terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

VOLTO PELAS PIORES RAZÕES



ASSIM NÃO VAMOS LÁ
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Volto ao blogue não porque esteja a ver agora o que não vi antes, mas pela simples razão de as coisas só poderem piorar daqui para a frente.
Desde há muito se percebia que o Benfica deste ano, sem nenhum jogador de génio, ia precisar muito de um treinador. Quando uma equipa tem um ou dois jogadores geniais, com um mínimo de cultura táctica, pode não ganhar tudo mas ganha o essencial, mesmo que o treinador “não exista”. O caso do Barcelona depois da saída de Guardiola é um bom exemplo.
No Benfica não havia nenhum Messi, nem mesmo Iniesta, mas havia jogadores que resolviam os problemas mais difíceis no contexto nacional. Com a sua ausência, o papel do treinador passaria a ser decisivo.
E isso foi exactamente o que no Benfica não se viu desde o princípio desta época. As falhas que agora são mais evidentes já lá estavam todas, disfarçadas pela fraqueza dos adversários internos e pela boa forma de dois ou três atacantes. E é por lá estarem que o Benfica perdeu com o Porto na Luz e fez a figura que todos conhecemos na Liga dos Campeões.
Quando os atacantes baixaram de forma e deixaram de marcar golos, a equipa,  na ausência os tais dois grandes jogadores, viu-se perdida sem ter ninguém que lhe valesse, salvo o Vlachodimos que passou a fazer a figura normal dos guarda-redes competentes de equipas pequenas - fazem muitas defesas.
Para além da lamentável forma de alguns jogadores e da fraca capacidade física de outros, o Benfica não sabe como sair a jogar sempre que a equipa contrária o pressiona e também não sabe pressionar na hipótese inversa, mesmo que esteja a ver como o adversário faz. O modo como o Benfica tenta condicionar a saída de bola do adversário traduz-se num desgaste físico inútil em que nenhum dos objectivos dessa pretensa pressão é atingido. Depois há o reverso da medalha. O Benfica tenta sair, mas não consegue e acaba por desferir o pontapé para a frente sem haja nenhum treino nem posicionamento adequado para ficar com a “segunda bola”. Ou seja, o Benfica não consegue aguentar a posse de bola. Mas não somente por isto: quando por outra razão a recupera, raramente a não perde por passes falhados. Se a perde no ataque, perde-se uma oportunidade; se a perde no meio campo ou na defesa, oferece-se uma oportunidade ao adversário. Pior que tudo é o que se passa nas agora chamadas “transições defensivas” – a equipa fica completamente perdida e não sabe como posicionar-se. A consequência é óbvia: os adversários aparecem velozes de frente para a defesa sem que ninguém os estorve. E a defesa que nestas circunstâncias ficaria sempre exposta, fica ainda mais por haver nela quem nem sequer saiba como “ir à bola” e pela manifesta falta de forma de outros. A ausência de uma adequada cobertura do chamado meio campo resulta também, como aconteceu em jogos anteriores, principalmente contra o Famalicão e contra o Braga, de em dois momentos da mesma jogada serem batidos vários jogadores do Benfica, número que já chegou a seis (!!!). Com seis, cinco ou quatro jogadores batidos numa jogada não há defesa que se aguente E menos ainda se a cultura táctica dos jogadores que a compõem for baixa.
Em conclusão: o plantel do Benfica foi mal construído e tem falhas gritantes, mas a maior falha é a do treinador. Bruno Lage é uma pessoa educada, bem comportada, toda a gente que se preza aprecia esses seus comportamentos, mas para treinador do Benfica não chega. E a prova de que o treinador está perdido são as suas intervenções no fim dos jogos. O desfasamento com a realidade é de tal ordem que até confrange. Por outro lado, mesmo nesta anarquia que é o jogo do Benfica, há opções incompreensíveis do treinador e a aposta noutras que igualmente ninguém compreende. Se um jogador não está em forma e vai de jogo para jogo demonstrando que não melhora, terá necessariamente que ir para o banco.
A menos que um milagre aconteça, prevejo um fim de época penoso mesmo sendo muito fraco o jogo do nosso principal adversário.