SPORTINGUISTAS DA CMTV
Se há coisas que me irritam no futebDA CMTVol são os comentadores do Sporting, não propriamente os pertencentes ao povo, mas os “senhoritos”.
Mas quanto ao “povo”, atenção, o Sporting também têm lá “Jotas
Marques”, indisfarçáveis por mais que tentem agora metamorfosear-se em assistentes
políticos de certos partidos, depois da orfandade a que a “morte desportiva de
Bruno de Carvalho” os remeteu.
Os “senhoritos” têm relativamente ao Benfica vários ódios de
estimação: o primeiro é mesmo esse: a sua condição social, que despreza o povo,
para eles ralé, que está na origem do Benfica e da sua identidade.
Mas depois têm outros. Um deles é Bernardo Sanches. Jamais
esquecerão aquele campeonato que Jesus lhes prometera depois de uma abstinência
de décadas. Nos seis ou sete meses em que o rapaz jogou na primeira equipa do
Benfica, logo que perceberam que o seu desempenho estava intimamente associado
à grande época que o Benfica estava fazendo, inventaram tudo o que acerca de um
jogador se pode inventar. Até sobre a idade: que era muito mais velho; que
tinha sido registado muito depois de ter nascido. Renato é um jovem português,
de ascendência santomense e cabo-verdiana. É preciso dizer mais alguma coisa?
Outro foi o Rafa. Com o Rafa atingiu-se o ridículo. Um desses
“senhoritos” quando lhe calhou apreciar a renúncia de Rafa à selecção, pôs o ar
mais sério que imaginar se possa para descrever o que, m seu entender, representa
a selecção nacional. E lá veio uma conversa antiga, que muitos de nós estavam
fartos de ouvir antes do 25 de Abril, e daí à conclusão solene apenas um pequeno
passo foi suficiente: Rafa é um desertor, um jogador que renuncia representar a
sua PÁTRIA é um desertor. Francamente, não sei o que pensará este senhor
daquele jogador do Sporting que se deslocou ao Estádio Nacional para agredir o
seleccionador nacional, que para ele deve ser uma espécie de Nuno
Álvares Pereira, um guardião da Pátria, nem o que pensa da autoria dos
incitamentos que levaram esse jogador à prática desse tresloucado acto. Também
alguém bem conhecido no Sporting.
O outro é João Félix. Em primeiro lugar, é doentia a inveja
sportinguista por o Benfica o ter transaccionado para o Atlético de Madrid por
um preço record. Depois, é a incontida alegria com que têm acompanhado a sua
carreira, por ter ficado um pouco aquém do que se esperava. Fala-se agora, não
sei se é verdade, que pode regressar ao Benfica e então os “senhoritos”
sportinguistas lançaram mão de uma verdadeira campanha de descrédito do
jogador. Que não vale o dinheiro que se diz estar o Benfica disposto a pagar
por ele. Que é um flop. Tudo isto dito com um ar doutoral, o mesmo ar doutoral com
que um desses “senhoritos” justificava a incrível decisão de um juiz
sportinguista de aceitar uma providência cautelar sobre uma matéria relativamente
à qual qualquer vulgar aluno de Direito sabia não ter competência para sobre
ela se pronunciar. O mesmo ar doutoral com que tentam encobrir que ser
renitentemente caloteiro pode trazer vantagens de que outros por serem sérios e
cumpridores não beneficiam.
Esta fúria contra João Félix faz sentido? Então, se ele não
presta e além disso vai custar muito dinheiro ao Benfica, por que razão se
arvoram em “curadores” do clube da Luz? O interesse deles não apontaria
exactamente no sentido oposto? Escusado será explicar o que os move…