BOM JOGO DO PORTO CONTRA
O DÍNAMO
Os responsáveis e os comentadores afectos ao Futebol Clube do
Porto não pararam de se lamentar no jogo desta noite por o árbitro ter mostrado
no mesmo minuto dois cartões amarelos a um jogador do Porto que cometeu duas
faltas evidentes. À luz das regras do jogo, por que razão não há-de ser punido
um jogador que comete duas num curto espaço de tempo? Há algo nas leis do jogo
que lhe garanta a impunidade relativamente à segunda falta?
Não há, como toda a gente sabe. O que há é uma impunidade
generalizada que leva a que as equipas grandes em Portugal, e dentre elas o
FCP, muito particularmente, contem sistematicamente com a benevolência dos
árbitros em situações semelhantes. Ou porque o jogo começou há poucos minutos,
ou porque ninguém ousa punir uma falta que nem todos os árbitros marcam, ou
porque a contestação seria muito violenta e duradoira, ou por outras inconfessáveis
razões, a verdade é que o Porto não está habituado – ou talvez mais
correctamente -, nas provas nacionais, o Porto não admite que
um jogador seu seja expulso no início do jogo e muito menos por duas faltas
merecedoras de cartão amarelo.
E é claro que isto cria na equipa um sentimento de impunidade
que a leva a actuar com alguma leviandade em competições internacionais onde
frequentemente aparecem árbitros dispostos a fazer cumprir as leis do futebol qualquer que seja a fase do jogo em que a infracção tem lugar.
Isto não significa que os jogadores do Porto não estejam suficientemente
advertidos de que não podem fazer nos jogos internacionais o que fazem nas
competições nacionais. Estão. E qualquer observador atento reconhece isso com
muita facilidade. Mas esses avisos não garantem, como hoje não garantiram, que a
força do hábito por vezes se sobreponha à força da lei.
Realçado isto apenas com o propósito de demonstrar que o
cumprimento rigoroso, no plano interno, das leis do jogo acaba por reforçar a competitividade
das equipas portuguesas e muito particularmente do FCP o qual, não obstante
todos os favores de que pode beneficiar, continua sendo a melhor equipa
portuguesa e que mais probabilidade tem de se bater quase de igual para igual com
as grandes equipas europeias. O Porto pode não ter o melhor plantel – e muito provavelmente
não o terá – mas continua a ter a melhor equipa.
No jogo desta noite, o Porto jogando com dez desde os seis
minutos foi sempre melhor equipa que o Zénite de S. Petersburgo durante toda a
primeira parte. Na segunda parte, o enorme esforço da primeira parte fez-se
sentir, porventura mais cedo do que se esperava. O Zénite, embora sem criar
lances de grande perigo, salvo um perdida de Hulk resultante de uma “oferta” de
Otamendi, foi dominando o jogo e aproximando-se gradualmente da baliza de
Helton. Numa dessas jogadas, já muito perto do final, Kerzhakov, a centro de Hulk,
fez o golo da vitória num excelente remate de cabeça. Mesmo assim, o Porto por duas
vezes ainda esteve perto do empate.
Com duas derrotas em casa o Porto compromete muito seriamente
a passagem à fase seguinte, agora apenas possível se obtiver duas vitórias (uma
delas necessariamente em S. Petersburgo) e o Zénite perder dois dos três jogos
que lhe faltam jogar ou perder um (necessariamente contra o Porto) e empatar outro,
ganhando o terceiro.
Sem comentários:
Enviar um comentário