A FUGA AO FISCO DE FERNANDO SANTOS E O DOPPING DA W2 FC PORTO
Durante vários anos o Correio da
Manhã, a CMTV e outros órgãos de informação do mesmo grupo empresarial bem como
o Expresso flagelaram o Benfica com supostos escândalos “construídos” a partir
de uma acção de banditagem informática traduzida na devassa e roubo de toda a
correspondência electrónica do clube, recebida e publicada no Porto Canal, pela
comunicação do Futebol Clube do Porto.
Com base nesse roubo informático “construíram-se”
várias narrativas todas elas destinadas conspurcar a imagem e a honorabilidade
do Benfica. Este é um assunto que toda a gente conhece e que conhecerá o seu
verdadeiro desfecho nos tribunais portugueses.
Sobre este assunto que assentava
num crime e num conjunto de extrapolações sem factos que verdadeiramente as
sustentassem falou-se durante anos e volta e meia regressa à ribalta, como
manobra de diversão, sempre que os principais rivais do Benfica passam por maus
momentos.
Mas não deixa de ser curioso constatar
que os verdadeiros escândalos, inequivocamente provados, não suscitam a menor
curiosidade nem o interesse dos órgãos de comunicação e dos seus comentadores,
apesar do manifesto interesse público de que se revestem.
Um deles tem a ver com a gigantesca fuga ao fisco de Fernando Santos,
seleccionador nacional, que urdiu, juntamente com a Federação Portuguesa de
Futebol, sua entidade patronal, um esquema, aliás pouco inteligente, para
escapar ao pagamento dos impostos devidos. Conforme já está reconhecido em
tribunal, Fernando Santos, a esposa e a filha de ambos – Juiz de profissão, ao
que foi noticiado - constituíram uma sociedade comercial cujo objecto consistia
na prestação de serviços à FPF. A Justiça considerou – e bem – que para efeito
fiscal a personalidade jurídica daquela entidade deveria ser desconsiderada e
atendida apenas e só a personalidade singular daquele que realmente prestava serviços
à Federação. Numa linguagem mais simples, a dita sociedade não passava de uma
ficção destinada a permitir a tributação em sede de IRC dos ordenados de
Fernando Santos em vez de serem tributados, como deveria acontecer, em sede de
IRS. Por outras palavras, aquela sociedade era o veículo por via do qual se
processaria a gigantesca fraude de que acima falámos.
Fernando Santos, pelas fraudes
que primeiramente foram detectadas, terá pago ao fisco, segundo a imprensa, 4
milhões de euros. Todavia, de acordo com notícias agora vindas a público, a
Autoridade Tributária está igualmente a apurar o que se passou depois de 2018,
estando em análise uma verba de 18 milhões de euros. A notícia não era muito
clara sobre se a dívida de Fernando Santos poderia ainda ascender a 18 milhões
de euros ou se era sobre esta importância que recai o pagamento do imposto em
dívida.
Seja uma ou outra a situação, o
que não pode restar dúvidas é que esta situação afecta decisivamente a
honorabilidade do seleccionador e dos dirigentes federativos, que não deveriam
poder continuar nos seus cargos tendo em conta que a entidade pagadora – a federação
Portuguesa de Futebol – é uma instituição de utilidade pública. E das duas uma:
ou todos se mantêm nos respectivos lugares e o Governo deve retirar à Federação
Portuguesa de Futebol o estatuto de entidade de utilidade pública ou os
responsáveis pela fraude fiscal se demitem ou são demitidos para que a FPF possa
continuar a beneficiar do referido estatuto.
O outro escândalo que tem
praticamente passado em claro é o que se refere à suspensão, pela União Ciclista Internacional, de 7 ciclistas da equipa W2 Futebol Clube
do Porto com penas pesadíssimas que vão até 7 anos de suspensão para João
Rodrigues ex-vencedor de uma Volta a Portugal e ao Algarve, por anomalias no
passaporte biológico e uso de substâncias proibidas e os restantes seis
suspensos por 3 anos.
Mais uma vez o Futebol Clube do
Porto de Pinto da Costa mostrou, a propósito deste caso, a sua verdadeira face,
quer por via das declarações de dirigentes do clube e da equipa de ciclismo,
quer por via do posicionamento dos seus comentadores, dependentes e “independentes”,
nos diversos meios de comunicação social.
Como sempre acontece, a primeira
ideia que lhes ocorre em casos desta natureza ou semelhantes ou de acções
altamente reprováveis do clube ou de pessoas a ele umbilicalmente ligadas é fazerem
de conta que não se passou nada, ou não lhes darem relevância seja porque não
estão provados, por mais óbvios que sejam os indícios ou até as próprias
provas, ou porque os factos podem assentar numa mentira ou até porque podem não
passar de provocações destinadas a enxovalhar o nome Futebol Clube do Porto.
Neste escandaloso caso de “dopping”,
reiterado e em grande escala, com provas materiais inequívocas – o que foi
encontrado na posse dos ciclistas da W2 FC Porto mais parecia um stock de
supermercado – neste escandaloso caso, dizíamos, houve um comentador do FCP que
chegou ao desplante de insinuar que alguém teria lá colocado todo aquele
material sem o conhecimento da equipa com a única intenção de a incriminar.
Habituados como estão à impunidade por parte da justiça local, todos ficam
impávidos, apesar das iniciais suspensões provisórias., e a única coisa que
lhes vem à cabeça é arranjarem um expediente que os possa livrar daquele
imbróglio. Nunca há da parte deles uma condenação verdadeira, nem uma simples
reprovação, convencidos que quanto menos falarem sobre o assunto maiores serão
as hipóteses de ficarem impunes, como de costume.
Neste caso chegaram mesmo ao
desplante de tudo terem feito para assegurar a participação da equipa na Volta
a Portugal, como se as situações sob investigação nada tivessem a ver com a
equipa, nem com os seus dirigentes e fosse apenas algo da responsabilidade dos
ciclistas. E quase teriam levado a deles avante, com a cumplicidade da
Federação e dos organizadores da Volta a Portugal, se as autoridades
internacionais não tivessem intervindo a tempo. Depois desta tentativa, veio a
mão pesada dos órgãos de justiça internacional e aí, tal como no futebol
internacional, calam-se, tentam não fazer eco do que se passou e continuar como
se nada tivesse acontecido.
O Presidente do Futebol Clube do
Porto que regularmente se pavoneava no final de cada Volta a Portugal junto do
vencedor como se de uma vitória do seu clube se tratasse, nada teve a dizer sobre
esta pouca vergonha. Apareceu numa fotografia com o responsável técnico da
equipa de ciclismo a ouvir este dizer que “foram enganados”. Não, não foram
enganados. Os batoteiros foram apanhados! E os batoteiros agiram com a
colaboração de quem lhes fez chegar as incríveis quantidades de material
dopante.