RONALDO QUASE TÃO NOCIVO COMO DECO, SE...
A FIFA considerou Ronaldo o homem do jogo. Há quatro anos, nas vésperas do Mundial da Alemanha, um repórter free-lancer inglês percorreu o mundo a fazer uma reportagem tendente a demonstrar quão corruptos são os processos usados pela FIFA na gestão do futebol mundial. Tanto quanto me recordo, a FIFA recusou-se sempre a responder às várias questões que o repórter lhe pretendia colocar e, pelo contrário, enviou várias recomendações aos presumíveis entrevistados para que se recusassem a participar na reportagem.
Seja verdade ou não o que então se disse da FIFA, a verdade é que ninguém percebe os critérios que determinam a escolha do “melhor em campo”. A única coisa que se sabe é que a escolha quase nunca coincide com o que se passa no campo. E sabe-se também que Cristiano Ronaldo está ligado a mil e um interesses comerciais. E ainda se sabe, principalmente desde que Scolari deixou de ser seleccionador, que as prestações de Ronaldo na selecção não só têm sido más, como têm sido prejudiciais à equipa. Não vale a pena perder muito tempo com isto, porque, salvo os comentadores tipo Bruno Prata e outros tontos como os da RTP N, toda a gente está de acordo com a qualificação das prestações de Ronaldo na selecção.
Começando pelo homem do jogo. Há claramente três: Coentrão, Tiago e Meireles, depois do golo.
Meireles com o golo que marcou – uma excelente desmarcação a corresponder a uma excelente abertura de Tiago – acabou por ser decisivo para o desfecho da partida. Até ao golo não esteve bem. Perdeu algumas bolas e fez dois ou três passes errados. Tiago esteve sempre muito bem – muito melhor do que Deco – e marcou dois golos. Coentrão esteve excelente durante todo o jogo. Se tivesse marcado um golo – e esteve quase a marcar numa excelente jogada com Ronaldo – seria ele inevitavelmente o homem do jogo. Não tendo marcado, deve repartir essa distinção com Tiago.
O jogo tem claramente duas fases. A primeira parte, em que a Coreia jogou ao seu nível, e Portugal fez uma excelente exibição, porventura a melhor da era Carlos Queiroz. E a segunda parte, em que depois do segundo golo a equipa coreana se desconjuntou completamente e facilitou a goleada a partir dos 3 a 0.
Na primeira parte ficou evidente quão perniciosa é (do ponto de vista do jogo jogado, claro) a presença de Deco na equipa. Deco está em decadência desde que saiu do Barcelona e suas prestações na selecção depois dessa data têm sido sempre negativas. Emperra o jogo, perde muitas bolas. Enfim, só um tonto não vê que Deco não tem lugar. Mas nessa primeira parte ficou também patente a participação negativa de Ronaldo na equipa. Com o estatuto de vedeta ou até de super vedeta, sem correspondência no jogo de equipa, Ronaldo remata quando deveria passar; corre com a bola quando deveria servir um companheiro; enfim só está em campo a pensar em si.
No segundo tempo, depois da equipa coreana se ter desconjuntado, Ronaldo melhorou consideravelmente como jogador de equipa. Deve ter tido um lampejo de inteligência que o iluminou na hora certa, fazendo-lhe ver que se valoriza muito mais jogando para a equipa do que desbaratando inutilmente o esforço colectivo para satisfação do seu super-ego. Oxalá continue no futuro, do mesmo modo como acabou o jogo. Caso contrário, não faz qualquer falta.
As alterações introduzidas na equipa e a sua dinâmica – a dinâmica colectiva vale mais do que qualquer esquema táctico teórico – estão na origem desta sensacional reviravolta. A equipa desde logo mostrou uma outra vontade, patente nas subidas de Coentrão pela banda esquerda do campo e no modo como Tiago se desenvencilhava das funções a meio-campo. Apesar de a bola se perder quando ia para Ronaldo, nunca a equipe perdeu a sua identidade.
Boa exibição da defesa, guarda-redes incluído, apesar das conhecidas limitações actuais de Miguel; razoável exibição de Pedro Mendes na fase difícil; bom desempenho dos médios e uma outra alegria na faixa direita com Simão.
O futebol tem destas coisas. Ainda ontem pensávamos que a Coreia jogando como jogou contra o Brasil seria um adversário dificílimo e, afinal, a dinâmica da equipa portuguesa acabou por ser bem mais eficaz que a da brasileira.
A FIFA considerou Ronaldo o homem do jogo. Há quatro anos, nas vésperas do Mundial da Alemanha, um repórter free-lancer inglês percorreu o mundo a fazer uma reportagem tendente a demonstrar quão corruptos são os processos usados pela FIFA na gestão do futebol mundial. Tanto quanto me recordo, a FIFA recusou-se sempre a responder às várias questões que o repórter lhe pretendia colocar e, pelo contrário, enviou várias recomendações aos presumíveis entrevistados para que se recusassem a participar na reportagem.
Seja verdade ou não o que então se disse da FIFA, a verdade é que ninguém percebe os critérios que determinam a escolha do “melhor em campo”. A única coisa que se sabe é que a escolha quase nunca coincide com o que se passa no campo. E sabe-se também que Cristiano Ronaldo está ligado a mil e um interesses comerciais. E ainda se sabe, principalmente desde que Scolari deixou de ser seleccionador, que as prestações de Ronaldo na selecção não só têm sido más, como têm sido prejudiciais à equipa. Não vale a pena perder muito tempo com isto, porque, salvo os comentadores tipo Bruno Prata e outros tontos como os da RTP N, toda a gente está de acordo com a qualificação das prestações de Ronaldo na selecção.
Começando pelo homem do jogo. Há claramente três: Coentrão, Tiago e Meireles, depois do golo.
Meireles com o golo que marcou – uma excelente desmarcação a corresponder a uma excelente abertura de Tiago – acabou por ser decisivo para o desfecho da partida. Até ao golo não esteve bem. Perdeu algumas bolas e fez dois ou três passes errados. Tiago esteve sempre muito bem – muito melhor do que Deco – e marcou dois golos. Coentrão esteve excelente durante todo o jogo. Se tivesse marcado um golo – e esteve quase a marcar numa excelente jogada com Ronaldo – seria ele inevitavelmente o homem do jogo. Não tendo marcado, deve repartir essa distinção com Tiago.
O jogo tem claramente duas fases. A primeira parte, em que a Coreia jogou ao seu nível, e Portugal fez uma excelente exibição, porventura a melhor da era Carlos Queiroz. E a segunda parte, em que depois do segundo golo a equipa coreana se desconjuntou completamente e facilitou a goleada a partir dos 3 a 0.
Na primeira parte ficou evidente quão perniciosa é (do ponto de vista do jogo jogado, claro) a presença de Deco na equipa. Deco está em decadência desde que saiu do Barcelona e suas prestações na selecção depois dessa data têm sido sempre negativas. Emperra o jogo, perde muitas bolas. Enfim, só um tonto não vê que Deco não tem lugar. Mas nessa primeira parte ficou também patente a participação negativa de Ronaldo na equipa. Com o estatuto de vedeta ou até de super vedeta, sem correspondência no jogo de equipa, Ronaldo remata quando deveria passar; corre com a bola quando deveria servir um companheiro; enfim só está em campo a pensar em si.
No segundo tempo, depois da equipa coreana se ter desconjuntado, Ronaldo melhorou consideravelmente como jogador de equipa. Deve ter tido um lampejo de inteligência que o iluminou na hora certa, fazendo-lhe ver que se valoriza muito mais jogando para a equipa do que desbaratando inutilmente o esforço colectivo para satisfação do seu super-ego. Oxalá continue no futuro, do mesmo modo como acabou o jogo. Caso contrário, não faz qualquer falta.
As alterações introduzidas na equipa e a sua dinâmica – a dinâmica colectiva vale mais do que qualquer esquema táctico teórico – estão na origem desta sensacional reviravolta. A equipa desde logo mostrou uma outra vontade, patente nas subidas de Coentrão pela banda esquerda do campo e no modo como Tiago se desenvencilhava das funções a meio-campo. Apesar de a bola se perder quando ia para Ronaldo, nunca a equipe perdeu a sua identidade.
Boa exibição da defesa, guarda-redes incluído, apesar das conhecidas limitações actuais de Miguel; razoável exibição de Pedro Mendes na fase difícil; bom desempenho dos médios e uma outra alegria na faixa direita com Simão.
O futebol tem destas coisas. Ainda ontem pensávamos que a Coreia jogando como jogou contra o Brasil seria um adversário dificílimo e, afinal, a dinâmica da equipa portuguesa acabou por ser bem mais eficaz que a da brasileira.
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