NOITE DE CRISTIANO
RONALDO
A selecção portuguesa de futebol fez esta noite em Kharkiv
uma grande exibição vencendo a Holanda por 2-1. Como tem sido hábito, os
portugueses começaram mal, deixando que a Holanda tomasse conta do jogo até ao
primeiro golo, aos onze minutos – um grande golo de Van der Vaart que
hoje apareceu a titular, deixando Affelay no banco.
Com uma equipa fortemente atacante – Huntelaar também jogou
de início – a Holanda encarou este jogo como ele tinha que ser encarado. Um
jogo para vencer, pois somente uma vitória, acompanha da de uma derrota da Dinamarca,
poderia acalentar a esperança de uma passagem à fase seguinte.
A verdade é que Portugal cedo percebeu que tinha encarar o
jogo do mesmo modo, pois, apesar de a vitória poder não ser suficiente, ganhar era
o máximo que poderia fazer. O resto já dependeria de terceiros. E de facto
assim foi. Logo depois do golo da Holanda Cristiano Ronaldo numa jogada em que
teve todo o mérito só por um triz não empatou. E logo a seguir num cruzamento
de Nani voltou a estar perto do golo num remate de cabeça.
Adivinhava-se que a equipa portuguesa estava perto do golo e
que mais minuto menos minuto acabaria por empatar. E assim foi. Numa jogada
magistralmente conduzida pela direita João Pereira fez uma assistência – da mesma
qualidade técnica e táctica que a de Silva para Fabregas no jogo contra a
Itália – para Cristiano Ronaldo que desta vez não desaproveitou, alcançando o
empate aos 27 minutos.
Estava finalmente lançada a equipa para a sua melhor exibição
neste Euro 2012. Na defesa tudo corria bem. Pepe, imperial nas alturas e nas
bolas pelo solo, rubricava uma das suas melhores exibições ao serviço da
selecção. Simplesmente fantástico. Coentrão igualmente magnífico a defender,
desta vez com o apoio dos médios, eclipsou Robben e esteve até ao fim do
jogo em múltiplos lances de ataque, colaborando com Ronaldo e até funcionando
excepcionalmente como ponta de lança. Temos a caminho o grande Coentrão do Mundial de 2010!
Bruno Alves sempre muito solidário e esforçado a defender esteve bem na defesa,
embora falhe com alguma frequência nos passes de construção, mas sem nunca
comprometer. João Pereira esteve seguro, mais colaborante no ataque, tendo tido
no lance do primeiro golo uma intervenção que ficará nos anais da selecção.
Finalmente, Rui Patrício esteve sempre seguro – o remate de Van der Vaart era indefensável
como indefensável era um outro idêntico que fez na segunda parte, mas que o
poste devolveu.
Na linha média os três médios correram quilómetros e fizeram
aquele trabalho invisível que o adepto nem sempre avalia devidamente mas que
esteve na origem do êxito da selecção. Moutinho, apesar das suas deficiências a
rematar, fez dois passes notáveis para os extremos, Ronaldo e Nani, na
sequência dos quais poderiam ter resultado dois golos se Nani não tivesse
falhado escandalosamente um deles. Veloso e Meireles fizeram também um grande
jogo, tendo Meireles dado lugar a Custódio aos 71 minutos.
Na frente o trio do costume teve desta vez em Cristiano
Ronaldo o grande maestro. Rematou mais de dez vezes sempre com perigo, duas
delas ao poste. Fez várias assistências, uma das quais valia mais de meio golo
se Nani não a tivesse falhado e fez dois golos, tendo o segundo sido precedido
de um trabalho de classe. Hoje sim, esteve à altura do jogador que a selecção
precisava e os adeptos esperavam. Nani jogou bem mas não deveria ter jogado
tanto tempo. Paulo Bento deveria ter aproveitado o excelente momento
psicológico de Varela para, pelo menos, lhe conceder vinte minutos de futebol.
Infelizmente, nem um minuto lhe deu. Nani acabou por sair aos 86 minutos para
entrar Rolando. Postiga fez o que costuma fazer: correr, pressionar os adversários,
reter a bola e alguns remates ou passes de pouca qualidade, excepto o que fez
quando estava em off side. Nelson de Oliveira entrou como de costume por volta dos
sessenta minutos e também ainda não foi desta que marcou a sua entrada com um
golo. Forte e lutador serviu a equipa.
A Holanda é uma equipa que, apesar da grande qualidade do seu
futebol, acaba quase sempre por perder contra Portugal. Das últimas três vezes
que Portugal a encontrou numa grande competição a Holanda acabou sempre por ir para
casa - em 2004, 2006 e agora em 2012. É uma equipa cujo jogo aberto de cariz fortemente atacante satisfaz
normalmente muito bem as características do futebol português – um futebol que
precisa de espaço e de pouca pressão para se exibir como gosta.
Na segunda parte o jogo esteve relativamente equilibrado, mas sem nunca a Holanda dar a ideia de que poderia ganhar. Todavia, como persistia o empate no outro jogo, era preciso não arriscar. Daí que a equipa portuguesa tenha sido sempre mais perigosa com a bola, acabando por fazer o segundo golo num rápido contra-ataque. A partir dai com a Holanda lançada no ataque em busca do empate, Portugal poderia ter marcado de novo. Assim não aconteceu, tendo a vitória por 2-1 sido suficiente para alcançar o objectivo.
No outro jogo do gupo, Alemanha-Dinamarca, a Alemanha acabou por
vencer por 2-1, depois de o empate a um golo ter perdurado durante largo tempo. Um empate que a
desfazer-se para o lado da Dinamarca poderia pôr a Alemanha em casa.
Finalmente, não se compreendem as palavras de Paulo Bento na
conferência de imprensa nem a decisão de não se fazer acompanha de jogadores. O
futebol – dirigentes, treinadores e jogadores – tem de saber conviver com as
críticas. O facto de a selecção hoje ter ganho à Holanda não significa
que Paulo Bento tenha necessariamente razão nas suas opções tácticas. Por outro lado, estamos a
falar de agentes desportivos – dirigentes incluídos – que ganham milhões. Todos
os adeptos têm o direito de os criticar, principalmente quando as suas
prestações não correspondem às expectativas e, principalmente, quando ficam
muito aquém do ganham!
Não foi esse o caso hoje, mas daí não decorre que eles sejam
intocáveis ou que tenhamos de lhes estar especialmente agradecidos pelo que
fizeram. Estamos contentes. Eles cumpriram o seu dever!
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