A GRANDE OPÇÃO
Multiplicam-se as análises sobre o actual momento do Benfica e, simultaneamente, as declarações de apoio do Presidente a Jesus. Vieira, ao contrário de Pedro, o apóstolo, três vezes o confirmou e todavia o exemplo do apóstolo que, por três vezes o renegou, acabaria por frutificar até hoje: “ Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”.
Vieira o que verdadeiramente quer dizer é: “Tu és Jesus e contigo ao leme não construirei o meu Benfica”.
Certamente que Jesus não é a pessoa certa para reconstruir o Benfica. Não é, nem tinha que ser. Essa não é a função do treinador. Essa é a função do Presidente. Se depois de tantos fracassos e de não menos ilusões levianamente vendidas o Benfica tomba com tanta facilidade na vulgaridade, a culpa é do Presidente. Que não sabe liderar. Que não sabe escolher. Que está mal acompanhado.
E mais uma vez isso vai acontecer este ano. Não adianta ter ilusões. Já se percebeu que o treinador, pelas suas próprias fragilidades – incultura, impreparação para lidar com o êxito e com o inêxito, incapacidade de comunicar e, inclusive, deficiências técnicas graves tanto na escolha dos jogadores como na preparação dos jogos – e pelo contexto em que actua – uma direcção fraca, arrogante no exercício do poder e frágil na imposição da verdadeira autoridade – não está, por si, em condições de recuperar o Benfica para o que falta da época.
Dificilmente o Benfica contará com a “revolta do balneário”, feita de orgulho ferido e de amor-próprio. E também não conta, como já se disse, com uma presidência à altura das circunstâncias. Menos ainda poderá esperar qualquer benevolência, por mínima que seja, vinda do exterior. Já se percebeu que não haverá disso: as pequenas e “inocentes” ajudas estão reservadas para o Porto, quando necessárias – contra a Naval, contra o Nacional, contra o Moreirense, contra o Vitória de Setúbal – ou para o Sporting, que, de tão fraco, as não aproveita ou até as esbanja logo a seguir – e tantas e tão caricatas são, que nem vale a pena enumerá-las.
O Benfica tem de ter um treinador que seja um profundo conhecedor do grande futebol europeu, assim alguém como o actual treinador do Shaktar Donetz, alguém que apoiado por uma direcção competente prepare o Benfica para um comportamento positivo constante nas provas europeias.
O campeonato nacional é importante. A vitória na Liga é muito reconfortante, mas, por estranho que possa parecer, não é o mais importante. Importante é apurar-se para a Liga dos Campeões e assegurar uma participação positiva na prova.
No estrangeiro, o que conta, o que dá prestígio e dinheiro, é a Liga dos Campeões. Fora das três, no máximo, quatro, grandes ligas europeias, ninguém sabe quem foi o campeão da Bielorrússia, da Ucrânia ou de Portugal. Mas passa nas televisões de todo o mundo o resumo da derrota do Benfica contra o Hapoel de Israel e fica a insignificância da equipa que a sofre. Ao contrário, as vitórias na prova, o apuramento na fase de grupos, a passagem da primeira eliminatória, se forem um hábito constante, dão à equipa uma dimensão universal, feita de factos e não de mitos.
É neste sentido que o Benfica tem de apostar. Participar regularmente com um mínimo de brilho na Liga dos Campeões é muito mais rentável que uma vitória no campeonato nacional. O resto…virá por acréscimo.
2 comentários:
por ser tão importante uma participação continuada do Benfica na Liga dos campeões, é que os adversários mafiosos para além de tudo fazerem para que o Benfica não seja campeão também fazem tudo para que nem segundo seja. e nada melhor para isso que ter um clube como era aqui há uns anos atrás em que ninguém continuava por mais de 2 anos...
e assim sendo ora nos jornais aparece que Jesus vai embora, ora aparece que vai haver uma limpeza de balneário...
Enviar um comentário