segunda-feira, 10 de novembro de 2014

O DOMÍNIO DO SPORTING





 

A MANIPULAÇÃO DA INFORMAÇÃO
Sporting 1-1 Paços Ferreira

 

O Sporting não domina no campo, onde regista 4 vitórias, 5 empates e uma derrota, e está em sétimo lugar da classificação com risco de hoje descer para oitavo, mas o mesmo se não passa nos órgãos de comunicação social, onde a maior parte dos comentadores de imagens e redactores de notícias manipulam a informação descaradamente com a intenção de fazer passar uma imagem diferente da realidade.

O Sporting e o seu presidente têm excelente imprensa. Ninguém, directa ou indirectamente, ligado às hostes de Alvalade admite por um momento que o lugar em que o Sporting se encontra seja o resultado do valor da equipa, mas antes a consequência de uma conjura internacional (e não apenas nacional) que tem em vista arredar o clube dos títulos que honestamente merece.

O mesmo se diga relativamente às intervenções do presidente. Por mais absurdas, malcriadas ou contraproducentes que elas sejam, e acabem por prejudicar muito mais do que beneficiar a própria equipa, elas são sempre tidas como a expressão sincera e justa de uma revolta e de uma indignação justificadas.

O que se passou este fim-de-semana é elucidativo. O Sporting defrontou o Paços de Ferreira, que está à sua frente na classificação geral e que em Alvalade lhe foi manifestamente superior. Foi superior na primeira parte e somente nos últimos quinze minutos do jogo, com o Paços em inferioridade numérica, é que o Sporting exibiu alguma supremacia. Mas no cômputo geral o Sporting foi inferior. O resultado final, empate a um golo, é um resultado que se pode considerar bom , para o que o Sporting fez em campo.
Pois bem, mal o jogo terminou, desde o treinador (que, coitado tem de fazer pela vida…) até aos comentadores com nome, passando pelos famigerados comentadores anónimos, todos inventaram a lenda de que o Sporting foi mais uma vez prejudicado e espoliado de dois pontos pela equipa de arbitragem, ao serviço (isto é dito nas entrelinhas) de uma outra equipa…

E, todavia, o que se passou em campo foi algo bem diferente. No primeiro tempo o árbitro não assinalou uma grande penalidade contra o Sporting por falta de Cedric (empurrão) sobre um jogador do Paços, depois houve uma expulsão de um jogador do Paços de Ferreira por faltas (acumulação de amarelos) que na UEFA nunca levariam à amostragem de cartão amarelo e por fim um golo invalidado ao Sporting por fora de jogo de Selimani.

Queixam-se os sportinguistas de que o golo foi injustamente invalidado porque Montero, o seu autor, estava em jogo, sendo o off side de Selemani meramente posicional, portanto, irrelevante.

Ora bem, esta não é uma questão de opinião. É uma legal, de aplicação da lei. E o que a lei diz é que o off side posicional é irrelevante, porém se o jogador que está em fora de jogo se envolver na jogada (se se fizer à bola, independentemente de lhe tocar) o fora de jogo será assinalado. Como toda a gente viu, Selimani fez à bola, envolveu-se na jogada até ao remate de Montero, por isso o fora de jogo está correctamente assinalado.

O Sporting tem sido o clube mais beneficiado pelas arbitragens nos últimos anos. O que acontece é que sempre que uma decisão errada do árbitro o prejudica ergue-se um coro de protestos enquanto um manto de silêncio se abate sobre todas as decisões erradas que o beneficiam. Ainda nos dois últimos jogos da Liga dos Campeões contra o Schalke 04 isso se passou. Na Alemanha o Sporting foi prejudicado…e foi o que se viu e ouviu, em Lisboa foi beneficiado (penalty não assinalado num momento crucial do jogo) e ninguém falou.

Na última época o Sporting foi o clube do mundo que mais beneficiou de grandes penalidades, que menos grandes penalidades sofreu e que mais golos dos seus adversários viu anulados.

Esta época têm sido inúmeras as decisões erradas dos árbitros que beneficiam o Sporting e nenhum comentador anónimo ou com nome fala delas. A própria forma como nas televisões é feito o comentário das imagens é manifestamente manipuladora. Nas jogadas em que o Sporting é prejudicado, o comentador anónimo qualifica expressamente o erro do árbitro, dizendo, por exemplo, “o árbitro não assinalou tal ou tal falta favorável ao Sporting”. Quando não assinala erradamente uma falta contra o Sporting, o comentador ou não diz nada, ou então diz displicentemente: “houve protestos da equipa X que pediu isto ou aquilo”.

Em contrapartida, os lances das outras equipas são analisados e comentados ao milímetro, às vezes com deturpação da própria imagem. Por exemplo, no jogo de ontem Nacional-Benfica não há nenhuma imagem que permita afirmar que o segundo golo do Benfica (Jonas) foi marcado em fora de jogo. O mais que se pode dizer é que o jogador estava em linha. Aliás, é estranho que Sport TV não tenha outras imagens…Na última jornada os comentadores do Sporting crucificaram o árbitro assistente do Benfica-Rio Ave por ter acertado uma decisão, com o argumento de que estava três metros atrás da linha da bola. Pois bem, esses mesmos comentadores com base numa imagem tirada a cerca de 20 metros atrás da linha da bola (e portanto oblíqua)  afirmam hoje peremptoriamente que Jonas estava em fora de jogo, a começar por esse paladino da “verdade desportiva” que se dá pelo nome de Rui Santos. Como este nome é sinónimo de descrédito e de deturpação da verdade não é preciso dizer mais nada relativamente ao dito lance nem à verdade desportiva que ele advoga.

É, porém, verdade que houve no Nacional-Benfica um lance mal anulado que deixava o jogador do Nacional obliquamente isolado frente a Júlio César. Mas ninguém pode afirmar que o guarda-redes do Benfica não defenderia essa bola se o lance não tivesse sido anulado ou que o Benfica não teria ganho o jogo se essa jogada tivesse terminado em golo. Ninguém!

 

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

O BENFICA VENCEU, MAS NÃO CONVENCEU


JORGE JESUS QUER SER SEMPRE O CENTRO DO MUNDO

 
Talisca mantém o Benfica na difícil luta pelos "oitavos"

 

Por muito que Jorge Jesus se esforce por tentar convencer os seus ouvintes de que os méritos do Benfica são exclusivamente seus e os deméritos imputáveis aos jogadores que ainda não apreenderam "os momentos do jogo”, ninguém na imprensa nacional e internacional se deixa seduzir pelas palavras do treinador do Benfica.

Lê-se a imprensa nacional e internacional desta quarta-feira e há unanimidade nas manchetes e no desenvolvimento das notícias: Talisca foi o homem do jogo e perfila-se como a grande revelação do futebol europeu desta época, apesar de a exibição do Benfica ter ficado aquém do exigível.

De facto, algumas das declarações proferidas por Jorge Jesus logo após o fim do jogo e um pouco mais tarde na conferência de imprensa parecem incompreensíveis.

Desde logo, a que que classifica a vitória como indiscutível. O Benfica ganhou como poderia ter ganho o Mónaco, sendo certo que o resultado que melhor se ajustava ao jogo praticado por ambas as equipas era o empate. O Benfica esteve melhor nos primeiros vinte e cinco minutos, ou mesmo em toda a primeira parte durante a qual desfrutou de duas boas oportunidades de golo e o Mónaco esteve melhor na primeira meia-hora da segunda parte, a ponto de poder ter marcado por mais de uma vez, tendo o jogo começado a ficar equilibrado apenas um pouco antes do golo de Talisca. Aliás, na primeira parte, o Mónaco acercou-se por duas vezes com perigo da baliza de Júlio César tendo valido ao Benfica duas boas defesas do experiente guardião brasileiro, embora numa delas – soube-se depois do remate – houvesse fora de jogo.

Também não se compreende por que razão Jorge Jesus sente necessidade de apoucar as exibições de Talisca e de Júlio César não lhes atribuindo o devido relevo. Uma coisa é dizer que a equipa vale pelo seu todo e que as exibições individuais se valorizam nesse contexto. Outra ,bem diferente ,é não querer reconhecer quem foi decisivo. E no jogo de ontem se houve na equipa do Benfica jogadores decisivos, eles foram, inequivocamente, Talisca pelo golo, Júlio César,pelas três extraordinárias defesas que realizou, apesar da irregularidade do lance numa delas, Luisão pelo acerto e classe com que defendeu e comandou toda defesa, e Maxi pela sua inesgotável vontade de lutar para vencer.

Dizer que houve jogadores que nunca tinham alinhado na Champions e que ainda não dominavam os “momentos do jogo” só pode rigorosamente referir-se a Derley, que não jogou nem pior nem melhor do que costuma jogar nas provas nacionais e até teve o mérito de ter feito a assistência para o golo de Talisca e, quando muito, também a este, apesar de já ter jogado, no cômputo geral, mais do que um jogo. Nomeações injustas, principalmente a de Talisca, já que foi ele que acertou mais passes (e quase todos longos) e um dos que menos passes falhou, não tendo nunca comprometido.

Para além das habituais debilidades tácticas do Benfica, que deixa este ano “partir o jogo” com grande frequência, independentemente do valor do adversário, o Benfica pode queixar-se da noite não de Sálvio (nada lhe saía bem, desde logo o falhanço da primeira grande oportunidade de golo), da apatia de Enzo Pérez, uma sombra do jogador das duas últimas épocas, da incapacidade de André Almeida fazer o lugar de defesa esquerdo (vai ser um problema nos dois jogos que ai vêm), da falta de brilho do genial Gaitan e de Samaris continuar a jogar num lugar que não é o seu por teimosia de Jorge Jesus.

Contrariamente ao que muitos benfiquistas supõem, a próxima saída de Enzo em Janeiro não representará um grave prejuízo para a equipa. Enzo está claramente com a cabeça noutro lado, gostava de ter sido transferido, não tendo a permanência no Benfica contra sua vontade sido benéfica para ninguém. Se Enzo sair dentro de dois meses, o meio campo do Benfica ficará melhor do que está hoje, pois Samaris, que é um grande jogador, será capaz de desempenhar esse lugar muitíssimo melhor do que aquele que agora Jesus erradamente lhe atribui. E no lugar dele jogará ou Fejsa ou Ruben Amorim qualquer um deles mais capacitado para a função.

Em conclusão: o jogo de ontem demonstrou que o Benfica vai ter muita dificuldade em passar a fase de grupos, tudo dependendo, inclusiva a participação na Liga Europa, da questão de saber até onde irá o percurso descendente do Zénite.