quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O CAMPEONATO NACIONAL NO FIM DE 2011



PORTO E BENFICA NA FRENTE



Ao fim de treze jornadas, o Porto mantém uma regularidade muito próxima da do ano passado, apesar de todas as críticas dirigidas ao treinador, enquanto o Benfica está manifestamente a fazer uma época bem melhor do que a do ano passado e até superior à de há dois anos, em que se sagrou campeão.

Na presente época o Benfica apenas perdeu seis pontos, em três empates, todos fora, contando por vitórias os jogos realizados em casa. Há dois anos, no fim da primeira volta, tinha empatado três vezes e perdido uma. Empatou com o Marítimo em casa e fora com o Sporting e o Olhanense; e perdeu em Braga. Enquanto o Porto, este ano já perdeu em treze jornadas o mesmo número de pontos que o ano passado perdeu em trinta, embora por esta altura, no ano passado, só tivesse mais dois pontos do que este ano.

O Sporting é que está francamente melhor do que nas épocas anteriores, apesar de nos últimos jogos ter dado algumas indicações de que poderá, em breve, claudicar. O melhor período do Sporting correspondeu no plano interno e no internacional a uma série de jogos com adversários de segunda categoria, com excepção da Lázio. Na parte final da primeira volta ficaram-lhe reservados três jogos difíceis. O primeiro já perdeu, contra o Benfica, restando-lhe ainda o Porto e o Braga.

Como sempre tem acontecido nos últimos anos, quando os resultados começam a ser desfavoráveis, o Sporting culpa os árbitros e faz sobre eles uma enorme pressão. Só mesmo quando o descalabro é total é que os sportinguistas se calam. E, todavia, não há equipa em Portugal que nestes últimos seis anos tenha sido tão favorecida pelos árbitros como o Sporting. Mas como por duas vezes foi prejudicado, entre dezenas de erros a seu favor, utilizou esses pequenos desaires da arbitragem para fazer uma campanha para pressionar os árbitros a, na dúvida, apitarem sempre a seu favor.

Este ano, depois de uma campanha inicial muito intensa, as coisas acalmaram com os resultados, mas logo a campanha recomeçou mal os desaires voltaram a acontecer e tem-se intensifficado nos últimos dias manifestamente para condicionar a arbitragem nos dois jogos difíceis com que se encerrará a primeira volta.

Em quarto lugar, o Braga, a dois pontos do Sporting, não se dá por vencido e espera terminar a primeira volta à frente do Sporting. E tem de se concordar que o Braga é hoje, sob todos os pontos de vista, uma equipa mais consistente que a do Sporting.

A partir do quinto lugar, ocupado pelo Marítimo, a fazer uma excelente época, abre-se um enorme fosso que vai até ao penúltimo classificado, o Rio Ave, uma das equipas que melhor futebol tem praticado no campeonato.

Neste grupo de dez equipas há que destacar a fraquíssima capacidade realizadora do Nacional e do Vitória de Setúbal (nove golos) e a excelente capacidade defensiva do Beira-Mar (oito golos), apenas igualado pelo Porto.

No último posto, o Paços de Ferreira, com três dezenas de golos sofridos, a fazer uma época decepcionante.

Ainda é cedo, porém, para ter ideias claras sobre como ficarão as coisas no final. Somente depois do encerramento do mercado de Janeiro se poderá ficar com uma ideia mais precisa do valor das equipas na segunda parte da temporada.

Na frente, tudo indica que a luta vai ser entre o Porto e o Benfica, sem que tal signifique desistência dos demais. O Porto, se mantiver o plantel, conta com o natural desgaste do Benfica na Champions, para se consolidar no primeiro lugar, apesar de também ele participar na Liga Europa. Tudo vai, porém, depender do próximo jogo do Porto na eliminatória contra o Manchester City. Se o Porto passar, muito provavelmente encontrará o Sporting, que tem um adversário fácil, e começará a pensar que poderá repetir o êxito do ano passado.

É, no entanto, de acreditar que entre a Liga Europa, que para o Porto é uma espécie de segunda divisão do futebol europeu, e o campeonato nacional, o Porto dê preferência a este. O Benfica, pelo contrário, vai querer chegar o mais longe possível na Champions e tudo fará para se manter na prova. É, portanto, provável que o Porto tenha alguma vantagem neste duelo.

BARCELONA CAMPEÃO DO MUNDO E MOURINHO DESPEITADO


O SANTOS FEZ O QUE PÔDE


No domingo de manhã, hora europeia, o Barcelona escreveu mais uma brilhante página na história do futebol. Sagrou-se campeão do mundo de clubes, derrotando o Santos por 4-0.

Foi o que se pode dizer uma vitória normal face à grande superioridade que o Barcelona hoje indiscutivelmente tem perante qualquer time do mundo. É certo que o Santos deste ano, mal classificado no campeonato brasileiro, não é o mesmo Santos que ganhou a Libertadores, mas isso é apenas um detalhe que não altera nada do essencial.

Aliás, o Santos e a imprensa brasileira em geral, reconheceram essa superioridade com a galhardia própria de quem gosta de futebol. E no Brasil sabe-se, como em nenhuma outra parte, o que é bom futebol. A grande vedeta do Santos, Neymar, foi o primeiro a reconhecer que o Barcelona “deu uma aula de futebol”. O que não deixa de ser uma atitude de grandeza, que somente os artistas seguros da sua arte sabem reconhecer, sem recearem que desse reconhecimento resulte ofuscado o seu próprio valor.

É já hoje um lugar comum dizer-se que este Barcelona de Guardiola, este Barcelona que ganhou 13 títulos em 16 possíveis, ficará para sempre nas páginas douradas da História do Futebol. Não apenas pelos títulos conquistados, que são importantes, mas por deixar uma marca indelével na forma de jogar e de encarar o jogo.

Mourinho, despeitado com as vitórias catalãs, não foi capaz de esconder o ressentimento com que assiste aos êxitos do seu grande rival. Deu-lhe os parabéns, mas minimizou a importância da vitória: os jogos que o Barcelona ganhou no Japão não têm grande importância. Só lhe faltou dizer, mas era nisso que estava a pensar, que já ganhou uma final ao Barça na Copa do Rei e o eliminou nas meias-finais da Champions, quando treinava o Inter de Milão (só que aí teria de acrescentar que ganhou ele …mais Olegário Benquerença, o árbitro português, que apitou a meia-final de Milão…).

E Mourinho também não percebe – ou faz que não percebe – que aquilo que o mundo inteiro celebra não é tanto as vitórias do Barcelona como o futebol do Barcelona! Facto irrelevante para quem, como Mourinho, o que interessa é ganhar!


quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

ECOS DA VITÓRIA DO BARCELONA EM MADRID



AS TÁCTICAS DE MOURINHO

 Enquanto o Real Madrid vai lambendo as feridas de mais uma derrota contra o Barcelona na era Mourinho, a grande equipa catalã prepara-se para disputar a final do Mundial de clubes, no Japão, contra o Santos de Neymar.

Florentino Pérez no tradicional jantar de Natal do Real Madrid voltou a defender Mourinho em termos inusitados no grande clube merengue, a ponto de ter dito que a passada vitória na “Copa del Rey” foi para muita gente a mais importante na história da Taça de Espanha.

Perante este e outros tantos elogios, que parecem de todo despropositados face aos objectivos que o clube e o treinador haviam fixado para a época 2010/2011, duas conclusões se podem retirar das palavras do presidente do Real Madrid: primeiro, a de que ele tem o seu futuro no clube cada vez mais hipotecado ao que Mourinho conseguir fazer; e segundo, a de que o apoio prestado ao treinador em termos nunca antes concedido visa retirar-lhe qualquer desculpa semelhante à que o ano passado apresentou para justificar ter ficado aquém das metas ambicionadas pelos “aficionados”.

A verdade é que apesar da “limpeza de balneário” exigida por Mourinho no fim da época passada, que teve como consequência mais sonante a dispensa de Jorge Valdano como director desportivo, continua a saber-se na imprensa – em alguma imprensa de qualidade – o que se passa no balneário do Real Madrid.

Valdebebas está assim longe de ser aquele “bunker” sonhado por Mourinho como local onde no mais completo segredo pudesse gizar as suas famosas tácticas, tanto no que elas têm de jogo jogado, como de “jogos” de outra natureza.

Soube-se logo após a derrota contra o Barça, que Mourinho antes do jogo foi tocado por um dilema “hamletiano” que acabou por resolver “politicamente”.

Por um lado, Mourinho sabe que não pode impedir a maior posse de bola do Barcelona, realize-se o jogo em Camp Nou, no Bernabéu ou em terreno neutro. Mas sabe também que não pode em Madrid, perante os “aficionados merengues” remeter-se a uma táctica de equipa pequena, fundamentalmente preparada para defender, que busca num desequilíbrio do adversário ganhar vantagem no marcador.

Por isso idealizou aquilo a que os seus jogadores pejorativamente chamam o “trivote” e que ele “politicamente” denomina “triângulo de pressão ofensiva”, exactamente para dar a ideia de que não é uma táctica defensiva.

Em Valência, o dito trivote funcionou com Xabi, como vértice, atrás de Lass e Khedira, nos outros dois ângulos do triângulo.

Em Madrid contra o Barcelona, sacrificar Özil, o jogador mais criativo da equipa, seria uma demonstração de fraqueza e de medo que os adeptos não perdoariam. Então, Mourinho viu-se forçado a substituir Khedira par Özil. Só que, contrariamente ao que se passou em Mestalla, em Chamartin seria Özil o vértice do dito triângulo, tendo-lhe sido atribuídas nessas novas funções tantas tarefas (apoiar criativamente os ataques de Di Maria, Cristiano e Benzema), além das que tinha que desempenhar como vértice do triângulo, que o pobre rapaz caiu exausto, muito antes do fim do jogo, acabando por ser substituído por Khedira.

Mas não foi tudo: preocupado, como sempre, com as jogadas de Messi pelo centro do terreno, deu instruções a Lass e Xabi, para que se mantivessem no centro do campo, bem próximos de Pepe e de Ramos, de modo a fechar os espaços por onde Messi pudesse passar.

Concluindo, o trivote de Mourinho contra o Barça, apesar da inclusão de Özil, acabou por ser muito mais fechado e compacto que o de Valência. Querendo enganar a “afición”, Mourinho acabou por se enganar a  si próprio.

De facto, o pobre do Özil ficou com a missão impossível de acompanhar Benzema na pressão a Busquets e a Piqué; de auxiliar Cristiano e Di Maria quando estes fizessem pressão sobre os laterais; e, finalmente, de colocar-se entre Lass e Xabi, perto dos centrais, quando o Barça atacasse pelo meio.

Para finalizar, Coentrão e Marcelo não tinham autorização para subir, como, de resto, já tínhamos referido no último post.

Mourinho queria defender com seis atrás na primeira parte, e no segundo tempo com todos, se as coisas estivessem a correr bem.

Tudo foi por água abaixo quando Messi, exactamente pelo centro do terreno, fez aquilo que Mourinho temia que ele viesse a fazer.

E Mourinho não esteve com meias medidas: culpou os jogadores pelo sucedido. Tanto trabalho, tanta imaginação táctica, para nada. Culpou-os inclusive de não terem derrubado Messi: “Numa bola dividida, ou os meus jogadores a ganham ou a bola tem de ficar ali”. Eis a máxima de Mourinho…

As reacções não se fizeram esperar. Casillas, a voz livre do balneário do Madrid, já disse que o Barcelona não pode constituir uma obsessão.

A verdade é que para Mourinho continuará a ser. As tácticas postas em campo no último jogo demonstram-no. Mourinho não abdicou num milímetro que fosse das suas ideias, mesmo quando transigiu na concessão da titularidade a Özil em vez de Khedira. Trocou os jogadores por razões “políticas” mas manteve tudo na mesma, com a agravante de ter entregado a Özil uma missão impossível, uma missão que ele manifestamente não poderia cumprir.

Mas isto demonstra também que Mourinho não é tão inteligente quanto se supõe Tem antes aquilo a que em português se chama manha, algo que está longe de ser uma companhia recomendável.




segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

BARCELONA, A MAGIA DO FUTEBOL



INIESTA E MESSI DESLUMBRAM BERNABÉU

Iniesta pone al Madrid a sus pies



Nunca na história do futebol houve uma equipa como a do Barcelona de Guardiola. Nem mesmo o fabuloso Brasil de 82, que há dias perdeu um dos seus mais brilhantes intérpretes, se equipara a esta equipa catalã. Não apenas porque o Barça século XXI sabe atacar e defender como nenhuma outra - e o Brasil defendia mal, mas também porque os adversários que hoje se lhe opõem são superiores, em todos os planos, àqueles que há trinta anos se opunham aos brasileiros.

Mas não adianta estar agora a fazer comparações, sempre falíveis, com esta ou aquela equipa. E se se chamou à discussão o Brasil 82 foi apenas para dizer que a equipa até há bem pouco considerada a mais deslumbrante da história do futebol, perdeu agora esse troféu para uma outra ainda melhor, muito melhor, o Barcelona.

A vitória de ontem, por 3-1, no Estádio Santiago de Bernabéu, contra aquele que alguns já consideravam o melhor Madrid da última década, tem um sabor especial, por várias razões. Primeiro, por o Barcelona ter entrada praticamente a perder com um golo sofrido aos 20 segundos por fífia inacreditável de Valdés. O guarda-redes que joga tão bem com as mãos como com os pés ofereceu um passe de morte a Di Maria que não se fez rogado a rematar. A bola bateu em Puyol, sobrou para Özil, que voltou a rematar, tabelou num defesa catalão e ressaltou para Benzema que fez o golo. Um golo que leva muito mais tempo a descrever do que o tempo de jogo que então existia.

O Barcelona continuou a fazer o seu jogo e o Madrid, apesar da vantagem caída do céu, manteve-se fiel ao padrão táctico que Mourinho durante semanas havia idealizado para este encontro. Pressão alta a começar pelos três da frente (Benzema, Cristiano Ronaldo e Di Maria), um meio campo poderoso (Özil, Lass e Xabi) e quatro defesas (Coentrão, Ramos, Pepe e Marcelo) sem autorização para subir, salvo os centrais numa ou noutra bola parada.

Ou seja, Mourinho manteve-se fiel aos seus princípios de futebol quando joga contra equipas poderosas - um futebol sem coragem que tudo sacrifica, nomeadamente a genialidade dos seus jogadores, a esquemas tácticos fundamentalmente concebidos para impedir o adversário de jogar. E mais uma vez a magia do Barcelona deitou por terra todos os esquemas de Mourinho, tanto os que pretendia aplicar dentro do campo, como os que usou fora dele.

Cristiano Ronaldo, uma das vítimas de Mourinho, ainda poderia ter feito o 2-0, numa altura em que o Barcelona já dominava o jogo, mas a “obsessão” Barcelona, que Mourinho transmite à equipa acaba por contagiar a maior parte dos jogadores, mesmo aqueles cujo futuro menos depende da opinião do treinador.
Problema de raíz, pase al cuadrado


A partir desse lance o Barcelona dominou. Depois de uma - mais uma – genial jogada de Messi, o pujante Alexis Sanchez bateu Casillas.

Valdés ainda fez mais uma ou outra asneira, mas o desacerto do guarda-redes catalão não foi suficiente para destabilizar o Barcelona que regressou na segunda parte para fazer uma das mais deslumbrantes exibições a que o Bernabéu tem assistido. Iniesta e Messi, simplesmente geniais, acompanhados pelo sempre fantástico Xavi e por Fabregas, que acrescentou futebol, ao muito futebol que equipa já tem, apoiados numa defesa muito segura (Daniel Alves, Puyol, Piqué e Abidal), na qual, apenas a espaços, Abidal destoou e por um volante (Busquet) por onde tudo começa, puseram em campo um futebol espectáculo daqueles que somente eles sabem reservar para os grandes palcos.

E foi com toda a naturalidade que Xavi chegou aos 2-1, apesar do ressalto em Marcelo, e depois ao 3-1, por Fabregas, a concluir um grande centro de Daniel Alves.
<I>La autoridad no se discute</I>


Mourinho, pálido, vendo ruir um após outro os elementos da sua estratégia, meticulosamente alinhados durante semanas, assistia aterrado na área técnica a mais este espectáculo com que o Barcelona o brindava.

Com esta derrota do Real Madrid fica também definitivamente derrotada a concepção futebolística de Mourinho, bem como o mito do treinador vitorioso que, mercê da sua astúcia táctica, é capaz de levar de vencida as equipas mais poderosas da actualidade. A vitória do Barcelona, além de ser a derrota de tudo o que Mourinho futebolisticamente representa, é antes de mais a vitória do futebol. A vitória de quem não abdica da magia dos artistas, a vitória de quem não sacrifica a criatividade artística ao frio percurso de um jogo pretensamente eficaz.


Tudo este ano no Madrid de Mourinho foi preparado para garantir, fosse de que jeito fosse, a derrota do Barça. Tudo: desde o que se passava fora do campo, passando pela questão da arbitragem, até ao que se passaria dentro das quatro linhas. Fora do campo, para Mourinho, os jogadores e a equipa adversária (ele pensava acima de tudo no Barça…) tinham de ser tratados, pelos seus, como inimigos. As arbitragens dos jogos do Barcelona também não poderiam ser poupadas – uma catadupa semanal de críticas deveria recair sobre o "inimigo"para o desmoralizar e condicionar o “colegiado”. Dentro do campo, primeiro o longo trabalho de persuasão destinado a convencer os seus de que defender não é sinal de cobardia, mas de inteligência; depois, a marcação cerrada e a dureza impiedosa sobre os oponentes inimigos, de que Pepe, Marcelo, Lass e a espaços Xabi, deveriam ser os principais intérpretes.

Tudo ruiu. Ruiu primeiramente a concepção bélica do futebol que Mourinho tenta impor no Madrid quando o mais categorizado, prestigiado e respeitadíssimo jogador da equipa, Iker Casillas, se opôs publicamente a ela. Ruiu depois a tese da conspiração arbitral, sem tradição em Madrid, por falta de factos concretos em que se apoie. Ruiu finalmente a tentativa de intimidação dos artistas do Barcelona a qual, além de não ser seguida por toda a equipa, jamais seria aceite pelos árbitros.

Esta derrota de Mourinho contra o Barça, marcará mais do que qualquer outra - das muitas que já colecciona -, um divórcio entre o treinador e os artistas do Real Madrid que aspiram ser livres para poder exibir a sua arte.

Com alguns dos melhores jogadores do mundo nas suas fileiras, o Real Madrid tem obrigação de fazer mais, muito mais, nos grandes jogos, exibindo-se de igual para igual contra os seus grandes rivais.

Mourinho dificilmente ficará com espaço para tentar a derradeira cartada que o seu passado como treinador deixa adivinhar: prescindir de algumas das estrelas em troca de um conjunto de jogadores robotizados que obedeça acefalamente às directrizes do treinador. Nesse conjunto caberá sempre uma estrela de média grandeza no ataque, contanto que se disponha a fazer o trabalho de dois ou de três jogadores e, obviamente, um meio campo tacticamente forte, além de defesas incansáveis e um guarda-redes seguro. Mas vedetas, artistas, não!

Ponto é saber se, não ganhando nada de valor este ano, o Real Madrid lhe concederá essa nova oportunidade.

sábado, 10 de dezembro de 2011

CHELSEA PÕE DAVID LUIZ NO MERCADO


O CENTRAL BRASILEIRO NÃO CONVENCEU



David Luiz é um caso de amor para os adeptos do Benfica. Chegou à Luz muito novo e com pouca experiência, apesar de já então alinhar nos escalões jovens da selecção brasileira.

O Benfica não é o clube ideal para um jovem “se fazer”, para ganhar experiência. Se o clube está a necessitar do jogador no lugar exige logo dele tanto quanto de um jogador experiente.

David Luiz teve a sorte de chegar à Luz quando Fernando Santos, actual seleccionador da Grécia, era treinador do Benfica. Fernando Santos é um homem sério, bem formado, que exige dos jogadores, mas respeita-os.

David Luiz teve algum tempo para se adaptar. Quis, porém, o destino que em Paris, no Parque do Príncipes, contra o PSG, um dos centrais titulares do Benfica, salvo erro Luisão, se tivesse lesionado no decorrer do jogo, tendo David Luiz entrado a frio para o substituir. Além de entrar a frio, por iniciativa dele ou do colega do centro da defesa passou a ocupar um lugar diferente daquele que o treinador lhe tinha destinado. Enfim, logo nas primeiras jogadas com David Luiz em campo, o PSG marcou e empatou. David Luiz falhou a intercepção no centro remate de Pauleta.

O PSG acabaria por voltar a marcar no primeiro tempo, por Kalu, e David Luiz na segunda parte esteve à beira de empatar com um excelente golpe de cabeça.

Apesar de uma má estreia, os adeptos do Benfica gostaram do “miúdo”. Mais tarde David Luiz acabou por ganhar a titularidade. Na época seguinte, Fernado Santos foi despedido ao segundo ou terceiro jogo. Veio Camacho e David Luiz lesionou-se. Esteve parado muito tempo, cerca de um ano. E o Benfica fez uma época para esquecer sem que haja qualquer correlação entre as duas situações.  Regressou com Quique Flores, que o pôs a jogar a lateral esquerdo. Não era claramente o lugar dele, mas ia cumprindo sempre com abnegação. E lá foi fazendo a época.

Até que chegou Jorge Jesus e com ele aquele futebol loucamente atacante que o Benfica jogou na época 2009/2010. Aquele futebol que entusiasmava dezenas de milhares de adeptos que durante todo o campeonato apoiaram a equipa em todos os campos do país. David Luiz, cumprindo com classe o seu papel na defesa, integrava-se frequentemente nessa loucura atacante, com correrias com a bola pelo campo todo. Marcou alguns golos. Na própria baliza, também.

Os adversários do Benfica, principalmente na televisão, faziam uma permanente campanha contra a dureza de David Luiz, para o condicionarem e para pressionarem os árbitros. Mas não era dureza, nem maldade, era entusiasmo, um grande entusiasmo juvenil. Que às vezes raiava a inconsciência.

 O Benfica fez uma época fantástica e ganhou o campeonato com um futebol espectacular. Os jornais iam falando das múltiplas propostas que os mais variados clubes da Europa apresentavam ao Benfica para comprar David Luiz. Mas o jogador, que viu o seu contrato revisto por várias vezes, durante o tempo de permanência no Benfica, tinha uma cláusula de rescisão alta. E o Presidente dizia que não o deixaria sair se não “batessem” a cláusula.
O que se passou com ele passou-se com outros e está a passar-se este ano com o Porto. Muitos dos jogadores que fizerem uma época boa queriam sair e aproveitar o êxito de que tinham sido protagonistas para passarem a ganhar muito mais dinheiro noutro clube. É humano – é vida dos profissionais de futebol. Os adeptos não gostam, mas essa atitude não faz sentido. Ao atleta o que tem de se exigir é profissionalismo. Nada mais.

E não é razoável mantê-los à força no clube exigindo o pagamento de cláusulas de rescisão altamente inflacionadas, com montantes muito superiores ao seu real valor.

Claro, consciente ou inconscientemente, o jogador contrariado rende menos. E foi o que se passou com David Luiz na época seguinte. Era uma sombra do jogador do ano anterior. Sem entusiasmo, nem alegria. Mesmo assim o Benfica vendeu-o por bom preço no mercado de Janeiro.

Entretanto, ganhou lugar na selecção do Brasil. Tem jogado com alguma regularidade, mas isso não tem sido suficiente para adquirir maturidade, que indiscutivelmente lhe falta.

Foi para o Chelsea. Mas no Chelsea nunca chegou a ser o que foi no Benfica. Talvez lhe tenha faltado Luisão, ao lado. Talvez lhe tenha faltado Jesus, a gritar com ele durante todo o jogo. Às vezes David Luiz desconcentra-se, parece perdido. Deixado entregue a si próprio parece perder a noção do sentido posicional.

Enfim, talvez um clube inglês não fosse o ideal para ele. Diz-se que a Juventus o quer comprar. E ao que parece o Chelsea nem sequer está a pedir muito. Menos de metade do que ele custou. Nada melhor para ele do que um clube italiano. Lá ensinar-lhe-ão, como em nenhum outro lado, a defender, a defender bem.

Oxalá tenha sorte e ele faça por a ter!

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

CHAMPIONS - AS GRANDES SURPRESAS DA FASE DE GRUPOS



A ELIMINAÇÃO DO MANCHESTER UNITED



A eliminação do Manchester United é sem dúvida a grande surpresa da fase de grupos da Liga dos Campeões. Em seis jogos, o Manchester apenas ganhou dois, um em casa outro fora, ambos contra o Otelul Galati, empatou três, dois com o Benfica e um com o Basileia e perdeu um, na noite de hoje, contra o Basileia.

Alinhando num grupo em que à partida era favorito, o desenrolar da série demonstrou tratar-se de um grupo com três equipas muito equilibradas, em que uma nunca perdeu (o Benfica) e as outras duas (Basileia e Manchester) só perderam uma vez, acabando por ser no confronto entre elas que tudo se decidiu.

A outra surpresa vem também de Manchester, do milionário City que, apesar de hoje ter ganho ao Bayern, não conseguiu supera o Nápoles que, por também ter ganho hoje em Villareal, fez mais um ponto.

No grupo B, quando tudo apontava para o apuramento do Lille ou do repescado Trabzonsport, acabou por ser o CSKA o apurado, depois da surpreendente vitória em Milão contra o Inter, já apurado.

De apontar ainda o mau desempenho do Borrussia de Dortmund, campeão em título da Alemanha, que nem sequer apurado foi para a Liga Europa, tendo ficado atrás do Olimpiakos que esteve a um minuto de se apurar para os oitavos de final, não fora a reviravolta do resultado operada pelo Marselha em Dortmund.

Escandaloso foi o que se passou em Amesterdão e em Zagreb. O árbitro português, Jorge de Sousa, por indicação do seu auxiliar, anulou dois golos válidos ao Ajax no jogo desta noite contra o Real Madrid e deixou por marcar uma grande penalidade. Com todas estas benesses, o Real acabou por ganhar por 3-0 num jogo que certamente teria sorte diferente se tudo tivesse corrido de acordo com as regras.

Mourinho volta a ser altamente beneficiado por um árbitro português na Champions. Claro que desta vez, o benefício não tem nada que se compare com o que Benquerença lhe proporcionou nas meias-finais contra o Barcelona, no ano em que o Inter venceu a Champions. Hoje, o Real não precisava do jogo para nada, salvo para bater algum recorde que doravante passa a figurar na carreira de Mourinho. O pior é que com essa inacreditável arbitragem, Jorge de Sousa impediu o Ajax de se qualificar por força do resultado anormal e altamente surpreendente do Lyon em Zagreb. O Lyon ganhou por 7-1 ao Dínamo, tendo os golos surgido uns atrás dos outros até perfazerem a diferença suficiente para, entre golos sofridos e marcados, deixar o Lyon à frente do Ajax. Estranho, muito estranho…O que não diria Mourinho se estivesse na situação do Ajax? Escreveria certamente um romance…

CHAMPIONS - BENFICA ASSEGURA PRIMEIRO LUGAR NO GRUPO



PORTO REBAIXADO PARA A LIGA EUROPA
Golo de Cardozo garante vitória no grupo



No jogo de ontem à noite, contra o Dínamo de S. Petersburgo, o Porto não conseguiu melhor do que um empate a zero, tendo sido eliminado da Liga dos Campeões.

Contra uma equipa muito defensiva, sem grande capacidade atacante, mesmo nas transições que quase nunca resultaram, o Porto, apesar de ter dominado o encontro, não foi capaz de encontrar com êxito o caminho da baliza adversária. Por várias vezes poderia ter marcado. Não o fez, umas por mérito, muito mérito, do guarda-redes russo que, com a sua extraordinária exibição, assegurou à sua equipa um lugar na próxima fase da Liga dos Campeões; outras por demérito dos avançados portistas nulamente eficazes na hora da verdade.

Com excepção do jogo na Ucrânia, todos os demais efectuados pelo Porto na Champions foram fracos. O que parece a quem vê o Porto jogar é que não está interiorizado, e depois respeitado, um modelo de jogo que os jogadores apliquem automaticamente. Falta qualquer coisa e não será apenas Falcão.

Rebaixado para a Liga Europa, o Porto vai este ano encontrar adversários bem mais fortes do que aqueles com que o ano passado se deparou. Mas é preciso não exagerar os desaires portistas: o Porto está fora de duas Taças, vai iniciar noutra um novo percurso e continua à frente do Campeonato.

O Benfica, hoje à noite, na Luz, ganhou como lhe competia o jogo contra o Otelul Galati, assegurando com a vitória o primeiro lugar no respectivo grupo. Cedo o resultado ficou feito, embora a incerteza no marcador pairasse até ao fim do jogo.

Num bom lançamento longo de Jardel se iniciou a jogada que deu origem ao golo. Bom trabalho de Witsel sobre a direita, bem complementado por Gaitan, que assistiu Cardozo, que, de pé direito, fez o golo.

O Otelul nunca se entregou e o Benfica foi controlando o jogo sempre a contar que o segundo golo poderia mais ou tarde ou mais cedo resultar de uma das múltiplas jogadas em que, com perigo, se acercava da área adversária.

A verdade é que esse golo não apareceu, não obstante as oportunidades criadas, podendo antes, por duas vezes, ter surgido a favor dos romenos não fora, da primeira vez, mais uma extraordinária, aliás, duas, intervenções de Artur a negar o que parecia ser um golo certo e da outra vez, quase no fim do jogo, o remate frontal do avançado romeno ter saído a rasar a trave.

Em ambas as vezes houve alguma displicência da defesa do Benfica, embora num jogo de futebol seja quase impossível evitar o aparecimento de oportunidades para o adversário, mais ainda numa competição deste género.

O Benfica não terá feito uma grande exibição, mas jogou o suficiente para vencer. É hoje uma equipa mais consolidada e menos espectacular. Aquela contínua pressão atacante desapareceu, parecendo a quem vê o jogo de fora que há como que uma espera do momento certo para desferir no adversário o golpe fatal. Normalmente quando o apanha desequilibrado ou nas bolas paradas.

Além de Artur, pelo modo decisivo como interveio no jogo, de realçar mais uma vez a boa exibição de Aimar, a segurança de Javi e de Witsel, uma dupla de luxo, a criatividade de Gaitan e a eficácia de Cardozo, mesmo quando não as aproveita todas. Na defesa, a segurança de Garay e o bom desempenho de Jardel foram suficientes. Nas alas, Emerson sempre igual a si próprio, não deslumbra nem compromete e Rúben Amorim lá tentou fazer o melhor que pôde o lugar de Maxi. Bruno César já esteve mais inspirado.

No segundo tempo, antes dos 15 minutos, Nolito substituiu Bruno César, trazendo alegria ao jogo com o seu futebol irreverente, perto dos 70 minutos Aimar cedeu o lugar a Rodrigo que, mais uma vez, falhou frente ao guarda-redes e a 10 minutos do fim Saviola entrou para o lugar de Cardozo.

O Otelul, apesar de não ter somado nenhum ponto, é uma equipa bem melhor do que outras que os fizeram. Em seis jogos sofreu dez golos, tantos quantos o Basileia, mas apenas marcou três, essa a sua principal fragilidade.

Nos oitavos de final, o Benfica encontrará uma das seguintes equipas: Leverkusen (com o qual já jogou, e eliminou, na Taça das Taças), Marselha (velho conhecido, duas vezes derrotado), Zenit (que nunca defrontou), AC Milan (de más recordações), Nápoles (que também já eliminou), CSKA (com o qual também nunca jogou) e Lyon (com o qual já perdeu e ganhou).


segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

BENFICA ELIMINADO DA TAÇA DE PORTUGAL

PRIMEIRA DERROTA DA ÉPOCA



No fim-de-semana passado, o Benfica foi eliminado da Taça de Portugal, na Madeira, pelo Marítimo. Perdeu por 2-1. Não há muito a dizer sobre esta eliminação. As equipas não são invencíveis e podem perder para qualquer um, mais ainda se esse “um” se chama Marítimo, a fazer uma grande época.

O Benfica até nem começou mal, marcou um golo no primeiro tempo, ao que parece resultante de uma grande penalidade irregularmente assinalada, e na segunda parte poderia ter voltado a marcar.

Não marcou e fê-lo o Marítimo. Primeiro com um grande golo de Roberto de Souza e logo a seguir um outro com grandes responsabilidades da defesa do Benfica. Até ao fim o Benfica, não obstante as substituições, tentou mas não logrou empatar o jogo.

Rodrigo mais uma vez deixou evidente as suas fragilidades no frente a frente com os guarda-redes. Um bom avançado não é apenas o que marca golos. É também o que não falha golos ou falha poucos golos, mesmo quando desempenha um papel importante na criação das respectivas oportunidades. Rodrigo é ainda muito novo, tem muito tempo para aprender. Não deve ser ostracizado quando falha, nem endeusado quando marca.

Não parece razoável criticar Jesus por não ter alinhado com os habituais titulares. A equipa que o Benfica pôs em campo é uma boa equipa. Todos os jogadores tem categoria para jogar no primeiro team e, mais do que isso, têm de estar preparados para o fazer.

Com excepção do guarda-redes, que pode ser o que mais se ressente de não jogar regularmente, todos os demais têm alinhado com relativa regularidade.

Há, porém, duas questões que não podem ser escamoteadas. O Benfica não tem ninguém à altura de substituir Maxi Pereira e do outro lado da defesa as coisas também não estão bem. Jesus preteriu Capedevila, a quem praticamente não deu qualquer chance, e Emerson é um jogador “certinho”, sem grandes rasgos que às vezes dá a sensação de poder comprometer.

A outra questão respeita à pouca ou nula utilização de Nelson Oliveira. A um jovem como ele ou se dá tempo suficiente para alinhar e mostrar as suas potencialidades ou se dispensa, pondo-o a jogar noutro clube. O que não pode é conceder-se-lhe uns breves minutos quase no fim dos jogos e esperar que ele faça alguma coisa. Objectivamente essa gestão do jogador só o prejudica e pode mesmo perder-se uma grande esperança do futebol português.

Com o Benfica eliminado, o caminho na Taça de Portugal fica a partir de agora aparentemente mais fácil para o Sporting. Mas só aparentemente, o Sporting ainda não passou esta fase e, se passar, há mais equipas em prova, algumas delas a jogar bom futebol.

Amanhã, o Benfica tem a possibilidade de se redimir, ganhando, na Luz, o último jogo da fase de grupos da Champions e garantindo assim o primeiro lugar. Tal como as coisas estão, o primeiro lugar não significa jogar nos oitavos contra uma equipa menos valiosa. Há grandes equipas que vão ficar ou podem ficar em segundo lugar. Mas é antes uma questão de prestígio assegurar a liderança num grupo que conta com o Manchester United.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

AINDA O VANDALISMO DOS ADEPTOS DO SPORTING

O BENFICA DEVE AGIR COM FIRMEZA



O Benfica faz mal em circunscrever a responsabilidade do que no sábado passado se passou na Luz a unicamente às declarações de um vice-presidente do clube de Alvalade. No Sporting todos têm culpa. Desde o presidente e restantes membros da direcção aos comentadores desportivos do clube todos são responsáveis.

Alias, a primeira medida que o Benfica deveria tomar na área da comunicação social era a de solicitar o afastamento dos comentadores que em seu nome participam naqueles espectáculos semanais para atrasados mentais, deixando o clube sem qualquer representatividade. Sem o Benfica tais programas não teriam qualquer hipótese de existir. Se tais comentadores se recusassem a seguir a orientação preconizada pela direcção, esta deveria pura e simplesmente desautorizá-los, estudando inclusive a hipótese de os expulsar de associados pelos prejuízos que a sua presença em programas daquela indigência causa ao clube e ao futebol em geral.

Por outro lado, como aqui já se preconizou, o Benfica deveria também actuar implacavelmente contra o Sporting, tanto no plano disciplinar como financeiro. Tudo indica que o Benfica está a tentar encontrar um bode expiatório, isolando-o para mais facilmente irresponsabilizar os demais,  e a circunscrever os danos materiais e desportivos ao mínimo admissível.

Razões para tal comportamento somente quem conhece as coisas por dentro as poderá explicitar, pois já se sabe que o futebol tem razões que o comum dos mortais desconhece.

O receio que os adeptos do Benfica possam fazer outro tanto em Alvalade não tem razão de ser, já que as claques do clube só poderão assistir ao jogo se os bilhetes forem por ele solicitados. Além de que o Benfica não precisa de apoiantes para jogar em Alvalade.

Este bate-boca que se está a passar entre os dirigentes dos dois clubes não faz o menor sentido por parte do Benfica. Uma simples declaração, firme, abrangente e implacável, teria sido suficiente. O mais importante viria depois, actuando por escrito e por palavras nos locais competentes.

Quanto à rede onde os adeptos do Sporting foram obrigados a ver o jogo, bem como à vigilância da policial, o Benfica só tem que demonstrar, citando as fontes legais e regulamentares aplicáveis, que a sua actuação é legalmente correcta; e quanto à polícia, só tem que exigir que esta explique como é que os adeptos do Sporting tinham, à mão, material incendiário susceptível de utilização durante ou no fim do jogo. Nada mais!

As consequências serão depois retiradas noutro lado.

domingo, 27 de novembro de 2011

VANDALISMO DOS ADEPTOS DO SPORTING NA LUZ

DERROTADOS, VINGAM-SE NO ESTÁDIO

Fogo foi extinto pelos bombeiros


Depois de um grande espectáculo de futebol, apenas ensombrado por uma arbitragem desprovida de senso comum, os adeptos leoninos deixaram na Luz um rasto de violência incendiária a que não pode considerar-se alheio o clima que desde há muito vem sendo criado nas televisões pelos comentadores leoninos.

Primeiro, foi a campanha desabrida contra a arbitragem, tanto mais inadmissível quanto é certo ser o Sporting um clube altamente beneficiado; depois, a sistemática campanha de anti-benfiquismo primário que esses mesmos comentadores em doses apreciáveis de ódio e despeito vão semeando todas as semanas.

Acresce a tudo isto uma direcção leonina que sempre que intervém é para, em voz alta, semear a desordem entre os desportistas, como a semana que ontem findou exemplarmente demonstrou.

O Sporting deveria ser severamente castigado pelo vandalismo dos seus adeptos, pelo clima de incitação à violência criado em redor do jogo, sob pena de incidentes deste género abrirem a porta a retaliações igualmente condenáveis e tão bárbaras quanto as cometidas pelos sportinguistas.

Além da indemnização pelos danos causados, que o Benfica deverá exigir até ao último cêntimo, pouco mais acontecerá ao Sporting, infelizmente. O Regulamento da Liga, por culpa de todos os clubes – ou, pelo menos, da maioria dos clubes, é extremamente benevolente em casos deste género.

No que respeita ao jogo, a conversa já tem de ser diferente. O Sporting apresentou-se na Luz como equipa disposta a bater-se com o Benfica de igual para igual. Pela primeira vez esta época, o Sporting jogou contra uma grande equipa e demonstrou estar à altura das exigências de um candidato ao título.

Foi do Sporting o primeiro grande remate com algum perigo às redes do Benfica, a que a equipa da Luz logo respondeu com um remate extraordinário, ao poste, de Gaitan. Durante toda a primeira parte o Benfica foi sempre a equipa mais perigosa, sem que isso signifique que estivesse a dominar a equipa adversária, não sendo, portanto, de estranhar que perto do intervalo tivesse marcado, na sequência de um canto, por Javi Garcia.

Na segunda parte, o jogo continuou no mesmo tom, com o Benfica ligeiramente por cima. Cardozo, a passe de Aimar, numa série de fintas sobre a linha da grande área sportinguista, proporcionou a Rui Patrício a defesa da noite.

Logo a seguir, numa jogada dividida entre Cardozo e o defesa central do Sporting, Cardozo caiu desamparado e protestou indignado por o árbitro nada ter assinalado, quando antes em circunstâncias semelhantes tinha sempre apitado falta contra o Benfica. E mais do que semelhantes: na primeira parte exibiu um cartão amarelo a Aimar por simulação de Insua. Pois bem: o árbitro não esteve para contemplações e mostrou a Cardozo o segundo cartão amarelo, por protestos. Em nenhum outro jogo desta importância, fosse na Inglaterra, na Espanha ou na Itália, se veria semelhante coisa. Foi manifestamente um cartão para prejudicar o Benfica. Se o árbitro o fez por imprudência ou por outra razão, somente ele o poderá dizer.

Com o Benfica reduzido a dez unidades a partir dos quinze minutos da segunda parte, o Sporting atacou mais e o Benfica teve de defender-se durante mais tempo do que aquilo que seria normal noutras circunstâncias. Atacar mais nem sempre significa estar mais perto de marcar. E foi isso o que aconteceu: o Benfica não se desuniu, Rodrigo entrou para o lugar de Aimar – mais uma grande exibição -, mais tarde Ruben Amorim substituiu Gaitan, extenuado, e o Sporting só por duas vezes criou real perigo. Da primeira vez numa cabeçada a centro de João Pereira a que Artur correspondeu com uma grande defesa. E da outra vez numa displicência desse mesmo Artur (em regra, tão seguro) que, podendo ter apanhado calmamente uma bola que seguia na direcção da linha de fundo, deixou que um avançado do Sporting a dominasse e rematasse de pronto. Artur defendeu, mas a recarga, em posição frontal, só não foi golo por sorte.

Gaitan nos últimos minutos que esteve em jogo ainda voltou a rematar à trave na marcação de um canto e Rodrigo, já no fim do jogo, a passe de Nolito, que entretanto entrara em substituição de Bruno César, isolou-se, mas mais uma vez perdeu no um para um contra o guarda-redes. Rodrigo é forte na área e na movimentação atacante, mas não se sente à vontade quando tem pela frente apenas o guarda-redes. Tem de treinar mais esse lance.

E não há muito mais a dizer sobre o jogo. Foi uma vitória sofrida, mas justa. Mas o Sporting está aí para a luta. Se os da frente facilitarem, o Sporting chegará lá.
 

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O BENFICA NOS OITAVOS DE FINAL DA LIGA DOS CAMPEÕES



EMPATE A DOIS GOLOS EM OLD TRAFFORD

O Benfica não poderia ter começado melhor o jogo desta noite, em Manchester. Logo aos três minutos, numa excelente jogada do meio campo benfiquista, Gaitan cruzou para o segundo poste, na direcção de Rodrigo, mas a bola foi interceptada por Jones, fazendo-a entrar directamente na sua própria baliza.  

Este golo perturbou claramente os “red devils” e mais perturbados ficaram quando Bruno César, poucos minutos depois, falhou por pouco o segundo golo num excelente remate cruzado.

Até à meia hora o Benfica jogou tranquilo, com classe. A partir da meia hora o Manchester começou a crescer, muito por influência de Nani , e muito naturalmente marcou. Nani cruzou e Barbatov elevou-se bem entre os centrais do Benfica, marcando um excelente golo de cabeça.

A partir daí o Manchester cresceu ainda mais, Old Trafford passou a ouvir-se, e a equipa que estamos habituados a ver passou a estar presente.

Depois do intervalo manteve-se a pressão dos ingleses. Luisão lesionou-se aos 58 minutos e pouco depois o Manchester marcou por Flechter. Um golo que se justifica pelo domínio que vinha sendo exercido.

Mas logo a seguir deu-se o empate. Num ataque do Benfica De Gea repôs a bola em jogo com alguma atrapalhação (aliás, o guarda-redes do Manchester nunca esteve calmo durante a partida), Bruno César recuperou-a, correu pelo lado esquerdo do campo, centrou na direcção de Rodrigo, um defesa do Manchester interceptou o centro, e a bola sobrou para Aimar que fez golo.

Restabelecido o empate, o Benfica respirou durante largos minutos. E até o “problema Luisão” que estava a preocupar a equipa dentro e fora do campo ficou resolvido. Miguel Vítor entrou confiante e cumpriu.

Matic substituiu Gaitan e o Benfica ganhou muita consistência no meio campo. Por duas vezes o Manchester esteve à beira de voltar a marcar, uma por Berbatov, que rematou por cima, e outra num remate dentro da área a que Artur correspondeu com uma excelente defesa.

Antes de o jogo acabar, Rodrigo, numa jogada individual dentro da área, poderia ter feito golo.

No Benfica valeu sobretudo o colectivo. Mas houve vários jogadores que sobressaíram: Witsel, Aimar e Artur foram porventura os que mais brilharam, embora num jogo como o de hoje seja um pouco injusto realçar uns em detrimento de outros.

A arbitragem esteve bem. E os jogadores, com excepção de Fábio, também souberam facilitar as coisas sem prejuízo do empenho que punham na luta. É certo que o golo de Berbatov foi marcado em fora de jogo, mas num jogo em que houve tantos, todos do lado do Manchester, e alguns até bem mais perigosos para o Benfica, tem de se aceitar com tranquilidade um erro difícil de analisar.

Fica na exclusiva dependência do Benfica ficar no primeiro lugar do Grupo. O Manchester, pelo contrário, corre o risco de não ser apurado, se não pontuar em Basileia.


segunda-feira, 21 de novembro de 2011

DA QUALIFICAÇÃO PARA O EURO AOS JOGOS DA TAÇA

 


O SPORTING AFIRMA-SE

Depois da qualificação para o Euro 2012 assistiu-se a mais uma demonstração da falta de maturidade de Paulo Bento ou talvez a uma indesmentível falta de classe.

Paulo Bento andou mal quando antes do jogo se referiu a Bosingwa nos termos em que o fez. Levou a resposta do jogador. Paulo Bento voltou à carga, desmentindo factos que pela sua autenticidade formal não podem ser desmentidos. E depois foi arrogante na hora da vitória.

Não aprendeu nada com os erros de Queiroz nem tão-pouco com a maturidade de Scolari. Entrou numa “conversa de comadres” da qual se saiu mal.

A exuberância de sentimentos que exibiu por eliminar a Bósnia no play off só se compreende pela imensa pressão e intranquilidade a que estava submetido. Lá mais para o Verão vai perceber que não haverá motivos para festejos tão exuberantes se não resolver os problemas da defesa portuguesa. E seguramente não os vai resolver com os jogadores que tem jogado.

Entretanto, virou-se a página da selecção e voltou-se às competições domésticas. Para que a transição não fosse muito brusca, começou-se pela Taça de Portugal, prosseguir-se-á pelas competições europeias e só depois se regressará ao campeonato.

O primeiro a entrar em cena, numa verdadeira “batalha naval”, foi o Benfica na Figueira da Foz. Foi um jogo disputado em condições climatéricas impróprias para o futebol. Alguém já viu disputar um jogo naquelas condições na Inglaterra? Ninguém, qualquer que seja a divisão. Aqui o jogo tem sempre que se fazer, porque o futebol cá da terra exige vários dias de intervalo entre os jogos. E como não há dias…tem de se jogar.

O Benfica ganhou com mais um golo de Rodrigo, acabado de entrar, quando faltavam poucos minutos para terminar. Ganhou como poderia ter perdido. Não porque a Naval tivesse jogado mais, mas porque, se tivesse marcado, como esteve perto de acontecer, ia ser muito difícil recuperar.

Outra coisa que também ninguém compreende, mas esta diz exclusivamente respeito ao Benfica, é saber por que razão Jesus pôs Aimar a jogar naquelas condições climatéricas.

No dia seguinte, sábado, o Porto exibiu o lado mais evidente da crise que desde o princípio da época o acompanha. Hoje o Porto é uma equipa desfeita. Tão desfeita como noutras épocas se tem visto o Benfica e o Sporting. Houve lances sobre os quais não vale a pena insistir que são elucidativos desse clima de desagregação que percorre a equipa. Não se sabe se é a competência técnica, puramente futebolística, do treinador que está em défice; o que se sabe é que com aquele treinador os jogadores só podem regredir ainda mais.

Também não adianta saber onde estão os culpados.   O estado de espírito de uma equipa é uma questão muito complexa na qual intervêm múltiplos factores. E pode muito bem até acontecer que o principal não tenha nada a ver com o treinador, mas antes com uma espécie de síndrome de sucesso alcançado que os jogadores podem sentir por saberem que, para alguns deles, o Porto é uma equipa de passagem. Ou seja, já fizeram o que tinham de fazer. Este ano já estão a mais…

Inutilmente se argumentará que este estado de espírito acabará por os prejudicar a eles tanto ou mais do que ao clube. Argumentação racional inútil para um problema do foro puramente emocional.

Mas o que se está a passar com o Porto é também um teste à competência de Pinto da Costa. Será que Pinto da Costa já interiorizou todas as consequências de não ter uma equipa fundamentalmente constituída por jogadores recrutados entre Caxinas e a Madalena?

No domingo, o Sporting eliminou o Braga num jogo interessante em que o Braga não foi feliz. Mais do que discutir o eventual off side de Capel ou as entradas de Polga, o que importa sublinhar é a sorte que costuma acompanhar as equipas vencedoras, sorte da qual o Sporting, esta época, tem sido muitas vezes protagonista.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

PORTUGAL QUALIFICADO PARA O EURO 2012

VITÓRIA SOBRE A BÓSNIA POR 6-2

Portugal no pote 3, com Croácia, Grécia e Suécia (SAPO)



Depois de um começo desastroso no grupo de apuramento, a selecção portuguesa de futebol, sob direcção da nova equipa técnica a partir da terceira jornada, venceu com relativa facilidade, e nalguns casos até com certo brilhantismo, os cinco encontros seguintes, mas voltou a claudicar no derradeiro, contra a Dinamarca, no qual lhe bastava um empate para se qualificar directamente.

Não o obteve. Perdeu o jogo e até poderia ter sido goleada pondo inclusive em causa o segundo lugar. Não foi, por sorte, e qualificou-se para o play off, cabendo-lhe defrontar a Bósnia-Herzegovina.

No primeiro jogo, disputado na “muçulmana” Zelica, Portugal jogou bem no primeiro tempo e poderia logo aí ter decidido a eliminatória. Não aconteceu. No segundo tempo, em certas fases do jogo, a Bósnia foi superior, mas sem nunca ameaçar a superioridade portuguesa. O jogo terminou empatado 0-0 e o “tira-teimas” ficou adiado para quatro dias depois, no Estádio da Luz, em Lisboa.

E ontem, nesse jogo da segunda mão contra a Bósnia-Herzegovina, Portugal ganhou, goleando por 6-2.

O resultado espelha de certa forma a diferença entre as duas equipas. Não é que a Bósnia não tenha alguns excelentes jogadores. Tem. O que acontece é que nem sempre as equipas “jugoslavas” têm um futebol condizente com a categoria dos seus jogadores.

E a equipa portuguesa, apesar de não ter contado com todos aqueles que têm categoria para jogar na selecção, por rejeição de alguns deles por parte de Paulo Bento, não teve dificuldade em colocar-se em vencedora, logo nos primeiros minutos de jogo, mercê de um excelente golo de Ronaldo, marcado a cerca de trinta metros de livre directo, depois de pouco antes Meireles ter falhado incrivelmente um “golo certo”, rematando ao lado.

Mais uns minutos, e Nani, que nem sempre tem jogado na selecção o que joga no Manchester United, fez um daqueles remates com que costuma entusiasmar Old Trafford, marcando o segundo. Um grande golo.

Tudo parecia inclinado para uma vitória fácil e folgada, sem sobressaltos. Mas não. Num cruzamento para a área portuguesa, Coentrão saltou com o braço no ar, um pouco à semelhança dos jogadores de andebol, e fez penalty. Foi o 2-1.

No Estádio da Luz pairou o espectro do empate. Logo da eliminação de Portugal. Não porque a Bósnia estivesse a reagir à supremacia portuguesa, mas porque da segunda vez que foi área adversa marcou um golo. Entretanto, a primeira parte terminou.

Na segunda parte, Cristiano Ronaldo, com um novo golo, tornou as coisas fáceis, restabelecendo uma diferença tranquilizante. E mais fáceis ficaram, porque na sequência desse golo, Lulic foi expulso por ter protestado fora de jogo de Ronaldo. A RTP não parou a jogada, nem traçou a tal linha para se perceber se Ronaldo estava ou não em jogo. Nas poucas repetições que passou, uma vezes parecia que sim, outras que não, consoante o ângulo de visão.

Mesmo assim, com dez e a perder por dois de diferença, os bósnios reagiram e marcaram o segundo – um golo também protestado pelos portugueses por alegado fora de jogo. A RTP também não esclareceu, embora nas repetições parecesse que Pepe estava a pôr o adversário em jogo.

A partir daí a selecção portuguesa resolveu tirar todas as dúvidas, mandando no jogo, sem apelo nem agravo. Marcou mais três golos, dois dos quais por Postiga e outro por Veloso num livre directo muito bem executado, que os bósnios estavam manifestamente a contar que fosse marcado por Ronaldo.

No fim, uma grande festa: dos jogadores, da equipa técnica, dos jornalistas e, compreensivelmente, do público.

Que dizer mais? Em primeiro lugar, que as debilidades da equipa se mantém. Há jogos em que se notam menos, como ontem, outras em que se notam mais. Mas estão lá. Há jogadores que não têm categoria para jogar na selecção. Há outros que podem jogar muito mais, como é o caso de Coentrão – que está a ser vítima das “exigências tácticas de Mourinho no RM – e de Nani. E há problemas de posicionamento táctico da equipa em campo que não auguram nada de bom.

A selecção portuguesa sofreu doze golos na fase de grupo, um golo e meio por jogo, o que, a manter-se, desde logo torna inviável qualquer bom resultado na fase final. Dir-se-á que cinco desses golos foram marcados, em apenas dois jogos, sob a direcção da anterior equipa técnica. É verdade. Mas também é verdade que sob a “gestão” Paulo Bento, a equipa sofreu nove golos em sete jogos oficiais. É muito golo sofrido. Algo está mal. E quando isso acontece na defesa a culpa é do treinador pelo menos em setenta por cento, como dizem alguns técnicos. Logo, as perspectivas não são boas…

A “festa da vitória” compreende-se pela enorme pressão que havia sido posta no jogo e pelos riscos que o mesmo implicava, mas é manifestamente desproporcionada face à valia do adversário – a Bósnia, essa “coisa” amputada da Jugoslávia para satisfazer interesses geoestratégicos de uma certa potência europeia…

sábado, 12 de novembro de 2011

PORTUGAL EMPATA NA BÓSNIA A ZERO


E O PLAY OFF CONTINUA EM ABERTO
Cristiano Ronaldo: "não era um relvado era uma horta"

A primeira parte até foi bastante melhor do que aquilo que tem sido hábito, apesar de os médios continuarem a distribuir pouco jogo e de João Pereira não ter combinado uma única jogada com o Nani, pelo lado direito.

Ou seja, apesar das debilidades habituais da selecção (linha média pouco criativa e um defesa direito sem categoria), tudo correu muito melhor, porque o Pepe jogou muito bem – e nem sequer utilizou as habituais brutalidades que costuma pôr em campo – e o Ronaldo deu um grande fôlego à equipa durante toda a primeira parte, bem apoiado por Coentrão, apesar de longe do fulgor que exibia no Benfica.

Se Ronaldo tivesse tido um pouco mais de sorte e se a equipa tivesse um ponta de lança a sério, Portugal teria ido para o intervalo com a eliminatória quase resolvida. Não foi. Foi com um empate a zero, sem que a Bósnia tivesse feito mais do que um remate e, mesmo assim, sem perigo.

Na segunda parte o jogo mudou. A Bósnia apareceu muito mais no meio campo e na grande área de Portugal sem, contudo, causar muito perigo, salvo numa ocasião em que João Pereira não acompanhou a defesa, deixando isolado um avançado bósnio.

Ronaldo não pôde fazer na segunda parte o que fez na primeira. Não era humanamente exigível. O problema está em ele sentir que tem de fazer quase tudo e como obviamente não consegue vai-se desgastando, perdendo força e lucidez. A sua quebra foi a quebra da selecção.

Um simples jogo não dá para concluir que a selecção da Bósnia seja hoje melhor ou muito melhor do que há dois anos. Mas dá para ter a certeza de que vai ser uma equipa muito perigosos na Luz. Porventura mais do que em Zenica. Porquê? Antes de mais porque, numa eliminatória, o resultado de zero a zero é um bom resultado para quem joga em casa, quando entre as equipas em confronto não há um grande desnível. A Bósnia vai certamente tentar aproveitar as potencialidades que um campo mais largo e mais bem tratado, como o da Luz, oferece a quem gosta de jogar em contra-ataque, para dizer à maneira antiga.

Portanto, a eliminatória está longe de estar ganha, apesar de a exibição, na primeira parte, ter estado muito acima do que ultimamente tem sido habitual. Mas nem por isso as debilidades da selecção deixaram de vir à luz do dia.

Vale a pena insistir nelas: um guarda-redes que não sabe jogar com os pés e não dá confiança à equipa; um defesa direito sem classe; uma linha média sem fulgor, principalmente em consequência do abaixamento de forma de Meireles; e um ponta de lança que não existe.

Em conclusão: a “cabeça” de Paulo Bento continua a prémio por culpa própria…

terça-feira, 8 de novembro de 2011

PAULO BENTO COMPLICA A VIDA À SELECÇÃO



E BOSINGWA CONTRA-ATACA



Desnecessariamente Paulo Bento foi acender uma fogueira em que se pode queimar. Sem que nada o exigisse, o seleccionador nacional achou por bem clarificar que Bosingwa foi preterido por não reunir as qualidades emocionais e mentais necessárias para jogar na selecção.

Ora este juízo do seleccionador de forma alguma tinha de ser evidenciado nestes termos. Embora muita gente se pergunta por que razão é Bosingwa preterido por um jogador como João Pereira, Paulo Bento tinha apenas, se quisesse responder, de dar a resposta habitual neste tipo de situações.

Ao especificar, acabou pondo em cheque a personalidade de Bosingwa que, como profissional de futebol que é, tinha e tem todo o direito de se defender contra quem publicamente o deprecia.

E Paulo Bento levou que contar. O jogador do Chelsea não se esqueceu de lhe lembrar o longo castigo que lhe foi aplicado no Euro 2000 pelo seu comportamento no final do jogo contra a França, bem como os sucessivos conflitos que criou no Sporting com vários jogadores, logo diligentemente enumerados  pelo repórter da Bola.

De facto, Paulo Bento tem problemas de relacionamento porventura resultantes de não ter uma presença, como técnico, que se imponha por si.

Escusado será dizer que depois de tudo o que se passou e de ter insistido numa convocatória semelhante à do último jogo, Paulo Bento joga o seu próximo futuro – e seguramente o seu futuro na selecção – no play off contra a Bósnia. Portanto, esta deveria ter sido mais uma razão para ser prudente nas palavras e criterioso nas escolhas.

Não foi numa coisa nem noutra. Oxalá o resultado do jogo de sexta-feira o contradiga…