sábado, 2 de fevereiro de 2013

SPORTING: GUERRA TOTAL


 

O DESPRESTÍGIO DE UM GRANDE CLUBE
 
Godinho Lopes convocou uma conferência de imprensa para desancar nos contestatários culpando-os por criarem permanente instabilidade, falta de solidariedade e responsabilizando-os pela não concretização das transferências anunciadas no mercado de inverno.

Para quem olha sem paixão, mas com interesse e apreensão, o que se está a passar no Sporting, o menos que se poderá dizer é que há muita irresponsabilidade e incompetência de ambas as partes, sendo que uma delas é constituída por muitas outras.

O primeiro grande falhanço de Godinho Lopes tem desde logo a ver com a constituição da equipa directiva que ele escolheu. O segundo, com a prestação da equipa de futebol na primeira Liga e nas demais competições em que participou.

A equipa de Godinho Lopes desagregou-se completamente, e com alguma celeridade, nestes quase dois anos que leva como presidente do Sporting. Se é grave errar na escolha dos responsáveis pelo futebol ou mesmo naqueles de cuja experiência empresarial poderia ter recolhido algumas vantagens, é ainda mais grave, muito mais grave, ter tido como vice-presidente um sujeito que está hoje acusado por um número considerável de crimes, quase todos cometidos no exercício de funções. E aí o Sporting tem muita sorte e certamente protecções de que nem o Porto nem o Benfica, em circunstâncias semelhantes, teriam podido beneficiar. O que é que teria acontecido ao Porto ou ao Benfica se algum deles tivesse nas suas fileiras um dirigente suspeito da prática de actos idênticos àqueles de que é  acusado o ex-vice presidente Pereira Cristóvão?

Em nome da verdade desportiva, comentadores e jornalistas não afectos ao clube visado teriam exigido este mundo e outro.E com toda a razão, porque uma actuação daquela natureza e no contexto em que aquela ocorreu jamais poderá ser interpretada e compreendida como uma actuação em nome individual, mas como uma actuação de um dirigente desportivo praticada no interesse do clube que representa.

Com o Sporting, porém, nada se passou até agora. Tudo o que aconteceu parece ser um simples assunto privado do sr. Pereira Cristóvão. E toda a gente, a começar por Godinho Lopes, sabe que não foi.

E, assim, ficando tudo como está, lá poderão os comentadores de Alvalade continuar a pregar todas as semanas a superioridade moral do seu clube e dos sportinguistas.

Do lado da gestão da equipa de futebol a situação ainda é mais catastrófica. Cinco treinadores em menos de dois anos – quatro dos quais só nesta época –, um lugar humilhante no campeonato e a eliminação nas restantes três provas em que participou. Finalmente, a venda ou empréstimo de alguns jogadores no mercado de inverno por falta de recursos e o colapso das aquisições anunciadas.

Mas do lado da chamada oposição a irresponsabilidade não é menor. Num momento crítico para a vida do clube essa oposição, absolutamente incapaz de fazer um juízo crítico objectivo sobre aquilo que o clube hoje é, continua a actuar como aquela nobreza falida e decadente que, não compreendendo os tempos em que vive, continua a imaginar acções e a efabular condutas como se a realidade continuasse a ser aquela em que foi criada.

E então assiste-se ao impensável: um presidente da Assembleia Geral que deveria ser em tempos de crise um ponto de referência para a angústia dos sportinguistas, transforma-se em porta-bandeira dos opositores e aproveita a tribuna televisiva a que semanalmente tem acesso para os incitar à revolta sem nunca ter apresentado uma única proposta digna desse nome. Mas pior: não está presente nos grandes debates ocorridos ou a ocorrer no seio do clube, delegando no seu vice-presidente as responsabilidades por uma situação que, em grande medida, ajudou a criar. A justificação, qualquer que ela seja, raia a irresponsabilidade, pois se sabia que não poderia estar presente não deveria ter incentivado a prática de um acto de consequências tão imprevisíveis para a vida do clube como a assembleia geral de Fevereiro.

Entretanto, o Porto vai continuando a colonizar o Sporting, dando-lhe em troca desse domínio umas tristes migalhas. Depois de lhes ter levado, só para falar nos tempos mais próximos, Moutinho, Varela e Izmaialov, também agora lhe contrataram o último grande símbolo de Alvalade: Liedson. E, suprema humilhação: depois de lhe terem “roubado” Kléber, na altura já apalavrado pelo Sporting, e terem ao fim de um ano e tal concluído da sua valia, eis que se propunham reenviá-lo para Alvalade em jeito de esmola. Mas nem isso foi possível porque o representante do jogador recusou o Sporting por falta de credibilidade.

Como recompensa restou-lhes a escolha do Xistra contra o Guimarães. É pouco, mas sempre valeu um ponto. Pior seria perder três!

Infelizmente nenhuma personalidade com credibilidade, desligada dos meios decadentes que têm corroído o Sporting, se perfila para o liderar. E é pena…

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