sábado, 30 de junho de 2012

A ENTREVISTA DE PAULO BENTO





O DÉFICE DEMOCRÁTICO NO FUTEBOL
Queirós e Manuel José aproveitaram-se: Paulo Bento



Paulo Bento parece ser uma pessoa séria tão convencido das suas opções técnicas como das suas virtudes morais. Mas mesmo que estas qualidades lhe fossem unanimemente reconhecidas elas não o isentariam nunca da crítica. A sua actividade, como qualquer outra, está sujeita à crítica. A entrevista de ontem à noite na RTP deveria ter servido para aprofundar a questão da crítica no futebol, nomeadamente quando está em causa a selecção. Carlos Daniel, um dos entrevistadores, não enjeitou o tema, mas breve percebeu que havia pouco campo para isso, principalmente pelas posições categóricas defendidas pelo entrevistado sobre o modo como exige que os outros interpretem o seu papel ou, dito ao contrário, sobre o modo como exige que os outros se comportem.

Nas críticas à selecção, genericamente consideradas, houve três ou quatro assuntos que de modo mais ou menos directo constituíram o objecto das preocupações de quem escreveu ou de quem falou.

O primeiro, levantado por Manuel José e secundado por Carlos Queiroz, tinha a ver com o planeamento da preparação para o Europeu e com o papel dos patrocinadores;

O segundo, muito discutido na imprensa, embora nem sempre com a consistência devida, respeitava às escolhas de Paulo Bento;

O terceiro com as opções técnicas do seleccionador em momentos decisivos do Euro como o modo de abordagem do jogo contra Alemanha, o desamparo de Coentrão no jogo contra a Dinamarca, a “política” das substituições em todos os jogos e a escolha da lista dos marcadores das grandes penalidades bem como da respectiva ordem, no jogo contra a Espanha;

O quarto com o papel de Ronaldo na selecção, questão umas vezes ostensivamente outras subliminarmente presente em todas as análises, embora muito atenuada depois da prestação do jogador nos jogos contra a Holanda e a República Checa.

Paulo Bento não aceita que colegas de profissão e mais ainda ex-seleccionadores o critiquem relativamente a uma matéria que, segundo ele, desconheciam. É claro que esta resposta visa deitar poeira nos olhos de quem o ouve. De facto, a crítica incidiu sobre aspectos que estavam à vista de toda a gente, tendo as palavras de Manuel José sido secundadas por legiões de adeptos e que se justificavam plenamente depois das péssimas exibições da selecção nos jogos particulares de preparação. Por outro lado, a chamada de atenção sobre o papel dos patrocinadores é também uma questão muito importante, porque eles tendem a destruir a independência de quem é formalmente responsável. Paulo Bento até deveria ter agradecido esta crítica. Paulo Bento reagiu mal às críticas porque no fundo é contra a crítica. Acha que a crítica põe em causa a sua pessoa e a sua competência e reage a isto como se de uma questão de honra se tratasse. É uma atitude que revela insegurança - uma característica típica das personalidades autoritárias - que todavia pode vir a ser corrigida com mais maturidade que o tempo lhe permitirá adquirir. Por outro lado, a ostentação exibida pelos jogadores e o modo como Ronaldo se dirigiu ao Presidente da República, além de demonstrarem falta de senso, revelam também falta de preparação dos actos em que a selecção participou.

A questão das escolhas não foi abordada na entrevista. Mas alguma coisa está mal quando há sete jogadores que nem um minuto jogam em cinco jogos, um deles com prolongamento. Se eram assim tão diferentes dos titulares e se tinham dificuldades em se adaptar ao modelo de jogo do seleccionador por que foram convocados? Por que não se escolheu outros? É certo que não há “muita fartura” mas sempre teria sido possível escolher alguém “mais parecido” com os titulares e que se adaptasse melhor às ideias do treinador. Por que foram escolhidos Quaresma e Hugo Barbosa se manifestamente não tinham qualquer hipótese de jogar?

Relativamente às críticas relacionadas com questões técnico-tácticas, como elas foram feitas também por ex-jogadores de renome na selecção, Paulo Bento deu a entender que as aceitava, mas desculpou-se logo a seguir com a dificuldade que por vezes os jogadores têm de pôr em prática a estratégia visada, não necessariamente por culpa deles, mas como consequência das vicissitudes do próprio jogo. Também ficou por esclarecer quem estabeleceu a ordem de marcação das grandes penalidades e ninguém perguntou por que razão foi escolhido Moutinho. Aqui havia campo para muita mais conversa. E é bem melhor ter “estas conversas” quando as coisas correm bem do que quando correm mal.

Finalmente, a questão de Ronaldo foi contornada por Paulo Bento. Compreende-se: é um assunto delicado para qualquer treinador. Mas é óbvio que salta aos olhos de toda a gente que Ronaldo não é líder de coisa nenhuma a não ser dele próprio. Ególatra e narcísico como é, preocupa-se apenas com a sua pessoa. Está muito longe pelas características da sua personalidade de personificar o líder que uma equipa de futebol por vezes precisa. Não se é líder por se ser bom jogador. São coisas diferentes. Ronaldo em muitos jogos o que realmente precisava era de alguém que “mandasse” nele dentro do campo…

Repare-se que as críticas que foram dirigidas à selecção nem sequer são assim tão contundentes, pelo menos a maior parte delas, como se pretendeu fazer crer. O que é lamentável é que o seleccionador ache que elas se “não devem fazer”. Seja por razões éticas sejam por razões técnicas.

Infelizmente há quem no jornalismo desportivo siga à risca os pontos de vista de Paulo Bento, o que desde logo deixa perceber qual o grau de independência e de profissionalismo de muita gente que se dedica à imprensa desportiva. Alguns programas, bem como os respectivos protagonistas, foram caricatos. Na TVI 24 o seguidismo e o tom ofendido com que foram recebidas as críticas deixa em suspenso dúvidas que certamente só mais tarde se desvanecerão. As críticas não são aceitáveis porque os comentadores são amigos do criticado? Porque querem estar nas boas graças da Federação? Porque estão à espera de alguma coisa? É que o papel de um jornalista desportivo não é fazer a crítica em função das amizades ou das recompensas que espera obter. O seu compromisso é apenas com os telespectadores. Se não tem condições para respeitar esse compromisso deve abandonar a profissão. Mas nem todos pautaram o seu comportamento pelo exemplo da maioria. Na RTP Informação houve muita mais compreensão pelas críticas e respeito pelos seus autores, mesmo quando não se concordava com elas, do que em qualquer outraa estação de TV. Pelo menos, de uma parte considerável dos comentadores…


sexta-feira, 29 de junho de 2012

GRANDE ITÁLIA, PIRLO, BALOTELLI & C.ª




A MANNSCHAFT VAI PARA CASA
Mario Balotelli dopo il 2-0.


A meia-final desta noite entre a Alemanha e Itália foi um grande jogo de futebol. Uma grande Itália venceu a Alemanha (2-1) com dois golos notáveis de Balotelli, uma exibição excelente de Pirlo, uma notável organização táctica e um futebol tecnicamente quase perfeito não fora algumas perdidas que a terem sido concretizadas teriam feito passar o jogo de hoje para o pequeno número dos jogos com resultados históricos entre grandes equipas. Sim, a Itália poderia ter goleado a Alemanha.


Todos aqueles que apostavam no rigor e na força física alemãs estão agora com muita dificuldade para explicar uma vitória que não deixou dúvidas. Dizem que Joachim Löw errou tacticamente, que não deveria ter mudado a equipa no jogo contra a Grécia, que os titulares perderam rotinas e ritmo. É claro que estas explicações só podem fazer rir. A selecção alemã tem mais de duas dezenas de jogadores praticamente iguais. Não é possível a um seleccionador nestas circunstâncias marginalizar permanentemente meio grupo, como fez, por exemplo, Paulo Bento. Também não é verdade que o ritmo altamente competitivo deste tipo de torneios não cause fadiga aos jogadores.  Causa e não será pouca: fadiga física e mental. Por isso nada melhor do que fazê-los rotativamente descansar, podendo. Se alguma coisa de errado houve na equipa alemã, essa coisa foi a actuação dos centrais – os tais centrais quer alguns dos nossos comentadores tanto tinham elogiado. Mas isso já não é culpa do seleccionador.

Pegar em duas ou três jogadas minuciosamente escolhidas para com base nelas, a maior parte das vezes com a imagem parada, fazer uma demonstração de como foi o jogo não passa de uma batota. De uma grande batota. Há no jogo múltiplos factores aleatórios e muitas ouras jogadas iguais às escolhidas que têm um desfecho completamente diferente. As estatísticas, inclusive as que se referem à ocupação espacial pelos jogadores, são infinitamente mais fiáveis de que estes exemplos tácticos com base em jogadas escolhida. Estes exemplos apenas servem para demostrar ou para explicar por que razão as coisas se passaram assim naquele lance. Nada mais.  

Na verdade o que nós hoje vimos foi uma super equipa italiana baseada na Juventus, com um maestro extraordinário – Pirlo – e um Balotelli muito inspirado sempre muito bem acompanhado pela genialidade de Cassano. Como não reconhecer classe, classe pura, a uma equipa que passa a bola de forma tão perfeita, que progride com ela sempre tão perigosamente e que defende com tanta eficiência dentro da sua área, às vezes quase sobre o risco de golo? Sem nunca perder o sentido do jogo, fazendo as coisas com a tranquilidade e o saber dos grandes mestres e que além do mais conta com um guarda-redes de eleição. Sim, que dizer de uma equipa destas?

Pois essa equipa, essa extraordinária equipa, é a Itália. A Itália para a qual a dificuldade, a grande dificuldade, está sempre na fase de grupos. Uma vez passada esta fase a Itália é sempre um potencial candidato, porque é uma equipa que vai crescendo com o avançar da prova. Tem sido assim neste Euro como assim já foi em muitos Mundiais ou Europeus anteriores.

 Para concluir, é nossa convicção que o grande adversário da Itália na final de domingo não será a Espanha, mas o cansaço. A Itália jogou os quartos-de-final, com prolongamento, no domingo; jogou as meias-finais hoje (quinta-feira) e vai jogar a final menos de três dias depois. A Espanha como se viu no jogo contra Portugal está mais fresca. Vai ser em qualquer caso uma final muito difícil para Espanha.


quinta-feira, 28 de junho de 2012

O FUTEBOL E A CRÍTICA






A PROPÓSITO DOS PENALTIES E DE OUTRAS OPÇÕES



O futebol dá-se muito mal com a crítica. Pelo menos, em Portugal é assim. É verdade que poucas pessoas gostarão de ser criticadas qualquer que seja o ramo de actividade a que se dediquem sempre que a crítica ponha em causa o que por elas foi feito. Se a crítica é elogiosa a situação muda por completo. De rejeitada a crítica passa a ser citada. Alguns outros estabelecem uma distinção entre crítica construtiva ou destrutiva. A primeira teria em vista ajudar a fazer melhor e seria ditada pela única preocupação de aferir o objecto da crítica com o paradigma perfilhado pelo crítico. Já a destrutiva teria como única finalidade dizer mal, pôr em causa o que está sendo feito pelos outros e seria ditada pela baixa formação moral do crítico.

É claro que tudo isto não passa de conversa. A crítica é uma actividade fundamental e imprescindível em qualquer sociedade democrática, tendo apenas – e este apenas é tudo – a sua validade que aferir-se pelo seu valor intrínseco. Não é necessário que crítico e criticado perfilhem os mesmos valores ou que o crítico saiba fazer o que ao criticado critica. O que é imprescindível é que a crítica seja técnica e valorativamente sustentável.

E o que se passa numa sociedade como a nossa é que, apesar de os criticados em regra não gostarem da crítica, vêem-se na maior parte das vezes obrigados a tê-la em conta e a responder-lhe. Passa-se assim antes de mais na política. Raramente na política os criticados concordarão com a crítica que fazem às suas opções, mas isso não significa que não saiam a terreiro a defender as suas posições. Passa-se assim também nas actividades profissionais mais ou menos especializadas. O criticado responde à crítica e defende o seu ponto de vista. Igualmente assim se procede nas artes. O artista, apesar de não gostar nada da crítica que ponha em causa a sua obra ou alguns aspectos dela, não pode fazer de conta que a crítica não existe e, embora contrariado, vê-se obrigado a responder-lhe. Até em questões da vida pessoal todos nós nos vemos obrigados a responder à crítica quando ela vem de pessoas com quem estamos estreitamente relacionados.

Mas há em Portugal uma excepção a tudo isto. É o futebol. No futebol, principalmente a crítica feita aos técnicos, nunca tem resposta. O conteúdo da crítica nunca tem. E se em vez de uma equipa de clube se tratar da selecção, então as coisas ainda agravam-se mais. A resposta, quando existe, nunca está relacionada com aquilo que se disse mas com o facto de se ter dito aquilo. A resposta nunca incide sobre o conteúdo da crítica mas sobre a própria crítica. E sempre com insinuações e adjectivações estúpidas.

O técnico de futebol é alguém que está acima de toda a crítica. A sua imensa sabedoria só encontra paralelo na sua incomensurável arrogância.

Basta ver o que se passou recentemente com Paulo Bento para não haver qualquer espécie de dúvida sobre a arrogância com que na selecção as críticas foram tidas em conta. Já antes se tinha passado assim com Queiroz e o mesmo se passa nos clubes, por exemplo, com Jesus ou com José Mourinho, o mais arrogante de todos. E todavia – voltando à selecção – Paulo Bento tem muito que explicar. Explicar, a propósito os penalties, por que pôs Ronaldo a marcar o último, opção criticada por toda a imprensa internacional, por que incluiu Moutinho na lista dos marcadores, sabendo, como não poderia deixar de saber, o historial de Moutinho nessa matéria? Por que utilizou tão pouco Varela, apesar das boas provas que deu sempre que foi chamado, quando se estava a ver pela repetição dos jogos que de Nani nunca iria sair nada de excepcional? Por que convocou Hugo Viana e Ruben Michaelis se nunca os pôs a jogar, para mais alinhando eles na zona de maior desgaste da equipa portuguesa? Por que não convocou jogadores com características mais parecidas com as dos três médios titulares se era esse o modelo de jogo em que ele acreditava? Por que deixou nos dois primeiros jogos – contra a Alemanha e a Dinamarca – que o corredor esquerdo da defesa portuguesa ficasse apenas entregue a Coentrão quando logo se percebeu que Ronaldo não marcava?

Seria interessante ouvir Paulo Bento sobre estas questões e outras certamente pertinentes para avaliar da consistência das suas opções. Seria muito mais interessante do que ouvi-lo mais uma vez a criticar a crítica, pelo simples facto de ter sido feita, esgrimido agora, como muito provavelmente fará, com a prestação global da equipa, género: “Chegamos com muito mérito às meias-finais e só fomos eliminados pelo campeão do mundo nas grandes penalidades”!

A ESPANHA NAS MEIAS FINAIS






PORTUGAL CAIU NOS PENALTIES



A selecção portuguesa deu hoje em Donetz uma grande lição sobre como se deve jogar contra a temível selecção espanhola. Durante os noventa minutos regulamentares as poucas oportunidades de golo repartiram-se por ambas as equipas. O jogo foi intenso e tacticamente bem jogado, dai que uma boa parte dele tenha sido jogado longe das respectivas balizas.

Da selecção espanhola sabia-se tudo: guarda bola com ninguém; recupera-a pouco depois de a perder. Hoje não se passou nada disso. Não conseguiu fazer circular a bola com a eficiência habitual, perdeu muitos passes e teve muita dificuldade em a recuperar. Não deixou por isso de ser uma grande equipa, mas a verdade é que não fez contra Portugal o jogo que conseguiu fazer contra outras selecções. Nem nada que se pareça. A equipa portuguesa jogou de igual para igual. Não dominou nem se deixou dominar apesar de estar ajogar contra uma grande equipa.

Com um Cristiano Ronaldo mais eficiente, embora fosse difícil sê-lo pela múltipla marcação a que esteva sujeito, a selecção portuguesa poderia ter saído vitoriosa no fim dos noventa minutos.

No prolongamento a Espanha foi superior. Portugal claudicou fisicamente e esteve à beira de perder não fosse uma boa defesa de Rui Patrício. Ficou a sensação de que Paulo Bento demorou muito tempo a mexer na equipa. É certo que a equipa estava a jogar bem, mas era óbvio que as forças começavam a faltar. Principalmente no ataque e no meio campo. Na linha média somente Moutinho se aguentou fisicamente. Tanto Veloso como Meireles davam sinais de esgotamento. No ataque não foi somente Hugo Almeida, substituído aos 80 minutos ,que se ressentiu, também Nani e até Ronaldo.

Paulo Bento deveria ter substituído mais cedo um médio e Nani. Fez mal ter deixado ficar Nani em campo e não ter feito entrar Varela mais cedo.

Com a equipa já muito esgotada e sem a força anímica com que terminou os 90 minutos iniciais antevia-se uma situação difícil na decisão do jogo por grandes penalidades. A isso acresceu a escolha errada de pelo menos um dos marcadores. Paulo Bento não sabe quantos penalties Moutinho falhou no Sporting? Objectivamente era uma má escolha. O facto de ter realizado uma boa exibição não significa que deva ser escolhido para marcar um dos cinco primeiros penalties e muito menos o primeiro. Não se pode dizer que Moutinho que tenha tido azar. Não, o penalty foi mesmo mal marcado. Azar teve Bruno Alves que quis marcar um penalty indefensável e viu a bola bater na barra. Fica provado para quem ainda o não soubesse que a decisão do jogo por este meio pressupõe técnica e grande força psicológica. Não adianta ter uma sem a outra.

No que respeita às penalidades marcadas pelos espanhóis bem terá andado Cristiano Ronaldo se disse a Rui Patrício o que qualquer observador atento certamente saberia. Ou seja, que Xabi Alonso marca sempre para a direita do guarda-redes, sendo portanto de presumir que num jogo como o de hoje, com vários colegas de clube na equipa adversária, escolhesse o lado esquerdo. Pena foi que ninguém tivesse dito a Rui Patrício que das últimas duas vezes que Sérgio Ramos foi chamado a marcar atirou a bola para as nuvens sendo, por isso ,também de presumir que hoje, tendo sido escolhido, iria rematar de forma diferente. Por outras palavras, Rui Patrício não se deveria ter mexido. Dizer isto agora é obviamente fácil, mas dizê-lo antes de Sérgio Ramos ter marcado também foi. Estes os reparos que há a fazer quanto às grandes penalidades.

Mas nada disto deslustra, nem sequer as substituições tardias ou a até ausência delas, o excelente comportamento da equipa portuguesa. Desde que começou a senda de jogos vitoriosos este foi sem dúvida um dos mais difíceis da selecção espanhola. Mérito, portanto, da selecção portuguesa.

Na equipa portuguesa o melhor em campo foi sem dúvida Coentrão. Simplesmente excelente. Moutinho e Pepe também jogaram muito bem, pena apenas que neste jogo Pepe tenha cometido mais faltas do que nos quatro anteriores. Sabe-se como é com Pepe: percebe-se quando e porque começa mas nunca se sabe como acaba. Bruno Alves e Pereira também cumpriram exemplarmente. À linha média e à sua boa articulação com os demais sectores da equipa se ficou a dever muito da grande exibição da equipa portuguesa tanto na contenção da equipa espanhola como da explanação do seu jogo. No ataque Hugo Almeida dentro do seu estilo esteve bem. Foi bem servido por Ronaldo por duas vezes, mas rematou ao lado, e poderia também ter dado melhor direcção a um remate fontal. Nélson Oliveira, embora cumprindo tacticamente, não trouxe vivacidade ao ataque. Ronaldo jogou para a equipa, mas individualmente não esteve ao nível dos últimos dois jogos. Falhou todos os livres e também não acertou com a baliza nos dois ou três remates que fez. E este era um jogo para não falhar. Nani esteve discreto, como de resto em quase todo o Europeu. Além de que não é um jogador esclarecido. Deveria ter sido substituído mais cedo. Paulo Bento não aproveitou o bom momento psicológico de Varela depois do golo contra a Dinamarca e fez mal. Muito mal!

Na equipa espanhola o grande maestro é hoje Iniesta. Mas o que nela não faltam são grandes jogadores. Tanto os que jogam regularmente como os que estão no banco. Merecem passar à final tanto como os portugueses o teriam merecido ao fim dos noventa minutos.  No prolongamento e nos penalties prém a Espanha esteve melhor, sem que estar melhor signifique ter sido hegemónica ou dominadora.

Portanto, acabado o jogo, já se pode dizer que pelo lado português não haverá uma final inédita. Agora isso depende apenas da Itália. Se passar a Itália, a Espanha vai ter mais dificuldades do que terá se passar a Alemanha.

terça-feira, 26 de junho de 2012

AS MEIAS-FINAIS DO EURO 2012




UMA FINAL INÉDITA OU REPETIDA?
[foto de la noticia]



À medida que se aproximam os jogos das meias-finais vão se multiplicando as análises sobre o que poderá ser o comportamento das equipas nesses confrontos e vai-se prognosticando sobre a hipótese de haver uma final inédita - o que sempre aconteceria se a Itália vencesse o seu confronto com a Alemanha ou se Portugal ganhasse a Espanha.

A Itália de crise em crise e de empate em empate chega, como quase sempre acontece, à fase decisiva da prova, podendo perfeitamente ganhá-la. A Itália, o futebol italiano, é uma espécie de “mourinho” com fair play fora do campo, antes e depois dos jogos. É um futebol que não empolga, mas que ganha. Desta vez há algo de diferente no futebol italiano. Essa diferença tem a ver com a ineficácia atacante dos dianteiros ou do homem que joga mais avançado. Nesse sentido Balotelli não é verdadeiro jogador italiano. É de outras paragens, com outra cultura futebolística. O dianteiro italiano típico para falar apenas das últimas décadas é Paolo Rossi ou, mais recentemente, Pippo Inzaghi. Uma equipa como a Itália não pode dar-se ao luxo de desperdiçar tantas oportunidades como as que Balotelli ingenuamente tem perdido em quase todos os jogos. Por isso não será erado afirmar que ele descaracteriza o futebol italiano. Di Natale, apesar da idade, já demonstrou, num jogo muito difícil, como se faz. Mas agora já não há nada a fazer: Prandelli é vítima das suas próprias opções.

Apesar de a Alemanha ter uma equipa superior, no jogo contra a Itália, tudo pode acontecer como em outras vezes já aconteceu. Além de que, como acontece com todas as equipas, também a Alemanha se não dá bem com todos os “futebóis”. E o italiano é um deles com o qual já perdeu várias finais. Mas não acabam aí as dificuldades dos alemães. Se os espanhóis passarem, como quase toda a gente supõe que passem e como Platini já vaticinou, terão aí uma não menor dificuldade. Perderam com esta Espanha na final do Euro 2008 e na meia-final do Mundial 2010. A grande vantagem da Alemanha relativamente a qualquer outra equipa, mesmo que essa equipa seja a Espanha, é que tem no banco uma equipa que vale praticamente o mesmo da que está em campo. Num torneio como este, de grande exigência física em que se fazem seis jogos em três semanas muito mal distribuídos na sua parte final, pelo menos para algumas equipas, aquela é uma vantagem que não pode ser desprezada. Ela vale tanto relativamente aos italianos como relativamente a qualquer uma das outras duas equipas que poderão disputar a final.

Quanto à Espanha é difícil dizer se a equipa está melhor ou pior que há quatro ou dois anos. Há quatro anos apareceu na Europa uma equipa espanhola decalcada do Barcelona, apesar de o seu treinador de então nada ter a ver com o Barcelona, com um futebol muito semelhante ao que Guardiola nesse mesmo ano pôs o Barcelona a jogar. E toda a gente disse que a habitual “fúria” espanhola, tantas vezes inconsequente e quase sempre sem resultados no plano internacional, tinha dado lugar a um futebol de tipo novo – o futebol de uma equipa que sabia guardar a bola como nenhuma outra e que quando a perdia recuperava-a muito rapidamente. Ao longo destes últimos quatro anos esse futebol, apesar da mudança de seleccionador, tem-se refinado, a ponto de haver já muita gente que se sente “enjoado” com ele. Diz-se que não tem profundidade, que retira emoção ao jogo, que não empolga, etc. Pois a verdade é que esse “futebol sádico” dos espanhóis tem-lhe assegurado as maiores vitórias não tendo havido até hoje nenhuma equipa que tenha conseguido destroná-lo. Apenas a Suíça no primeiro jogo do Mundial de 2010 lhe pregou um valente susto, vencendo por 1-0, e pondo a Espanha a jogar sob tensão os dois restantes jogos do grupo. Mas tudo se resolveu, como se viu. A Espanha foi campeã do mundo.

A equipa deste ano está mais madura sob todos os pontos de vista e até hoje somente a Croácia lhe causou verdadeiros problemas, podendo inclusive tê-la derrotado se o árbitro tivesse visto o que toda a gente viu.

Será todavia muito difícil vencer a Espanha. Começa logo por ser difícil saber como se joga contra a Espanha. É muito difícil tirar-lhe a bola, porque eles jogam muito juntos e tem excelente precisão no passe. Recuperam a bola com muita facilidade pela forma como rodeiam o jogador que está na sua posse. Portugal não tem a mesma precisão de passe nem a mesma capacidade de recuperação. Andar permanentemente atrás da bola cansa muito como se viu no último jogo com a França e como Portugal também já sabe pela experiência falhada de 2010.

Mourinho contra o Barcelona privilegiou o futebol directo apoiado numa forte organização defensiva (trivote) mas os resultados não foram famosos. Em duas épocas, em dez jogos, apenas ganhou dois e foi eliminado em duas provas. Mas talvez tenha que ser assim que Portugal deva jogar, com a agravante de a selecção espanhola, ao contrário do Barcelona, jogar com duplo pivot. Enfim, tudo dificuldades, muitas dificuldades. Se a equipa portuguesa passar comete um grande feito. Se perder, será normal. Além de que temos "menos jogadores" que a Espanha (isto por culpa de Paulo Bento que não fez uma escolha de acordo com as necessidades do torneio, apesar das limitações de recrutamento) e os que podem alinhar tem alinhado sempre. estão naturalmente mais cansados..

Nota final: a ninguém passou despercebido a eficiência com que a arbitragem de Paulo Proença, no último Itália- Inglaterra, assinalou os milimétricos off side da equipa italiana. Pelos vistos, Proença  tem juízes de linha muito bons, logo….

domingo, 24 de junho de 2012

ALEMANHA E ESPANHA NAS MEIAS-FINAIS




A GRÉCIA E A FRANÇA REGRESSAM A CASA
Video: Eurocopa 2012. Cuartos. España 2-0 Francia



O encontro entre a Alemanha e a Grécia era mais importante pelo clima político que o rodeava, não necessariamente da parte dos intervenientes, do que propiamente do ponto de vista futebolístico. A Alemanha é uma potência do futebol mundial, que apenas terá à sua frente o Brasil e quase ao lado a Itália, mas muito longe de todos os demais, chamem-se eles Argentina, França, Espanha ou Inglaterra. Por isso não admira que o jogo fosse tão desequilibrado, além do mais por a actual equipa da Alemanha ser uma super equipa contra uma Grécia que nunca tendo sido uma grande equipa, mesmo quando em 2004 ganhou o Europeu, estava este ano muito longe de poder de ir além de onde foi. Aliás, foi notável que a Grécia tivesse chegado aos quartos-de-final.

Foi um jogo triste para quem esperava encontrar nele alguma espécie de desforra do que passa com o outro euro. Viu-se uma Grécia sem argumentos para contrariar os alemães, sempre muito recuada, tentando não sofrer golos e tentando também manter viva a esperança de numa única oportunidade fazer um golo. Acontece que a Alemanha marcou no primeiro tempo, depois de já ter falhado outras oportunidades, por Lahm – um grande golo - e a Grécia conseguiu no início da segunda parte fazer o que parecia impossível – empatou! Na única oportunidade que teve aproveitou-a! Grande jogada de   Salpingidis bem aproveitada por Samaras. Notável.

Só que o sonho grego durou uns minutos. Khedira conclui com um remate fantástico um centro da direita e fez um grande golo. E os gregos já não reagiram. A força anímica que os aguentava, apesar da vontade que punham no jogo, foi-se. Um pouco depois o regressado Klose concluiu de cabeça mais centro vindo da direita, batendo em altura vários defensores gregos, guarda redes incluído. E mais tarde foi o 4-1 por Reos num pontapé excelente da entrada da área em recarga a um remate de Müller que entretanto tinha entrado. Os golos alemães foram todos de excelente execução, sendo poucas, ou talvez nenhuma, as equipas que disponham nas suas fileiras tantos executantes de qualidade.

Quando o jogo já caía no ocaso e a Grécia se via livre da goleada que a partir de certa altura tanto se temeu um penalty caído do céu permitiu à Grécia reduzir a diferença  (outra vez Salpingidis) e ficar com um resultado que nem de perto nem de longe espelha a diferença entre as duas equipas e do próprio jogo.

Enfim, tal como no quotidiano da vida helénica, também a participação da equipa neste Euro foi triste, trágica e azarada, tendo mesmo assim conseguido ir além das suas possibilidades.

No jogo desta noite a Espanha bateu a França por 2-0, com dois golos de Xabi Alonso, alcançando assim a sua primeira vitória em jogos oficiais sobre os vizinhos gauleses.

É muito difícil jogar contra a Espanha. Se as equipas fazem pressão sobre quem transporta a bola e a recebe, os jogadores correm o risco de correrem quilómetros sem qualquer hipótese de tocar na bola em noventa por cento dos casos. À fadiga física junta-se a fadiga psicológica que agrava aquela e faz perder o discernimento e a vontade. Se as equipas não fazem pressão e esperam a Espanha perto da área correm o risco de naqueles movimentos em que os espanhóis são exímios deixarem um adversário isolado frente à baliza. Além de que só pode fazer este jogo quem souber jogar com serenidade na área. Em regra, os jogadores portugueses que jogam que nos três primeiros ou nas equipas grandes da Europa não sabem fazer este jogo por falta de hábito.

É muito difícil jogar contra a Espanha – repete-se – não apenas pela facilidade com que eles trocam a bola mas também pela facilidade com que a recuperam. Além de que quem vê um jogo da Espanha fica com a sensação que a equipa domina todos os tempos e todos os ritmos do jogo. E de sensação passa a certeza quando se observa o jogo depois de a Espanha marcar um golo, ou seja, depois de estar à frente no marcador.

Indiscutivelmente uma grande equipa, tal como a Alemanha. Todavia, tanto a Itália como Portugal têm uma palavra a dizer. E importante.

Mourinho diz que não percebe por que se diz que a Espanha joga à Barcelona quando o RM tem lá vários jogadores, cinco, dos quais jogam regularmente três. Se Mourinho fosse pouco inteligente a gente fazia-lhe um desenho. Como não é o caso basta dizer a Mourinho que, mesmo que ele lá tivesse o dobro dos jogadores que tem, se eles continuassem a jogar como joga a Espanha não jogariam à Real Madrid, mas algo mais próximo do jogo do Barcelona. A grande diferença do jogo do Barcelona relativamente à selecção espanhola não é tanto a falta de Messi, como se poderia supor, mas o duplo pivot que Del Bosque não dispensa. Mas nem nisso imita Mourinho, porque contra o Barça ele joga com triplo pivot, aquilo a que os jogadores depreciativamente chamam trivote. E depois, em jogos deste nível ou com adversários de respeito Mourinho prefere o jogo directo,para um ponta de lança que faça toda a área (tipo Drogba) ou para um Cristiano Ronaldo. Enfim, não há qualquer semelhança.




sexta-feira, 22 de junho de 2012

MOURINHO FAZ NOVA VÍTIMA



DESTA VEZ É ZIDANE

Jorge Valdano foi a primeira vítima de Mourinho no Real Madrid. E nem sequer se pode dizer que tenha sido uma surpresa. Quando há dois anos Mourinho assinou pelo Real Madrid logo aqui se vaticinou a sorte de Valdano. Um intelectual do futebol, amante do futebol espectáculo e respeitador de um código ético cujas normas valem em qualquer circunstância, nas boas e nas más, fácil era prever a impossibilidade de coabitação com Mourinho a quem somente a vitória interessa qualquer que seja o meio para a alcançar.

Agora passa-se o mesmo com o substituto de Jorge Valdano, Zinedine Zidane. Tudo começou, ou melhor, tudo se agudizou, depois do jogo contra o Villareal que terminou empatado a um golo. Apesar da vantagem que o Real Madrid ainda mantinha naquela fase da Liga sobre o seu mais directo adversário, aquele empate, segundo Mourinho, poderia pôr em perigo a conquista do título, tanto mais que se seguia uma série de jogos difíceis onde tudo poderia acontecer. Sentindo que o título lhe poderia fugir, Mourinho pediu aos jogadores e ao clube que o apoiassem numa campanha de comunicação destinada a acusar os árbitros de conspiração contra o Real Madrid. É claro que os jogadores sabendo perfeitamente que não tinham sido prejudicados, pelo contrário até tinham sido beneficiados como aconteceu em Villareal, recusaram-se a participar na “jogada” de Mourinho, tendo nessa recusa sido acompanhados por Zidane.

Zidane que já tinha participado contrariado na defesa de Mourinho, a pedido deste, depois da derrota frente ao Barcelona, em Bernabéu, e sabendo que os jogadores não tinham apreciado as suas palavras, tanto mais que se sentiam injustamente atingidos por elas, desta vez não teve dúvidas sobre a posição a tomar. Recusou apoiar Mourinho numa campanha que no fundo tinha em vista condicionar os árbitros, fazendo pressão sobre eles, e retirando-lhes o discernimento necessário para arbitragens imparciais.

A partir desse dia a sorte de Zidane, não obstante o estatuto de que goza no Real Madrid, ficou marcado. Mourinho só aceita súbditos. É um déspota. Zidane ficou com o destino traçado.

O afastamento do homem cujos princípios de ética desportiva não integram comportamentos como os de Mourinho ficou decidida. Tendo, porém, em conta o passado de Zidane no clube ele vai ficar responsável pela cantera do Real Madrid em substituição de Alberto Giráldez.

Todos aqueles que em Madrid sabem dar o devido valor à formação de jovens futebolistas ficaram apreensivos com estas mudanças que acabam por atingir um homem a que o clube muito deve – Giráldez. Teme-se inclusive que Mourinho com o tempo acabe por interferir naquela que é uma das jóias da coroa do clube – a academia de Valdebebas.

PORTUGAL NAS MEIAS-FINAIS




GRANDE JOGO DE EQUIPA

Las imágenes del República Checa-Portugal



Num jogo que se adivinhava complicado pela forma de jogar da República Checa, a selecção portuguesa numa grande demonstração de futebol de equipa acabou por vencer com o golo de Cristiano Ronaldo marcado a cerca de dez minutos do fim. Tal como no jogo contra a Holanda o nome de Cristiano Ronaldo fica nos media de todo o mundo associado a esta vitória. A verdade porém é que a vitória é da equipa apesar da excelente exibição do craque português.

Como de costume o jogo não começou fácil para os portugueses que tardaram mais de vinte minutos a controlar a partida. Não quer isto dizer que durante esse tempo os checos tenham feito perigar as redes portuguesas, mas sempre iam tendo a iniciativa do jogo. A partir de meio da primeira parte a partida foi mudando de feição com os portugueses mais dentro do jogo. No último quarto de hora da primeira parte Postiga lesionou-se e Hugo Almeida entrou para o seu lugar sem que esta substituição tenha alterado em nada o modo de jogar da equipa.

Ronaldo, esta noite com cabelo à Puskas, que já tinha aparecido num livre voltou aparecer com toda a sua classe perto do fim da primeira parte num passe longo de Coentrão que ele dominou com o peito, rodou sobre o adversário e atirou à trave da baliza de Peter Chec. Teria sido um grande golo.

Na segunda parte tudo foi diferente para melhor. Com excepção de um breve período por volta dos sessenta minutos em que os checos estiveram por cima foi notória a superioridade dos portugueses na parte restante do tempo. Ronaldo voltou de livre a enviar a bola ao poste e nos demais remates ela teimava em não entrar umas vezes por falta de pontaria outras por força das excelentes defesas de Chec. Até que já perto do fim Nani na direita passa para Moutinho na intermediária que corre em direcção à linha de fundo centrando para um excelente golo de cabeça de Ronaldo. Foi um grande e merecido golo numa selecção onde Rui Patrício voltou a não ter qualquer trabalho.

A defesa esteve excelente. Pepe mais uma vez esteve perfeito. Jogou limpo, completamente limpo, e fez mais um jogo extraordinário. Coentrão que vem claramente a subir de forma terá realizado hoje o seu melhor jogo no Euro, já muito próximo dos que jogou na África do Sul. Bruno Alves também voltou a estar bem, aparte um ou outro passe longo falhado, como é hábito e João Pereira esteve perto do golo não fora uma extraordinária defesa de Chec.

Na linha média Moutinho esteve hoje acima de todos os demais. Uma exibição de luxo: fez um remate notável que Peter Chec defendeu com classe, desarmou, construiu, correu quilómetros e ainda teve talento e força para fazer o centro de que resultou o golo. Veloso manteve a regularidade de nível médio alto das suas exibições e Meireles terá sido a exibição menos conseguida, principalmente pelos passes falhados e pelos remates sem nexo. A defender esteve bem. Parece o mais cansado dos três.

Na frente a grande exibição foi outra vez de Ronaldo. Apesar da grande exibição que fez cometeu dois erros na segunda parte que puseram a equipa em apuros. Numa transição rápida falhou o passe para Coentrão, deixando a equipa desequilibrada e de outra vez falhou o passe para Meireles em circunstâncias e com consequências idênticas, embora neste caso a culpa deva ser repartida com o médio do Chelsea por este se ter adiantado demasiado no terreno. Mas Ronaldo foi excelente nos remates de bola parada, nas jogadas pela direita, pelo centro e pela esquerda até que a sua exibição acabou por ser coroada por um golo que tem tanto de técnica como de inteligência. Nani voltou a errar alguns passes, rematou de ângulo impossível uma bola que deveria ter centrado e nem sempre terá dado o seguimento mais rápido às jogadas de ataque. Tentou o golo, mas mais uma vez Peter Chec se opôs com classe. Nani se tivesse mais discernimento táctico poderia ser um grande jogador. Depois do golo foi substituído por Custódio. Postiga jogou pouco mais de meia hora e pouco se viu. Hugo Almeida sempre muito esforçado fez alguns remates de cabeça sem direcção. Marcou um golo mas estava em off side, embora, analisando a jogada, seja curioso realçar que Ronaldo tendo arrancado para a bola ao mesmo tempo que ele soube manter-se em jogo. Só que, dessa vez, a bola não passou para Ronaldo e o golo foi correctamente anulado.

O que interessa sublinhar é que a equipa tem reagido bem a diferentes modos de jogar dos adversários. Desta vez teve mais posse de bola e obrigou o adversário a cansar-se correndo atrás dela. E sabe-se como em futebol custa correr sem bola – cansa muito mais.

Agora só resta esperar o resultado do França-Espanha para saber qual o adversário. Portugal nunca ganhou a França em jogos oficiais, mas já ganhou a Espanha. Se o próximo adversário for a Espanha, parece que a melhor forma de jogar contra ela é como fez a Croácia. Nem nos jogos do Mundial, com excepção da surpreendente Suíça, a Espanha encontrou um adversário tão difícil de bater como a Croácia. Portanto, o mais aconselhável é copiar…
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REPÚBLICA CHECA -O - PORTUGAL - 1


quinta-feira, 21 de junho de 2012

PAULO PEREIRA CRISTÓVÃO NA TVI




ENTREVISTADO POR JUDITE DE SOUSA




Pela entrevista que Paulo Pereira Cristóvão, ex-vice presidente do Sporting, ontem concedeu a Judite de Sousa na TVI ficámos a saber que o arguido (suspeito da prática de vários crimes) é um estrénuo defensor do segredo de justiça. Se esse crime, que é vulgar e corrente, ele não comete mal andará o Ministério Público se supõe poder encontrar factos susceptíveis de sustentar a acusação de outros bem mais graves. Por este lado estamos conversados.

E pelo outro também: ficou claro na entrevista do ex-dirigente sportinguista que o Sporting, isto é, a direcção do Sporting, não só tinha conhecimento de todos os actos por ele praticados enquanto dirigente como é solidária com o autor de tais actos. Portanto, para bom entendedor, está tudo dito.

Depois há aquela coisa do dinheiro na conta do árbitro: uma série de coincidências sem qualquer significado, uma viagem à Madeira de um subalterno de Cristóvão certamente para ajudar Jardim a reduzir o défice e uma secretária que entregou um monte de notas ao dito viajante seguramente a título de ajudas de custo.

O que é espantoso é que os órgãos de disciplina da Liga de Clubes e da Federação continuem à margem de tudo isto, principalmente depois de se ter ficado a saber que tudo o que se passou é da responsabilidade de todos, isto é, do Sporting. Vão continuar os órgãos de disciplina daquelas entidades a “assobiar para o lado” como se não tivessem nada com o assunto?

Para concluir só falta falar no defensor de Cristóvão. Que outro indício seria necessário para fazer supor que os factos que lhe estão sendo imputados são da responsabilidade de todos (Sporting) do que a escolha como seu defensor de um conhecido causídico muito conhecido pela “extrema imparcialidade” com que costuma tratar as questões do Sporting?

quarta-feira, 20 de junho de 2012

EURO 2012 – FIM DA FASE DE GUPOS



AS SURPRESAS E A NORMALIDADE

A fase de grupos terminou com poucas surpresas. Tudo ficou mais ou menos dentro do esperado. Fala-se muito da Holanda, mas para que a Holanda tivesse sido apurada era preciso que Portugal ou a Alemanha tivessem ficado de fora. Mas isso não seria normal. Desde 1996, ou melhor, sempre que Portugal foi à fase final do Europeu de futebol passou a fase de grupos. E Alemanha só não passou uma vez. Em contrapartida já foi campeã. A Holanda uma vez campeã, bem como a Dinamarca, é que nem sempre passaram a fase de grupos. Portanto, como neste grupo, muito forte, dois tinham que sair – como em qualquer outro – surpresa só haveria se um dos eliminados fosse a Alemanha. Fora isso tudo normal.

O outro caso é o da Rússia, principalmente pelo que fez nestes últimos dois anos. É bom não esquecer que a Rússia tem falhado as fases finais do Mundial e do Europeu. E se é verdade que tem estado melhor ultimamente essa melhoria não foi contudo suficiente para se qualificar. A Grécia e a República Checa não são duas grandes potências futebolísticas, mas a Polónia e a Rússia, os outros dois do seu grupo, também não.

Depois, é natural que tenha passado a Itália e a Espanha, bem como a França e a Inglaterra. A Inglaterra não fez ontem um bom jogo contra a Ucrânia. Mas teve mais sorte. Desde logo por não ter sido validado um golo que entrou. Mais uma vez se constata a quase inutilidade dos árbitros de baliza. Aliás, em questões como a de ontem – que não são assuntos de opinião nem de avaliação subjectiva – mais valia recorrer ao vídeo e decidir de acordo com ele sempre que as imagens não deixassem dúvidas. A Inglaterra foi recompensada na Ucrânia do golo que não lhe validaram na África do Sul contra a Alemanha.

Assim, tendo em conta as equipas que passaram, bem se poderá dizer que vamos ter alguns jogos interessantes nos quartos-de-final…nem todos pelas mesmas razões. De todos o que suscita maior entusiasmo é o Grécia-Alemanha por razões extra-futebol. Seria uma grande festa na Grécia e nos países do sul da Europa se os “rapazes do Fernando Santos” eliminassem a Alemanha. Que pena o Karagounis não jogar, injustamente afastado por uma falta que não cometeu.

O Itália-Inglaterra vai ser um jogo interessante principalmente por esta Inglaterra estar futebolisticamente falando mais perto da Itália do que alguma vez já esteve. Já se sabe como é: a Itália nunca deslumbra, mas se defender bem e for eficiente na frente pode sempre ganhar a qualquer equipa. Sempre assim foi e não há razões para supor que vai deixar de ser desta vez.

O Espanha-França é um jogo que, em princípio, a Espanha ganhará, apesar de não ter estado nada bem contra a Croácia. Já não é a “máquina” de há quatro anos nem de há dois, mas deve chegar para a França.

No jogo porventura menos desinteressante da próxima eliminatória, Portugal-República Checa, a questão está em saber como vai a equipa portuguesa lidar com o favoritismo que lhe é atribuído e como vai também lidar com a iniciativa do jogo que os checos lhe vão conceder, ela que é a segunda equipa com menos posse de bola. O clima de euforia em regra nunca traz nada de bom aos portugueses e a idolatria à volta da figura de Ronaldo menos ainda. É preciso que se diga que Ronaldo jogou bem contra a Holanda – uma equipa que tem um futebol do nosso agrado – do mesmo modo que a maior parte dos seus companheiros. E que marcou dois golos, é certo, o segundo com arte, a mesma arte que não teve quando contra a Dinamarca falhou outros tantos. Portanto, nada de exageros…

terça-feira, 19 de junho de 2012

ESPANHA-CROÁCIA – ÁRBITRO MANDA CROÁCIA PARA CASA




ITÁLIA TAMBÉM PASSA, MAS POR MÉRITO PRÓPRIO
Il possibile fallo da rigore di Ramos. LaPresse



Já não há vergonha no futebol. Platini presidente da UEFA já nem sequer disfarça. Diz abertamente quem queria nos quartos-de-final e quem quer na final. Agora só falta que os árbitros sigam à risca os desejos-ordens de Platini, tal como hoje já começou a fazer o alemão Stark que perdoou dois penalties à Espanha e uma expulsão- a de Sérgio Ramos, um verdadeiro animal!

Aconteça o que acontecer este campeonato já está definitivamente marcado pelo que se passou hoje. Quem deveria ter passado era a Croácia e não a Espanha. Agora se percebe que o cartão amarelo a Karagounis não foi obra do acaso, antes obedeceu à mesma lógica. Tudo fazer para eliminar a Grécia e deixar a Rússia em prova. Como é possível transformar um penalty numa falta contra a equipa do jogador que o sofre?

E agora se percebe também quem está por detrás de tudo isto, assim como se percebe o motivo por que árbitros que tão má conta haviam dado de si nas provas nacionais como Proença e Velasco Carballo tenham sido escolhidos para o Europeu. Está tudo dito. Felizmente que Portugal vai jogar os quartos-de-final contra uma equipa que “comercialmente” vale tanto como a portuguesa. Não fosse esse o caso já se saberia qual seria o resultado.

Vergonha! É uma vergonha o futebol de alto nível ter à sua frente gente como Platini. A impunidade da patada de Sérgio Ramos a Mandzukic e agarrão de Busquets a Corluka ficam para a história da pouca-vergonha deste campeonato.

Por mérito da Croácia, a Espanha acabou por ganhar aquele foi o seu pior e mais sofrido jogo de todos os que já fez desde o Euro 2008. Passou com um golo que também ele deixa muitas dúvidas - meio ombro meio braço de Iniesta na recepção da bola. E nada mais há dizer, porque sobre um jogo viciado nunca há muito a dizer.

A Itália que temia um arranjo entre a Espanha e a Croácia passou à fase seguinte e teria também passado se o jogo Gdansk de tivesse tido o desfecho que deveria ter. De assinalar o grande golo de Balotelli e o “grande problema” das equipas que nos cantos teimam em fazer marcação homem a homem.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

GRANDE VITORIA DA SELECÇÃO PORTUGUESA






NOITE DE CRISTIANO RONALDO

El huracán Ronaldo juega como un Balón de Oro


A selecção portuguesa de futebol fez esta noite em Kharkiv uma grande exibição vencendo a Holanda por 2-1. Como tem sido hábito, os portugueses começaram mal, deixando que a Holanda tomasse conta do jogo até ao primeiro golo, aos onze minutos – um grande golo de Van der Vaart que hoje apareceu a titular, deixando Affelay no banco.

Com uma equipa fortemente atacante – Huntelaar também jogou de início – a Holanda encarou este jogo como ele tinha que ser encarado. Um jogo para vencer, pois somente uma vitória, acompanha da de uma derrota da Dinamarca, poderia acalentar a esperança de uma passagem à fase seguinte.

A verdade é que Portugal cedo percebeu que tinha encarar o jogo do mesmo modo, pois, apesar de a vitória poder não ser suficiente, ganhar era o máximo que poderia fazer. O resto já dependeria de terceiros. E de facto assim foi. Logo depois do golo da Holanda Cristiano Ronaldo numa jogada em que teve todo o mérito só por um triz não empatou. E logo a seguir num cruzamento de Nani voltou a estar perto do golo num remate de cabeça.

Adivinhava-se que a equipa portuguesa estava perto do golo e que mais minuto menos minuto acabaria por empatar. E assim foi. Numa jogada magistralmente conduzida pela direita João Pereira fez uma assistência – da mesma qualidade técnica e táctica que a de Silva para Fabregas no jogo contra a Itália – para Cristiano Ronaldo que desta vez não desaproveitou, alcançando o empate aos 27 minutos.

Estava finalmente lançada a equipa para a sua melhor exibição neste Euro 2012. Na defesa tudo corria bem. Pepe, imperial nas alturas e nas bolas pelo solo, rubricava uma das suas melhores exibições ao serviço da selecção. Simplesmente fantástico. Coentrão igualmente magnífico a defender, desta vez com o apoio dos médios, eclipsou Robben e esteve até ao fim do jogo em múltiplos lances de ataque, colaborando com Ronaldo e até funcionando excepcionalmente como ponta de lança. Temos a caminho o grande Coentrão do Mundial de 2010! Bruno Alves sempre muito solidário e esforçado a defender esteve bem na defesa, embora falhe com alguma frequência nos passes de construção, mas sem nunca comprometer. João Pereira esteve seguro, mais colaborante no ataque, tendo tido no lance do primeiro golo uma intervenção que ficará nos anais da selecção. Finalmente, Rui Patrício esteve sempre seguro – o remate de Van der Vaart era indefensável como indefensável era um outro idêntico que fez na segunda parte, mas que o poste devolveu.

Na linha média os três médios correram quilómetros e fizeram aquele trabalho invisível que o adepto nem sempre avalia devidamente mas que esteve na origem do êxito da selecção. Moutinho, apesar das suas deficiências a rematar, fez dois passes notáveis para os extremos, Ronaldo e Nani, na sequência dos quais poderiam ter resultado dois golos se Nani não tivesse falhado escandalosamente um deles. Veloso e Meireles fizeram também um grande jogo, tendo Meireles dado lugar a Custódio aos 71 minutos.

Na frente o trio do costume teve desta vez em Cristiano Ronaldo o grande maestro. Rematou mais de dez vezes sempre com perigo, duas delas ao poste. Fez várias assistências, uma das quais valia mais de meio golo se Nani não a tivesse falhado e fez dois golos, tendo o segundo sido precedido de um trabalho de classe. Hoje sim, esteve à altura do jogador que a selecção precisava e os adeptos esperavam. Nani jogou bem mas não deveria ter jogado tanto tempo. Paulo Bento deveria ter aproveitado o excelente momento psicológico de Varela para, pelo menos, lhe conceder vinte minutos de futebol. Infelizmente, nem um minuto lhe deu. Nani acabou por sair aos 86 minutos para entrar Rolando. Postiga fez o que costuma fazer: correr, pressionar os adversários, reter a bola e alguns remates ou passes de pouca qualidade, excepto o que fez quando estava em off side. Nelson de Oliveira entrou como de costume por volta dos sessenta minutos e também ainda não foi desta que marcou a sua entrada com um golo. Forte e lutador serviu a equipa.

A Holanda é uma equipa que, apesar da grande qualidade do seu futebol, acaba quase sempre por perder contra Portugal. Das últimas três vezes que Portugal a encontrou numa grande competição a Holanda acabou sempre por ir para casa - em 2004, 2006 e agora em 2012. É uma equipa cujo jogo aberto de cariz fortemente atacante satisfaz normalmente muito bem as características do futebol português – um futebol que precisa de espaço e de pouca pressão para se exibir como gosta.
Na segunda parte o jogo esteve relativamente equilibrado, mas sem nunca a Holanda dar a ideia de que poderia ganhar. Todavia, como persistia o empate no outro jogo, era preciso não arriscar. Daí que a equipa portuguesa tenha sido sempre mais perigosa com a bola, acabando por fazer o segundo golo num rápido contra-ataque. A partir dai com a Holanda lançada no ataque em busca do empate, Portugal poderia ter marcado de novo. Assim não aconteceu, tendo a vitória por 2-1 sido suficiente para alcançar o objectivo.
No outro jogo do gupo, Alemanha-Dinamarca, a Alemanha acabou por vencer por 2-1, depois de o empate a um golo ter perdurado durante largo tempo. Um empate que a desfazer-se para o lado da Dinamarca poderia pôr a Alemanha em casa.    

Finalmente, não se compreendem as palavras de Paulo Bento na conferência de imprensa nem a decisão de não se fazer acompanha de jogadores. O futebol – dirigentes, treinadores e jogadores – tem de saber conviver com as críticas. O facto de a selecção hoje ter ganho à Holanda não significa que Paulo Bento tenha necessariamente razão nas suas opções tácticas. Por outro lado, estamos a falar de agentes desportivos – dirigentes incluídos – que ganham milhões. Todos os adeptos têm o direito de os criticar, principalmente quando as suas prestações não correspondem às expectativas e, principalmente, quando ficam muito aquém do ganham!

Não foi esse o caso hoje, mas daí não decorre que eles sejam intocáveis ou que tenhamos de lhes estar especialmente agradecidos pelo que fizeram. Estamos contentes. Eles cumpriram o seu dever!

domingo, 17 de junho de 2012

GRÉÉÉÉÉCIA!!!!




KARAGOUNIS!!!
Giorgos Karagounis

Num jogo emocionante contra a Rússia a Grécia qualificou-se para os quartos de final do Euro 2012! Qualificadas as duas selecções durante grande parte do encontro por força do resultado que então se registava entre a Polónia e a República Checa, a Rússia viu dramaticamente fugir-lhe a qualificação a cerca de quinze minutos do fim a favor daquela selecção que havia batido por uns expressivos 4-1 e contra a qual fizera uma das melhores exibições do torneio. A um minuto do fim, a “inimiga” Polónia esteve quase a repor a Rússia nos quartos de final não fora a inesperada passagem pela linha de golo de um defesa checo que impediu a bola de entrar na baliza.

É assim o futebol! Com a alea própria do jogo tudo pode acontecer num desafio de futebol quando forças estranhas e inimigas da transparência não entram em campo para impor o “destino” já traçado antes de o jogo começar.

Este jogo teve o seu herói. E esse herói foi Karagounis. Foi ele que no tempo extra da primeira parte aproveitou um deslize do defesa direito russo para fazer o golo e foi ele que na segunda parte numa daquelas jogadas que só ele sabe fazer ao entrar pelo centro da área adversária acabou estatelado no solo por aquilo que ele jura, com benzeduras e orações, ter sido uma rasteira do defesa russo. O árbitro não entendeu do mesmo modo e castigou-o com um cartão amarelo. Logo a seguir numa jogada perigosa da contraparte Karagounis arriscou o segundo amarelo e a expulsão. Fernando Santos não perdeu tempo: substituiu-o para não ser expulso. E cá fora, sobre a linha e sempre mal sentado no banco, Karagounis continuou a vibrar como se estivesse lá dentro, temendo em cada lance a tragédia e esperando que o fim do jogo o consagrasse como herói.

Esta vivência grega, sempre exacerbada, sempre no limite, entre a tragédia e heroicidade, desta vez acabou como a Odisseia de Ulisses – aportou a Ítaca e prepara-se para retomar o trono conquistado em 2004!

A Rússia mais uma vez regressa a casa cedo. Com tão bons jogadores, com técnicos experientes e competentes ainda não foi desta que Rússia seguiu em frente. Falta qualquer coisa àquela imensidão…

A cerca de trezentos quilómetros de Varsóvia, em Wroclaw, perto das fronteiras da Alemanha e da República Checa, os checos puseram fora da prova o co-anfitrião para decepção de milhões de polacos que esperavam mais da sua selecção.

A festa continua hoje á mesma hora: mais dois seguirão em frente, mais dois ficarão pelo caminho. É a vida…


sábado, 16 de junho de 2012

O SPORTING E OS ÁRBITROS



E AGORA O QUE VAI ACONTECER?


Avolumam-se as suspeitas de que o Sporting não estará inocente no processo que envolve o seu ex-dirigente Pereira Cristóvão. A primeira dúvida que surgiu – e este blogue logo deu conta dela – foi a seguinte: como pôde Pereira Cristóvão, suspeito de actos tão graves, continuar a desempenhar funções no clube sem a oposição inequívoca dos restantes membros da direcção e dos demais corpos directivos? Desde logo surgiu a suspeita de que Cristóvão tinha argumentos muito fortes para se manter. Argumentos que se impunham aos restantes dirigentes…

E também causou admiração o advogado por ele escolhido para o defender. Claro, que o advogado vai dizer o que diria qualquer advogado. É um dever do advogado…etc e tal. A gente conhece a conversa. Agora o que também se sabe é que o advogado do ex-dirigente é um fanático sportinguista e num assunto que directa ou indirectamente envolve o Sporting ele nunca entraria como causídico se não fosse para, acima de tudo, defender o Sporting. Ou dito de outra maneira: aceitaria o dito advogado patrocinar um processo do qual o Sporting pudesse sair prejudicado?

Pelos desenvolvimentos que o processo foi tendo e pelas investigações entretanto feitas pelas entidades competentes percebe-se agora que a teia é muito mais complexa do que os dirigentes do Sporting queriam fazer crer. Há outros envolvidos no assunto…

Grande clube o Sporting que apesar de lesado, segundo o que tem vindo a público, não apresenta queixa contra o lesante. Porquê?

O que é verdadeiramente estranho é que os órgãos do nosso futebol – Federação, Liga de Clubes – achem tudo isto normal e não seja instaurado um processo de averiguações, já que parece haver todas as razões para supor ou suspeitar de que os actos sob investigação não resultam de uma acção autónoma de Cristóvão como simples cidadão, mas antes praticados na qualidade de dirigente do Sporting.


quarta-feira, 13 de junho de 2012

PAULO BENTO TEM DE SER RESPONSABILIZADO, APESAR DA VITÓRIA




COMENTÁRIOS NOJENTOS DE JOÃO ROSADO
DINAMARCA - 2 - PORTUGAL - 3


Antes de mais tem de responsabilizar-se Paulo Bento pelo que se passou em Lviv que somente não redundou numa quase inevitável eliminatória pelas vicissitudes próprias de um jogo de futebol e também pelo pundonor posto em campo pela generalidade dos jogadores.

Paulo Bento tem de ser responsabilizado porque é inadmissível que durante todo o jogo tenha deixado completamente só Fábio Coentrão no lado direito do ataque dinamarquês. Ronaldo não ajudou rigorosamente nada e a Paulo Bento só lhe cabia uma de duas coisas: ou substituir Ronaldo por alguém que fizesse esse papel ou encarregar alguém do meio campo de cobrir o segundo homem que sempre aparecia solto para fazer o passe fatal. Os dois golos da Dinamarca surgem de cruzamentos do lado esquerdo da  defesa portuguesa, embora o primeiro seja da responsabilidade de João Pereira que deixou o ala esquerdo dinamarquês à vontade para centrar para Bendtner fazer o golo sem oposição.

Por outro lado, Ronaldo fez uma exibição para esquecer em matéria de finalização. Falhou dois ou três golos que não se podem falhar. Mas não se pode sacrificar Ronaldo, antes de mais porque ele está longe de ser o jogador que para aí se apregoa. Ronaldo não tem nem nunca teve condições para sobressair isoladamente numa equipa média. Ele não é nem nunca será um Maradona, um Cruyft, um Eusébio ou um Messi, para só citar alguns. Ronaldo é um bom jogador cujas capacidades ficam muito potenciadas em grandes equipas, servidas por grandes jogadores, como é o caso do Real Madrid ou do Manchester United. O jogo de hoje até lhe poderá ser muito útil se lhe servir para ele se capacitar das suas reais qualidades. Além de que Ronaldo tem um problema: quase nunca se exibe nos grandes palcos. Com esta é a sua quinta participção em fases finais de grandes competições entre selecções e Ronaldo, com excepção da primeira vez em que ainda era uma "criança", nunca esteve bem.

Não deixa também de ser espantoso que Fábio Coentrão, apesar de desgastado e de ter ficado sempre sozinho perante dois jogadores, ainda tenha tido forças para fazer a jogada e o passe do qual saiu o terceiro golo, por Varela, que voltou a entrar bem no jogo, apesar de ter tido a sorte pelo seu lado – se não tivesse falhado o remate muito provavelmente não teria feito o golo.

Postiga marcou um golo e fez uma simulação que deixou Ronaldo isolado. E nada mais. Como de costume falhou bolas, perdeu bolas, enfim, não deu profundidade ao ataque, embora hoje, pelo golo que marcou, até nem tenha sido um dos seus piores dias.

Pepe fez uma grande exibição. Seguramente o melhor em campo. Marcou o primeiro golo e a ele mais do que a nenhum outro se deve a vitória. Bruno Alves disfarça ao lado de Pepe as suas limitações. Mas nunca comprometeu a equipa.

Rui Patrício com excepção de uma defesa não teve trabalho. Esteve bem quando tinha que estar, já que nos golos nada poderia fazer.

João Pereira, com responsabilidades no primeiro golo, fez aquilo que pode fazer. Não se pode esperar mais dele.

No meio campo, Veloso esteve desta vez em grande nível. A cobrir, a cortar, a passar. Moutinho é aquilo que se viu. Faz faltas, corta, sofre faltas, mas em vão se esperará dele uma jogada de génio ou simplesmente criativa. Meireles esteve um pouco melhor do que da última vez, mas nada de especial, apesar de ter corrido muito.

Nani esteve bem mais uma vez, mas também sem brilhantismos. Mas foi um jogador de equipa: defendeu, construiu e preencheu bem o lado direito do campo.

Nelson Oliveira nos poucos minutos que jogou demonstrou ser um jogador com presença na área, capaz de passar em boas condições, de controlar a bola, de lutar na cobertura e ainda de rematar. Qualquer comparação com Postiga ou Hugo Almeida é pura perda de tempo. É outro jogador.

Quanto ao treinador não se percebe se actua por convicção ou por teimosia. Seja por uma ou outra razão deixa muito a desejar nas suas opções tácticas. Ainda hoje o aperto por que a selecção passou é da sua exclusiva responsabilidade.

Finalmente, uma palavra para o comentário de João Rosado: simplesmente nojento! Como pode um profissional que está a falar para milhões de espectadores ter durante todo o jogo uma atitude tão facciosa, tão parcial, tão interessada na defesa dos jogadores que são ou já foram do seu clube. Se ele tivesse um mínimo de capacidade auto-crítica, voltava a ouvir o comentário que fez ao jogo e nunca mais aparecia na SIC ou na rádio para comentar futebol. Simplesmente vergonhoso.