terça-feira, 29 de agosto de 2017


O VÍDEO ÁRBITRO NO FUTEBOL

A MÁ-FÉ, A ESTUPIDEZ E A IMBECILIDADE DE ALGUNS COMENTADORES
Resultado de imagem para VIDEO ÁRBITRO



Fiel aos princípios, aparentemente simples, que regem o futebol, o IFAB (International Football Association Board) hesitou durante muitos anos na introdução do chamado vídeo árbitro por temer que a presença de um elemento estranho ao terreno de jogo pudesse descaracterizá-lo e contribuir por essa via para a perda de popularidade de um jogo simples, que toda a gente entende (ou pensa que entende), que é hoje também uma importantíssima fonte de negócios.

Dado, porém, os progressos da ciência que permitiram avanços tecnológicos antes impensáveis, o IFAD ciente, como qualquer pessoa racional sabe, que há na aplicação das 17 regras de futebol dois tipos de juízos muito distintos um do outro, acabou, logo que entendeu estarem reunidas as condições financeiras que o permitam, admitir a título experimental a introdução do vídeo árbitro no futebol, apenas e só naqueles domínios em que o juízo do árbitro deveria ser um juízo de ciência. E dizemos deveria ser, porque não obstante esse juízo ser um juízo de ciência, nem sempre, por falência das capacidades humanas, esse juízo que, deveria ser de ciência, acaba por sê-lo.

De facto, os juízes que durante um jogo de futebol aplicam as leis que o regem, formulam no desempenho dessa aplicação dois tipos de juízos: um juízo de ciência, em casos contados, e um juízo de valor, na generalidade das situações.

Assim, ajuizar se a bola entrou ou na baliza é um juízo de ciência. Não há aqui qualquer juízo de valor, qualquer avaliação. Se o árbitro erra neste juízo não é por ele não ser um juízo de ciência, é por ele, árbitro, não dispor dos meios que hoje a ciência lhe pode facultar para impedir que esse juízo de ciência não seja um juízo errado.

O que se diz de a bola ter ou não transposto a linha de golo, pode igualmente dizer-se da bola que ultrapassou qualquer outra linha do campo. E ainda é o mesmo tipo de juízo que se formula quando se aplica a regra de fora de jogo. Os erros que poderiam existir na aplicação desta regra podem, dada a natureza do juízo em questão, ser hoje evitados mediante o recurso a tecnologias que a ciência prodigalizou, embora o fora de jogo posicional possa dar lugar a um juízo de valor.

É também um juízo de ciência a decisão sobre o local onde a falta foi cometida – se dentro, se fora da área. Como juízo de ciência é a identificação do jogador que cometeu a falta que o árbitro puniu.

Pois bem, além destes casos, que são todos eles típicos juízos de ciência, o Internacional Board admitiu como muito próximos destes certos juízos de valor em que a factualidade em que assentam é tão evidente que não suscitam, ou não deveriam suscitar, divergências de avaliação. Referimo-nos a faltas grosseiras cometidas dentro da área pela equipa que defende, a comportamentos inequivocamente violentos cometidos em qualquer zona do campo, que tenham escapado ao juízo punitivo do árbitro, e ainda a golos antecedidos de faltas grosseiras cometidas pela equipa que os marca.

Ora bem, é nestes casos e apenas nestes casos que o vídeo árbitro pode e deve intervir, quer por sua iniciativa, quer por iniciativa do árbitro.

A razão de ser desta limitação é óbvia e somente a não percebe quem nada percebe da aplicação de regras. O IFAB não pretendeu que o vídeo árbitro fosse uma instância de recurso, nem tão-pouco quis retirar ao árbitro do jogo, melhor dizendo à equipa de arbitragem, o direito de fazer a avaliação que lhe compete na aplicação das regras do jogo. O IFAD, e bem, quis apenas e só evitar o erro nos juízos de ciência, que, por definição, se são científicos, não podem ser errados e por analogia evitar também que nas avaliações inequívocas, face à factualidade em que assentam, o árbitro se equivoque, ou porque não viu o lance, ou porque a sua colocação no terreno lhe dava uma perspectiva defeituosa do comportamento dos jogadores ou da direcção da bola.

Portanto, meus caros leitores, é apenas para isto e somente para isto que o vídeo árbitro foi introduzido. Ou seja, para reforçar a certeza dos juízos de ciência e não para substituir as avaliações do árbitro pelas de qualquer outra pessoa.

Há comentadores que não percebem isto e logo aproveitam para lançar a maior confusão sobre o vídeo árbitro e sobre as decisões da arbitragem. Os que julgavam, como Rui Santos, que seriam uma espécie de “ruisantos” que iriam substituir ou sobrepor-se à equipa de arbitragem, não passam, como já dissemos há uns anos atrás, de uns tontos, sem com isto quer dizer que não possam cumulativamente ser outra coisa pior. De facto, os “ruisantos” deste país pensavam que iriam ser eles a arbitrar os jogos do Sporting e do Benfica, como se de uma macaqueção da “liga real” se tratasse. Pobres de espírito!

Depois há os ignorantes fanfarrões, como o representante do FC Porto no “Play off”, que muito ganhariam em ter mais conhecimento e menos cabeleireiro, ou os puros analfabetos, que até dão pena, como o limitado Manuel Fernandes. Além destes há os desonestos para quem o futebol não passa de é um campo de exercício para as suas actividades quotidianas, como acontece com o palhaço triste do Sporting e com o marginal do FC Porto.

E entre os desonestos não pode deixar de enumerar-se Jorge Jesus, que é um homem desportivamente desonesto, além de também ser burro, quando não percebe que a sua desonestidade assenta numa argumentação estúpida, que a ser seguida pelos árbitros, teria forte probabilidade de o vir a prejudicar. Referimo-nos como é óbvio aos comentários feitos após o jogo do último domingo relacionados com o golo anulado ao Estoril. Jorge Jesus não percebe, na sua estúpida desonestidade, que o futebol, depois da introdução do vídeo árbitro, tem todo o interesse em que os juízes de linha, em caso de dúvida, mesmo que ela seja puramente subjectiva, deixem seguir as jogadas de eventual fora de jogo, porque, se o fora de jogo se confirmar, o golo que dele eventualmente resultar não será validado, enquanto a decisão contrária pode levar a uma situação irremediável – se o juiz de linha assinalar um fora de jogo inexistente numa jogada da qual poderia resultar um golo, nada mais pode ser feito depois de assinalada a falta e interrompido o jogo . Neste caso, o vídeo árbitro nada poderá fazer para repara a situação.

A aliança entre o “Sporting Clube do Porto” e o “Porto Sporting Clube” é apenas a expressão da grandeza do Benfica e da pequenez dos aliados. Pobres adeptos os destes despeitados clubes.

Para finalizar uma palavra sobre Eliseu que tem sido crucificado como nunca ninguém em qualquer outra actividade terá sido em qualquer canto do mundo. Televisões sem ética, sem princípios deontológicos, instilam ódio em adeptos fanatizados fazendo passar por uma jogada assassina uma jogada relativamente vulgar nos campos de futebol. Mas mesmo que assim não fosse nada justificaria que a TVI 24, no dia do jogo do Benfica contra o Belenenses, tivesse em escassos minutos de comentário passado o lance 67 vezes! O que na altura parecia uma enormidade tornou-se com a passagem do tempo uma raridade. É que nessa noite e nas noites subsequentes até hoje o lance passou mais de 1000 vezes nas televisões. É este o lixo com que temos para “nosso consumo”!

E o que se vê nesse lance, mal ou bem, SANCIONADO pelo árbitro? Vê-se o jogador do Belenenses a entrar a varrer a uma bola dividida, sem qualquer preocupação com as consequências que pudessem resultar para o seu adversário do corte que pretendia efectuar e vê-se o jogador do Benfica a defender-se das consequências dessa entrada, saltando por cima do jogador do Belenenses, sem contudo evitar que na parte final desse salto o tivesse pisado, atingindo-o na coxa, do mesmo modo que o jogador do Belenenses o atingiu na perna esquerda depois do “varrimento” da jogada”. Mal ou bem, o árbitro viu a jogada e sancionou-a, logo não há lugar, não poderá haver lugar, a nenhuma outra apreciação dessa jogada. São estas as leis do futebol. Aliás, são estas as leis que regulam a vida das pessoas civilizadas. Quando não há instância de recurso, o que está decidido, mal ou bem, decidido está!

segunda-feira, 28 de agosto de 2017


QUE ESPERAR DESTE BENFICA?


O QUE SE VIU EM VILA DO CONDE
Resultado de imagem para rio ave-benfica



Em primeiro lugar, uma explicação aos meus leitores por esta tão longa ausência de cinco meses e alguns dias. Nada de grave aconteceu que me tivesse impedido de escrever ou comentar o futebol português. Apenas a saturação de quem acha que no ponto em que as coisas estão não adianta falar racionalmente do que quer que seja ligado ao futebol, porque quase ninguém está interessado numa conversa racional. Isso vê-se desde logo nas estúpidas conversas que semana após semana preenchem o espaço televisivo reservado ao comentário dos jogos de futebol. É uma tristeza…. Depois, a incapacidade de os adeptos verem o que se está a passar com os seus clubes, principalmente se estão a ganhar internamente, já que na arena internacional as hipóteses de Portugal nas competições de clubes poder fazer algo de jeito é cada vez mais uma miragem.

Dito isto, retomemos a conversa no ponto em que a deixámos. Antevi no último comentário deste blog que o Benfica iria perder o campeonato e, com essa perda, deixar cair a hipótese de fazer algo inédito na história do clube – ser tetra campeão pela primeira vez. Enganei-me, felizmente. Enganei-me duplamente: enganei-me quanto às reais capacidades de os adversários, principalmente o Porto, serem capazes de aproveitar as debilidades do Benfica e enganei-me quanto à capacidade de o Benfica ser capaz de reagir a esta inegável incapacidade dos seus adversários. Sim, o Benfica continuou a perder pontos, mas os seus perseguidores ainda perderam muito mais! É um mérito relativo, mas é um mérito.

Esse mérito não tira que as debilidades assinaladas ao Benfica não existissem. Existiam, só que não foram suficientemente marcantes a ponto de poderem ser suplantadas pelos seus rivais. As deles ainda eram maiores.

E este ano, o que dizer? Bem, deste ano repetir ponto por ponto o que no último post se disse quanto à formação, realçando o embuste de quem quer fazer crer aos adeptos que o Benfica aposta na formação. O Benfica, isto é, a Direcção aposta no negócio, de que à frente voltaremos a falar, estando-se completamente nas tintas para a formação fora desta estrita perspectiva. Basta ver que nas últimas épocas o Benfica vendeu todos – atenção TODOS! – os jovens talentos da sua formação, antes que qualquer um deles pudesse retribuir em êxitos desportivos o investimento feito. Saíram Bernardo Silva (o jogador mais parecido com Messi em todo o mundo), João Cancelo, André Gomes, Renato Sanches, Gonçalo Guedes, Ederson, Nelson Semedo e Lindelof, para falar apenas nos mais importantes.  E que ganhou o Benfica em troca? Até ver a dívida aumentou. Portanto, a primeira conclusão que se pode tirar é que o produto dessas vendas não serviu para amortizar o passivo. E sem amortização do passivo, o mais que o Benfica pode aspirar é a formação de uma equipa de “trazer por casa”. Essa perspectiva pode parecer muito interessante para adeptos que se contentam com vitórias sobre o Sporting ou até sobre o Porto, mas está muito longe de poder satisfazer os que ainda não desistiram de assistir à reconstituição de um grande Benfica, de um Benfica à altura dos seus grandes vultos do passado e dos grandes êxitos internacionais por eles alcançados.

Quanto às debilidades assinaladas no post de 19 de Março passado, elas não só se mantiveram como se ampliaram perigosamente a ponto de porem em causa a competitividade do clube no plano interno, mesmo contra equipas médias, como a seguir se tentará demonstrar. De facto, o desmantelamento de um importante sector da equipa – a defesa – como este ano aconteceu, sem que quem presida aos destinos do Benfica se tenha minimamente preocupado com a contratação de substitutos à altura é um acto grave de gestão, sabendo – como não poderia deixar de saber – que com a actual composição defensiva o Benfica não está em condições de lutar pela conquista do “penta” e muito menos de competir na Europa, onde corre o risco de ser humilhado, com resultados inadmissíveis (como a pré-época já indiciou), e de ser eliminado por clubes de outra dimensão. A participação na Liga dos Campeões Europeus, que deveria ser um motivo de alegria e entusiasmo para todos os benfiquistas, pode tornar-se angustiante ou até transformar-se num pesadelo se tudo correr mal como tem todas as condições para correr.

Para além da defesa, o Benfica tem debilidades no meio campo. Elas foram confrangedoramente evidentes no recente jogo contra o Rio Ave. Fejsa, não obstante a sua inegável classe, é um jogador com que se pode contar apenas em cerca de 50% dos jogos. Na outra metade está lesionado. E Filipe Augusto não parece que tenha lugar na equipa do Rio Ave. Samaris é um jogador de classe média que pode servir o Benfica como unidade de recurso, se, entretanto, a direcção não o conseguir vender, como desesperadamente parece estar a tentar. Pizzi, apesar de todos os atributos que se lhe reconhecem, falha muitos passes, marca mal a maior parte dos livres e dos cantos, além de não ser um jogador com características para romper as linhas adversárias sempre que o desenrolar do jogo a tanto obrigue. Depois de tantos elogios aos “olheiros” do Benfica e ao seu famoso “scouting” é difícil perceber como deixaram ir para o Sporting um jogador como Bruno Fernandes…que, além do mais, até português é! Ou seja, Renato Sanches não foi substituído e ao Benfica faz muita falta de um jogador como Renato, principalmente depois de Guedes também ter saído.

Nas alas, Carrillo foi-se embora e ainda bem, desde que a sua saída compense financeiramente a sua entrada (o que se duvida) e Cervi parece ter regredido relativamente à época passada. Depois temos o sérvio, Zivkovic, que é um jogador promissor e Salvio, que continua a ser o melhor de todos, apesar de fustigado por lesões e da sua falta de discernimento em muitas jogadas de finalização; além destes, temos Rafa, o maior “flop” da história recente do Benfica, pelo preço que se diz ter custado, não sendo conveniente acrescentar por agora algo mais…para não ser antipático com o jogador.

Na frente de ataque, a contratação de Seferovic tornou o ataque do Benfica, com Jonas, Jimenes e Mitroglou, um ataque de classe média alta europeia. Mas nada garante que o quarteto se mantenha, porque o presidente tudo fará para se livrar de Jimenes ou de Mitroglou, se não conseguir vender aquele. A propósito, é caso para perguntar a Rui Vitória porquê a entrada sempre tão tardia de Jimenes em jogos onde a sua presença é indispensável aos olhos de qualquer leigo.

Vai ser um campeonato muito difícil se as faltas assinaladas não forem supridas com qualidade. O tempo escasseia e não seria ousado supor ou até antever que é muito mais provável a saída de algum jogador importante do que a contratação de alguém que possa suprir as lacunas abertas no plantel. E em Janeiro já será tarde para fazer ajustes. No futebol não é como no ciclismo. No futebol na há a possibilidade de recuperar na “montanha” o tempo perdido na “planície”, porque no futebol, ao contrário do ciclismo, não se joga todos os dias contra todos. Joga-se contra todos, mas com cada um de cada vez…