E INÁCIO, O QUE É?
Joaquim Rita, na SIC N, num comentário ao jogo
Tottenham-Benfica, disputado em White Hart Lane, em Março de 2014, a propósito
das incidências do jogo, disse textualmente: “Jesus é reles”.
O programa da SIC era um programa de antena aberta à
participação dos espectadores. Discutia-se a conduta de Jesus face ao treinador
do Tottenham, as sucessivas provocações de Jesus de cada vez que o Benfica
marcava um golo. E mais ainda o comportamento de Jesus perante todo o banco do
Benfica: treinador adjunto, Shéu, Rui Costa, jogadores suplentes, principalmente
Cardozo.
Na altura achei chocante a qualificação de Rita e disse para
comigo que ele jamais proferiria aquelas palavras se dirigidas a um treinador
do Porto ou do Sporting, embora por razões diferentes relativamente a cada um
dos dois.
Rita chamou à colação anteriores comportamentos de Jesus, nomeadamente
as provocações a Manuel Machado numa fase do jogo contra o Nacional em que a equipa
madeirense já tinha sofrido cinco golos. Lembrou também idêntico comportamento
relativamente ao treinador do Vitória de Setúbal, Azenha, num jogo na Luz em
que os sadinos sofreram oito golos. Enfim, fez o inventário do comportamento de
Jesus no banco para justificar o qualificativo que lhe havia aplicado.
Não obstante os factos, achei o discurso de Rita exagerado e
certamente ditado por qualquer animosidade existente entre os dois – única razão
que pode justificar semelhante atitude de um jornalista desportivo português.
Hoje, cerca de ano e meio volvido, a frase de Joaquim Rita veio-me
de novo à cabeça a propósito das palavras dirigidas por Jorge Jesus ao quarto
árbitro no jogo Sporting-Estoril. Não vale a pena ter ilusões, as palavras de
Jesus só poderiam querer insinuar que conhecia da sua anterior passagem pelo
Benfica algo que comprometia o árbitro João Ferreira.
Essa atitude de Jesus revela uma falta de carácter, uma
baixeza moral difícil de encontrar nos meios desportivos portugueses, salvo, como
se está a ver todas as semanas, no Sporting, onde estes exemplos medram.
Para se fazer uma ideia da baixeza de Jesus basta atentar no
seguinte: vamos começar por admitir que há algo no passado recente (a época
anterior, era a essa que o treinador do Sporting se referia) de João Ferreira
que não é ética nem desportivamente aceitável. Se houve, esse comportamento
beneficiou Jorge Jesus. E se ele agora o invoca isso significa que ele não tem
uma réstia de dignidade moral que o impeça de invocar esse facto para agora poder,
mediante chantagem, alcançar uma vantagem indevida. Que ele não se importa de
se pôr em causa a sim mesmo para obter uma vantagem!
E agora vamos admitir a hipótese inversa (que é certamente aquela
com a qual Jesus vai ter de lidar quer perante os órgãos de justiça da
Federação, quer perante o Benfica), que é a de Jesus, tendo em conta o clima de
intimidação e de condicionamento dos árbitros pelo Sporting, utilizar junto do
quarto árbitro – alheio a qualquer eventual polémica – toda a série de calúnias
postas a correr o ano passado pelos comentadores do Sporting e do Porto a
propósito do jogo Moreirense-Benfica, , apitado por João Ferreira (um jogo em
que João Ferreira expulsou um jogador do Moreirense por insultos dirigidos à
sua pessoa – nada mais!), para com base na simples referência ao jogo do ano
passado dar a entender que sabia coisas desse jogo e que o árbitro tivesse
cautela com o que estava a fazer, senão ele as contaria. Ou seja, a sua baixeza
é tanta que nem sequer tem qualquer problema em insinuar factos que ele sabe
falsos e mentirosos, factos que ocorreram quando ele treinava o Benfica e que,
portanto, a serem verdadeiros só a ele o beneficiavam e a serem falsos só a ele
o prejudicavam, usados pelos seus inimigos da véspera, para agora também com
base neles intimidar o árbitro.
Face a este comportamento, decida o leitor se Joaquim Rita
tem ou não tem razão.
Quanto a Inácio apenas duas palavras, já que a sua idoneidade
moral não merece mais. Inácio teve o desplante, com a conivência silenciosa do
falsificador da “verdade desportiva” e de um tal João que debita o que lhe
encomendam, de no último programa play-off
ter declarado que o comentador do Benfica Pedro Guerra havia tornado
públicas as cinco classificações atribuídas ao árbitro madeirense que desceu de
divisão, Marco Ferreira, bem como o nome dos respectivos observadores, o que
demonstrava, tratando-se como se trata de documentos secretos, a promiscuidade existente
entre o Benfica e o conselho de arbitragem.
Inácio é um mentiroso, mas um mentiroso vulgar, um moço de
recados, que nem sequer tem problema em fazer uma afirmação que toda a gente
sabe que é falsa (a começar pelo falsificador da verdade desportiva), já que tais
classificações foram publicadas pelo jornal Record em Junho passado.
Enfim, o Sporting no seu melhor. Depois do que se passou no
jogo contra o Estoril, em que o Sporting ganhou com um penalty antecedido de um fora de jogo não assinalado, logo um golo
irregular, e em que inventou um fora de jogo mal assinalado a Gutierrez, quando
na realidade o que houve foi falta deste jogador sobre o defesa do Estoril, e
um pretenso penalty que não existiu, para justificar a irregularidade do
resultado, torna-se óbvio que o Sporting precisa deste clima, do clima que
todas as semanas reaviva, para somar, jornada após jornada, pontos que
realmente não conquista no campo, mas sim fora, mediante a utilização de práticas
ilícitas.