CONTINUA A BATOTA NA ITÁLIA
Enquanto não chega o Euro 20122 vamos tomando conhecimento
das novas contratações do Benfica, dos humores instáveis do presidente do
Braga, dos “azares” do presidente da Académica e da batota na Itália.
O Benfica persegue algo com a obsessão própria de quem não
consegue desfazer-se de uma imagem que lhe possa reproduzir a ala esquerda
da época 2009/10, Coentrão/Di Maria, e alguém que lhe substitua o
insubstituível Ramires. Mais do que a falta de David Luiz, bem colmatada por
Garay, aqueles outros três que se foram embora é que continuam a ser no
imaginário benfiquistas a causa dos insucessos subsequentes.
Não será certamente uma boa ideia preparar o futuro a partir da nostalgia do passado, mas se o treinador e os adeptos ficam mais confiantes com
Ola Johnson, Rojo e Salvio e se acreditam que eles podem substituir Coentrão,
Di Maria e Ramires pelo menos iniciarão o novo campeonato com uma confiança que
até agora lhes tem faltado.
Em Braga já havia dúvidas sobre as razões que estavam a levar
o presidente à não substituição do treinador. Quando menos se esperava ela
aconteceu, a pretexto de uma inócua entrevista concedida pelo treinador a um
jornal desportivo. Há quem veja nessa substituição a preparação do caminho para
o ingresso de Jardim no FCP, arranjando-se para Vítor Pereira um contrato
irrecusável numa qualquer outra parte do mundo, a começar pela Grécia e acabar
nas arábias ou no Extremo oriente.
Pode ser, mas não é muito crível. É mais razoável pensar que
o presidente do Braga está tão ciente de que a ascensão do clube aos
lugares cimeiros do futebol português se deve exclusivamente à sua liderança que nem
sequer lhe passa pela cabeça, nem quer que passe pela de ninguém, que os
treinadores que por lá tem estado têm nisso alguma influência.
Daí que substitua Leonardo Jardim com o mesmo à vontade com
que vende ou dispensa um jogador. Dentro desta lógica também não é crível que
aposte em alguém que já lá tenha estado. Veremos…
Entretanto, o presidente da Académica, depois da notável
vitória da Briosa na Taça de Portugal, viu agravada uma sentença com uma pena
bem mais pesada do que aquela em que antes havia sido condenado e que
quase tinha passado despercebida na opinião pública. Percebe-se agora que o acto
praticado é muito grave – corrupção passiva por acto ilícito e abuso de poder –
não diminuindo em nada a gravidade do seu comportamento o facto de o beneficiado ter sido
a equipa de futebol da Associação Académica e não ele, já que o que está em causa é a
obtenção de uma vantagem ilícita conseguida no desempenho de funções públicas.
Se a censura e a reprovação pelo acto praticado não existissem, como se poderia
amanhã censurar quem se deixasse corromper em benefício de um partido político,
que mais do que uma instituição de utilidade pública, é um verdadeiro pilar do
Estado democrático em que vivemos?
E já que se fala de seriedade, que dizer destes episódios que
recorrentemente acontecem em Itália e que até levam o Primeiro Ministro a
sugerir, como opinião pessoal, a suspensão do futebol por alguns anos?
A primeira coisa que se pode dizer é que apesar da
recorrência do fenómeno também há a recorrência da sanção, enquanto noutros
países à recorrência da batota apenas se segue a continuação da batota! Lá como
noutros lados também há certos clubes ou jogadores ou outros responsáveis
desses clubes que directa ou indirectamente estão sempre associados à batota,
não obstante as sanções que já sofreram.
As técnicas de batota no futebol evoluíram muito, não apenas
nos objectivos que se pretendem alcançar – são agora mais diversificados – como
principalmente nos meios que se utilizam para os atingir. Se a investigação não
acompanhar estes meios vai sempre andar atrás e nunca a par do batoteiro, além
de outras limitações existentes noutros países, que têm a ver com o
funcionamento dos tribunais – isto é: com o não funcionamento – que faz com que
dificilmente haja sanções por mais evidentes que sejam as infracções.