UM COMEÇO DIFÍCIL
O Benfica tem daqui a cerca de meia hora um começo difícil. Inacreditavelmente,
o Benfica coloca na “prateleira” o seu melhor jogador dos últimos quatro anos e
seguramente um dos melhores de sempre. A “novela Jonas”, inventada por Vieira e
secundada por Rui Vitória, está longe de terminar, estando em curso neste momento
uma campanha tendente a enganar os sócios e adeptos, orquestrada pelos
responsáveis do Benfica (Vitória, incluído) com a colaboração dos jornais do
costume (A Bola).
Incompreensivelmente, ninguém do Benfica fala no óbvio. Esconde-se o
óbvio e lança-se poeira nos olhos com efabulações. O óbvio é isto: Jonas tem
mais um ano de contrato com o Benfica. Há quem o queira ou Jonas quer sair? Se
há quem o queira ou Jonas quer sair que paguem a cláusula de rescisão e Jonas sairá.
Alguém apresentou uma proposta correspondente à cláusula de rescisão ou alguém “bateu”
a cláusula? Não. Então a saída de Jonas deixa de ser uma inevitabilidade para,
a concretizar-se, ser um desejo, uma vontade da direcção do Benfica. E é esta
evidência que Vieira & C.ª tentam escamotear, efabulando.
A contratação de dois avançados - Ferreyra e Castillo – a Juntar aos
que já lá estavam (Sferovic e Jonas, incluídos), tendo um deles sido contratado
a preço muito superior ao que é pago a Jonas, só pode indiciar a criação
voluntária de uma situação objectivamente incómoda para Jonas. Como explicar
que um dos melhores marcadores da história do Benfica – talvez até o melhor
tendo em conta os quatro anos em que alinhou, se tivermos presente que num
deles esteve cerca de meia época inactivo – tenha sido subalternizado
relativamente a um jogador recém-chegado que não tem no seu passado nada que se
assemelhe a Jonas? Esta situação, voluntariamente criada, só pode ter tido por
objectivo afastar Jonas do plantel. Essa a razão por que Vieira fala nas
exigências de Jonas e se dispõe a vendê-lo por um preço ridículo – um preço que
o Benfica tem pago por jogadores que nem um minuto jogaram.
É neste difícil contexto, comandado por um treinador sem personalidade –
um treinador em quem os jogadores não podem confiar por saberem que ele
representa apenas e só a “voz do dono” - que o Benfica iniciará internamente a
época.
Vieira e Vitória vão ter a cabeça a prémio e tê-la-ão tanto mais tempo quanto
mais evidente for a pouca ou nenhuma preocupação com que gerem os interesses do
Benfica.