VALE A PENA APOSTAR NA
LIGA EUROPA?
Como a partir da terceira jornada da fase de grupos se
esperava, o Benfica e o Porto não se qualificaram para a fase seguinte da Liga
dos Campeões.
Para o Benfica, a eliminação precoce numa competição onde no
passado escreveu as páginas mais gloriosas da sua história não pode deixar de considerar-se
uma grande derrota. Pela terceira vez, o Benfica, com Jesus no comando técnico,
não logra alcançar a fase seguinte. Apenas uma vez, na era Jesus, o Benfica
seguiu em frente. Das restantes transitou para a Liga Europa, onde fez uma
carreira regular, mas que ninguém no plano internacional verdadeiramente
valoriza, mesmo quando o resultado final dessa participação é a vitória.
A Liga Europa é a segunda divisão das competições europeias,
residindo o seu maior interesse na pontuação que nela se pode arrecadar para
efeitos de ranking das competições da UEFA. Quanto ao resto – visibilidade,
dinheiro, audiências, prestígio – a sua importância é escassa ou quase nula.
A eliminação deste ano, previsível a partir do empate na Luz
contra o Olympiakos, é inaceitável, apesar dos dez pontos conquistados, exactamente
por ocorrer na época em que o Benfica tem um dos melhores planteis da sua
história, depois dos tempos gloriosos de Eusébio, Coluna e C.ª. É certo que o
Benfica fez uma grande exibição em Atenas, donde não merecia ter saído derrotado,
mas é igualmente verdade que realizou, principalmente na primeira parte, uma
péssima exibição na Luz contra esse mesmo Olympiakos, que ganhou por sorte ao
Anderlecht em Bruxelas e teve um comportamento deplorável em Paris contra o
PSG.
Portanto, os dez pontos do Benfica não são assim tão
brilhantes como à primeira vista poderiam parecer. As estatísticas podem dizer
que os resultados do Benfica na Champions, com Jesus, são dos melhores que o
Benfica conseguiu neste novo formato da prova, mas a realidade que as
estatísticas não revelam diz outra coisa. Diz que a melhor participação do
Benfica neste novo formato ocorreu com Ronald Koeman, dirigindo uma equipa que,
nem de perto, se equiparava em valores individuais aos que este ano estão à
disposição do treinador.
Jesus falha, assim, interna e externamente, pela manifesta
incapacidade de tirar partido dos excelentes jogadores que tem à sua disposição.
O Porto, também eliminado, teve uma participação deplorável
na Liga dos Campeões. Com um plantel reduzido e manifestamente mais fraco que o
do Benfica, com um treinador inexperiente e um público muito exigente,
suspirando pelos jogadores que não tem, o Porto conseguiu a “proeza” de ser
apurado para a Liga Europa com uma das mais baixas pontuações de sempre: cinco
pontos!
Com muitas presenças na Liga dos Campeões e de nela já ter feito história, o Porto, este ano, relativamente ao Benfica, sempre pode apresentar como
desculpa para a sua péssima prestação, a perda de dois dos seus mais influentes jogadores e a má vontade com
que outros se mantêm no plantel por a direcção ter recusado propostas que,
apesar de ficarem aquém das cláusulas de rescisão, eram muito vantajosas para
os jogadores em questão, como é o caso de Mangala, Fernando e Jackson Martinez.
Algo de novo está acontecendo para os lados das Antas, pois
onde antes se atestava a grande honra e o enorme prazer que era continuar no
clube, apesar das solicitações e pretensões externas, ouve-se agora o público desagrado
pelas transferências frustradas para clubes com outras potencialidades
financeiras.
Depois deste desaire dos dois mais importantes clubes
portugueses, a questão que a ambos agora se coloca é se vale a pena a aposta a
sério na Liga Europa com as inevitáveis consequências competitivas no plano
interno, nomeadamente no campeonato….