PORTO SOB PRESSÃO
A vitória do Benfica em Braga por 1-0 colocou o Porto sob pressão.
Vítor Pereira, que já estava muito nervoso, vai certamente ficar ainda mais depois deste jogo.
Embora se saiba que parte do nervosismo do treinador do Porto resulta a
incógnita sobre o seu futuro, a verdade é que esse nervosismo é cada vez mais
evidente apesar de não haver grande razão para ele.
Vítor Pereira deve dar por assente que vai abandonar o Porto no fim da época.
Deve também admitir que, como reconhecimento pelos serviços prestados, lhe encontrarão
certamente uma equipa na Roménia ou na Grécia para treinar. E deveria ainda dar-se por satisfeito por ter
até agora conseguido manter o Porto no primeiro lugar a par do Benfica e, para
já, nos oitavos de final da Liga dos Campeões, apesar da exiguidade do plantel
em matéria de qualidade.
Bem, dito isto, vamos ao Braga-Benfica. O jogo de Braga
começou com o Benfica praticamente a ganhar. Salvio, no centro do terreno,
depois de uma enganadora desmarcação de Lima, rematou fraco por entre dois
jogadores do Braga. Beto não segurou e Salvio mais rápido que todos os
restantes enfiou, na recarga, a bola na baliza.
O Braga reagiu, mas cedo se percebeu que o Benfica estava
muito bem organizado na defesa e no meio campo e perigosíssimo no contra
ataque. E foi assim que surgiu o segundo golo. Gaitan a todo o gás conduziu a
bola desde a defesa do Benfica pelo lado direito do seu ataque e ao chegar mais
ou menos à distância correspondente ao limite da grande área fez um passe de
artista, com o pé esquerdo, fazendo a bola passar à frente dos defesas do Braga
e entre estes e o guarda-redes. Deu até a ideia que Lima se tivesse sido mais
veloz teria podido rematar de primeira. Mas assim não aconteceu. Também Lima
não chegou de primeira à bola, mas recuperou-a logo a seguir, um pouco lateralizada, internou-se,
simulou sobre o defesa do Braga e rematou para uma defesa incompleta de Beto
que não conseguiu impedir o golo.
Beto, e não os centrais, esteve mal nos dois golos. Não foram
oferecidos, mas esteve mal. Quim tê-los-ia sofrido? Ninguém pode garantir que
não, embora o seu historial não registe golos como estes. Só que Quim jogou
muitos anos no Benfica…Domingos quando treinava a Académica também substituiu o
guarda-redes titular, formado no Benfica e com largos anos de permanência na
Luz, para defrontar o Benfica e logo por azar aconteceu o seu substituto ter
dado vários “frangos” nesse jogo.
Na segunda parte quase não houve oportunidades de golo, salvo
uma de Salvio, que poderia ter tido outro resultado se tivesse passado a bola a
um colega que se encontrava isolado no centro da área e a outra foi o golo do
Braga, marcado por João Pedro na sequência de um bom passe que Jardel não soube
interceptar por ter calculado mal o tempo de salto ou estar deficientemente
colocado.
Antes do fim do jogo, a cinco minutos do fim, o defesa central
do Braga foi expulso por ter derrubado Lima quando este de se isolava a caminho
da baliza.
A arbitragem esteve bem, não tendo tido qualquer influência
no desfecho do jogo. O Braga pode queixar-se dos erros do seu guarda-redes,
eventualmente evitáveis, do mesmo modo que o Benfica se poderia ter queixado
dos erros da sua defesa e do seu guarda-redes no jogo contra o Porto. Pode, mas
não valeria a pena: são incidências do jogo.
No Benfica jogo grande de Lima, Salvio e Gaitan, que
regressou aos velhos tempos. Mas toda a equipa esteve bem.
Depois deste jogo as coisas ficaram aparentemente mais fáceis
para o Benfica. Só que ainda é cedo para se perceber como tudo vai terminar.
Apenas quando a sobrecarga de jogos com muita responsabilidade se começar a
fazer sentir – de meados de Fevereiro até Abril – é que se vai ficar com uma ideia
mais clara do que poderá acontecer.