domingo, 10 de fevereiro de 2013

JESUS NO PORTO?



UMA ANTEVISÃO

 

Fica claro para qualquer observador minimamente atento que o discurso de Jorge Jesus tem vindo a mudar gradualmente, embora nos últimos tempos com mais intensidade, no sentido de fazer prevalecer o individual sobre o colectivo, a individualidade sobre a instituição.

Uma coisa que todos os praticantes de futebol imediatamente percebem ou que logo lhes ensinam, o mesmo se passando com todas demais pessoas que fazem parte do mundo do futebol, seja no plano técnico, directivo ou outro, é que o futebol é um desporto colectivo, no qual o colectivo, a equipa está acima de qualquer individualidade.

Mesmo quando os grandes atletas ou os técnicos famosos não pensam assim, como é o caso de Ronaldo ou de Mourinho, eles sentem-se obrigados a dizer, hipocritamente, o contrário e a repetir essa ladainha, mesmo quando toda a gente percebe que eles pensam exactamente do que estão a dizer. 
Pois bem, Jesus, no que respeita à sua pessoa e à equipa, tem vindo ultimamente a infringir essa regra de forma cada vez mais ostensiva, sendo caso para perguntar o que poderá estar na raiz de tal mudança. Por que razão a primeira pessoa do singular tem vindo a substituir quase completamente a primeira do plural? Quem o ouve, se não o conhecer, até pode pensar que se trata de um qualquer prarticante de uma modalidade de desporto individual...

Verdadeiramente só Jesus poderá, se souber, responder a esta pergunta. Todavia, nenhum de nós está proibido de tentar perceber o seu comportamento. De encontrar para ele uma justificação racional.

Jesus tem no Benfica um contrato invejável. Tão invejável que até Ulrich do BPI o inveja! Poucos são no mundo do futebol os treinadores que ganham mais do que ele. Provavelmente não chegam a uma dezena. Claro que Jesus teria todo o interesse em melhorar ou, no mínimo, em manter o ordenado que hoje tem. Mas ele sabe que nenhum clube em Portugal lhe poderá continuar a pagar o mesmo. Nem o Benfica. Só no estrangeiro um grande e rico clube o poderia fazer. Mas para isso Jesus teria de ter méritos reconhecidos ao mais alto nível, que não tem, e ser dotado de uma capacidade comunicacional que manifestamente lhe falta, mais a mais numa língua estrangeira.

Portanto, o mais provável é que Jesus pense que, não podendo subir ou sequer manter o ordenado, o mais vantajoso para ele seria rumar para um clube onde o êxito desportivo fosse mais fácil de alcançar do que no Benfica. A partir daí até novos voos se tornariam mais fáceis no futuro.

Esse clube em Portugal só pode ser o F C Porto. Nota-se que Jesus, pelo menos desde o jogo na Luz, tem tratado o Porto com grande respeito e compreensão, mesmo quando atacado em termos técnicos pelo seu actual treinador do Porto, Victor Pereira. Aliás, as duas coisas estão ligadas: Victor Pereira é manifestamente um treinador nervoso, inseguro, apesar da excelente prova que a sua equipa está a fazer. Até já diz que o que lhe interessa são os títulos, pois ganhando não lhe falta emprego em qualquer lado. Tudo isto em jeito de remoque por ainda não lhe ter sido proposta a renovação do contrato.

Pode até ser que se enganem ambos, mas o que neste momento parece é que nem Jesus ficará no Benfica nem Victor Pereira continuará no Porto. O Porto já no passado mostrou interesse em contratar Jesus, mas como não foi suficientemente concludente na hora da abordagem, ele acabou por preferir o certo ao incerto. É natural que Pinto da Costa não se importasse de ficar com Jesus, talvez até mais pelo prazer que lhe dava privar o rival do seu treinador, do que pela falta de alternativas. De facto, tanto o Porto como o Benfica têm outras boas alternativas em Portugal a Victor Pereira e a Jorge Jesus…

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