O JOGO DE OLHÃO COMO EXEMPLO
O Benfica jogou mal em Olhão, como quase sempre tem jogado quando Aimar, por uma ou outra razão, não alinha. Fica-se com a ideia de que a manobra da equipa depende excessivamente de um jogador. Falta ao Benfica um plano B, que manifestamente não tem, indispensável em momentos cruciais da época.
O Olhanense jogou melhor na primeira parte. Na segunda quase não se jogou. Além da incapacidade de substituir Aimar, o Benfica ao longo da época tem demonstrado outra fragilidade: incapacidade para virar resultados. Se a memória me não falha, o Benfica esta época ainda não conseguiu virar um resultado. O mais que conseguiu nessas circunstâncias, e acho que isso aconteceu no sábado pela primeira vez, foi empatar. As cinco derrotas, jogos particulares incluídos, que o Benfica já somou esta época tem muito a ver com esta realidade.
Ambas questões são da competência e da responsabilidade exclusiva de Jorge Jesus. Jesus tem de preparar a equipa para jogar sem Aimar e tem de ser capaz de promover a viragem de resultados, coisa que o Benfica em épocas incomparáveis piores fazia frequentemente. Nestas outras épocas o que o Benfica muitas vezes não fazia era segurar resultados.
Depois destes, há outro problema no Benfica, igualmente grave, desde sábado aludido por muita gente, e que qualquer observador minimamente atento já teria detectado há jopgos atrás: a instabilidade emocional de muitos dos seus jogadores. Provocados pelos adversários ou a jogar sob stress reagem da forma mais inconveniente. Já assim foi com o Nacional, com o Braga e agora com o Olhanense.
O Olhanense, como se já disse, jogou bem na primeira parte, mas durante todo o jogo houve sempre jogadores que pareciam não estar a jogar pelo Olhanense, a avaliar pelas exibições que esses mesmo jogadores fizeram nos últimos dez jogos.
Esta questão já não é da exclusiva responsabilidade de Jesus, mas do Benfica. Melhor dizendo, da gente que rodeia a equipa no dia-a-dia. Aos jogadores tem de ser explicada muita coisa que eles não sabem, mesmo os que já estão no Benfica há algum tempo. Porque uma coisa é jogar para o segundo ou para o terceiro lugar, outra é jogar para o título. Neste combate eles vão ser confrontados com mil e uma coisas que terão em vista impedi-los de fazer bem feito ou até de fazer aquilo que eles sabem fazer dentro do campo: jogar e ganhar. Vão ser alvo de provocações, de agressões, de ”fúrias competitivas” nunca antes vistas e de tudo que possa destabilizá-los. Se querem ser campeões têm de estar preparados para tudo isso. Esta preparação já não é da responsabilidade de Jesus. Se tudo lhe for exigido, mesmo o que não é da sua conta, acabará por falhar.
O Benfica acabou por beneficiar do empate do Braga, embora isso não seja, a final, tão relevante quanto agora parece, mas ficou apenas a um ponto do Porto, em evidente crescendo de forma, com um excelente lote de jogadores e com uma sabedoria de equipa que vai muito para além daquilo que possa resultar dos ensinamentos de Jesualdo Ferreira.
Com três ou quatro jogadores nucleares inoperacionais no próximo jogo do campeonato e ainda com um jogo da Liga Europa a meio da semana, um empate na Luz contra o Porto já seria um bom resultado para o Benfica.