quarta-feira, 23 de setembro de 2015

O ÚLTIMO PORTO-BENFICA





O QUE PODE EXPLICAR A AGRESSIVIDADE DE MAXI
 
 

O Porto-Benfica do passado domingo, perdido pelo Benfica no 86.º minuto, foi um jogo razoavelmente interessante com duas partes destintas.

Nos primeiros minutos do jogo, cerca de sete, o Porto pareceu querer justificar o factor casa, tendo a bola mais tempo em seu poder, embora sem ameaçar as redes do Benfica.

A partir dessa altura até cerca de oito minutos do fim da primeira parte o jogo foi dominado pelo Benfica. A equipa da Luz mostrou uma consistência técnico-tática que este ano ainda se não tinha visto, demonstrou ser uma equipa equilibrada, com um meio campo consistente e capaz de tanto em jogadas de futebol corrido como de bola parada pôr em perigo as redes adversárias.

Por duas vezes, em cantos, o Benfica esteve à beira do golo, não foram, em ambos os casos, as excelentes defesas de Casillas, de facto um bom guarda-redes entre os postes. O Porto via jogar o Benfica e quem assistia ao jogo jamais suporia que iria assistir a uma segunda parte completamente diferente.

Na segunda parte o Porto entrou desde início mais forte, dominou o jogo durante a maior parte do tempo, tendo-se acercado da baliza do Benfica com perigo por duas vezes, ambas protagonizadas por Aboubakar, um grande avançado. Apesar de o Porto só ter criado perigo as duas vezes referidas, percebia-se, à medida que o tempo decorria, que a equipa o Benfica estava mais frágil. Mais frágil fisicamente.

Com um número reduzido de jogadores de qualidade o Benfica tinha dificuldade em refrescar a equipa, contrariamente ao que se passava com o Porto onde no banco havia jogadores da mesma valia, ou até superior, da dos que estavam em campo.

E aconteceu exactamente depois das substituições, primeiro de Jonas por Talisca e depois de Guedes por Pizzi, que o Benfica perdeu a bola a meio campo e sofreu o golo. Nos quatro ou sete minutos restantes já não houve tempo para fazer nada. Mais uma vez ao cair do pano o Benfica foi derrotado no Porto.

Do ponto de vista do jogo jogado houve um ligeiro ascendente do Porto, por ter sido melhor equipa durante mais tempo, justificando-se assim, deste estrito ponto de vista, a vitória.

O jogo teve, porém, outras incidências que não podem ser esquecidas. A primeira que interessa realçar é a manifesta intenção por parte da equipa do Porto de intimidar Jonas. Jonas era porventura o jogador mais temido pelos portistas. Ora, tendo em conta o que se passou em campo não será difícil deduzir que houve uma orientação técnica nesse sentido. A entrada de Maicon (que inacreditavelmente ficou impune) no fim da primeira parte – verdadeiro golpe de artes marciais – e o pontapé de Maxi no início da segunda parte são factos integrados na mesma estratégia.

A segunda incidência que não pode passar em claro foi a agressividade Maxi Pereira. Como todos os benfiquistas sabem, Maxi Pereira é um jogador muito competitivo, o que frequentemente o leva a disputar a bola à margem da lei. Isso aconteceu durante muitos anos no Benfica e é também natural que venha a acontecer no Porto nos anos que lá estiver. O que é novo – e muito – é a “beligerância” de Maxi depois de o árbitro apitar a falta. Dezenas de vezes Maxi foi punido com cartão amarelo no Benfica e algumas outras expulso. No Benfica e na selecção do Uruguai. Mas sempre que isso acontecia nada mais se passava a seguir. Maxi aceitava o castigo e continuava como sempre ou pura e simplesmente, quando expulso, saía sem protestar. Assim aconteceu nas duas expulsões mais recentes: contra o Chelsea na Liga dos Campeões e na selecção do Uruguai no primeiro jogo do Mundial do Brasil.

Pois bem. No Porto viu-se Maxi frequentemente envolvido em disputas e quezílias na sequência das faltas e até nos casos em que agrediu um adversário (Mitroglous) sem ser punido. Porquê, se além do mais se tratava de ex-companheiros de equipa? Porque Maxi estava de consciência pesada e queria demonstrar perante a afición portista que estava no Dragão de alma e coração. Deveria ter sido expulso se Artur Soares Dias fosse um árbitro com coragem para actuar disciplinarmente. Infelizmente, não é.

Finalmente, o treinador do Porto mais uma vez demonstrou que é um tipo de mau carácter a quem nenhum tipo de confiança deve ser dado. A sua intervenção na sala de imprensa, cínica e sectária, é o exemplo acabado de uma personalidade tortuosa e desonesta.

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