segunda-feira, 22 de março de 2010

UMA CULTURA DE VIOLÊNCIA



DENTRO E FORA DO CAMPO

Antes do jogo da final da Taça da Liga, adeptos do FCP atacaram adeptos do Benfica nas estações de serviço da auto-estrada do Algarve, nas portagens de Paderne e nas imediações do Estádio do Algarve numa pura manifestação de violência gratuita.
Sabe-se que as claques de futebol são as grandes responsáveis, ou mesmo as únicas responsáveis, pelas manifestações de violência ligadas ao futebol. Nelas se acolhe gente da extrema-direita, marginais ligados ao crime e toda uma espécie de pessoas não recomendáveis a nenhum título. E todas sem excepção têm um triste curriculum.
Mas há quem, para além das claques, cultive a violência, a agressividade gratuita, como forma de estar no futebol, com o objectivo de por este meio abater o “inimigo”. É o que acontece a vários níveis no FCP.
Os agressores, sejam elementos das claques sejam jogadores, são imediatamente transformados em vítimas, desculpados quando não idolatrados e vistos como heróis, enfim, gente que, no campo de futebol ou nas ruas, se bateu com valentia contra os “mouros” e que só por isso merecem a admiração dos seus.
Os comentadores, o presidente, e muitos adeptos do FCP não poupam argumentos para os defender e justificar. Quem os ouve fica sempre com a certeza de que os actos desordeiros nunca são reprovados, antes pelo contrário são tidos como actos justificáveis, por esta ou por aquela razão, quanto mais não seja por se tratar de actos por meio dos quais se defende da honra do clube e as suas “gloriosas tradições”.
Desde os episódios dos túneis, em que os prevaricadores são orgulhosamente defendidos e considerados vítimas inocentes dos desacatos e agressões de que são autores até às claques que vandalizam tudo por onde passam, todos estes actos, sem excepção, nunca são desincentivados. Nunca se ouviu da parte dos dirigentes do FCP e dos seus comentadores televisivos uma palavra de condenação. Pelo contrário, fazem coro com eles em “vigílias de desagravo” e manifestações de repúdio pelas penas que lhes foram aplicadas pelos delitos que praticaram.
Não há no FCP uma única manifestação contrária à violência. E o responsável por isto tem um rosto e um nome: Pinto da Costa.
E é esta cultura que explica haja na própria equipa do Porto quem se comporte como um animal, com a complacência dos árbitros, como ainda hoje à noite se viu no Estádio do Algarve.

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