BENFICA QUASE FORA DA
CHAMPIONS
É difícil compreender como uma equipa constituída com os
mesmos jogadores do ano passado, mais um conjunto de caríssimos reforços,
consegue jogar tão mal como o Benfica jogou na primeira parte no jogo desta
noite contra o Olympiakos. Uma equipa sem ideias, sem qualquer fio jogo digno
desse nome, sem alguém capaz, uma única vez que fosse, de exprimir uma ideia
diferente daquele fastidioso e repetitivo futebol que permanentemente se via: Artur,
quando consegue não falhar, passa a Luisão que passa a Garay que devolve a
Luisão, que entrega a Matic, que, depois de dar uma volta sobre si próprio,
lateraliza para a direita, entregando a Ola John ao qual se junta de imediato
Almeida para receber um passe curto com a intenção de repassar um pouco mais à
frente ao mesmo Ola John, que ora chega à bola, ora não chega, e quando chega tenta
centrar em regra para onde não está ninguém. E esta “brilhante” jogada
repete-se vezes sem conta até o espectador, completamente enfastiado, começar a
assobiar.
O futebol do Benfica, não apenas neste jogo, mas em todos os
jogos desta época, é um futebol repetitivo, sem ideias, nem brilhantismo de qualquer
espécie. Os jogadores parece que desaprenderam, principalmente aqueles que o
ano passado se exibiram sempre ao mais alto nível. Garay e Matic são uma sombra
do que foram e até o esforçado Enzo Pérez está longe do nível exibicional da
última época.
Onde está aquele vistoso futebol de ataque que o Benfica
começou a praticar no primeiro ano de Jesus como treinador? Onde está esse
futebol? Esse futebol que nunca mais foi praticado e foi decaindo época após
época, parece ter este ano atingido o ponto zero de espectacularidade e
eficiência.
Paradoxalmente, o que esta noite valeu ao Benfica foi o “dilúvio”
que se abateu sobre o Estádio da Luz. A impossibilidade de fazer aquele futebol “mastigado”
da primeira parte, com falhanços sucessivos da defesa e ineficiência do meio
campo, levou a equipa a jogar um futebol directo, de bola para a frente, que
aturdiu os gregos e criou múltiplas dificuldades à sua defesa, a começar por
Roberto. Num desses lances, como poderia ter acontecido noutros, o Benfica
marcou, por Cardozo, e conseguiu o empate.
Um empate que, contrariamente ao que diz Jorge Jesus, é um
resultado negativo. Muito negativo. Um resultado que praticamente põe o
Benfica, mais uma vez, fora da Liga dos Campeões após os primeiros três jogos
da fase de grupos.
Só por ignorância ou “esperteza saloia” se podem considerar idênticos
os quatro pontos que neste momento têm tanto o Benfica como o Olympiakos. Os
quatro pontos dos gregos foram obtidos fora de casa enquanto os do Benfica
foram conquistados em casa. Basta esta simples comparação para imediatamente se
perceber que o Benfica só teria garantida a passagem à fase seguinte se
ganhasse na Grécia e em Bruxelas. O que com este futebol não acontecerá,
seguramente. Além de que o Benfica nunca ganhou ao Anderlecht em Bruxelas e
quase nunca alcançou resultados positivos na Grécia, principalmente contra os grandes clubes de Atenas, como se viu em 2008, na Taça UEFA, em que foi
copiosamente derrotado por 5-1 por este mesmo Olympiacos que agora vai revisitar.
Enfim, o fraco percurso que o Benfica está fazendo em todas
as provas em que participa, aliado à
fraquíssima qualidade exibicional da equipa, deixam antever uma época para
esquecer…