DOIS PONTOS PERDIDOS EM
CASA À SEGUNDA JORNADA
Desde que começou a pré-época que se evidenciavam, jogo após
jogo, as insuficiências do Benfica. Um coro de comentadores afectos ao clube e
alguns jornalistas incompetentes bem podiam tentar passar a imagem de um
super-Benfica alicerçado num grande plantel, mas a verdade é que essa nunca foi
a imagem que o Benfica deixou a quem percebe alguma coisa de futebol, depois de
vistos todos os jogos da pré-época e os dois primeiros jogos oficiais.
De facto, a posse de bola acumulada pelo Benfica nunca
correspondeu a um efectivo domínio do adversário nem a sua perda se traduzia numa
pressão imediata e eficaz sobre o adversário com vista à sua pronta recuperação.
Pelo contrário, o Benfica demorava muito a reagir à perda de bola e era muitas vezes
assediado com perigo pelo adversário quando este a recuperava.
Tudo isto, porque o Benfica sem três peças caves da época
passada corre o risco de se transformar numa equipa vulgar. Uma equipa que
perdeu rapidez nas transições ofensivas, incapaz de criar roturas nas hostes
adversárias, simplesmente mediana nas bolas paradas e com fragilidades nas
soluções defensivas.
Foi isto o que se viu durante a pré-época e foi isto que
ontem se repetiu no Estádio da Luz contra o Setúbal. Uma equipa que não
conseguiu evitar um golo por deficiente posicionamento defensivo e tempo de
entrada à bola. Uma equipa que não conseguiu criar uma única situação de perigo
em jogadas de bola corrida e que demonstrou sempre muita falta de inspiração
nas bolas paradas.
O espectro da derrota pairou sobre o Estádio da Luz, tendo o
empate sido alcançado por penalty
(Jimenes) quando faltavam menos de oito minutos para o fim do jogo. É certo
que o Benfica até poderia ter ganho. Teve oportunidades para isso, mas não
ganhou. Nem as jogadas que teriam proporcionado essa vitória seriam suficientes
para alterar a análise do jogo e da equipa.
Mais do que aborrecidos, os adeptos saíram do Estádio da Luz apreensivos
com o futuro da equipa na prova.
E têm fundadas razões para estarem apreensivos. O Benfica vai
pagar bem caro aa venda de Renato Sanches. Inacreditável que um jovem de 18
anos tenha sido sofregamente vendido cerca de seis meses depois de ter despontado.
Que o Benfica tivesse de vender Gaitan compreende-se e aceita-se. Que vendesse
Sálvio, idem. Agora Renato, não se compreende nem se pode aceitar. Com a lesão
de Jonas e sem Renato, o Benfica vai ficar exposto logo no começo do campeonato
aos piores resultados. E desta vez a desvantagem dificilmente será recuperável.
Tudo isto se torna ainda menos aceitável por duas razões:
primeiro, porque a venda de Renato assenta na arrogância de quem supõe que é a
“estrutura” que ganha campeonatos; e depois na ignorância de quem não percebe
que uma quarta derrota de Bruno Carvalho e uma segunda consecutiva de Jesus
seriam o fim de um e o começo do fim de outro.
Em Maio vamos ver quem tem razão…