QUE MISÉRIA DE COMENTÁRIO
O programa de hoje à noite na RTP N sobre o Mundial foi elucidativo sobre a capacidade e competência crítica do comentador de futebol sr. F. Lobo.
Após uma primeira intervenção de um jornalista, sobre a continuidade de Queiroz à frente da selecção, o Sr. Lobo disparou: Sim, também estou de acordo que Queiroz deve abandonar a selecção. Os portugueses não o merecem.
Todos ficamos estarrecidos e esclarecidos com esta explicação. Ela é, sem dúvida, digna de um grande pensador.
Mas há mais: é consensual entre a maioria esmagadora dos comentadores e dos adeptos de futebol que Queiroz não soube seleccionar os melhores jogadores; fez escolhas inadmissíveis; depois, escalou a equipa com erros de palmatória; fez substituições inaceitáveis; a fase de qualificação foi uma vergonha: conseguiu pôr os adeptos contra a selecção; pôs a equipa a jogar um futebol que ninguém aplaude; no Mundial, em três jogos não marcou um golo; enfim, só fez asneiras.
Todavia, deve ficar, diz o sr. Lobo, porque tem um projecto para o futebol português. É caso para perguntar: que projecto é esse se cerca de uma dúzia dos jogadores que estiveram na RAS têm mais de 30 anos? E que projecto é esse que não obtém resultados? Se é um projecto de formação, então que vá para as camadas juniores e largue o comando da selecção principal.
O sr. Lobo acha que não, porque, tal como odiava Scolari, “ama” Queiroz, como “ama” certos jogadores. Logo deve ficar, pela mesma razão que certos jogadores devem jogar. Que capacidade crítica e de análise tem um comentador que faz o seu trabalho a partir de estes estados de alma?
Mas há mais: o sr. Lobo amua, porque, tal como acontece com Queiroz, as pessoas não o compreendem - ele que sabe tanto de futebol!
Se o sr. Lobo quer aprender a comentar futebol faça um estágio na ESPN Brasil, de preferência com o PVC e tente, humildemente, se tiver inteligência para tanto, aprender.
Só hoje à tarde pude ver as imagens que a cuatro (de Espanha) pôs a circular sobre Cristiano Ronaldo, durante várias fases do jogo contra a Espanha. Não estou interessado nas imagens colhidas do fim do jogo, nem nas palavras trocadas entre CR e o repórter. O que me interessa analisar é o desespero do jogador, durante quase todo o desafio, por ter intuído e depois compreendido que jogando a equipa daquela maneira estaria condenada à derrota e ele não poderia fazer nada, absolutamente nada. Frustrado por já não ter sido capaz de se mostrar nos três jogos antecedentes e pressentindo a inevitabilidade da eliminação, o jogador tem a intuição correcta de que está tudo perdido e censura o treinador.
É uma imagem dramática de quem pressente o desenlace e não dispõe de meios para o contrariar.
Mas não adianta censurar o treinador. Ele é um “programador”. Programa tão bem e tão completamente que até já tinha decido há um mês que Ricardo Costa iria jogar contra o Brasil, tivessem jogado bem ou mal os que fizeram o lugar nos jogos anteriores, do mesmo modo que tinha programado, no jogo decisivo contra a Espanha, substituir o Hugo Almeida aos 60 minutos por Danny.
O sr. Lobo concorda que Queiroz tem certa dificuldade em mudar de plano em função das vicissitudes do jogo, mas, tal como Queiroz, também ele tem muita dificuldade em perceber que um tipo que age assim é burro!
Isto parece anedota, nas não é. As coisas passaram-se assim.
Como Lobo e Queiroz são praticamente iguais, a conclusão que se impõe é não ouvir os comentários de Lobo e deixá-lo a falar sozinho. Já quanto a Queiroz o problema é mais grave: tem de haver uma fortíssima pressão da opinião pública para que Queiroz se demita. Qualquer que seja o motivo, mesmo que seja o de os portugueses o não merecerem, ele será se bom se o objectivo for alcançado. O que importa é que ele se demita.
A imprensa espanhola diz que Luis Aragonês será o novo seleccionador português…
Sem comentários:
Enviar um comentário