QUEM OS ESCOLHE?
Numa semana em que o Porto e o Sporting estavam em sérias dificuldades por factos que são do conhecimento público, os comentadores televisivos do Benfica passaram mais uma noite na defensiva, a pedir desculpa pelo que aconteceu.
Do lado do Porto, conheceu-se a nota de acusação dos incidentes do túnel da Luz – incidentes que os portistas próximos da equipa, a começar pelo treinador, estavam fartos de conhecer – e ficou a saber-se como actuaram os diversos intervenientes. Igualmente se teve conhecimento, não por transcrição, mas por audição, das escutas do “apito dourado”.
Do lado do Sporting, a cena de pugilato de Sá Pinto no balneário e as suas explicações.
Do lado do Benfica, o jogo de Vila Conde, que permitiu perceber até que ponto estava o árbitro disposto a eliminar o Benfica, o que não conseguiu, ou, não sendo possível, a obrigá-lo a jogar as meias-finais fora de casa, o que conseguiu.
Pois bem, relativamente aos incidentes da Luz, os comentadores do Porto transformaram uma provocação por palavras numa agressão, e uma agressão num acto de legítima defesa, concedendo embora no excesso de legítima defesa. Se já era de contar com a passividade ou o apoio silencioso dos comentadores sportinguistas, sempre refugiados em insinuações, que no futebol valem mais do que factos provados, dificilmente se compreende a atitude dos comentadores benfiquistas, absolutamente incapazes de colocar os factos e o seu enquadramento no seu devido lugar.
Relativamente às escutas, não sendo possível negar o óbvio, os comentadores benfiquistas não foram capazes de demonstrar, já que com os sportinguistas ninguém pode contar para atacar aquele tipo de comportamentos, desde que vindos do Norte contra o Benfica, o clima mafioso que elas evidenciam. E menos ainda foram capazes de explicar que o ilícito desportivo não é coincidente com o ilícito penal, sendo os factos conhecidos mais do que suficientes para justificar um rebaixamento de divisão. Menos evidentes eram os factos que em Itália fundamentaram a punição da Juventus e de outros clubes.
Quanto ao “episódio Sá Pinto”, o clima foi de grande compreensão, como se esperava por parte dos sportinguistas, mas também dos demais. Não se percebeu bem se por cobardia (isto no que respeita aos do Benfica), se por solidariedade política. O comentador do Sporting que demonstrou uma grande compreensão para com a atitude de Sá Pinto, tanto mais que ele próprio noutras épocas já actuou com a mesma “emotividade”, até teve tempo para explicar com um detalhe inabitual o seu quotidiano desde que saiu de Alvalade até ao meio dia seguinte, só não teve tempo para esclarecer quem escreveu aquela peça que Sá Pinto leu aos jornalistas, democraticamente sem direito a perguntas!
Pelas meias-palavras habituais na gente do futebol, ficou a perceber-se que a culpa de tudo aquilo foi do Paulo Bento, que deixou o balneário minado! O mesmo Paulo Bento que tinha de sair por ter o balneário contra si…
Quanto ao jogo de Vila do Conde, o ilustre comentador do Benfica na SIC N não só não compreendeu a arbitragem, como ainda ajudou à festa, defendendo o árbitro. Não foi capaz de perceber que o árbitro estava empenhado na eliminação do Benfica, ou, não o conseguindo, em assegurar que jogaria as meias-finais fora de casa. Marcar um penalty inexistente e fazer que não vê um corte com a mão não são razões suficientes para despertar o ingénuo comentador do Benfica. Como não foi capaz de ver que o primeiro golo do Porto contra o Estoril foi precedido de um valente empurrão no jogador do Estoril…
Com gente desta o Benfica não iria a lado nenhum. Bem podem agradecer a Jesus.
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