer jogar a equipa, descurando durante jogos sucessivos o meio campo, deixando sistematicamente um dos dois alas alheado do jogo num completo desperdício da capacidade da totalidade dos elementos em campo, também tem que ser capaz de mudar o sistema da marcação à zona nas bolas paradas, principalmente nos cantos, nem que seja por um sistema misto que simultaneamente guarneça a baliza, defenda homem a homem relativamente aos elementos mais perigosos da equipa adversária, nomeadamente ao segundo poste e mantenha a zona quanto à parte restante da equipa.

Enfim, é inevitável nesta pequena alusão ao que se passou ontem não referir a extraordinária exibição de Cardozo com três magníficos golos marcados no primeiro tempo. Cardozo pelo que já fez desde que recomeçou a jogar é, fora de qualquer dúvida, o elemento mais fundamental da equipa até esta fase da época.

Como já vem sendo hábito com o Sporting, mais uma vez ontem os principais responsáveis culparam o árbitro pela derrota. Antes de mais num jogo tão espectacular como o que ontem se jogou na Luz constitui uma prova de covardia desportiva imputar ao árbitro um resultado que poderia ter pendido para qualquer dos lados. Pode ter havido um ou outro erro da equipa de arbitragem, mas nenhum deles teve qualquer influência no desfecho do jogo. Importância tiveram ou poderiam ter tido os erros defensivos do Benfica nas bolas paradas, dos quais resultaram dois golos para o Sporting e o erro fatal de Rui Patrício que, mais uma vez, brindou os espectadores com um monumental “frango” como há muito não se via em jogos desta importância.

Não desculpa Rui Patrício o facto de o golo ter sido antecedido de uma falta da sua equipa punível com a marcação de uma grande penalidade, porque ninguém poderá assegurar que o árbitro a marcaria e menos ainda alguém poderá garantir que, marcando-a, o Benfica a convertesse.

Procurar justificar uma derrota com um invisível – em bola corrida – off side de Cardozo ou hipotético e, se real, milimétrico, em imagem parada (segundo o critério de quem a pára) é uma imbecilidade que uma inteligência normal tem muita dificuldade em aceitar. Além de que Cardozo não tira nenhuma vantagem dessa hipotética (e, se real, milimétrica) posição, antes pelo contrário. Ou seja, nem sequer os pressupostos racionais da justificação do fora de jogo estão presentes na jogada em causa.

Fora isso parece haver uma falta de um jogador do Sporting sobre Luisão, que os responsáveis leoninos querem transformar em penalty a favor do Sporting. E depois apenas sobra um eventual raspão da bola num braço do jogador do Benfica, sem qualquer intencionalidade, num remate à queima, a curtíssima distância.

Infelizmente, os responsáveis pelo Sporting, a começar pelo treinador que “jurou” não falar sobre arbitragens, pelos vistos apenas quando o beneficiam, passando por alguns jogadores e terminando no presidente não encontraram outra justificação para a derrota que não fosse o árbitro! O presidente mais uma vez passou as marcas e revelou ser aquilo que desde o início da sua presidência se antevia: um “casca grossa”, perigoso pelo clima que cria antes, durante e depois dos jogos, que se assume mais como membro de uma claque composta, como praticamente todas, pelo que de mais negativo existe no futebol, do que como o primeiro responsável por um dos clubes mais prestigiados de Portugal.