CONTE QUEIXA-SE DO
ÁRBITRO

É difícil conceber maior decepção para os
tiffosi da Juventus do que a eliminação desta noite, nas meias-finais da Liga Europa, ocorrida seu próprio estádio, numa época em que a final da prova se disputará nesse mesmo
estádio.
Quem ouvia os italianos desde o dia em que o sorteio lhes
reservou o Benfica como adversário ficava imediatamente a saber que a passagem
à final era algo que parecia estar de antemão garantido. A ponto de Pirlo ter
dito que tinha pena, pelo Benfica, do azar que teve – o azar de ter de
defrontar a Juventus, o vencedor antecipado da Liga Europa.
Mas não foi isso o que aconteceu ontem à noite à semelhança
aliás do que já tinha acontecido em 1968 para a Taça dos Campeões, quando a 15
de Maio daquele ano o Benfica derrotou a Juventus em Turim por 1-0, depois de
ter ganho na Luz por 2-0, assegurando, assim, um lugar na final de Wembley
contra o Manchester United.
Só que nessa altura não se ouviram os protestos que hoje “preencheram”
a conferência de imprensa do treinador da Juventus, António Conte. Sem que nada
o justificasse, a Juventus queixou-se do árbitro. De um árbitro que expulsou
dois jogadores do Benfica e que concedeu à Juve um tempo extra de oito minutos
e quinze segundos, depois de o ter fixado em seis minutos!
Ouvir Conte ou a própria Juventus queixar-se da arbitragem é
o mesmo que ouvir Al Capone queixar-se do incumprimento da lei. Para quem não
saiba ou já se tenha esquecido é bom lembrar que Conte já foi punido com dez
meses de suspensão dos relvados italianos, pelo Tribunal de Justiça da
Federação Italiana de Futebol, por não ter revelado a manipulação do resultado
da partida Albinoleffe-Siena quando era treinador desta última equipa, tendo,
posteriormente, a FIFA ampliado para nível mundial a punição da justiça
italiana. E quanto à Juventus, como todos se recordarão, foi em 2006 punida com
o rebaixamento de divisão (Série B) e perda dos títulos conquistados em 2005 e
2006 por manipulação de resultados na Série A! Portanto, em matéria de
arbitragem estamos conversados…
Enfim, o árbitro não foi a personagem central do encontro
desta noite em Turim. Não foi para ninguém, nem mesmo para a imprensa italiana que
não alinha nas considerações de Conte, obviamente ditadas pela frustração da eliminação
e como desculpa para o semi-fracasso de uma época que, a partir da eliminação
da Liga dos Campeões, passou a apostar tudo nas vitórias no campeonato (em vias de
ser alcançada) e numa prova europeia.
Quanto ao jogo, propriamente dito, fica a passagem à final do
Benfica mercê do empate a zero alcançado em Turim num jogo de proporções épicas
em que o Benfica conseguiu segurar a vantagem trazida de Lisboa (2-1)com dez em campo, por expulsão de
Enzo Pérez, a partir dos 66 minutos e depois com nove nos últimos sete minutos
por lesão de Garay. Como ressaca ainda a impossibilidade de poder dispor de Enzo
Pérez e de Markovic na final, ambos expulsos – o primeiro do terreno de jogo e
o segundo do banco – e ainda de Salvio que levou o segundo amarelo por
alegadamente ter cortado com o braço um remate à entrada da área.
No Benfica não há jogadores a destacar, todos lutaram como verdadeiros
campeões por um lugar na final. E conseguiram-no. É tudo!
Assim, a 14 de Maio o Benfica voltará a Turim para defrontar o
Sevilha que no último minuto do tempo de compensação conseguiu marcar o golo
que o coloca na final, apesar de derrotado por 3-1 em Valência.
Esta é a segunda final consecutiva do Benfica de Jesus na
Liga Europa e a décima final europeia do Benfica, onde não voltou a conhecer a
vitória depois da “maldição” de Guttman.
Sem comentários:
Enviar um comentário