AS INJUSTIÇAS DO FUTEBOL
Um jogador marca um golo de
baliza aberta e é um herói. Um jogador falha um golo de baliza aberta, quando o
jogo está empatado e teve azar.
Se um defesa faz um passe
imprudente e o adversário aproveita o erro, desempatando o jogo, alcançando com
esse golo a vitória, o responsável pela derrota é o defesa.
Esta é a regra que se segue na
apreciação de um jogo de futebol. Foi exactamente isso que ontem aconteceu no
jogo que, no Estádio da Luz, opôs o Benfica ao Bayer de Leverkusen, a contar
para a quarta jornada da fase de apuramento da Liga dos Campeões Europeus.
Dahal ao aliviar com a cabeça uma
bola, defendida pelo guarda redes, colocou-a involuntariamente na cabeça
do atacante da equipa adversária, que fez golo, apesar de rodeado por três
jogadores do Benfica. E assim se consumou uma derrota que poderia ter sido evitada
se os atacantes do Benfica, Pavlidis e Bukerbakio, não tivessem falhado duas
oportunidades de golo cada um, que, se convertidas, teriam assegurado uma
vitória tranquila do Benfica.
O Benfica fez um jogo cauteloso,
de média intensidade, no qual o receio de o perder ou de não o ganhar,
desempenhou sempre um papel mais visível do que a ousada vontade de o ganhar.
Não quero dizer com isto que o Benfica jogou para empatar. Não foi isso o que
se passou. O que se passou é que o Benfica não entrou em campo com a
intensidade e a velocidade de quem tinha de ganhar e queria ganhar o jogo
rapidamente. Não. O Benfica entrou em campo para ganhar o jogo com segurança.
Sem a intenção de arriscar nem de assustar o adversário. E quando assim
acontece, apesar das cautelas defensivas, que levaram a que o adversário apenas
tivesse tido em todo o jogo duas oportunidades: uma construída por mérito da
equipa adversária, outra oferecida pelo Benfica, o resultado final é quase
sempre imprevisível.
A ausência da tal ousadia, de
quem está disposto a correr riscos, deixa ficar o adversário relativamente
confortável na sua missão de ir deixando correr o jogo.
A partir de agora não haverá lugar para mais cautelas. Tanto na Holanda como no Estádio da Luz, nos dois próximos jogos, o Benfica tem de realizar dois jogos completamente diferentes dos que tem feito até agora. Com outra intensidade, com outra velocidade, com outra ambição, com a ambição de quer ganhar o jogo depressa, para, depois de ter feito a sua parte, ficar à espera do que o jogo dá.
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