quinta-feira, 29 de setembro de 2016

A DERROTA DE NÁPOLES




O QUE FAZ FALTA
Jogadores agradeceram apoio em Nápoles (Foto ASF)


Em primeiro lugar, importa dizer que a derrota de Nápoles não é grave. Grave foi ter empatado em casa o primeiro jogo contra uma equipa muito abaixo do Benfica. É certo que houve factores impeditivos de um melhor resultado, mas mesmo tendo em conta esses factores o Benfica tinha a “obrigação” de ganhar o jogo. Somando apenas um ponto em duas jornadas, o Benfica vai ter de somar 10 pontos para pela certa se apurar. Todavia, até oito podem bastar, se os resultados do Dínamo de Kiev e do Besiktas forem o que se espera. Mas, atenção: para fazer oito ponto é necessário ganhar os dois jogos contra o Dínamo de Kiev e empatar com o Besiktas ou com o Nápoles.

A experiência e também as estatísticas demonstram que vencer o primeiro jogo em casa é quase sempre um passaporte para os oitavos de final. Perdendo-o, como foi o caso, somente vencendo na terceira e na quarta jornada se relança a equipa para o apuramento.

A verdade é que o Benfica tem equipa suficiente para se apurar, desde que joguem os melhores e não haja excessivas “invenções”. Jogar os melhores significa pôr na baliza Ederson, não apenas por Júlio César ter tido ontem uma noite para esquecer, mas porque Ederson é francamente melhor em todos os aspectos: muito bom a jogar com os pés, bom entre os postes, bom a sair nos cruzamentos e muitíssimo bom a antecipar-se aos avançados adversários nas bolas em profundidade, estejam eles isolados ou não. Digamos que Júlio César reproduziu ontem em Nápoles, agravada, a exibição que na época passada fez na Luz contra o Sporting. Todos sabemos que não é fácil para um treinador pôr simultaneamente no banco Luisão e Júlio César. Mas lá terá que ser.

Depois, ao contrário do que muitos comentadores afirmam, André Almeida defende melhor e dá mais segurança à defesa do que Nelson Semedo, que pode jogar mais vezes na posição que ontem ocupou, ou seja, como ala direito.

No meio da defesa é imperioso o regresso de Jardel e o retorno de Lindlöf ao seu lugar de central direito, lugar onde vale muito mais do que no lado oposto.

Na frente, depois do regresso de Jonas e de Rafa, a dificuldade vai consistir na escolha do que vai sair. Considerando que Mitroglou é inamovível, ou Jiménez quando entrar a substitui-lo, a escolha terá de recair em Pizzi ou em Salvio, para já não falar em Gonçalo Guedes que igualmente tem classe suficiente para ser titular. Aqui sim, aqui haverá um grande problema, muito mais difícil de resolver do que o do guarda-redes ou o da defesa.

Finalmente, o meio campo. No meio campo há um problema que está longe de estar resolvido. E é a esse problema que Rui Vitória terá de dedicar toda a sua atenção e saber. Se Fejsa não suscita dúvidas como médio defensivo (o volante dos brasileiros), salvo se se lesionar, hipótese que ocorre com alguma frequência, já a titularidade de André Horta levanta algumas interrogações. Nos jogos em que seja necessário segurar o meio campo, Samaris pode entrar e fazer bem o lugar; se, pelo contrário, for necessário um 8 criativo e, simultaneamente, seguro a defender já as dificuldades aumentam. É certo que o Benfica tem Celis e também Danilo, mas nem um nem outro ainda deram provas de poder desempenhar o lugar com a eficiência que se pretende. Talvez a solução resida, mais uma vez, em Pizzi, verdadeiro pau para toda a obra, fazendo-o regressar à função que desempenhou no último ano de Jesus. A questão não estará em saber se Pizzi rende mais noutro lugar, mas se Pizzi rende mais do que qualquer outro neste lugar. E se tal acontecesse lá teríamos Rui Vitória a repetir uma solução já ensaiada o ano passado até ter desencantado Renato Sanches, único lugar que no Benfica de hoje continua por preencher à altura das necessidades da equipa.


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