QUEIROZ E CRISTIANO RONALDO
A selecção nacional tem dois grandes problemas: Queiroz e Cristiano Ronaldo.
Comecemos pelo primeiro. Em princípio, Queiroz deveria ser demitido. Aliás, não deveria sequer ter sido contratado. Mas foi e parece que não pode ser despedido, porque, não sendo de prever que se demita, seria incomportável a indemnização a pagar-lhe. Em tudo isto tem grandes, melhor: exclusivas responsabilidades Madail, uma personalidade pouco recomendável que já deveria estar em casa há muito.
Não tenho a certeza de que Queiroz seja um homem independente. Dizem que é trabalhador, vamos admitir que é honesto, no sentido de que não se deixa manipular nem pressionar, mas há outras qualidades que ele não tem.
É péssimo seleccionador. A prova está nos jogadores escolhidos. Convoca dois laterais direitos e põe um central a jogar na posição. Convoca Coentrão in extremis e depois de alguma pressão. Mas há mais: Pepe não deveria ter sido convocado, por não estar em condições físicas; Deco também não, por se andar a arrastar há mais de dois anos; e Liedson também não por razões político-pragmáticas (como explicar a convocação de um estrangeiro em fim de carreira para representar o país na prova mais importante do futebol?). Depois, deixou de fora alguns jogadores que deveriam lá estar e levou outros, além daqueles, cuja presença se não justifica.
Além de péssimo seleccionador, é mau treinador. O modo como jogou na África do Sul contra a Costa do Marfim e contra a Espanha tornam muito evidentes as suas limitações, que ficam ainda mais expostas sempre que tem de fazer substituições.
Em suma, se Queiroz ficar tem de se pôr a seu lado alguém que perceba de futebol. Alguém que ele aceite e respeite, mas que tenha uma palavra decisiva nos assuntos importantes. Os actuais adjuntos apenas servem para entregar os “papéis” dos jogadores que vão entrar e para pedir as substituições.
Se Madail fosse um presidente a sério, resolvia este assunto com Queiroz já, que é a ocasião propícia para tratar dele. Impôr a Queiroz alguém a seu lado, como tem Maradona, que o “ajude” em todas as decisões importantes.
O segundo problema é Cristiano Ronaldo. Aqui a primeira questão que tem de ser posta a CR é se ele quer continuar na selecção ou não. Se não quisesse seria óptimo. Querendo, terá de perder de imediato a braçadeira de capitão. É inadmissível que o capitão de equipa se recuse, ainda por cima nos termos em que o fez, a explicar aos portugueses o seu fracasso e o da sua equipa. Não há desculpas para este facto, nem qualquer hipótese de negociação. E quanto mais cedo isso for anunciado tanto melhor. Não adianta que Ronaldo ou o seu agente venham agora dizer numa de “limpeza de imagem” que não quis ofender Queiroz. Ele ofendeu os portugueses e os colegas. E ofendeu o seleccionador que tem de ser respeitado, mesmo quando comete erros ou tem limitações. Portanto, não há desculpa.
Depois é preciso que ele responda com muita clareza se quer jogar com a equipa e para a equipa. Mas a resposta tem de ter consequências: se não cumprir as ordens do treinador ou se estiver num dia mau tem de ser substituído como qualquer outro.
Alguém tem de lhe tirar da cabeça a ideia de que é o “salvador da pátria”. Ele tem apenas que ser mais um e colocar as suas faculdades ao serviço do conjunto.
Terá Queiroz competência e capacidade para conseguir isto? Não, não tem. Logo, mais uma boa razão para ter a seu lado alguém que o faça.
E até é muito provável que as coisas estejam facilitadas…porque Cristiano Ronaldo vai sofrer muito com Mourinho. Ou entra na linha ou está feito.
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