EMPRÉSTIMO: A SAÍDA POSSÍVEL
Não existe caso semelhante na história centenária do Benfica. Foi preciso chegar ao ano 2010, a um Benfica altamente profissionalizado, com altíssimos investimentos no plantel, treinado pelo conhecido “rei das tácticas”, para que uma situação insólita ocorresse na equipa de futebol.
Um guarda-redes que ninguém conhecia, com menos de duas de dezenas de jogos na primeira liga espanhola, é contratado pela verba mais alta até hoje despendida pelo clube na aquisição de um jogador, para substituir o guarda-redes menos batido do último campeonato, bicampeão nacional, durante anos consecutivos convocado para a selecção nacional, e desde há seis anos no Benfica.
Despedido em directo, pelo treinador, num programa de televisão, poucos dias depois de conquistado o título nacional, os benfiquistas ficaram a saber que o responsável técnico do clube procurava um guarda-redes que “desse pontos”.
Cerca de um mês depois o Benfica anunciava a contratação de um tal Roberto, espanhol, por 8,5 milhões de euros. Fiados na competência técnica de Jorge Jesus, os benfiquistas acreditaram que na época 2010-2011 iriam ter na baliza um super guarda-redes, capaz de colmatar as dolorosas saídas que se anunciavam de algumas das “pérolas” da época passada.
Dois jogos realizados na Suíça, durante o estágio, logo demonstraram que algo de muitíssimo estranho se passava com o novo guarda-redes. A primeira impressão com que se ficou foi a de que o “rapaz” não via bem, porventura afectado por um grave defeito de visão. Sem que esta impressão se tivesse desvanecido, outras igualmente se consolidaram. O “rapaz” não tinha técnica, parecia, a quem o via, que estava experimentando pela primeira vez a natureza do lugar. Depois, percebeu-se também que não tinha reflexos, nem era capaz de calcular com um mínimo de segurança as saídas à bola.
Mas o Benfica lá foi ganhando quase todos os jogos da pré-época, sofrendo golos em catadupa, cada vez mais estranhos, porque se mostrava capaz de ir marcando mais do que aqueles que sofria.
Depois, iniciou-se a época: três jogos, três derrotas e asneiras em série do dito guarda-redes. O treinador, que já se tinha mostrado incapaz de colmatar as saídas de Di Maria e Ramires, quer por via dos substitutos que escolheu, quer por causa do sistema de jogo que perfilhou, teima, arrogante e estupidamente, em fazer “ouvidos de mercador” a todas as críticas que dentro e fora do clube estavam a ser feitas ao tal guarda-redes que “tira pontos”. Até que o jogo da Madeira, contra o Nacional, impõe uma conclusão a que ninguém pode furtar-se: o guarda-redes escolhido por Jesus não pode continuar na baliza, instabiliza a equipa e sofre golos impensáveis em qualquer escalão inferior do futebol jogado a sério.
A única saída possível, face a este desastrado cenário, é pedir “pelas almas” a algum clube espanhol que leve o rapaz emprestado, de modo a que ele possa ficar por lá nos anos subsequentes, tentando o Benfica, nos escassos dias que lhe restam, até ao fecho do mercado adquirir um terceiro guarda-redes, na certeza de que qualquer solução é sempre melhor do que a actual.
Nunca, na longa história do Benfica, semelhante pesadelo aconteceu com o homem da baliza. Desde os primórdios do campeonato, com Tavares e Amaro na baliza, e logo depois com Rosa, Contreiras ou Bastos, até ao século XXI nunca tal aconteceu na baliza do Benfica. Em homenagem aos grandes guarda-redes que por lá passaram, alguns já falecidos, impõe-se que Roberto saia, não como uma pena aplicada a um pobre atleta que apenas foi vítima da incompetência de quem contrata, mas como consequência inevitável da sua inadequação ao lugar.
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