quarta-feira, 23 de outubro de 2013

PORTO VÍTIMA DA IMPUNIDADE DE QUE GOZA NO FUTEBOL NACIONAL


 
BOM JOGO DO PORTO CONTRA O DÍNAMO
F. C. Porto derrotado pelo Zenit, 1-0, no Dragão

 

Os responsáveis e os comentadores afectos ao Futebol Clube do Porto não pararam de se lamentar no jogo desta noite por o árbitro ter mostrado no mesmo minuto dois cartões amarelos a um jogador do Porto que cometeu duas faltas evidentes. À luz das regras do jogo, por que razão não há-de ser punido um jogador que comete duas num curto espaço de tempo? Há algo nas leis do jogo que lhe garanta a impunidade relativamente à segunda falta?

Não há, como toda a gente sabe. O que há é uma impunidade generalizada que leva a que as equipas grandes em Portugal, e dentre elas o FCP, muito particularmente, contem sistematicamente com a benevolência dos árbitros em situações semelhantes. Ou porque o jogo começou há poucos minutos, ou porque ninguém ousa punir uma falta que nem todos os árbitros marcam, ou porque a contestação seria muito violenta e duradoira, ou por outras inconfessáveis razões, a verdade é que o Porto não está habituado – ou talvez mais correctamente -, nas provas nacionais,  o Porto não admite que um jogador seu seja expulso no início do jogo e muito menos por duas faltas merecedoras de cartão amarelo.

E é claro que isto cria na equipa um sentimento de impunidade que a leva a actuar com alguma leviandade em competições internacionais onde frequentemente aparecem árbitros dispostos a fazer cumprir as leis do futebol qualquer que seja a fase do jogo em que a infracção tem lugar. Isto não significa que os jogadores do Porto não estejam suficientemente advertidos de que não podem fazer nos jogos internacionais o que fazem nas competições nacionais. Estão. E qualquer observador atento reconhece isso com muita facilidade. Mas esses avisos não garantem, como hoje não garantiram, que a força do hábito por vezes se sobreponha à força da lei.

Realçado isto apenas com o propósito de demonstrar que o cumprimento rigoroso, no plano interno, das leis do jogo acaba por reforçar a competitividade das equipas portuguesas e muito particularmente do FCP o qual, não obstante todos os favores de que pode beneficiar, continua sendo a melhor equipa portuguesa e que mais probabilidade tem de se bater quase de igual para igual com as grandes equipas europeias. O Porto pode não ter o melhor plantel – e muito provavelmente não o terá – mas continua a ter a melhor equipa.

No jogo desta noite, o Porto jogando com dez desde os seis minutos foi sempre melhor equipa que o Zénite de S. Petersburgo durante toda a primeira parte. Na segunda parte, o enorme esforço da primeira parte fez-se sentir, porventura mais cedo do que se esperava. O Zénite, embora sem criar lances de grande perigo, salvo um perdida de Hulk resultante de uma “oferta” de Otamendi, foi dominando o jogo e aproximando-se gradualmente da baliza de Helton. Numa dessas jogadas, já muito perto do final, Kerzhakov, a centro de Hulk, fez o golo da vitória num excelente remate de cabeça. Mesmo assim, o Porto por duas vezes ainda esteve perto do empate.

Com duas derrotas em casa o Porto compromete muito seriamente a passagem à fase seguinte, agora apenas possível se obtiver duas vitórias (uma delas necessariamente em S. Petersburgo) e o Zénite perder dois dos três jogos que lhe faltam jogar ou perder um (necessariamente contra o Porto) e empatar outro, ganhando o terceiro.

 

 

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