quarta-feira, 8 de setembro de 2010

PORTUGAL QUASE FORA DO EURO 2012



O QUE FAZ CORRER QUEIROZ?

Já se sabia há muito que Queiroz não era o homem indicado para substituir Scolari. Todas as pessoas minimamente interessadas pelo futebol sabiam isto. Por maioria de razão deveriam também sabê-lo aqueles que fazem do futebol a sua profissão, nomeadamente os dirigentes da FPF.
Então, por que foi escolhido Queiroz? Não pode haver muitas dúvidas a esse respeito: Queiroz foi escolhido com base em interesses que nada têm a ver com os da selecção. São interesses de outra ordem, que o grande patrão do futebol português saberá explicar melhor do que ninguém. Queiroz serve a estratégia daqueles que não aceitam um seleccionador independente, bem como daqueles empresários que precisam da selecção para potenciar os seus negócios, maximizar os lucros e reforçar a sua influência junto de terceiros.
Escolhido Queiroz por se enquadrar no perfil de quem utiliza a selecção como mais um elemento da sua política de hegemonia, outra dúvida não menos relevante se levanta: por que razão celebrou Madail com ele um contrato de quatro anos, a preços milionários e com objectivos mínimos principescamente pagos? Não saberia Madail, há tanto tempo no futebol, que não há nada mais volúvel do que a situação de um treinador? Certamente sabia. Então, por que fez um contrato por quatro anos? Como nestas matérias não há ingenuidades, um contrato de “média-longa duração”, numa área tão insegura como é a de seleccionador nacional, só pode justificar-se por haver uma reciprocidade de interesses pouco compreensível para a generalidade das pessoas.
Depois do Mundial a sorte de Queiroz estava traçada em função da prestação da equipa e dos resultados desportivos. Madail, porém, nada fez. Mas Queiroz encarregou-se – felizmente – de o substituir. Perturbou o controlo anti-doping e expôs às sanções legais. Sanção que o Conselho de Disciplina da FPF quis atenuar para além dos domínios do logicamente possível. Sabe-se agora que dos quatro depoimentos que constavam dos autos sobre o comportamento de seleccionador, o CD deu preferência ao de Queiroz contra os outros três coincidentes entre si. Por aqui já se percebe que tipo de CD vamos ter na Liga…
Daí que o Estado, que não abdicou, a favor da auto-regulamentação, do seu poder fiscalizador e sancionatório em matéria de controlo anti-doping, tenha, legitimamente, avocado o processo e exercido o poder sancionatório que a lei lhe confere. Pode Queiroz chamar-lhe “justiça governamental” ou outra coisa qualquer que nem por isso tal poder deixa de ser perfeitamente legal e idêntico a tantos outros exercidos pelos poderes púbicos. Se Queiroz não está contente com a decisão, faça o que qualquer outro cidadão faz quando não concorda com as decisões da Administração: recorre delas para o tribunal competente e impugna o acto!
Apesar de haver razões mais do que suficientes para despedir Queiroz, Madail, certamente obedecendo aos tais poderes que dominam o futebol e indiferente aos resultados da selecção, quer manter o seleccionador. Qualquer que venha a ser a decisão da próxima quinta-feira, o pior já está feito. A selecção perdeu 5 pontos em dois jogos e está praticamente arredada da fase final do próximo Europeu. Uma vergonha!
Queiroz, por seu turno, indiferente à sorte desportiva da selecção e cuidando apenas dos seus imediatos interesses bem como dos de quem o lá pôs – ou seja, com as “costas quentes” – quer ficar a qualquer preço numa demonstração de carácter que dispensa qualquer comentário.

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