BENFICA COMEÇA COMO
ACABOU
Aconteceu o que se previa. O Benfica depois de uma pré-época
decepcionante começou o campeonato tal como o acabou. As desculpas começarão por
recair sobre as arbitragens, mas essa não é nem será a verdadeira razão da
fraca época que o Benfica se prepara para fazer.
Depois do que aconteceu o ano passado, a equipa e os
benfiquistas em geral caíram numa espécie de depressão colectiva da qual só
poderiam sair por uma de duas vias: ou substituindo a maior parte dos
jogadores, injectando sangue novo na equipa e nos adeptos, ou substituindo o
treinador, dando aos jogadores e aos adeptos uma anova razão para acreditarem num futuro diferente e melhor.
Por razões nunca completamente esclarecidas, o Benfica – a direcção
do Benfica ou o seu presidente – entendeu que deveria manter em funções Jorge
Jesus quando o estado de espírito dos jogadores e dos adeptos aconselhava uma
profunda substituição da equipa técnica em virtude de as três derrotas
sucessivas do ano passado, que ditaram a perda de três importantes competições, terem
deixado a “nação benfiquista” profundamente desconfiada sobre a capacidade de os
derrotados de ontem poderem hoje inverter a situação.
Os lamentáveis episódios da final da Taça de Portugal, pelos
quais ninguém até hoje foi responsável, a situação de Cardozo que se arrastou
também sem solução até aos dias de hoje - e já lá vão quase três meses - indiciam ausência de liderança
e demonstram também a incapacidade de a direcção do Benfica estar à altura do
clube que dirige.
Numa altura da época em que ainda se não sabe quem fica e
quem sai na equipa de futebol, em que, ao contrário do que é hábito, se vê o
Benfica mais interessado em vender do que em conservar jogadores fundamentais,
que só ainda não saíram por o mercado se encontrar em fase de profunda
contracção, o mais provável é que o Benfica venha a perder alguns dos melhores
jogadores por baixo preço sem que as aquisições entretanto efectuadas estejam
em condições de colmatar essas prováveis lacunas.
Quanto ao jogo da Madeira de hoje contra o Marítimo, o que se assistiu foi a uma equipa
completamente falha de ideias, uma equipa deprimida, absolutamente incapaz de
dar a volta ao jogo quando teve de atacar e errante e inconsistente quando teve
de defender. Dos centrais ao avançados, passando pelos laterais, só Matic no meio
campo parecer um pouco do fulgor do ano passado.
A vitória do Marítimo por 2-1 não sofre contestação. O Benfica nunca esteve à altura da vitória.
A jogar assim – é assim que o Benfica vai jogar durante a
época, a menos que algo de muito radical aconteça – o campeonato estará entregue
por volta da décima jornada.