sábado, 13 de fevereiro de 2016

A DERROTA DESTA NOITE




O MÉRITO DO PORTO

Em primeiro lugar, é importante saber perder. Depois de tantos e tantos maus exemplos, é reconfortante que o Benfica, perdendo, tenha sabido perder.

Dito isto, sem prejuízo de voltar ao tema, gostaria agora de dizer como vi o jogo desta noite entre o Benfica e o Porto.

O Benfica e os seus adeptos partiram para este jogo com uma extraordinária dose de confiança, uma confiança que só recuando mais de três décadas pode ter paralelo noutros confrontos com o Porto. Confiança não é arrogância, ou não deve ser. É crença nas capacidades da equipa. Na sua eficácia goleadora. Na solidariedade do conjunto. Na excelente forma dos seus elementos.

E foi assim que o jogo começou. Logo nos primeiros minutos se ficou com a convicção de que o jogo poderia ser igual a outros destes últimos dois meses. É certo que antes do golo de Mitroglous já tinha havido duas perdidas, mas logo a seguir veio o golo e a confiança restabeleceu-se. Depois, a superioridade do Benfica continuou a ser evidente, mas a falta de eficácia manteve-se e a juntar a ela começou a desenhar-se uma grande exibição de Casillas. Até que o Porto, dez minutos volvidos, empatou na primeira oportunidade que teve e na sequência de uma clamorosa falta de marcação do meio campo, sem com isto querer retirar mérito à jogada do Porto e ao remate de Herrera.

O Porto empatou, mas o Benfica continuou por cima. Voltou a ter oportunidade de marcar. Umas vezes por inépcia do rematador, outras por mérito de Casillas, a bola não entrava.

Até que veio o segundo tempo e a ideia que pairava no espectador que se guia pelo que tinha acabado de observar era a de que se o Benfica continuasse a jogar como tinha jogado na primeira parte ganharia o jogo sem dificuldade, não obstante a ligeira vantagem que o Porto ia tendo no jogo a meio do campo e o sistemático recuo de Jonas para zonas longe da baliza adversária.

Só que a segunda parte foi muito diferente da primeira. Cedo se começou a perceber que o Porto iria dar uma réplica muito mais forte e consistente do que a que deu na primeira parte e percebeu-se também que a ineficácia que o Benfica demonstrou na primeiro tempo se iria manter na segundo, assim como a exibição de Casillas.

E passou então a admitir-se que a todo o momento o Porto poderia passar para a frente do marcador. O seu jogo a meio campo fortaleceu-se, o Benfica passou a ter menos hipóteses de chegar com facilidade à área adversária, levando tudo isto somado à convicção de que se o Porto viesse a ter uma oportunidade a não desperdiçaria.

E foi o que aconteceu numa jogada em parte também construída por Aboubackar, mas acima de tudo por ele finalizada com muito mérito. Depois deste golo, salvo numa ocasião (acidental), o Benfica da primeira parte não voltou a aparecer no jogo e desapareceu completamente depois das substituições de Samaris por Talisca e de Pizzi por Carcela. E mais ainda com a de Eliseu pelo sacrificado Sálvio que não merecia entrar num jogo destes. A dez minutos do fim, depois de uma lesão gravíssima que o inabilitou durante nove meses, meter Salvio é algo inexplicável!

Com esta derrota, limpinha, sem árbitros, sem arrogância, sem insultos, resultante da ineficácia própria e do mérito e brio do adversário, o Benfica desceu à terra. Perdeu o quinto clássico da época, pode até perder o sexto, mas mesmo assim ser campeão se psicologicamente não ficar abalado com o que aconteceu esta noite.

É preciso que se diga que esta noite poderia ter sido uma noite igual às muitas que se viveram nestes últimos dois meses se não tivesse havido tanta ineficácia. Com um Benfica medianamente eficaz o Porto não teria condições para resistir, tendo em conta o estado anímico em que seguramente se encontraria se o Benfica tivesse concretizado duas ou três oportunidades das que teve na primeira parte. Se… Mas como os “ses” não contam, e como não foi isso o que aconteceu, o que interessa agora saber é como ficará a equipa depois desta derrota.

Em si, esta derrota, nos termos em que aconteceu, não teria força suficiente para derrubar psicologicamente a equipa. Mas como ela acontece na sequência de quatro anteriores desaires com equipas da mesma igualha, sem contar com a derrota em casa contra o Atlético de Madrid e a derrota em Istambul contra o Galatasaray, pode ter efeitos muitíssimo perniciosos.

O futuro dependerá do estado anímico da equipa. Se se mantiver em alta pode até acontecer que a disputa a três seja mais favorável ao Benfica do que a disputa a dois. Como o Sporting vai seguramente perder pontos, mesmo que o Benfica perca em Alvalade, se nos restantes onze jogos estiver como esteve nos últimos onze continuará com todas as hipóteses de ser campeão.

Para isso nada melhor do que ganhar ao Zénite já na próxima terça-feira!     

2 comentários:

FranciscoB disse...

Bem visto; a questão da "luta a 3" pode ser + favorável ao Benfica. A deslocação dos lagartos ao ladrão poderá ser decisiva.

Anónimo disse...

Muito interessante esse ponto de vista da "luta a 3", pois a lagartagem tem o jogo com os corruptos e connosco e eles vão perder pontos.

Nós temos que fazer o nosso trabalho e vencer os jogos que aí vêm com ou sem nota artística.

Acredito que seremos campeões esta época.

Miguel