terça-feira, 9 de novembro de 2010

JESUS SEM MARGEM PARA ERRAR



CONFIRMA-SE A ANÁLISE DE ONTEM

Tal como prevíamos, Jorge Jesus esgotou no jogo de domingo passado a sua margem de erro. Esgotou-a, porque a ultrapassou largamente.
Não está em causa perder contra o principal rival, se o rival é melhor ou jogou melhor. O que está em causa é cometer os mesmos erros; o que está em causa é não aprender com o passado.
Se o homem inteligente é o que aprende com os erros alheios, ao homem normal exige-se que aprenda com os próprios.
Tal como em Liverpool, na Primavera passada, também agora no Dragão, Jesus cometeu os mesmos erros, optando por um sistema completamente inapropriado para o jogo em causa, quer pelo sistema em si, quer pelos jogadores escolhidos para o desempenhar.
É possível colectivamente anular ou, pelo menos, atenuar consideravelmente a mais-valia da equipa adversária, nomeadamente se a sua acção se desenvolve nas alas, como é o caso de Hulk.
Em vez de optar pela marcação de um para um, que nunca resultaria completamente, mesmo com o melhor lateral esquerdo, Jesus deveria ter optado pela marcação de dois para um, executada colectivamente, consoante o posicionamento do jogador e o próprio desenvolvimento das jogadas.
Depois, Jesus não pode jogar contra as grandes equipas apenas com um médio defensivo. Repare-se: Mourinho não o faz no Real Madrid e tem os jogadores que todos conhecemos. Com pode fazê-lo o Benfica com esta equipa?
Também neste caso Jesus não aprendeu nada com o passado, nem percebeu as diferenças entre a última época e esta.
O ano passado Jesus pôde jogar assim no Benfica com relativo êxito (não se pode esquecer a Taça de Portugal e a Liga Europa) por duas razões:
Em primeiro lugar, porque o Benfica era mais forte, às vezes muito mais forte, do que as equipas contra as quais jogou, tanto cá dentro como lá fora;
Em segundo lugar, porque tal sistema de jogo assentava, por um lado, na extraordinária capacidade atacante de Di Maria – um jogador capaz de levar o jogo para a frente 20 a 30 metros sempre que tocava na bola – e pela extraordinária cultura táctica de Ramires, que, com ou sem instruções do treinador, conseguia desempenhar várias funções em diversas partes do campo, sem deixar de desempenhar a que prioritariamente lhe estava destinada – médio ala direito.
O ano passado o sistema funcionou praticamente contra quase todas as equipas porque quase todas eram inferiores ao Benfica. Quase: de facto, não funcionou contra as grandes equipas, qualquer que fosse o seu momento de forma. Não funcionou contra o Liverpool, em Anfield Road, campo onde o Benfica claudicou, tal como no domingo passado.
Em conclusão: o Benfica tem que jogar com os jogadores no seu lugar e tem de actuar com mais preocupações defensivas, consoante os adversários.
Jesus não pode desculpar-se com os jogadores que tem, nem exigir mais reforços. Os jogadores que o Benfica tem foram escolhidos ou “homologados” por Jesus e os que vieram de novo foram especificamente escolhidos por ele para substituir os que os que iam partir. Se se enganou, tem de saber remediar o erro.
Aliás, nem sequer é certo que os jogadores comprados este ano não sirvam. Ainda é cedo para se saber. Provavelmente servem, Jesus é que não sabe ou ainda não aprendeu a utilizá-los.

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