A GRÉCIA E A FRANÇA REGRESSAM
A CASA
O encontro entre a Alemanha e a Grécia era mais importante
pelo clima político que o rodeava, não necessariamente da parte dos
intervenientes, do que propiamente do ponto de vista futebolístico. A Alemanha é
uma potência do futebol mundial, que apenas terá à sua frente o Brasil e quase
ao lado a Itália, mas muito longe de todos os demais, chamem-se eles Argentina,
França, Espanha ou Inglaterra. Por isso não admira que o jogo fosse tão
desequilibrado, além do mais por a actual equipa da Alemanha ser uma super
equipa contra uma Grécia que nunca tendo sido uma grande equipa, mesmo quando
em 2004 ganhou o Europeu, estava este ano muito longe de poder de ir além de
onde foi. Aliás, foi notável que a Grécia tivesse chegado aos quartos-de-final.
Foi um jogo triste para quem esperava encontrar nele alguma
espécie de desforra do que passa com o outro euro. Viu-se uma Grécia sem argumentos
para contrariar os alemães, sempre muito recuada, tentando não sofrer golos e
tentando também manter viva a esperança de numa única oportunidade fazer um
golo. Acontece que a Alemanha marcou no primeiro tempo, depois de já ter
falhado outras oportunidades, por Lahm – um grande golo - e a Grécia conseguiu
no início da segunda parte fazer o que parecia impossível – empatou! Na única oportunidade
que teve aproveitou-a! Grande jogada de Salpingidis bem aproveitada por Samaras.
Notável.
Só que o sonho grego durou uns minutos. Khedira conclui
com um remate fantástico um centro da direita e fez um grande golo. E os gregos já não
reagiram. A força anímica que os aguentava, apesar da vontade que punham no
jogo, foi-se. Um pouco depois o regressado Klose concluiu de cabeça mais centro
vindo da direita, batendo em altura vários defensores gregos, guarda redes
incluído. E mais tarde foi o 4-1 por Reos num pontapé excelente da entrada da
área em recarga a um remate de Müller que entretanto tinha entrado. Os golos
alemães foram todos de excelente execução, sendo poucas, ou talvez nenhuma, as equipas que
disponham nas suas fileiras tantos executantes de qualidade.
Quando o jogo já caía no ocaso e a Grécia se via livre da
goleada que a partir de certa altura tanto se temeu um penalty caído do céu permitiu à Grécia reduzir a diferença (outra vez Salpingidis) e ficar com um
resultado que nem de perto nem de longe espelha a diferença entre as duas
equipas e do próprio jogo.
Enfim, tal como no quotidiano da vida helénica, também a
participação da equipa neste Euro foi triste, trágica e azarada, tendo mesmo
assim conseguido ir além das suas possibilidades.
No jogo desta noite a Espanha bateu a França por 2-0, com
dois golos de Xabi Alonso, alcançando assim a sua primeira vitória em jogos
oficiais sobre os vizinhos gauleses.
É muito difícil jogar contra a Espanha. Se as equipas fazem
pressão sobre quem transporta a bola e a recebe, os jogadores correm o risco de
correrem quilómetros sem qualquer hipótese de tocar na bola em noventa por
cento dos casos. À fadiga física junta-se a fadiga psicológica que agrava
aquela e faz perder o discernimento e a vontade. Se as equipas não fazem pressão e
esperam a Espanha perto da área correm o risco de naqueles movimentos em que os
espanhóis são exímios deixarem um adversário isolado frente à baliza. Além de
que só pode fazer este jogo quem souber jogar com serenidade na área. Em regra,
os jogadores portugueses que jogam que nos três primeiros ou nas equipas
grandes da Europa não sabem fazer este jogo por falta de hábito.
É muito difícil jogar contra a Espanha – repete-se – não apenas
pela facilidade com que eles trocam a bola mas também pela facilidade com que a
recuperam. Além de que quem vê um jogo da Espanha fica com a sensação que a
equipa domina todos os tempos e todos os ritmos do jogo. E de sensação passa a
certeza quando se observa o jogo depois de a Espanha marcar um golo, ou seja,
depois de estar à frente no marcador.
Indiscutivelmente uma grande equipa, tal como a Alemanha. Todavia,
tanto a Itália como Portugal têm uma palavra a dizer. E importante.
Mourinho diz que não percebe por que se diz que a Espanha
joga à Barcelona quando o RM tem lá vários jogadores, cinco, dos quais jogam
regularmente três. Se Mourinho fosse pouco inteligente a gente fazia-lhe um
desenho. Como não é o caso basta dizer a Mourinho que, mesmo que ele lá tivesse
o dobro dos jogadores que tem, se eles continuassem a jogar como joga a Espanha
não jogariam à Real Madrid, mas algo mais próximo do jogo do Barcelona. A
grande diferença do jogo do Barcelona relativamente à selecção espanhola não é
tanto a falta de Messi, como se poderia supor, mas o duplo pivot que Del Bosque não dispensa. Mas nem nisso imita Mourinho,
porque contra o Barça ele joga com triplo pivot,
aquilo a que os jogadores depreciativamente chamam trivote. E depois, em jogos deste nível ou com adversários de respeito
Mourinho prefere o jogo directo,para um ponta de lança que faça toda a área
(tipo Drogba) ou para um Cristiano Ronaldo. Enfim, não há qualquer semelhança.
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