AS INCONGRUÊNCIAS DE JESUS
Não se percebe se Jorge Jesus está
na plenitude das suas faculdades como treinador ou se algo de anormal se passa
com ele.
Comecemos pelo lado menos grave da
questão, mas que não deixa de causar um grande desconforto aos benfiquistas. Em
primeiro lugar, os elogios ditirâmbicos a equipas normais como o PSV e que nada
justificavam. É uma equipa típica da 2.ª divisão europeia, que pode ser goleada
no campeonato holandês, como também pode perder nas competições internacionais,
tanto em casa como fora, por equipas teoricamente mais fracas. Onde está,
então, essa superequipa que Jesus viu?
Depois vem as afirmações sobre
outras equipas, como o Bayern, de que é a “melhor equipa do mundo” e que tem os
melhores jogadores do mundo, tudo isto antes de o Benfica ter feito os jogos
que tem para fazer com os alemães na Liga dos Campeões. Que necessidade tem ele
de estar a apregoar aos quatro ventos a superlativa classe do Bayern? Para amedrontar
e desmoralizar os seus jogadores ou para antecipadamente se desculpar se vier a
ter uma derrota pesada em Munique? Em qualquer dos casos, a resposta a estas
intervenções de Jesus será sempre negativa.
Vem também a seguir as habituais
afirmações sobre as excepcionais intervenções do Benfica depois do intervalo.
Todas estas intervenções sobre o brilhantismo do Benfica se referem a jogos em
o Benfica jogou mal ou até muito mal durante o tempo quase todo. E aquela
história de as tais “grandes exibições “ só virem depois do intervalo, só
agravam a sua posição como treinador e não o contrário, como ele supõe. Se ele
ao intervalo tem de corrigir quase tudo, é porque preparou mal o jogo e não
contrário.
Finalmente, vem a desconsideração dos
seus jogadores. Primeiro foi o Vlachodimus, que depois de excelentes exibições
nas fases de apuramento para a Liga dos Campeões nunca ouviu da boca do seu
treinador uma palavra de conforto ou de incentivo. Antes pelo contrário, com
aquela cara de “grande sábio” que ele próprio se atribui, diz aos jornalistas
que eles não percebem nada do que estão ver, e que o guarda-redes do Benfica
não fez mais que a sua obrigação. Em contrapartida, fica positivamente
embasbacado com duas defesas de Neuer, sendo uma delas perfeitamente normal e a
outra com algum grau de dificuldade, todavia atenuada pela estatura do
guarda-redes.
Como se não bastasse, no último
jogo contra o Vizela, em que o Benfica fez uma triste exibição desconsiderou
Rafa, que salvou a equipa (de várias coisas, entre as quais o jogo de Vizela se
tornar no quarto jogo consecutivo sem ganhar no tempo regulamentar, tudo contra
equipas, com excepção do Bayern, que ou são da segunda divisão ou lutam para
não descer) e também o Pizzi, que ele tem preterido em detrimento de jogadores
que ele pediu para comprar por dezenas de milhões de euros e que não têm
rendido nada, nem a maior parte dos adeptos acredita que algum dia venham a
render, enquanto o Pizzi, múltiplas vezes campeão com Vitória e Laje, tem no
decorrer da sua carreira, feito muito boas exibições e marcado muitos golos.
Pois o que ocorreu dizer a Jesus, depois do comportamento discriminatório que
tem tido em relação a Pizzi, pondo-o sistematicamente no banco ou dando-lhe
escassíssimos minutos, foi dizer que eles não defendem. Qualquer dia, a equipa
do Benfica só tem defesas: actualmente já joga com cinco defesas e dois médios
defensivos e ainda precisa que jogadores como Pizzi e Rafa andem a defender em
vez de marcarem ou darem golos a marcar como sabem fazer e bem?
O que se espera é que Rui Costa não
embarque em euforias com Jesus e se mantenha à distância suficiente para fazer uma
avaliação serena do desempenho do treinador.