quarta-feira, 23 de novembro de 2022

OS DOIS ERROS QUE FERNANDO SANTOS NÃO DEVE COMETER

 

QATAR 2022

Sobre este estranho Mundial de Futebol muito haveria que dizer, desde a sua localização ditada por um “Pacto corruptivo” em que intervieram um Presidente da República, o Presidente da UEFA e o Presidente da FIFA, passando pelo coro de de reprovações hipócritas de todos aqueles que tanto no futebol como nos negócios em geral mantêm e desejam manter estreitas relações com o Qatar, até às opções do seleccionador nacional, Fernando Santos, que não sendo de todas as que fez até hoje das mais criticáveis nem por isso está isento de criticas por ter deixado de fora jogadores que lá deveriam estar, tanto pelo que trazem à selecção como pela excelente forma em que se encontram, como é o caso de Renato Sanches e Gonçalo Guedes bem como de Florentino Luís pela excelente forma em que se encontra dito .

Dito isto, e entrando naquilo que agora mais interessa, que é o jogo contra o Gana, há dois erros que o seleccionador português não pode cometer, a saber: Conceder a titularidade a Pepe e a Cristiano Ronaldo.

Embora por razões muito diferentes, nem um nem outro parecem estar na plenitude das suas capacidades ou sequer na forma minimamente exigível para um jogo desta responsabilidade.

Pepe teve durante esta época vários problemas, ao que parece de ordem física, que o impediram de estar ao nível com que terminou a época anterior. Apesar da idade, Pepe seria um indiscutível se estivesse a jogar normalmente. Mas não está. Esta época, ou dizendo melhor, esta primeira metade da época apenas realizou – até perto do fim – um grande jogo: foi contra o Atletico, em Madrid, apesar de não poder ser inocentado no golo que, nos últimos segundos, ditou a derrota do Porto.

Depois desse jogo, em que pareceu estar em excelente forma física, uma lesão, com o seu quê de misterioso, dada a política de sigilo seguida pelo FC Porto, não mais lhe permitiu voltar a ser o Pepe dos anos anteriores. No tempo que desde então decorreu, Pepe nas poucas vezes que jogou esteve muito abaixo do seu normal (como aconteceu contra o Club de Bruges) ou pura e simplesmente não jogou. E é nesta situação que o seleccionador o convocou para o Mundial, ou seja, um jogador que nos últimos dois meses não realizou um único jogo nem, ao que parece, sequer treinou. É por isso muito arriscado pô-lo a jogar.

O caso de Ronaldo é diferente e sobejamente conhecido. Por razões que na altura não justificou publicamente, Ronaldo resolveu não fazer a pré-época no seu clube de então (o Manchester United). Ou seja, não se treinou nem jogou porque não quis. Mais tarde, quando regressou ao clube e pretendeu jogar, o treinador achou – e bem – que não estava em condições de o fazer. Depois, nos diversos jogos em interveio, quer pelo clube quer pela selecção, a sua prestação foi medíocre, sendo notório que não estava em condições de corresponder às exigências competitivas das provas em que estava a participar – a Premier League e a Taçadas Nações – fosse por razões físicas ou de outra ordem, idade inclusive.

É assim uma grande irresponsabilidade pô-lo a jogar, tanto pelo prejuízo directo que para a equipa poderia representar a sua titularidade neste momento como pela previsível reacção de parte dos seus colegas que não estarão mais na disposição de ver preteridos jogadores que estão em melhor condição, nem dispostos ao sacrifício suplementar de esforço físico que a opção por Ronaldo lhes acarreta.

Dito isto, já agora avanço com o que seria a equipa que eu formaria com os jogadores que lá estão, embora à partida saiba que o “onze” escolhido por Fernando Santos será muito diferente.

Na baliza: não tenho ideia de, na selecção, em jogos oficiais, alguma vez Rui Patrício ter comprometido a equipa; pelo contrário, salvou-a muitas vezes com grandes e decisivas defesas, de modo que seria ele, para mim, o guarda-redes escolhido.

Na defesa: colocaria Cancelo à direita e Raphael Guerreiro à esquerda; no centro jogariam António Silva e Danilo.

Na linha média: poria Ruben Neves, Bernardo Silva, Bruno Fernandes e Otávio

Na frente: Gonçalo Ramos e João Félix

Algumas explicações: Diogo Costa é bom guarda-redes, mas já o vi por mais de uma vez na intercepção dos cruzamentos rasteiros defender a bola para a frente, o que num torneio deste género pode ser fatal, como se tem visto (guarda-redes do Senegal , da Alemanha, da Costa Rica, entre outros).

Cancelo é indiscutível e Raphael Guerreiro defende melhor do que Nuno Mendes, e no ataque perde inúmeras bolas; portanto, é uma escolha que não oferece nenhuma dúvida.

No centro da defesa, António Silva é melhor do que Ruben Dias em todos os momentos do jogo: posiciona-se excelentemente, dai que na maior parte das vezes se limite a antecipar-se sem sequer ter necessidade de desarmar; mas também desarma bem e tem uma qualidade de passe notável, passa longo, médio e curto com a mesma facilidade; o passe quase sempre é feito para o interior do campo possibilitando de imediato um ataque, além de marcar golos e não fazer auto-golos. Para mim, é um indiscutível.

Na linha média, Bernardo Silva (no centro) e Octávio numa ala são ambos indiscutíveis; Bruno Fernandes e Ruben Neves têm no banco outros grandes jogadores, mas como estão num bom momento devem ser eles os titulares.

Na frente, estando fora Ronaldo, o melhor ponta de lança, com forte presença na área e com golo, que nós hoje temos é Gonçalo Ramos. João Félix, pela genialidade. Com ele em campo pode sempre acontecer qualquer coisa que mais ninguém faria.
 Se alguma coisa estivesse a correr mal  ou diferentemente do previsto há um banco riquíssimo que a todo o momento pode corrigir o que não está a correr bem.