quinta-feira, 31 de maio de 2012

ENQUANTO NÃO CHEGA O EURO 2012




CONTINUA A BATOTA NA ITÁLIA

Enquanto não chega o Euro 20122 vamos tomando conhecimento das novas contratações do Benfica, dos humores instáveis do presidente do Braga, dos “azares” do presidente da Académica e da batota na Itália.

O Benfica persegue algo com a obsessão própria de quem não consegue desfazer-se de uma imagem que lhe possa reproduzir a ala esquerda da época 2009/10, Coentrão/Di Maria, e alguém que lhe substitua o insubstituível Ramires. Mais do que a falta de David Luiz, bem colmatada por Garay, aqueles outros três que se foram embora é que continuam a ser no imaginário benfiquistas a causa dos insucessos subsequentes.

Não será certamente uma boa ideia preparar o futuro a partir da nostalgia do passado, mas se o treinador e os adeptos ficam mais confiantes com Ola Johnson, Rojo e Salvio e se acreditam que eles podem substituir Coentrão, Di Maria e Ramires pelo menos iniciarão o novo campeonato com uma confiança que até agora lhes tem faltado.

Em Braga já havia dúvidas sobre as razões que estavam a levar o presidente à não substituição do treinador. Quando menos se esperava ela aconteceu, a pretexto de uma inócua entrevista concedida pelo treinador a um jornal desportivo. Há quem veja nessa substituição a preparação do caminho para o ingresso de Jardim no FCP, arranjando-se para Vítor Pereira um contrato irrecusável numa qualquer outra parte do mundo, a começar pela Grécia e acabar nas arábias ou no Extremo oriente.

Pode ser, mas não é muito crível. É mais razoável pensar que o presidente do Braga está tão ciente de que a ascensão do clube aos lugares cimeiros do futebol português se deve exclusivamente à sua liderança que nem sequer lhe passa pela cabeça, nem quer que passe pela de ninguém, que os treinadores que por lá tem estado têm nisso alguma influência.

Daí que substitua Leonardo Jardim com o mesmo à vontade com que vende ou dispensa um jogador. Dentro desta lógica também não é crível que aposte em alguém que já lá tenha estado. Veremos…

Entretanto, o presidente da Académica, depois da notável vitória da Briosa na Taça de Portugal, viu agravada uma sentença com uma pena bem mais pesada do que aquela em que antes havia sido condenado e que quase tinha passado despercebida na opinião pública. Percebe-se agora que o acto praticado é muito grave – corrupção passiva por acto ilícito e abuso de poder – não diminuindo em nada a gravidade  do seu comportamento o facto de o beneficiado ter sido a equipa de futebol da Associação Académica e não ele, já que o que está em causa é a obtenção de uma vantagem ilícita conseguida no desempenho de funções públicas. Se a censura e a reprovação pelo acto praticado não existissem, como se poderia amanhã censurar quem se deixasse corromper em benefício de um partido político, que mais do que uma instituição de utilidade pública, é um verdadeiro pilar do Estado democrático em que vivemos?

E já que se fala de seriedade, que dizer destes episódios que recorrentemente acontecem em Itália e que até levam o Primeiro Ministro a sugerir, como opinião pessoal, a suspensão do futebol por alguns anos?

A primeira coisa que se pode dizer é que apesar da recorrência do fenómeno também há a recorrência da sanção, enquanto noutros países à recorrência da batota apenas se segue a continuação da batota! Lá como noutros lados também há certos clubes ou jogadores ou outros responsáveis desses clubes que directa ou indirectamente estão sempre associados à batota, não obstante as sanções que já sofreram.

As técnicas de batota no futebol evoluíram muito, não apenas nos objectivos que se pretendem alcançar – são agora mais diversificados – como principalmente nos meios que se utilizam para os atingir. Se a investigação não acompanhar estes meios vai sempre andar atrás e nunca a par do batoteiro, além de outras limitações existentes noutros países, que têm a ver com o funcionamento dos tribunais – isto é: com o não funcionamento – que faz com que dificilmente haja sanções por mais evidentes que sejam as infracções.

terça-feira, 29 de maio de 2012

AS CONFISSÕES DE SCOLARI




A CONFIRMAÇÃO DO QUE SABIA




Em entrevista à RTP, Scolari fala das possibilidades da selecção portuguesa no Euro 2012 e, pela primeira vez, confessa publicamente um conjunto de factos de que já se suspeitava, ou se tinha mesmo a certeza que aconteciam, mas que a partir de agora passam a ter a confirmação de quem conviveu com eles de perto.

Scolari fala da influência de Pinto da Costa nas escolhas do seleccionador, das conversas com o presidente da Federação para lhe sugerir a escolha deste ou daquele jogador e fala também da hostilidade que teve de suportar por se ter mantido fiel à independência de acção à frente da selecção.

Mas fala também, pela primeira vez, pelo menos de modo explícito, sobre a não convocatória de Vítor Baia e curiosamente diz que ficou a saber por Pinto da Costa dos conflitos do guarda-redes com o treinador do Porto e com o clube  o que associado às conversas que entretanto ia tendo sob a influência de Vítor Baia no balneário o levou à sua não convocação.

Confessa também que depois de ter deixado a selecção portuguesa as suas relações com Pinto da Costa normalizaram.

Esta conversa tida em estilo descontraído com o repórter da RTP em São Paulo confirma o que já se sabia quanto à influência de Pinto da Costa em todos os domínios do futebol português mas confirma também que há todas as razões para suspeitar que essa mesma influência se mantém tanto na selecção como noutras áreas do futebol desde que as pessoas que têm a função de decidir nos mais diversos lugares dos órgãos federativos ou da Liga de clubes não tenham a coragem ou a força suficientes para manter a sua independência, fazendo frente às pressões de dirigentes poderosos e temíveis como Pinto da Costa.

Ao nível da selecção é legítimo continuar a perguntar por que razão não foi João Moutinho convocado para o Mundial da África do Sul ou por que motivo chamou Paulo Bento para o euro 2012 jogadores que nunca antes tinham sido convocados, inclusive quando eram titulares nas suas equipas, ou por que deixou de convocar outros.

Assim como é legítimo perguntar como puderam os presidentes do Sporting e do Benfica apoiar para presidente da Federação Portuguesa de Futebol um ex-braço direito de Pinto da Costa que, se divergências teve com ele, foram divergências de gestão empresarial, mas nunca  de estratégia clubística.

COMENTÁRIO SOBRE O COMENTÁRIO DESPORTIVO




ALGUMAS INCONFIDÊNCIAS



Ouvindo, em fim de estação, o comentário desportivo desta segunda-feira fica-se a saber que a provocação isenta de responsabilidade o autor do crime. Não se percebe bem se a provocação é uma causa de exclusão da ilicitude ou se é uma simples causa de exclusão da culpa, mas que para os adeptos e comentadores do FC Porto é algo bem mais grave do que o crime, isso não há qualquer espécie de dúvidas. E também não interessa definir o que é a provocação, se ela tem que ser injusta ou não – para os adeptos e comentadores do Porto bater com a mão no bolso de trás das calças é um acto que justifica e legitima desforra, contanto que seja praticado num pavilhão desportivo do FC Porto e na presença do seu excelentíssimo presidente! Por este lado estamos entendidos.

O que a partir daí se passou fora do campo, ou melhor, o que se passou depois da equipa vencedora ter conseguido sair das instalações do FC Porto, seria tristemente ridículo se não fosse a perfeita imagem da iliteracia que reina no nosso futebol. Quem terá escrito aqueles comunicados?

Mas dos ditos programas ficou também a saber-se que o Benfica já perdeu a confiança no presidente da Federação Portuguesa de Futebol. O que é espantoso é que o Benfica alguma vez lha tenha concedido. Como se compreende que o SLB e o SCP apoiem para presidente um ex-braço direito de Pinto da Costa? Com inimigos destes bem ele pode andar entretido com aquelas coisas que normalmente o distraem, desde que acorde a  seis ou sete jornadas do fim.

E foi isso o que também se percebeu da conversa desta noite. Falando claro: um comentador do Sporting avisou um comentador do Benfica que a estratégia que ele estava a seguir – a de não criticar a arbitragem – iria dar mau resultado, porque ele – comentador do Sporting – sabia que a partir de determinada altura o Benfica iria ser prejudicado. E responsabilizou por tudo o que se passou o presidente da comissão nacional de arbitragem…

Não há nada como um futebol à portuguesa onde tudo se passa e nada acontece!

Finalmente, percebeu-se também que a falta de confiança no seleccionador nacional de futebol já mina a opinião da maior parte dos apoiantes da selecção nacional. Se no próximo jogo, contra a Turquia, não houver uma vitória e uma exibição convincentes, Paulo Bento partirá para a Ucrânia muito isolado dos adeptos, sem margem para errar. E até a instalação da equipa num dos lugares mais luxuosos e mais caros de todos os que foram escolhidos pelos 16 participantes lhe irão cobrar!


sábado, 26 de maio de 2012

A SELECÇÃO NACIONAL ASSOBIADA EM LEIRIA




EMPATE A ZERO COM A MACEDÓNIA
PORUGAL - 0 - MACEDÓNIA - 0



No jogo desta tarde, em Leiria, a selecção não foi capaz de ir além de um empate com a Macedónia, num jogo fraco que não agradou a ninguém, a começar pelo público presente no estádio.

Com um alinhamento que não será muito provavelmente o que vai apresentar no Europeu, a selecção não conseguiu vencer a modesta equipa da Macedónia. Com um meio campo sem ideias, incapaz de abrir perspectivas aos avançados, com dois extremos sem grande criatividade, apesar de um deles se chamar Cristiano Ronaldo, e com um ponta de lança que não marca golos nem se coloca em condições de os marcar, a selecção praticamente nada fez no primeiro tempo e no segundo também não.

Na defesa, Coentrão, muito limitado durante a época, por força da tirania táctica de Mourinho, ainda não consegue manter o fulgor doutrora, embora dê algumas indicações de que poderá lá chegar. Do outro lado da defesa, João Pereira não se deparou com grandes dificuldades, embora também não feito nada de especial no ataque, sendo provável que neste jogo, mais do que qualquer outro, se tenha deparado com o fantasma de Bosingwa. Por alguma razão Paulo Bento se viu obrigado a fazer um elogio de todo despropositado.

Beto na baliza e Bruno Alves e Rolando como centrais foram resolvendo as poucas dificuldades que tiveram, embora estes dois tenham porventura recorrido exageradamente a faltas.

Na segunda parte as substituições que foram sendo feitas com a intenção de dar minutos a outros jogadores pouco acrescentaram ao que até então vinha sendo feito. Raul Meireles de quem porventura mais se esperaria passou completamente ao lado do jogo e Nani também nada acrescentou. Hugo Almeida fez o habitual, pouco, e Nelson Oliveira não chegou verdadeiramente a integrar-se no ataque, apesar de ter participado numa jogada com perigo.

Os assobios do público a Quaresma e depois à selecção não podem ser desligados de uma certa crítica a Paulo Bento que vem perdendo com o tempo e com a sua actuação a aura com que partiu. O público é muito sensível à falta de independência do seleccionador – Scolari, é bom lembrá-lo, nunca foi assobiado - e relativamente a Paulo Bento começa a haver indícios de que já está “integrado”.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

AINDA OS DESACATOS DOS ADEPTOS PORTISTAS




É PROIBIDO COMEMORAR?
Associação de Basquetebol do Porto apoia dragões



As justificações apresentadas pelo FCP para os desacatos que aconteceram no pavilhão do dragão depois da vitória do Benfica na Liga Portuguesa de Basquetebol são obviamente inaceitáveis. Como os dirigentes do Porto nunca condenam a violência dos seus adeptos e várias têm sido as vezes que a provem ou aplaudem não seria de esperar que desta vez tivessem uma actuação contrária.

O que é espantoso é que a maior parte da imprensa desportiva acolha directa ou sibilinamente a tese do Porto segundo a qual tudo se deve aos festejos do treinador do Benfica.

Mas poderá alguém com um mínimo de decência criticar a comemoração de uma vitória seja em que campo for? Alguém pode criticar o Porto por o ano passado ter comemorado no Estádio da Luz o título de campeão? O que toda a gente criticou, benfiquistas incluídos, foi o “apagão” e a rega como retaliação pela vitória. Mesmo as atitudes aparentemente mais provocatórias, como o gesto de Jardel em San Siro, depois do golo que marcou ao Milan, têm de ser aceites no futebol como coisas normais.

Mas nem sequer foi nada disso que se passou no pavilhão do Porto, mas antes e só a comemoração por uma vitória difícil alcançada na casa do adversário.

Que os dirigentes do Porto procedam como procederam é normal – naqueles lados não só não há fair play, o que seria o menor dos males, como se recorre a todos os meios para assegurar a vitória. O que é espantoso é que uma parte considerável do jornalismo desportivo “embarque” na conversa do Porto. O que só prova aquilo que aqui frequentemente se tem dito: o jornalismo desportivo é a parte mais corrupta do desporto português.

LUÍS FILIPE VIEIRA ATACA FORTE




E AGORA O QUE VAI RESPONDER O DRAGÃO?

«Um ladrão não deixa de ser ladrão por visitar o Papa»



Seguramente “picado” pelas recentes declarações de José Eduardo Moniz, que se declarou vexado pelos constantes remoques do presidente do FC Porto, a ponto de ter dito: “O Benfica tem de deixar de ser gozado por Pinto da Costa”, Luís Filipe Vieira aproveitou os incidentes do Porto, após o jogo de basquetebol que ditou a vitória do Benfica no respectivo campeonato, bem como o incrível comunicado publicado pela direcção portista, para fazer um ataque sem precedentes a Pinto da Costa.

Depois de ter severamente verberado os incidente e de ter reclamado por justiça disse: “Um ladrão não deixa de ser um ladrão por declamar poesia ou por ir ao Papa. Um fugitivo da justiça não deixa de o ser apenas porque alguns juízes decidiram assobiar para o lado”.

E depois vem aquele rosário de acusações que todo o mundo conhece sobre o que se tem passado no futebol em matéria de arbitragens.

A partir de agora o que terá mais interesse será a reacção do visado. Será que vai para tribunal? Será que vai responder? Será que vai fazer de conta que não é nada com ele e servir, mais tarde, a vingança fria? Ou será ainda que vai acontecer alguma outra coisa semelhante a outras que já aconteceram no passado?

quinta-feira, 24 de maio de 2012

BENFICA CAMPEÃO NACIONAL DE BASQUETEBOL




O QUE SE PASSOU NO PORTO

O Benfica conquistou o título de campeão da Liga Portuguesa de Basquetebol ao vencer, no Dragão, o quinto e decisivo jogo da final dos play-off. Não vem ao caso comentar a época de ambas as equipas nem sequer os cinco jogos da final rodeados de incerteza quanto ao vencedor até ao último segundo da última partida.

O que importa mais uma vez sublinhar é a incapacidade de a “doutrina desportiva” de Pinto da Costa aceitar a derrota qualquer que seja a modalidade em que ela ocorre e o que frequentemente acontece quando o Porto disputa jogos decisivos no seu reduto seja em futebol ou em qualquer outra modalidade.

Que o Porto tivesse ficado decepcionado com a derrota sofrida é compreensível e aceitável.  Mas de forma alguma se pode aceitar que o Porto, mais uma vez, provoque distúrbios no pavilhão onde o jogo teve lugar e tentativas de agressão que obrigaram a equipa adversária a refugiar-se no balneário sem sequer poder receber publicamente o troféu de campeão.

As imagens televisivas não mentem: o treinador do Porto, por razões que somente ele saberá explicar, veio tirar satisfações junto da equipa técnica e jogadores do Benfica que festejavam, em campo, a vitória. Acalmados os ânimos, o treinador do Porto regressou ao seu lugar e os festejos continuaram até serem interrompidos pelo lançamento de vários objectos para dentro do campo que obrigaram a equipa do Benfica a refugiar-se no balneário durante longo tempo e inclusive a receber fora dos olhares do público a Taça símbolo da vitória.

A polícia perante os desacatos dos adeptos portistas fez o que lhe competia: protegeu os jogadores e a equipa técnica do Benfica dos distúrbios e pôs ordem nas bancadas, apesar de o presidente do Porto ter entrado em campo para invectivar a polícia em vez de a ajudar a restabelecer a ordem.

Pois o Porto, em vez de pedir desculpa pelo sucedido, veio publicamente responsabilizar o treinador do Benfica (!!!) e culpar a polícia pelos desacatos! Perante uma tão grosseira falsificação dos factos e perante o comportamento dos responsáveis máximos do Porto jamais se poderá esperar que deles saia uma palavra contra os comportamentos antidesportivos dos seus adeptos por mais inaceitáveis que eles sejam.

Ontem como hoje deles só se pode esperar comportamentos que directa ou indirectamente incentivem actos como os que ontem tiveram lugar no pavilhão do dragão e que, no fundo, têm pautado a história do FC Porto durante o longo mandato de Pinto da Costa. Além dos discursos demagógicos incendiários ou desrespeitadores dos adversários como aconteceu com as comemorações da vitória no campeonato de futebol, assiste-se, sempre que as circunstâncias o proporcionem, como foi o caso de ontem, à contemporização, se não mesmo a concordância, com tudo o que de negativo vem das bancadas ou da rua.

Curioso será sublinhar, por último, que o jornal Público com a habitual pudicícia que o caracteriza em tudo o que diga respeito ao FCP nem sequer noticiou aqueles acontecimentos.



ADITAMENTO


Se o noticiário da tarde da RTP sobre os desacatos dos adeptos do FCP já havia sido uma vergonha pela parcialidade com que foram noticiados, o da noite, na SIC, é um verdadeiro escândalo. Como é possível que uma estação de televisão apresente como justificação para os desacatos dos desordeiros do Porto umas simples manifestações de contentamento do treinador do Benfica pela vitória alcançada?

Isto só prova o que aqui frequentemente se dito: os grandes corruptos do desporto português são os jornalistas desportivos. Depois deles é que vem os corruptores

FINAL DA TAÇA DO REI OU CONTRA O REI?




BARCELONA-ATHLETIC NA SEXTA-FEIRA

Amanhã defrontam-se em Madrid, no estádio Vicente Calderón, o Barcelona e o Athletic de Bilbau na final da Copa d’ El Rey.
Os dois clubes que mais trofeus conquistaram, depois de uma forte polémica sobre o local a designar para a realização da final, aceitaram jogar em Madrid no estádio do Atlético de Madrid.
Tendo-se confrontado por várias vezes na final desta competição, em jogos sempre marcados por muita emoção, o de amanhã tem um aliciante suplementar de natureza marcadamente política.
O Athletic e o Barcelona são as equipas mais representativas das duas nacionalidades históricas mais nacionalistas do Reino de Espanha – o País Basco e a Catalunha.
O facto de o jogo se realizar em Madrid oferece aos adeptos de ambas as equipas uma oportunidade extraordinária para manifestarem os sentimentos nacionalistas com provável repúdio dos símbolos nacionais espanhóis – o Rey e o hino.
Não é de pôr de parte que sexta-feira em Madrid, à semelhança do que aconteceu em 2009 em Valência, o Rey, ou o Príncipe herdeiro, e o hino sejam assobiados.
Para acirrar ainda mais os ânimos, a presidente da Comunidade de Madrid, Esperanza Aguirre, conhecida pelas suas posições de extrema-direita, veio propor que se tal acontecer se suspenda o encontro e se realize noutro lugar à porta fechada.
Esta declaração foi prontamente criticada pelas forças políticas bascas e catalãs, bem como pelas galegas, e pelo próprio PSOE que apodou de pirómana a conhecida militante do PP. Mas houve também quem lembrasse que aquelas declarações têm por finalidade criar uma cortina de fumo destinada a evitar que se discuta o défice da sua Comunidade (muito superior ao anunciado) e as manobras políticas, da sua responsabilidade, que levaram à falência de la Bankia.
Aconteça o que acontecer, a polémica que os sectores nacionalistas espanhóis já abriram com os independentistas da Catalunha e do País tendo o futebol como pretexto, relegaram para segundo plano o interesse pelo jogo…pelo menos até à hora do seu começo.
Está também marcada para esse dia uma manifestação da extrema-direita em Madrid, autorizada pelo tribunal apesar da tentativa de adiamento para segunda-feira, sendo por isso muito provável a ocorrência de confrontos no fim do jogo, se a polícia não conseguir separar as claques das duas equipas e os ditos manifestantes.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

AS ESCOLHAS DE PAULO BENTO




A DIFICIL TAREFA DA SELECÇÃO NACIONAL



Já muito se falou das escolhas de Paulo Bento. Portugal com um universo de recrutamento pequeno não tem muito por onde escolher. Não há indiscutíveis que tenham ficado de fora. Mas há dentro, discutíveis.

Paulo Bento perdeu parte da aura que ganhou nos primeiros jogos quando se revelou, primeiro, teimoso, às vezes até casmurro, e depois, menos independente do que muitos supunham.

E são esses dois aspectos que acabam por estar presentes na convocatória anunciada há dias.

Há nomes na lista de convocados que não fazem qualquer sentido, salvo o sentido que resulta de já terem, sem sentido, sido sistematicamente convocados para a fase de grupos e para o play off.

No meio campo Rúben Micael é uma escolha que não acrescenta rigorosamente nada à selecção. Tão pouco a sua prestação na liga espanhola justificaria a chamada. De fora ficaram jogadores como Manuel Fernandes, um médio de grande talento, e mesmo Hugo Viana que não sendo um jogador adaptável a todos os estilos de jogo deveria por isso mesmo ter sido convocado. Numa emergência haveria ali uma alternativa diferente a quem lá estava.

No ataque Ricardo Quarema já demonstrou não ter nem a regularidade nem talvez mesmo a estabilidade psicológica necessárias para jogar na selecção. A selecção necessitaria de alguém que pudesse ser uma verdadeira opção a Ronaldo e a Dani. Quarema não é. Também é injustificável a chamada de dois jogadores com o Postiga e Hugo Almeida, poi,s sendo ambos apenas sofríveis, um deles bastaria.

Na defesa é inadmissível que Bosingwa não tenha sido convocado. Se a chamada de Miguel Lopes foi o que se pode chamar uma surpresa agradável, pelo bom campeonato que fez nesta ponta final, a insistência em João Pereira como titular, além de ser um risco permanente, representa também uma menos valia competitiva no plano técnico. Se tivermos em conta a época medíocre de Coentrão, em grande parte ditada pela concepção táctica castradora de Mourinho, percebe-se o risco que a defesa portuguesa pode correr logo nos primeiros dois jogos, ambos decisivos, com a composição que desde já se adivinha. Risco agravado pela instabilidade disciplinar de Pepe, um defesa “marcado” pelas arbitragens.

Em Portugal os seleccionadores apenas convocam jogadores dos chamados grandes, agora também do Braga por ter repetidamente ficado à frente do Sporting e são completamente avessos à escolha de jovens por mais óbvios que sejam os seus talentos. Essa seguramente a razão por que Hugo Vieira fica de fora.

Deve, porém, reconhecer-se que com estas ou outras escolhas a tarefa de Portugal será sempre muito difícil e a passagem aos quartos de final muito problemática. Se o conseguir será um grande feito já que o grupo que vai integrar no Euro 2012 é sem dúvida o mais forte de todos os que já conheceu desde 1996. Aliás, os grupos do Europeu tendem a ser, quase sem excepções, bastante mais fortes do que os do Mundial.

Ronaldo, que tem beneficiado de uma grande campanha com vista ao “melhor do ano” pela grande época que fez, dificilmente poderá atingir na selecção os níveis exibicionais que alcançou no Real Madrid ou, antes, no Manchester, pela razão simples de lhe faltarem na selecção os jogadores que alinham naqueles clubes.
Vencer a Alemanha ou a Holanda e a Dinamarca é tarefa muito difícil. E, em princípio, Portugal terá de vencer dois jogos para passar ou, talvez, empatar dois e ganhar um. Muito difícil.

ACADÉMICA VENCE A TAÇA DE PORTUGAL



UMA VITÓRIA MERECIDA


ACADÉMICA - 1 - SPORTING - 0


A Académica ganhou hoje pela segunda vez aTaça de Portugal 73 anos depois de ter vencido a primeira.

Num jogo que o Sporting tinha antecipadamente por ganho, tanto assim que os seus adeptos e jornalistas mais conhecidos já comemoravam de véspera uma vitória que igualaria a marca do Porto na competição (16 vitórias). Mais uma vez porém o futebol desfez os prognósticos mais seguros.

Na véspera percebeu-se que o Sporting estava nervoso. Desgostou ao Sporting que Adrien, jogador na Académica, emprestado pelo Sporting, tivesse manifestado publicamente o seu desejo de vencer. Esta gente de Alvalade entende, como a coisa mais natural deste mundo, que os deveres do jogador como profissional se devem subordinar aos interesses do Sporting.

É por esta e por outras como esta que há gente no Sporting que já não se iibe de recorrer a vários meios de pressão para conseguir ganhar fora do campo o que os seus jogadores e a sua equipa técnica não conseguem dentro dele.

Bem vistas as coisas, se em Portugal imperasse a verdade desportiva, o Sporting nem nesta final deveria estar depois do que se passou antes do jogo contra o Marítimo. Mas não somente esteve como o dirigente envolvido no depósito bancário a José Cardinal continua na direcção do clube como se nada se tivesse passado.

Antes da final com a Académica alguns “notáveis” sportinguistas fizeram várias pressões sobre os responsáveis pela arbitragem para que certos árbitros não fossem escolhidos. Acabou por ser escolhido um árbitro com pouco curriculum que, à parte as habituais particularidades da arbitragem portuguesa, nem sequer esteve mal no jgo de hoje, mas que exactamente pelo seu pouco peso institucional se poderia prestar a todo o tipo de pressões dentro e à volta do campo. E viu-se, mal o jogo começou, que os jogadores e o corpo técnico do Sporting estavam dispostos a enveredar por esse caminho. É natural que o árbitro tenha sido um pouco sensível a essa pressão na amostragem de dois cartões amarelos a jogadores da Académica por faltas insignificantes, pouco depois compensados por outros dois cartões exibidos a jogadores do Sporting por protestos. No cômputo geral da partida Paulo Baptista terá cometido dois erros com alguma relevância – um fora de jogo não assinalado a Edinho e uma falta para grande penalidade sobre o mesmo Edinho não assinalada.

Em conclusão: por muito que os sportinguistas venham agora falar da arbitragem – e muito provavelmente virão, como sempre fazem – a vitória da Académica é incontestável e só peca por escassa.

Tal como ontem o Chelsea também hoje a Académica jogou contra o Sporting com as armas que tem. Jogou recuada, com as linhas baixas, procurando sempre tirar partido dos desequilíbrios do Sporting.

E conseguiu executar com êxito esta estratégia. Com três minutos de jogo Marinho marcou de cabeça e cinco minutos depois Edinho – esta tarde manifestamente em dia não – não deu a melhor direcção a um remate de cabeça do qual poderia ter resultado outro golo.

Durante toda a primeira parte o Sporting limitou-se a correr muito com a bola sem nunca verdadeiramente causar qualquer perigo. Aliás, Ricardo, o guarda-redes da Académica, não fez na primeira parte uma única defesa digna desse nome.

Na segunda parte a Académica começou melhor e por duas vezes, separadas por escassos minutos, esteve em vias de marcar, ambas por Edinho. Da primeira vez, isolado frente a Rui Patrício, atirou contra o guarda-redes e da segunda, sozinho de frente para a baliza, falhou um golo certo a centro de um companheiro – bastaria “encostar” o pé, coisa que o avançado da Académica incrivelmente não conseguiu fazer.

À medida que o tempo passava aumentava a ansiedade do Sporting e o cansaço da Académica mas, simultaneamente, ia-se firmando a convicção de que os “estudantes” seriam capazes de aguentar o resultado. E foi o que se passou, a Académica, apesar de cansada esteve sempre à altura, das circunstâncias. É certo que perto do fim do encontro o Sporting falhou a única oportunidade de golo que verdadeiramente teve em toda a partida -  isolado face a Ricardo, Wolfswinkel rematou contra o guarda-redes - mas esse "falhanço" de modo algum interfere com a jistiça do resultado.
O árbitro concedeu seis minutos de compensação, sem que o Sporting tenha conseguido tirar partido desse excepcional tempo-extra nem, tão pouco, da pouca força física que a Académica já acusava. E assim se "escreveu" uma vitória que a Académica já merecia há muitas décadas!

domingo, 20 de maio de 2012

CHELSEA CAMPEÃO EUROPEU






DECEPÇÃO EM MUNIQUE

[foto de la noticia]

CHELSEA - 1 - BAYERN - 1
(4-3, GP)

O Chelsea, contrariando os prognósticos mais correntes, tornou-se campeão europeu em Munique, contra o Bayern, no desempate por grandes penalidades.

Foi um jogo emotivo entre duas equipas que entraram em campo com modelos de jogo completamente diferentes. Embora os propósitos fossem os mesmos (ser campeão), os meios postos em prática para lá chegar por cada uma delas foram, porém, muito diferentes.
O Bayern assumiu o jogo desde início, como fez durante toda a Liga dos Campeões, e procurou desde a princípio ganhar vantagem sobre o adversário com base em ataques continuados, a maior parte deles conduzidos por Robben e Ribery, mais por aquele do que por este. Enquanto o Chelsea se remeteu a uma defensiva cautelosa, tentando explorar o contra-ataque com poucas unidades. Mantendo apenas Drgoba na frente, poucas possibilidades o Chelsea tinha de incomodar os alemães, não obstante a excepcional valia do marfinense. Na primeira parte foi assim que jogou e logo se percebeu que sem Ramires e Raul Meireles poucas seriam as hipóteses de os londrinos poderem incomodar o Bayern com transições rápidas.

Na segunda parte o Chelsea mostrou-se um pouquinho mais, mas o pendor do jogo estava todo do lado dos bávaros. Tanto assim que o Bayern somou dezasseis cantos, sem que o Chelsea tivesse beneficiado de um único!

Perto do fim, depois de algumas perdidas mais ou menos clamorosas, o Bayern, por Thomaz Müller, marcou um golo improvável a Peter Chec. Num cruzamento ao segundo poste, Gomez não chegou à bola e ela, pelo ar, sobrou para Müller que de cabeça marcou fazendo-a bater no chão mesmo à frente do guarda-redes. Inexplicavelmente Chec não chegou à bola. Estavam decorridos 83 minutos de jogo e com este golo parecia decidido o vencedor. Acontece que cinco minutos mais tarde, no único canto de que o Chelsea beneficiou, Drogba fez um grande golo de cabeça.

Estava restabelecido o empate e na arena de Munique todos perceberam que a hipóteses mais  provável seria o prolongamento. Nos minutos que faltavam para o termo do tempo regulamentar o Chelsea afoitou-se mais no campo adversário, mas o jogo acabou mesmo empatado.

Veio o prolongamento e com ele, logo nos primeiros minutos, um penalty a favor do Bayern por falta de Drgoba sobre Ribery, que saiu lesionado. Mais uma vez pareceu que o Chelsea iria ficar em desvantagem com necessidade de a partir de então se expor. Acontece que Robben, que este ano protagonizado falhanços incríveis, não obstante ser um extraordinário jogador, atirou para a defesa de Peter Chec.

Com esta defesa o Chelsea ficou mais animado e o Bayern começou a ver pairar sobre a cabeça dos seus jogadores a maldição que os tem acompanhado nas últimas finais europeias.

E assim foi, no desempate por marcação de grandes penalidades o Bayern perdeu! Manuel Neuer defendeu a primeira por Mata, mas as quatro restantes foram todas convertidas, tendo a última – a decisiva – sido marcada por Drogba. O Bayern, por seu turno, permitiu uma defesa a Chec na penalidade marcada por Olic (que entrara para substituir Ribery) e desperdiçou a marcada por Schweinsteiger. Estava consumada a derrota…

É preciso que se diga que o futebol do Chelsea não tem nada de entusiasmante. Assemelha-se muito ao praticado por Mourinho no Inter e mesmo no Real, nos jogos contra o Barcelona. Mas é indiscutível que é uma equipa servida por grandes jogadores, embora alguns deles em fim de carreira.

Drogba que jogou os cento e vinte minutos e ainda colaborou decisivamente na marcação das grandes penalidades foi o homem do jogo. Não só ganhou, lá frente, praticamente todas as bolas de cabeça, embora sem consequências práticas relevantes uma vez que não tinha ninguém a seu lado que pudesse aproveitar os seus duelos com os centrais adversários, como ainda marcou um grande golo de cabeça, como só ele sabe marcar. É certo que esteve no penalty do Bayern, mas como não foi convertido, acabou por ser o seu, o que marcou no desempate por penalties, que fica para a história do jogo.

Dentre os portugueses somente Bosingwa jogou e, com excepção de uma bola perdida no meio campo, fez uma partida muito segura, cotando-se como um dos grandes elementos do Chelsea, tanto mais que tinha à sua guarda um jogador com a classe de Ribery. Não se pode dizer que Bosingwa o tenha neutralizado, mas impediu que ele tivesse sido tão influente como fora na maior parte dos jogos anteriores, inclusive contra o Real Madrid.

Do lado do Bayern, desde o treinador a Schweinsteiger, passando por Robben, Müller, Lahm e tantos outros, a decepção foi geral. Esta era uma taça que de certo modo tinham por certa. Assim não aconteceu. Houve uma certa injustiça no resultado, embora fosse previsível, depois dos jogos contra o Benfica e contra o Barcelona, o modo como o Chelsea iria jogar. Como disse Jupp Heynkes, o Bayern desaproveitou e sofreu as consequências. Custa muito perder uma final da Liga dos Campeões em qualquer circunstância, mais ainda quando se é melhor equipa e se tem tudo para ganhar. Mas o futebol é assim…

Com esta vitória o Chelsea soma sob o comando de Di Matteo a segunda da época – Taça de Inglaterra e Liga dos Campeões – e sagra-se finalmente campeão europeu, o grande sonho de Abramovich tornado finalmente realidade. Com esta derrota o Bayern iguala o Benfica em finais perdidas – cinco!

É de esperar que com esta vitória do Chelsea o treinador do Benfica tenha aprendido alguma coisa, nomeadamente a ser mais comedido. Como se vê pelo resultado final não havia motivo nenhum para o Benfica desejar a equipa inglesa como adversária nos quartos-de-final, assim como não havia qualquer fundamento para que ele tivesse dito, depois do jogo de Stamford Bridge, que o Chelsea não tinha qualquer hipótese contra o Barcelona, como bem logo corrigiu Ramires quando disse que certamente se tratava de uma previsão exagerada…  

O árbitro português, Pedro Proença, esteve no essencial bem. Os jogadores facilitaram e ele também não errou com gravidade. Os lapsos em que incorreu foram todos de natureza disciplinar: deveria ter admoestado Ashley Cole logo no começo do jogo; por volta dos 20 minutos deveria também mostrado o cartão amarelo a Bosingwa e no fim do prolongamento talvez se tivesse justificado a exibição de um vermelho a Malouda por entrada perigosa sobre um adversário, salvo o erro Kroos.

sábado, 19 de maio de 2012

A FINAL DE LOGO À TARDE




COMO VAI SER?


 Dentro de aproximadamente uma hora defrontam-se na Arena de Munique o Bayern e o Chelsea.

Há vários anos que o Chelsea persegue o sono de ser campeão europeu. Desde que Abramovich chegou ao clube, esse, mais do que o campeonato, tem sido o grande teste de todos os treinadores. Nenhum até hoje escapou a esse desaire. Mourinho ainda se aguentou, primeiro com a conversa das arbitragens, depois com a falta de sorte, mas o insucesso na Liga dos Campeões associado a um futebol pouco entusiasmante foram decisivos para a rescisão do contrato.

Gus Hiddink terá sido o único que saiu pelo seu próprio pé num ano em que o Chelsea foi escandalosamente “roubado” – não há outra maneira de dizer – por um árbitro norueguês no segundo jogo das meias-finais contra o Barcelona. Cinco grandes penalidades por marcar num só jogo, é obra! Nem Pinto de Costa se pode orgulhar de tanto. Mas foi o que aconteceu. Depois perdeu uma final nas grandes penalidades contra o Manchester – Terry falhou e o técnico israelita foi para casa.

Villas-Boas não chegou verdadeiramente a perder a Liga dos Campeões, mas acabou por ser o forte receio de a perder, no jogo da segunda mão dos oitavos de final contra o Nápoles, igualmente associado a um campeonato muito fraco, que ditou o seu afastamento.

Sobra Di Matteo, veterano do “novo” Chelsea, que praticamente conta por vitórias os jogos disputados desde que tomou conta da equipa em substituição de Villas-Boas. Na Liga dos Campeões, além do Nápoles, eliminou o Benfica, com um jogo muito inteligente na Luz e com alguma sorte em Stamford Bridge, e com alguns pequenos, mas decisivos, favores da arbitragem, tanto em Lisboa como em Londres e, surpreendentemente, derrotou o Barcelona nas meias-finais, apesar de ter feito o último jogo em inferioridade numérica por uma inaceitável infantilidade de John Terry.

O Bayern, pelo contrário, é um clube com muita história na Liga e na Taça dos Campeões. Vencedor por quatro vezes, três delas seguidas, e perdedor de quatro das últimas cinco finais em que participou, é sempre um favorito por definição. O período de maior grandeza do Bayern coincide com o apogeu de Beckenbauer, ligeiramente mais novo do que Pelé e Eusébio, e de uns quantos grandes jogadores que então jogavam em Munique, a começar por Paul Breitner.

Das várias finais perdidas pelo Bayern, na fase Lotar Matthäus, outro grande jogador bávaro, a mais dramática foi sem dúvida a jogada contra o Manchester United em 1999. Aos noventa minutos o Bayern ganhava por um zero, depois de ter, principalmente na segunda parte, desperdiçado várias oportunidades. No tempo de compensação o United empatou por Sheringham e depois por Solskjaer marcou o segundo. Foi um choque muito grande do qual o Bayern levou vários anos para se refazer.

Com uma boa prestação na competição deste ano, na qual é de destacar a eliminação do Real Madrid – um velho hábito…-, o Bayern parte com a confiança de quem já ganhou ao vencedor antecipado. No fundo, era isso que Mourinho queria fazer crer, quando deu a entender que o Bayern de Jupp Heynkes não seria um adversário à altura do Real Madrid.

Finalmente, como motivo de interesse a arbitragem do português Pedro Proença. Não é qualquer árbitro que apita a final da Liga dos Campeões. Tem de ser um árbitro com provas dadas na Europa. Ma isso também significa que o reiterados erros de Proença no campeonato doméstico e sempre no mesmo sentido não poderão imputar-se a deficiências técnicas ou a deslizes momentâneos.

O último árbitro português que arbitrou uma final europeia acabou assessor do FCP …para a arbitragem. Será que Proença vai ter o mesmo destino?

quarta-feira, 9 de maio de 2012


AS GRANDES MANOBRAS - ATAQUE A VIEIRA



SPORTING QUER ESCOLHER O ÁRBITRO PARA A FINAL DA TAÇA



Depois da grande desilusão causada pela perda de um campeonato que parecia ganho, há quem dentro do Benfica acredite que estão criadas as condições para um ataque em forma a Vieira, lançando uma candidatura que possa recolher o apoio maioritário dos sócios.

As manobras com esse objectivo já começaram e nem será muito difícil prever os apoios com que poderão contar nem os pontos fracos que mais serão evidenciados.

Aparentemente, mas só aparentemente, a estatística funciona contra Vieira: dois campeonatos, quatro Taças da Liga e cinco participações na Liga dos Campeões tendo em apenas duas delas ultrapassado a fase de grupos, várias participações na Liga Europa, com uma presença na meia-final (logo desvalorizada por ter sido perdida contra o Braga) parece pouco para quem está no poder há vários anos. Um “pouco” que mais se agrava quando comparado com os resultados obtidos pelo Porto no mesmo período – vitórias em todos os campeonatos que o Benfica não ganhou, vitórias na Taça de Portugal, na Supertaça, na Liga Europa, na Liga dos Campeões, enfim, um palmarés invejável e difícil de aceitar sem partilha pelos adeptos benfiquistas.

Depois vem a juntar a isto a frustração das duas últimas épocas que, apesar das promessas, das expectativas e acima de tudo dos investimentos, ficaram muito aquém do pretendido. Ou seja, ficaram pelo segundo lugar no campeonato, com várias humilhações à mistura, com acesso à Liga dos Campeões – acesso directo no próximo ano.

É razoável ou é muito pouco? A resposta é muito simples: se o campeonato português fosse mais competitivo e a luta pelo primeiro lugar estivesse ao alcance de, pelo menos, quatro equipas, capazes de dividir entre si as vitórias, os resultados do Benfica até seriam aceitáveis. Mas como se dá o caso de a luta estar praticamente circunscrita a duas equipas e de uma delas – o Porto – manifestar uma grande superioridade sobre as demais, ao Benfica, como equipa de grandes pergaminhos e titular de um passado glorioso, cai mal, muito mal, este papel de segunda equipa no confronto com o Porto.

Depois dá-se o caso de os treinadores – todos os treinadores da era Vieira – terem ficado francamente abaixo das expectativas – Toni (embora à época Vieira não fosse presidente, mas tão só responsável pelo departamento de futebol), Koeman, Camacho, Fernando Santos, Quique Flores e Jesus. E mesmo o experimentadíssimo Trapattoni, que teve o bom senso de se ir embora mal se sagrou campeão, esteve em risco de não terminar a época em que acabou por ser campeão. E, muito provavelmente, não completaria a segunda se tivesse ficado.

De todos, porém, paradoxalmente, o que mais decepcionou foi Jesus, por ser aquele do qual mais se esperava a partir da vitória alcançada na primeira época. E todavia com os seus três anos de permanência na Luz, Jesus é sem a menor dúvida o treinador com os melhores resultados destes últimos vinte e tal anos.

Entendamo-nos: Jesus não é no plano europeu um grande treinador, mas é um treinador da classe média alta, cujas falhas até seriam, na maior parte dos casos, supríveis por um clube que tivesse uma estrutura técnico-organizativa que ele respeitasse (ou fosse obrigado a respeitar). Entregue a si próprio, aos seus caprichos, às suas limitações culturais, é muito provável que no Benfica cometa erros que noutro clube mais organizado certamente não cometeria – erros comunicacionais (comete imensos) e erros técnico-tácticos (favorecidos pela ausência de uma estrutura superior de enquadramento).

Como estes são os pontos fracos de Vieira é natural que apareça contestação. E é positivo que tal aconteça para evitar a autocracia do presidente.

Acontece, porém, que o que se perfila no horizonte é o pior que ao Benfica poderia acontecer. Um Benfica “governado” pelas empresas de Joaquim Oliveira, com presidentes sob a tutela intelectual de Pinto da Costa, é exactamente aquilo que o Benfica menos precisa.  

Como frequentemente aqui se tem dito, Seara não está nos programas desportivos em que participa para defender os interesses do Benfica, mas apenas e só para se promover politica e desportivamente. Com os viscosos consensos em que frequentemente se enreda, rapidamente se percebe que os seus objectivos são outros. O Benfica serve apenas de apoio e trampolim...

A recente divulgação de um jantar em que participou com inimigos jurados do Benfica, para comemoração da derrota na Luz, contra o Porto, para o campeonato, deixa-lhe pouca margem para continuar na TV em representação do Benfica quanto mais para se candidatar à sucessão de Vieira ou mesmo para participar na escolha do seu eventual sucessor.

No Sporting, pelo contrário, reina o mais completo fanatismo, que em alguns casos – como em Barroso – entra nos domínios do patológico, tal a mania persecutória que enforma a maior parte das suas intervenções. Uma paranóia perigosa tanto no plano desportivo como social.

De facto, depois de tudo o que agora se sabe do Sporting em matéria de árbitros, nomeadamente dos condicionalismos ou mesmo constrangimentos que a partir de dentro lhes procuraram criar, é de uma grande desfaçatez vir para os jornais vetar árbitros e tentar escolher aqueles que de antemão se sabe – sabe-se lá porquê merecerem os favores do Sporting.

Os fanáticos do Sporting continuam a propagar a ideia falsamente documentada de que foram prejudicados pela arbitragem. É falso! Foram beneficiados em muitos jogos; apenas em dois, um deles arbitrado por Pedro Proença, cujas cores clubistas são, como se sabe, mais fortes do que as suas convicções como árbitro, têm razões de queixa.

Já se percebeu que a campanha em curso – a que se conhece, pode haver outras … - visa criar as condições para uma arbitragem amigável no jogo contra a Académica.

Ver-se-á depois o resultado de tudo isto…