sábado, 8 de novembro de 2025

ELEIÇÕES NO BENFICA

 

SOBRE O ÚLTIMO DEBATE (06/11/2025)



Somente ontem de madrugada pude ver o debate de quinta-feira na BTV entre Noronha Lopes e Rui Costa. E foi logo a seguir que escrevi o texto a seguir transcrito, tendo-o propositadamente reservado a sua publicação para depois do encerramento das urnas. Ei-lo:

Fiquei desiludido com o baixo nível do debate que mais parecia um debate entre dois inimigos políticos do que um debate entre dois adeptos do mesmo clube.

Noronha Lopes entrou no debate seguindo uma cartilha exclusivamente preparada para atacar Rui Costa do primeiro ao último minuto, sem qualquer preocupação pelas perguntas que eventualmente lhe fossem feitas e muito menos sobre o que espera fazer no futuro. 

O seu guião era muito diferente dos que seguiu anteriormente, tanto na primeira volta, como até anteontem nesta segunda volta.

O seu "treinador" de debates ordenou-lhe que do primeiro ao último minuto não estivesse preocupado com as perguntas a que supostamente teria de responder, nem com as intervenções de Rui Costa. O que era preciso deixar bem claro, repetindo essas ideias até  exaustão, era o seguinte: 

Que Rui Costa em quatro anos não ganhou praticamente nada; 

Que nesses quatro anos gastou centenas de milhões de euros, esbanjando o património do Benfica;

Que vendeu excelentes jogadores, alguns a preço de saldo, e comprou outros que não servem para o treinador em exercício;

Que foi enganado pelo Proença, comprometendo com esse engano o futuro do Benfica, insistindo na ideia de que foi um dos apoiantes da sua candidatura (ou seja, cavalgando um ponto forte da campanha de Vieira);

Que não sabe proteger os interesses desportivos e patrimoniais do Benfica;

Que a sua gestão é um caos com a entrada e saída constante de pessoas que desempenham funções importantes, (cavalgando outro ponto da campanha de Vieira);

Que não tem quem saiba escolher os jogadores que interessam ao Benfica;

Que ele corrigirá todas essas graves falhas com pessoas competentes para os diversos lugares;

Que com ele o Benfica funcionará como uma máquina moderna.

Tudo isto dito com grande agressividade e impedindo sistematicamente, por via de interrupções sucessivas, o seu opositor de exprimir uma ideia do princípio ao fim.

 O debate foi preparado pelo moderador no pressuposto de que seria um debate entre gente séria. E esse foi o erro. Noronha nunca exibiu a preocupação de responder a qualquer  pergunta  ou de esclarecer o seu projecto, mas apenas, como já se disse, de acusar e responsabilizar o seu opositor por tudo o que correu mal e mesmo o que correu bem, distorcendo os factos para passar a ideia de tudo correu mal (serve de exemplo, a prestação do Benfica na Liga dos Campeões durante o mandato de Rui Costa; de facto, nunca o Benfica jogou tantos jogos na Europa como durante o mandato de Rui Costa – 14 por duas vezes).

Rui Costa atacou-o certeiramente em dois pontos. Um quando lhe demonstrou documentalmente que foi o tal extraordinário descobridor de talentos para quem Noronha reserva um lugar de destaque na sua equipa, que tinha aconselhado a contratação de Maitê, contratação que num debate anterior tinha servido de exemplo do que não deve ser feito.

A outra “farpa” tem a ver com o benfiquismo de Noronha, tendo Rui Costa apresentado um documento autêntico que provava ter o Noronha, da primeira vez que passou pelo Benfica, abando nado o cargo 58 dias depois de ter siso empossado.

Em ambos os casos, Noronha perdeu a computara, e aos berros dizia: “É mentira, é mentira”, sem mais nada acrescentar.

Por curiosidade fui logo a seguir ver e ouvir o que diziam os comentadores habituais da sexta-feira da CMTV.E devo dizer que fiquei surpreendido com alguns desses comentários.

Então, vou dizer, em linguagem simples a percepção (é mesmo percepção), o que achei dos comentadores e seus comentários.

Então é assim:

Malheiro, que durante anos tem assumido vaidosa e ridiculamente a função de porta-voz (sem título) do Benfica e particularmente de Rui Costa, dando sempre a ideia que "bebe do fino" e que está "por dentro", pareceu-me estar em "cima muro", uma espécie de equidistância " mais perto" de Noronha, posição que eu logo interpretei como resposta a algo com que contava e não chegou; se for esse o caso, acho que Rui Costa e, principalmente, o Benfica só ficariam a ganhar com o seu afastamento.

O advogado (Miguel) é manifestamente contra Rui Costa desde que Bruno Lage afirmou que não queria receber nenhuma indemnização do Benfica. Este está na CMTV em representação do seu patrão e quanto ao resto somente apoia aqueles que lhe proporcionam altíssimos pagamentos. É, portanto, mercenário do comentário, não havendo nada mais a dizer sobre ele.

Em terceiro lugar, Manuel Queiroz, não sei se por ser adepto do FCP ou por convicção, apoia claramente Noronha Lopes, mostrando- se sempre disponível para tanto, qualquer que seja o pretexto.

Achei espantoso que tivesse ficado chocadíssimo por Rui Costa ter apresentado um documento autêntico (acta de uma reunião da direcção do Benfica) que comprova o abandono ao fim de 58 dias do lugar para que havia sido empossado. Não se percebe onde está o “jogo sujo” deste comportamento. É ou não verdade que a acta confirma a renúncia de Noronha como vice-presidente 58 dias depôs de empossado? Mesmo sendo verdade, o que duvido, que Noronha tenha como vice-presidente suplente trabalhado na direcção de Vilarinho, é ou não verdade que, depois de empossado, deixou o Benfica cerca de dois meses depois? Se é mentira, então é acta que está falsificada. Interessa relembrar que esta direcção, embora tenha derrotado, com a colaboração de Eusébio, Vale a Azevedo foi de longe e de má memória a mais inepta que o Benfica alguma vez teve. Vilarinho é o responsável directo pela saída de Mourinho: foi com Vilarinho que o Benfica teve no campeonato nacional de futebol a pior classificação de sempre (6.º lugar); foi com esta direcção que foi tomada a decisão de não ser construído o novo Estádio da Luz; isto para falar apenas de factos do domínio público, porque se entrássemos nos “rumores” não sairíamos tão cedo daqui.

Como também se não compreende a crítica que foi feita a Rui Costa por ter apresentado os relatórios de apreciação das qualidades de um jogador, que Noronha havia criticado como exemplo dos erros cometidos, por essa apreciação positiva ter sido feita por um daqueles “excelentes profissionais” que Noronha levará para a sua equipa, se ganhar, quando o que se quis dizer ao apresenta-la é que até os “melhores” podem errar.  

Pode, com base neste pobre debate, tirar-se a conclusão de que há uma certa categoria de eleitores que pode mudar o sentido do seu voto, da primeira para a segunda volta? A única conclusão que se pode tirar é que essa mudança de voto da primeira para a segunda volta muito provavelmente só ocorra nos que têm o sentido do seu voto ligado à promessa de um “taxo”, sendo altamente improvável que ocorra naqueles que decidem o sentido do seu voto ligado ao que julgam melhor para o futuro do Benfica.

quinta-feira, 6 de novembro de 2025

BENFICA - BAYER LEVERKUSEN

 AS INJUSTIÇAS DO FUTEBOL 


Um jogador marca um golo de baliza aberta e é um herói. Um jogador falha um golo de baliza aberta, quando o jogo está empatado e teve azar.

Se um defesa faz um passe imprudente e o adversário aproveita o erro, desempatando o jogo, alcançando com esse golo a vitória, o responsável pela derrota é o defesa.

Esta é a regra que se segue na apreciação de um jogo de futebol. Foi exactamente isso que ontem aconteceu no jogo que, no Estádio da Luz, opôs o Benfica ao Bayer de Leverkusen, a contar para a quarta jornada da fase de apuramento da Liga dos Campeões Europeus.

Dahal ao aliviar com a cabeça uma bola, defendida pelo guarda redes, colocou-a involuntariamente  na cabeça do atacante da equipa adversária, que fez golo, apesar de rodeado por três jogadores do Benfica. E assim se consumou uma derrota que poderia ter sido evitada se os atacantes do Benfica, Pavlidis e Bukerbakio, não tivessem falhado duas oportunidades de golo cada um, que, se convertidas, teriam assegurado uma vitória tranquila do Benfica.  

O Benfica fez um jogo cauteloso, de média intensidade, no qual o receio de o perder ou de não o ganhar, desempenhou sempre um papel mais visível do que a ousada vontade de o ganhar. Não quero dizer com isto que o Benfica jogou para empatar. Não foi isso o que se passou. O que se passou é que o Benfica não entrou em campo com a intensidade e a velocidade de quem tinha de ganhar e queria ganhar o jogo rapidamente. Não. O Benfica entrou em campo para ganhar o jogo com segurança. Sem a intenção de arriscar nem de assustar o adversário. E quando assim acontece, apesar das cautelas defensivas, que levaram a que o adversário apenas tivesse tido em todo o jogo duas oportunidades: uma construída por mérito da equipa adversária, outra oferecida pelo Benfica, o resultado final é quase sempre imprevisível.

A ausência da tal ousadia, de quem está disposto a correr riscos, deixa ficar o adversário relativamente confortável na sua missão de ir deixando correr o jogo.

A partir de agora não haverá lugar para mais cautelas. Tanto na Holanda como no Estádio da Luz, nos dois próximos jogos, o Benfica  tem de realizar dois jogos completamente diferentes dos que tem feito até agora. Com outra intensidade, com outra velocidade, com outra ambição, com a ambição de quer ganhar o jogo depressa, para, depois de ter feito a sua parte, ficar à espera do que o jogo dá.




terça-feira, 4 de novembro de 2025

TIAGO SILVA

  COMENTADOR ADEPTO DO FCP NO "PÉ EM RISTE"

Ó Tiago não volte a dizer, como hoje disse ao Marco Pina e ao Marco Ferreira, que as regras que regulam o futebol, sobre os múltiplos assuntos sobre que incidem, são regras jurídicas. Não são. 

Não sei o que hoje se estuda nas Faculdades de Direito sobre o assunto, nomeadamente na cadeira de Introdução ou se estuda noutras disciplinas Noções Elementares de Teoria do Direito a diferença entre norma jurídica e outro tipo de normas. Mas é elementar que um jurista saiba distinguir a norma jurídica (material sobre o qual trabalha) de outras normas pertencentes a outros complexos normativos , que nada têm de jurídico. Aliás. o Marco Ferreira que é sempre muito competente nas suas explicações, disse-lhe em termos muito claros que certos conceitos usados nas regras do futebol apesar de serem também usados no Direito, como acontece com certos conceitos normativos, não têm em ambos os casos necessariamente o mesmo sentido e alcance. Antes de mais, qualquer conceito deste tipo, apareça ele onde aparecer, deve começar por ser interpretado no seu sentido corrente, mas se houver no complexo normativo em que está intergrado um sentido técnico, específico desse tipo de normas, é nesse sentido que deve ser interpretado. É o que acontece com conceitos  como negligência, imprudência, força excessiva ou outros, que têm sentidos diferentes no direito e no futebol. 

quinta-feira, 30 de outubro de 2025

AS ELEIÇÕES NO BENFICA

 SEGUNDA VOLTA

 

 



Digam o que disserem a grande vitória das eleições de 25 de Outubro de 2025 foi do Benfica. Votaram 85 710 sócios, algo nunca visto num clube de futebol, em qualquer parte do mundo. Todavia, aquele elevadíssimo número de votantes não foi suficiente para atribuir a maioria absoluta dos votos a um dos seis candidatos que concorreram às eleições, elegendo o presidente à primeira volta. Com secções de voto em múltiplos pontos do território nacional e também em vários países da Europa, de África, da América do Norte e do Sul, o Benfica demonstrou que é um dos maiores clubes do mundo, apesar de os resultados desportivos das últimas décadas não lhe terem proporcionado nenhum título (colectivo) de relevo mundial .

Rui Costa teve o voto de 32 898 eleitores a que corresponderam 744 655 votos (43,13%) e João Noronha Lopes, o candidato classificado em segundo lugar, teve 27 109 eleitores a que correspondem 534 818 votos (30/26%).

O acto eleitoral terá segunda volta no próximo dia 8 de Novembro. De certo modo continua tudo em aberto até ao apuramento dos resultados da segunda volta, na qual, segundo certos comentadores, se poderá atingir a participação de cem mil eleitores.

As incógnitas são muitas: o candidato mais votado conseguirá manter ou até aumentar a mobilização dos seus eleitores, tendo em conta que, em muitas secções de voto, tanto no território nacional como no estrangeiro, continuará a ser necessário percorrer longas distâncias para votar? Em quem votarão na segunda volta os eleitores que deram o seu voto aos demais quatro candidatos, dois deles com um número apreciável de votos? Haverá nestas eleições (para escolher os órgãos sociais de um clube de futebol) alguma semelhança com que o que se passa em eleições em que participam partidos políticos? Ou seja, que valores poderão ter as indicações de voto eventualmente dadas aos eleitores pelos candidatos derrotados?

É muito difícil fazer extrapolações com algum rigor, porque no desporto em geral a racionalidade não é necessariamente o que mais impera nem tão-pouco existe a fidelidade partidária. Mais vale falar em nome próprio e dar conta das motivações individuais.

Eu não gosto de candidatos nem de campanhas que afrontem o outro como se fosse um inimigo. Como se aquele que se defronta pertencesse a um clube diferente. Não gosto de candidatos que têm apoiantes despeitados, como acontece quase sempre com os antigos futebolistas que aceitam fazer parte das campanhas e que olham para os candidatos equacionando as vantagens que a sua vitória lhes poderia trazer. Não gosto de candidatos que não sabem reconhecer a grande obra que se fez neste século, não obstante os erros que possam ter sido cometidos. E também não gosto de candidatos que não inspirem confiança, quando fazem do seu trajecto de vida um elemento fundamental da campanha e depois se vem a saber que não é assim tão brilhante como o pintaram. Nem que olhem para o Benfica como um bom modo de vida, como uma profissão muito bem paga. Embora o futebol tenha mudado muito, há limites. E, finalmente, vejo com apreensão a simpatia com que os adversários do Benfica ou até os inimigos, implícita ou até explicitamente, deixam transparecer o seu apoio a um candidato.

Ainda do ponto de vista eleitoral vejo como detestável que certos “comentadores do Benfica” usem o seu tempo de antena para apoiar um dos candidatos, nomeadamente quando esses comentadores estão sempre mais próximos de quem lhes proporciona vantagens e se comportam como “lambe botas” de quem manda. 


domingo, 26 de outubro de 2025

AS ELEIÇÕES NO BENFICA

 ENQUANTO SE ESPERA O RESULTADO

Acredito em eleições, como não poderia deixar de ser. Todos devem ter o direito de votar, neste caso os sócios. A vontade de quem vota é soberana. O que não acredito nem apoio é que todos possam ser escolhidos.

Daí que aguarde com muita apreensão o resultado das eleições que estão a decorrer. E se dúvidas tivesse, elas teriam sido desvanecidas pelo representante de um dos candidatos - um ex jogador do Benfica e de outros clubes - que convidado há poucos minutos a comentar a noite eleitoral, concluiu: "Uma coisa é certa. Se ganharmos, amanhã de manhã estarei no Seixal". Fez-me lembrar aqueles herdeiros que ainda o corpo do morto não arrefeceu e já estão completamente doidos por encontrar a chave do cofre e o seu segredo. 

O outro sintoma é o de haver entre os apoiantes próximos de candidatos que vão a votos bem como entre os que constam das listas apresentadas para os diversos órgão sociais muita gente desempregada ou muito mal ou precariamente empregada.


segunda-feira, 22 de setembro de 2025

SOBRE O DESPEDIMENTO DE BRUNO LAGE

 O ADVOGADO LUÍS MIGUEL HENRIQUE, NA CMTV,  SOBRE O DESPEDIMENTO DE LAGE 

A conversa do Advogado Luís Miguel Henrique, na CMTV, na passada sexta-feira, sobre o despedimento de Bruno Lage,  é preocupante por várias razões.

Primeira – Com base num interesse pecuniário pessoal indirecto, o advogado Luís Miguel Henrique-, aproveitando o palco que alguém lhe concedeu (ele está lá em representação de quem?), usou o seu tempo de antena, pretensamente dedicado ao comentário futebolístico, para objectivamente o usar como tribuna de defesa dos seus indirectos interesses pessoais, de natureza pecuniária, a partir de uma pretensa conspiração urdida no interior do Benfica para despedir Bruno Lage.

A sua tese assenta num primarismo muito fácil de enunciar, mas impossível de provar pelo absurdo em que assentam algumas das suas premissas e conclusões. Segundo o advogado, que falou durante todo o programa como conselheiro ou advogado de Lage, este- teria a garantia de Rui Costa de que, alcançados os dois principais objectivos a que o Benfica se propunha no início da época – vitória na Supertaça e participação na fase de grupos da Liga dos Campeões Europeus –, de que até às eleições (25 de Outubro) não seria despedido. Depois se veria.

Segundo o advogado, esta promessa não foi cumprida por no interior do Benfica se ter urdido uma conspiração destinada a despedir Lage. Nas meias palavras depreende-se que esta conspiração foi urdida pelos apoiantes da contratação de Mourinho, depois do seu despedimento do Fenerbahce, após a sua eliminação, pelo Benfica, no “play off” da Liga dos Campeões. Depreende-se também de que nesta conspiração estariam envolvidos o actual director desportivo do Benfica – Mário Branco - que no ano passado tinha trabalhado com Mourinho no clube turco e outras personalidades, nomeadamente aquelas que concordaram com a antecipação do jogo contra o Santa Clara de 13 para 12 de Setembro. Prova ainda de que essa conspiração existia assenta no facto de, estando o Benfica a ganhar por 2-0 ao Qarabag, bastou que aos vinte e poucos minutos tivesse havido uma pequena falha para que a equipa fosse de imediato assobiada e vaiada.

Perante estes factos, bem como em consequência do “incumprimento” do compromisso assumido por Rui Costa, o advogado Luís Miguel Henrique reprovou com veemência a decisão assumida por Lage, na noite de 16 de Setembro e reiterada no dia seguinte, quando o seu despedimento já estava consumado, de apenas cobrar ao Benfica o mês de Setembro e os prémios a que tinha direito e incita-o a não respeitar a palavra dada (publicamente), devendo, em seu entender, exigir tudo a que tinha direito até ao fim do contrato – dois milhões de euros, segundo o advogado.

Lamentável, muito lamentável, é o advogado estar a aproveitar-se do tempo de antena para defesa do que não pode deixar de ser entendido como um interesse pessoal indirecto, efectivado mediante o aconselhamento de um comportamento indigno ao seu aconselhado.

Segunda – Esta versão do advogado não tem a menor comprovação factual, por razões óbvias, que mais abaixo podem ser enunciadas, sendo a única que aparece como válida o facto de o advogado, conselheiro de Lage, lhe ter dito que discordava do seu comportamernto, deixando claro que ele só trataria do assunto, como advogado , se “as coisas fossem feitas à sua maneira”, ou seja rompendo o compromisso assumido por Lage publicamente e exigindo do Benfica os tais dois milhões de euros a que teria direito por “despedimento sem justa causa”.

Escusado será falar no interesse indirecto que o advogado tem neste desfecho da questão, pelos honorários que cobraria a Lage, certamente nunca inferiores a vinte por cento.

Terceira - A questão da traição tem muito que se lhe diga. Sim, mesmo que Rui Costa tenha prometido a Lage que ficaria no clube até à data das eleições, depois da vitória na Supertaça e da entrada na Liga dos Campeões, esse duplo êxito, porém, não estava a ser suficiente para acalmar os adeptos que viram em todo os restantes jogos o que toda a gente viu – uma equipa sem ideias, com um futebol fastidioso, incapaz de empolgar o mais fanático benfiquista, ganhando jogos tangencialmente, sempre a “milímetros” de os perder ou empatar. Portanto, era perfeitamente natural que ao menor desaire, a pressão sobre o presidente, para despedir Lage, aumentasse consideravelmente, a ponto de se tornar insustentável. E houve não um, mas dois desaires, em poucos dias. Perante este cenário, que levaria provavelmente à derrota eleitoral de Rui Costa, este, aproveitando-se do facto de Mourinho estar livre, tenha visto nele a sua tábua de salvação, pelo prestígio mundial associado ao seu nome. Isto não obedece a qualquer complot, mas apenas e só às leis da sobrevivência.

Quarta – O facto de o Branco já estar no Benfica, apenas terá facilitado as coisas. Mas com Branco ou sem Branco, Rui Costa faria exactamente o mesmo. E é também absolutamente ridículo afirmar que havia uma conjura organizadas contra Bruno Lage, pelo facto de a equipa ter sido assobiada, quando estava a ganhar por 2-0 ao Qarabag. A equipa foi assobiada porque se estava mesmo a ver o que poderia acontecer…Como já tinha acontecido antes contra o Santa Clara e somente por alguma sorte não aconteceu contra o Alverca e o Estrela da Amadora

Quinta - No lugar de Rui Costa, eu teria na quarta–feira, convocado os candidatos à presidência do Benfica para lhes comunicar que tencionava contratar de imediato Mourinho, com base no argumento de que uma eleição num clube de futebol nada tem que ver com uma eleição no domínio político, porque nestas os objectivos dos candidatos são diferentes ou mesmo antagónicos, enquanto num clube de futebol os grandes objectivos são os mesmos para todos, o que o pode ser muito diferente é o caminho que cada um propõe para lá chegar. E tentaria, nessa conversa, que o nome do treinador escolhido fosse consensual. Se não houvesse acordo, manteria a minha escolha. Costa optou por alcançar esse consenso à posteriori…

Sexta - Advertiria os sócios, adeptos e simpatizantes da mais que provável campanha de intrigas que os adversários do Benfica – principalmente o Sporting – iriam pôr em prática, nos meios de comunicação que dominam, sobre o contrato de Mourinho ou qualquer outro assunto, com vista a destabilizar o Benfica internamente.

 

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

O MINISTÉRIO PÚBLICO E OS COMENTADORES DO BENFICA NA TELEVISÃO

O CASO DE JOÃO MALHEIRO 

 Para começar, devo dizer que não ouvi nem vi todos os comentadores do Benfica sobre a mais recente acusação do Ministério Público ao clube da Luz.

Mas dos que vi, quero sublinhar dois comportamentos completamente opostos.

O primeiro que ouvi falar sobre o assunto, num ambiente ferozmente anti-benfiquista (um “senhorito” do Sporting, uma representante informal do MP, Tânia Laranjo e um pérfido fala-barato que intriga a partir do Porto), foi Diamantino Miranda, ex jogador do Benfica.
Este ex-jogador declarando-se tecnicamente incompetente para tratar de matéria que não domina, limitou-se a dizer que estas situações o incomodam como benfiquista e que o ambiente gerado a partir do que foi publicado pelo Ministério Público cria na opinião pública a ideia de que há desde já condenados pela prática de actos muitos graves; sem que haja permanentemente a cautela de explicar que aquilo que estamos a ouvir é apenas a opinião/posição do MP. Portanto, ele, partindo destes pressupostos, mas tendo ouvido sobre o assunto outras versões, ficou tranquilo quando reputados advogados afirmaram que as acusações apresentadas não tinham qualquer fundamento nos factos descritos. E estranhou o “timing” desta acusação. Porquê, neste preciso momento?

Por outras palavras, o que Diamantino quis dizer é que a versão que está a correr nos media é a versão do Ministério Público e que o Benfica tem outra, quer quanto aos factos, quer quanto à interpretação que deles se faz. À Justiça, ao Juiz, caberá decidir.

Numa palavra, Diamantino disse o que uma pessoa séria, não especialista na matéria, pode e deve dizer sobre o assunto, tendo acrescentado que, depois do que ouviu, como benfiquista, ficou descansado.
Não adianta falar sobre as intervenções dos demais; elas eram esperadas e são óbvias: o “senhorito” do Sporting bolsa ódio e calúnias sobre o Benfica como sempre faz; Tãnia actua como “correia de transmissão” da versão publicada (“eu digo o que me chegar às mãos de “boa fonte”, apenas quero continuar a saber o que outros não podem saber; ou saber primeiro do que eles”); o fala-barato do Porto ataca o Benfica, em termos pérfidos, como sempre faz; quer ele lá saber como reage o direito ao arrazoado do MP, quer é ter matéria para atacar o Benfica, directa ou indirectamente.

Dois dias depois, no painel da sexta-feira da CMTV, estava Fernando Mendes, ex-futebolista (que agora se diz adepto do Sporting); Manuel Queiroz, conceituado jornalista do Porto, próximo do FCP, embora em posição crítica; Miguel …, advogado e João Malheiro, que se assume como benfiquista com contactos privilegiados.

De Fernando Mendes não adianta falar porque nada do que ele diz ou possa dizer sobre este assunto tem o menor interesse. Ressabiado desde há décadas pelo seu completo fracasso como jogador do Benfica (para o qual se transferiu desavindo com o seu “querido Sporting”), nunca perdoou ao Benfica a sua inadaptação a um clube de outra dimensão e grandeza. Como também não tem instrução nem educação que lhe permitam abordar este tipo de assuntos com um mínimo de conhecimento e elevação, limita-se a bolsar baboseiras exactamente idênticas às do adepto analfabeto sectário. À frente, portanto. Não faz sentido considerá-lo.

Depois vem o Malheiro, o Malheiro que vota, como se já viu na televisão, um ódio mortal a Vieira, por o ter posto a léguas de tudo o que fosse Benfica ou do círculo próximo do poder. Vieira teve oportunidade, num frente a frente com Malheiro, de exibir todos os podres de Malheiro e de demonstrar quão nocivo ele era como adepto do Benfica e mais ainda como próximo de certos ídolos do Benfica, como Eusébio. Malheiro foi arrasado nesse frente a frente, tendo Vieira agido sempre como se empatia de Malheiro com o universo benfiquista fosse nula ou insignificante. Disso não poderá haver dúvidas  tal a descontracção com que Vieira falava sem qualquer preocupação com a escolha das palavras.

Não obstante, o desprezo a que Vieira o votou, Malheiro, depois da destituição (ou renúncia) deste, como Presidente, continuou a fazer um grande esforço para aparecer nos ecrãs como próximo do “círculo do poder”, como alguém que “bebe do fino”. Na sua voz pousada e rouca é frequente ouvi-lo afirmar solenemente: “Posso garantir de fonte segura que o Benfica…”; “posso adiantar, não como minha convicção pessoal, mas como posição do Benfica que…”.

Enfim, Malheiro na sua egolatria egocentrista gaba-se de falar em nome do Benfica, não como procurador, mas como pessoa “de dentro”, como pessoa que tem conhecimentos próprios de quem está próximo do poder e que diz aquilo que o poder gosta que seja dito. Daí, por exemplo, a defesa intransigente de tudo o que diga respeito ao Presidente Rui Costa, etc…

Tenha ou não alguma ligação com o poder benfiquista – e tanto pode ter como não ter, pois todos nós conhecemos aqueles “adesivos” que se colam à proximidade do poder apenas para “dar ares” de que são muito importantes - a minha profunda convicção é que a generalidade das suas intervenções não beneficiam o Benfica, suscitam a animosidade dos inimigos e não ganham a empatia da generalidade dos benfiquistas, que gostariam de vê-lo bem longe de tudo o que respeite a falar em nome do Benfica (com ou sem poderes). Mas esta é a minha convicção, que abaixo vou tentar fundamentar com o exemplo do que se passou no debate da passada sexta-feira (18/10), sobre a acusação do Ministério Público. Pode outra ser a da generalidade dos benfiquistas, mas, francamente, não creio.

Pois analisemos o que disse Malheiro sobre a acusação do MP. Guiado pelo seu ódio desmedido a Vieira, Malheiro depois de umas considerações puramente supérfluas, apenas destinadas a demonstrar que deu um tempo de tréguas ao seu inimigo, desatou num ataque desenfreado a tudo o que Vieira terá feito nos últimos 5 ou 6 anos, como Presidente do Benfica, prejudicial ao bom nome e reputação do clube, deixando implícito, mas sem reservas, de que Vieira deveria ser punido por tudo o que de mal fez ao clube, para de seguida lamentar a situação em que deixou ficar o Benfica!

No caso vertente, Malheiro deu claramente a entender que o comportamento de Vieira é censurável, com consequências graves

Na sua limitada compreensão do que está em causa, Malheiro parece não ter percebido, ou pior ainda, ter percebido e desinteressar-se das consequências, que quanto mais atacasse Vieira na qualidade de Presidente do Benfica mais afundava o Benfica, que estava a contas com a justiça exactamente por Vieira ter actuado em seu nome e como seu legítimo representante.

A sua inteligência não é certamente famosa, a ponto de nem sequer ter percebido que a única forma de atacar Vieira era insinuar que os negócios do Benfica com o Vitória de Setúbal estavam sendo realizados com vista a um hipotético proveito futuro de Vieira e não do Benfica pela sua possível ligação com o imobiliário (falava-se muito na venda do Bonfim e terrenos anexos), caso em que o Benfica seria a vítima e não o acusado. Mas como a inteligência de Malheiro, turvada pelo ódio, não dá para ver o óbvio, o seu papel nesse debate apenas serviu para acusar o Benfica!

Quanto aos outros comentadores, talvez valha a pena dizer que Manuel Queiroz, porventura por já ter percebido que a acusação judicial não tem “pés para andar”, insistiu no plano desportivo. E qual seria a acusação no plano desportivo? Não há acusação no plano desportivo que se não fundamente em factos judicialmente apurados e estes, como temos visto, ou não existem ou que os existem não provam nada.

Depois interveio Miguel, o advogado, que acabou concluindo o seguinte: há no futebol, como na vida em geral, quem se comporte imoralmente, amoralmente ou ilicitamente. Dos autos não se pode inferir que tenha havido comportamentos ilícitos do Benfica ou dos seus representantes, logo não haverá comportamentos penalmente puníveis, embora admitindo a possibilidade de comportamentos imorais ou até amorais que o Direito, como é óbvio, não pune.

Em conclusão, tirando o dito Fernando Mendes, que “não conta para o totobola”, o único que deixou a ideia de que o Benfica poderia ser culpado foi o comentador João Malheiro.

Já agora, algumas breves indicações sobre como deve ser feita a defesa do Benfica, em minha opinião:

O MP diz que os negócios entre o Benfica e o Vitória de Setúbal durante um largo período de tempo (vários anos) foram simulados.

Em que se fundamenta o MP para afirmar que os negócios são simulados? Essa matéria não está provada, trata-se de uma simples inferência do MP que nem sequer considera nos autos a posição do Benfica sobre o assunto, como se não houvesse contraditório. E a verdade é que o Benfica tem posição sobre esse assunto. E irá certamente apresenta-la ou na instrução contraditória (se for aberta) ou na audiência de julgamento. E somente depois se poderá tirar uma conclusão ou não tirar nenhuma conclusão, caso em que os negócios serão tidos como verdadeiros.

Em segundo lugar, a simulação em si não constitui crime, embora dela possam resultar crimes.

Vamos admitir, a título puramente argumentativo, que a simulação é verdadeira. Que conclusões se podem tirar desse facto? Que a simulação tinha em vista corromper o Vitória de Setúbal? E quais são os factos que comprovam essa tese? Os resultados dos jogos entre a Vitória e o Benfica foram falseados? Que jogos? Onde está a prova? Que o Vitória apoiou o Benfica em certas decisões da Liga? Antes de mais: que decisões? E onde está o crime por o Vitória ter votado no mesmo sentido do Benfica? Praticou a direcção do VFC (Setúbal) actos contrários aos seus interesses apenas para favorecer os interesses do Benfica? Que actos? Que prova?

Não deixa de ser estranho que o MP, não obstante afirmar que o “plano criminoso” abrangeu vários anos, não tenha explorado outras hipóteses, como a de o Benfica estar a ser usado para obtenção de vantagens alheias ao clube. Todavia, o MP não o fez. E se não fez não foi certamente por não ter ponderado essa hipótese ou por ingenuidade, mas por saber que por essa via estava a abrir a porta à possibilidade de o Benfica ser uma vítima e não um culpado por actos praticados em seu nome. Este pormenor deixa transparecer que o verdadeiro alvo do MP é o Benfica e não aqueles que agiram em seu nome!

Continuando: diz o MP que a simulação gerou fraude fiscal. Indispensável ao conceito de fraude fiscal é haver prejuízo do erário público. E houve prejuízo do erário público? Deixou o fisco de receber o que deveria receber? Pelo contrário, a vingar a tese do MP, até passou a receber mais do que lhe era devido (nos casos de simulação relativa) ou a receber quando nada lhe era devido (nos casos simulação absoluta). Onde está o crime?

Por fim, o Benfica comprou ao VFC (Setúbal) um direito (convencional) de preferência sobre a venda dos jogadores da formação ou outros? E depois, onde está o crime? Não faz parte do mundo dos negócios a constituição de direitos de preferência convencionais? Onde está o crime?

Não, não há motivo para os benfiquistas andarem preocupados não obstante as tentaculares influências dos caluniadores do Sporting. A Justiça tem várias alçadas…

 



sexta-feira, 18 de outubro de 2024

KAREM AKTüRKOGLU

  Aktürkoglu, grande jogador do Sport Lisboa e Benfica

Cidadão exemplar que se manifesta contra a barbárie israelita na Palestina.

Bem Vindo ao Benfica. É de grandes jogadores - cidadãos como Aktürkoglu que o Benfica precisa.

Parabéns à Turquia


, sua Pátria!


quinta-feira, 17 de outubro de 2024

O BENFICA E A ACUSAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO


QUAL O OBJECTIVO DESTA ACUSAÇÂO?

O Ministério Público acusa o Benfica (Benfica SAD), o Vitória de Setúbal (VFC SAD) e alguns dos seus dirigentes, entre 2012 e 2020, da prática de crimes de corrupção (activa e passiva), fraude fiscal e outros crimes de pouca relevância e pede como sanção assessória a suspensão do Benfica das competições desportivas.

É uma acusação grave, muito grave, não pelos factos que a consubstancia, como adiante se verá, mas pelos danos reputacionais, nacionais e internacionais, que a simples acusação pode causar a uma instituição com a grandeza do Benfica.

E a este respeito convém antes de mais dizer que não é nem pode ser pelo facto de o Ministério Público se considerar insindicável, beneficiando de um generalizado clima de impunidade, que está autorizado a actuar sem um mínimo de ponderação sobre as consequências da sua actuação como se vivesse num mundo à parte, completamente indiferente ao rasto de destruição que a sua actuação pode causar. Por outras palavras: o Ministério Público não pode comportar-se no desempenho da investigação e acção penal como Israel se comporta relativamente aos seus vizinhos para defender o que entende serem os seus direitos.

Não, não pode. E se o faz é porque tem a cobertura de alguém, tal como Israel, sempre pronto a arranjar desculpas para o indesculpável ou a encontrar justificações pífias a que outros obedecem e respeitam em sinal de pura vassalagem.

Portanto, quando o Ministério Público se atreve a fazer acusações gravíssimas à instituição mais representativa de Portugal em todo o mundo, é porque tem a certeza de que essas acusações têm fundamento mais do que suficiente para justificar uma punição. Ou seja, é porque essas acusações consubstanciam a prática de um ou vários crimes processual e juridicamente inquestionáveis.

Vejamos então o que se passa. E deixemos aos leitores a avaliação da actuação do MP.

Numa peça processual de 395 páginas, o Ministério Público “gasta” 226 páginas a contar a “história do inquérito”. E esta é, sem dúvida, a primeira e muito grave manifestação de que algo de estranho se passa neste processo. O Ministério Público sabe perfeitamente que qualquer juiz, por sua iniciativa ou a solicitação dos arguidos, a primeira coisa que lhe mandará fazer (que terá de lhe mandar fazer) é desentranhar dos autos toda essa matéria e ordenar-lhe que se cinja à acusação, aos factos que a fundamentam bem como os crimes que eles consubstanciam.

Só por ingenuidade se poderia supor que o Ministério Público o faz inocentemente. Não, não o faz. Fá-lo para tentar influenciar o julgador, como se o julgador fosse uma qualquer Tânia do Correio da Manhã, que se deixa entrar em transe com estes estímulos processuais.

Depois vamos à parte substantiva propriamente dita: em resumo, o Ministério Público acusa os ex-dirigentes do Benfica e o Benfica SAD da realização de vários negócios com o Vitória Futebol Clube (vulgo, Vitória de Setúbal) quer verdadeiros quer simulados (nuns casos a simulação será relativa, noutros será absoluta) com o objectivo de transferir fundos para o clube sadino, permitindo-lhe por essa via o cumprimento de todas as suas obrigações legais de forma a mantê-lo na primeira divisão.

Alguns desses negócios seriam verdadeiros, embora com simulação de preço (ou seja, nos casos em que se paga mais do que o devido – nunca menos) noutros haveria simulação absoluta (ou seja, não houve negocio absolutamente nenhum). E daqui tira a conclusão de que, se o Benfica faz isto, é porque quer tirar alguma vantagem desta sua generosidade. Por outras palavras, quer ter o Vitória condicionado. Daí o crime, entre outros (já lá vamos), de corrupção.

Vamos dar de barato que esses negócios existiram tal como o MP os interpreta. Algo que está por demonstrar. E tanto o Benfica como o Vitória de Setúbal já o terão feito na fase de inquérito, apesar de o MP, quanto a este assunto, que tem alguma (mas não muita) importância, ser completamente omisso. Certamente, voltarão a fazê-lo na instrução contraditória (se se abrir, como se supõe que ocorra) e aí já o MP deixará de ter qualquer hipótese de omitir a justificação dos clubes.

Mas vamos supor que prevalece a narrativa do MP. Ok. Muito bem. Então venham os factos. Venha a prova da corrupção, venha a prova da fraude fiscal. Resposta do MP: ZEROOOOO!!!! Zero é mesmo ZERO!

O MP poderia, a título de exemplo, ter aduzido: o Vitória veio jogar à Luz e levou 7-0; ou o Vitória veio jogar à Luz com mais de meia equipa dos juniores; ou o Vitória veio jogar à Luz e deixou em Setúbal os principais titulares e por ai adiante. Mas nada, nada, nada, além da torpe insinuação. E mesmo isto que acabei de referir também não provaria nada. Mas nem isso o MP tem para aduzir.

E depois acusa o Benfica de fraude fiscal, nos negócios que considera simulados. Fraude fiscal? Como? Então, não é o MP que nuns casos alega ter havido simulação absoluta (ou seja, não há qualquer negócio por detrás do negócio simulado) e noutra simulação relativa (ou seja, por detrás do negócio simulado haveria um negócio verdadeiro), incidindo a simulação apenas sobre o preço, pagando-se mais do que o devido?
Onde está a fraude fiscal? Onde está o prejuízo do erário público? Não, foi exactamente o contrário: o erário público recebeu mais do que deveria ter recebido (nos casos de simulação relativa) e recebeu o que não deveria ter recebido (que era zero), nos casos de simulação absoluta.

Nos demais casos, nem vale a pena falar. Há dezenas de negócios desses (referimo-nos à concessão do direito de preferência) por todo o mundo do futebol (basta ter dinheiro para comprar a preferência) e no mundo dos negócios em geral. O MP até deveria ter vergonha de ter escrito o que escreveu, só compreensível numa instituição que anda em roda livre, como muito bem diagnosticou a Ministra da Justiça.

Portanto, isto é uma acusação surreal. Uma acusação surreal que os “papagaios” do costume logo transformam em calúnia. Calúnia a que a actuação do MP dá lastro.

Ai, coitadinhos dos outros clubes que desceram, diz um conhecido “banha da cobra”, que “opera” na CMTV, a partir do Porto. Desceram porque fizeram menos pontos, não foi? Aí o “engravatado” do Sporting, engole em seco, tentando deglutir os VMOC’s (100 milhões), mas logo ataca sem pudor.

E neste pequeno escrito vamos deixar por agora de parte, o facto de o inquérito ter sido iniciado com base em material roubado, quando já havia a certeza de quem era o ladrão bem como os seus receptadores, que primeiramente actuaram à vista de toda a gente e depois sob anonimato (Mercado de Benfica), sem que o MP tivesse mexido uma palha para impedir a exibição do material roubado, a ponto de a vítima se ter visto obrigada a recorrer a outros meios para o conseguir, embora bastante mais tarde. Aliás, foram civilmente punidos, tanto os receptadores ostensivos, como os seus mandantes.

(Partilhado do mural, facebook, de JMCP)


domingo, 7 de julho de 2024

 

SPORTINGUISTAS DA CMTV

Se há coisas que me irritam no futebDA CMTVol são os comentadores do Sporting, não propriamente os pertencentes ao povo, mas os “senhoritos”.

Mas quanto ao “povo”, atenção, o Sporting também têm lá “Jotas Marques”, indisfarçáveis por mais que tentem agora metamorfosear-se em assistentes políticos de certos partidos, depois da orfandade a que a “morte desportiva de Bruno de Carvalho” os remeteu.

Os “senhoritos” têm relativamente ao Benfica vários ódios de estimação: o primeiro é mesmo esse: a sua condição social, que despreza o povo, para eles ralé, que está na origem do Benfica e da sua identidade.

Mas depois têm outros. Um deles é Bernardo Sanches. Jamais esquecerão aquele campeonato que Jesus lhes prometera depois de uma abstinência de décadas. Nos seis ou sete meses em que o rapaz jogou na primeira equipa do Benfica, logo que perceberam que o seu desempenho estava intimamente associado à grande época que o Benfica estava fazendo, inventaram tudo o que acerca de um jogador se pode inventar. Até sobre a idade: que era muito mais velho; que tinha sido registado muito depois de ter nascido. Renato é um jovem português, de ascendência santomense e cabo-verdiana. É preciso dizer mais alguma coisa?

Outro foi o Rafa. Com o Rafa atingiu-se o ridículo. Um desses “senhoritos” quando lhe calhou apreciar a renúncia de Rafa à selecção, pôs o ar mais sério que imaginar se possa para descrever o que, m seu entender, representa a selecção nacional. E lá veio uma conversa antiga, que muitos de nós estavam fartos de ouvir antes do 25 de Abril, e daí à conclusão solene apenas um pequeno passo foi suficiente: Rafa é um desertor, um jogador que renuncia representar a sua PÁTRIA é um desertor. Francamente, não sei o que pensará este senhor daquele jogador do Sporting que se deslocou ao Estádio Nacional para agredir o seleccionador nacional, que para ele deve ser uma espécie de Nuno
Álvares Pereira, um guardião da Pátria, nem o que pensa da autoria dos incitamentos que levaram esse jogador à prática desse tresloucado acto. Também alguém bem conhecido no Sporting.

O outro é João Félix. Em primeiro lugar, é doentia a inveja sportinguista por o Benfica o ter transaccionado para o Atlético de Madrid por um preço record. Depois, é a incontida alegria com que têm acompanhado a sua carreira, por ter ficado um pouco aquém do que se esperava. Fala-se agora, não sei se é verdade, que pode regressar ao Benfica e então os “senhoritos” sportinguistas lançaram mão de uma verdadeira campanha de descrédito do jogador. Que não vale o dinheiro que se diz estar o Benfica disposto a pagar por ele. Que é um flop. Tudo isto dito com um ar doutoral, o mesmo ar doutoral com que um desses “senhoritos” justificava a incrível decisão de um juiz sportinguista de aceitar uma providência cautelar sobre uma matéria relativamente à qual qualquer vulgar aluno de Direito sabia não ter competência para sobre ela se pronunciar. O mesmo ar doutoral com que tentam encobrir que ser renitentemente caloteiro pode trazer vantagens de que outros por serem sérios e cumpridores não beneficiam.

Esta fúria contra João Félix faz sentido? Então, se ele não presta e além disso vai custar muito dinheiro ao Benfica, por que razão se arvoram em “curadores” do clube da Luz? O interesse deles não apontaria exactamente no sentido oposto? Escusado será explicar o que os move…