AINDA O CASO "VÍTOR BAÍA"
No comentário desportivo desta semana ocupou um lugar de
destaque a explicação que Scolari deu à RTP sobre a não convocação de Vítor
Baia na entrevista que lhe concedeu no Brasil.
Apesar de o assunto ter hoje um interesse meramente
histórico, não deixa de ser interessante o modo como foi interpretada pelos
diversos comentadores.
Os comentadores afectos ao FCP não aduziram nada de novo relativamente àquilo que ao longo dos anos foram dizendo, mantendo um consistente e inalterável ódio a tudo o que venha de Scolari. Não só negaram que Pinto da Costa e Mourinho tivessem dado uma informação negativa de Vítor Baía, do ponto de vista da personalidade e da sua influência no balneário, como inclusivamente desmentiram um facto que é do conhecimento público e que o próprio Vítor Baía confirmou: o encontro de ambos com Scolari no Restelo em 2003!
Os comentadores afectos ao FCP não aduziram nada de novo relativamente àquilo que ao longo dos anos foram dizendo, mantendo um consistente e inalterável ódio a tudo o que venha de Scolari. Não só negaram que Pinto da Costa e Mourinho tivessem dado uma informação negativa de Vítor Baía, do ponto de vista da personalidade e da sua influência no balneário, como inclusivamente desmentiram um facto que é do conhecimento público e que o próprio Vítor Baía confirmou: o encontro de ambos com Scolari no Restelo em 2003!
A verdade é que, tendo o Scolari convocado sempre tantos
elementos do Porto, fica sem explicação, na interpretação que aqueles comentadores
fazem do facto, a não convocatória de Vítor Baía. Enfim, a irracionalidade como
norma de pensamento.
Do lado dos comentadores afectos ao Benfica, as
interpretações não são mais consistentes e deixam no ar a certeza, e não a
simples impressão, de que não se aperceberam verdadeiramente das vantagens que
para o futebol português teve a liderança de Scolari na selecção nacional. Ao
comentador da SIC N só lhe interessava sublinhar que o presidente do Porto
tinha influenciado a composição da selecção nacional pelo efeito directo que as
suas palavras tiveram nas convocatórias de Scolari relativamente a Vítor Baía.
Para tentar explicar o comportamento posterior de Scolari teve de recorrer à
ideia de que aquela influência aconteceu num momento de fraqueza. Com
franqueza, é preciso uma dose cavalar de benevolência para não adjectivar este
raciocínio. Assim, o Benfica não vai lá. Já quanto ao comentador da TVI 24 nem
adianta falar. Conhecido nas paredes do Estádio da Luz como lambe-botas, tudo o
que ele possa dizer não tem para efeitos de Benfica qualquer importância. A
música dele é outra. Uma música que os benfiquistas parece finalmente terem
começado a não querer ouvir…
Acabou por ser Dias Ferreira, honra lhe seja feita, que sempre
percebeu a importância de Scolari no futebol português, que acabou por dar a
única explicação plausível…e óbvia.
Scolari, quando chegou a Portugal, não conhecendo nada e
estando em geral rodeado por pessoas que ele não conhecia (salvo Murtosa,
evidentemente), quis contactar os presidentes dos clubes e os treinadores das
principais equipas, não para ser mandado ou influenciado por eles, para os
compreender e ouvir o que eles tinham a dizer-lhe sobre a selecção. E é nesse
contexto que falou com Pinto da Costa e Mourinho no Restelo. Ao contar o
episódio da forma como o contou, Scolari não quis dizer que tivesse sido
influenciado por Pinto da Costa ou por Mourinho, o que quis dizer foi que até
Pinto da Costa e Mourinho entendiam que Vítor Baía era um elemento prejudicial
ao grupo de trabalho. Mais tarde, como hoje se sabe, os dirigentes e treinador
do Porto, obrigados a recuperar Vítor Baía, por Nuno Espírito Santo não estar a
agradar a Mourinho, mudaram de opinião e passaram a exigir o que antes
aconselharam a não fazer!
Acontece que Scolari foi também informado por gente do
futebol, nomeadamente gente ligada à selecção, que Vítor Baía era um elemento
preponderante no balneário, mas também desestabilizador. E contaram o que se
passou no Mundial de 2002, a indisciplina e ainda o facto de as eliminatórias
terem sido jogadas primeiramente por Quim e depois por Ricardo, acabando Vítor
Baia, saído de uma lesão e convocado à última hora, por ocupar o lugar sem que
nada o justificasse, tanto mais que nem sequer tinha jogado a maior parte dos
jogos pelo seu clube.
Enfim, tudo o que se passou em 2002 exigia alguma limpeza e a
constituição de um grupo novo. Scolari deixou ficar quem,
do seu ponto de vista, não comprometia a coesão do grupo e a sua liderança e
dispensou quem, pelas informações que tinha ,não estava à altura desse
compromisso.
Além de que, Scolari jogou um amigável contra Portugal para
a preparação do mundial de 2002, e gostou da exibição do guarda-redes
português. Esse guarda-redes era Ricardo! E, como se viu, Vítor Baía acabou por não fazer falta. O público gostou da decisão de Scolari e por isso o defendeu e apoiou até ao último dia.
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