quarta-feira, 9 de julho de 2014

A DERROTA DA SELECÇÃO BRASILEIRA


 
UM CASO ISOLADO OU A CONSEQUÊNCIA DE UM ATRASO?

 

Há na Europa a convicção generalizada de que o futebol do Brasil está muito atrasado relativamente ao que se pratica no velho continente. O Brasil tem óptimos executantes, os talentos nascem como cogumelos em dia de chuva, sem plantação e sem escola, despontam na Europa grandes jogadores brasileiros de que a generalidade dos brasileiros nunca tinha ouvido falar. Mas há também no Brasil uma escola que terá começado com Parreira (e de que a selecção de 94 já é um exemplo, não obstante os talentos que a constituíam), se acentuou com Scolari (idem, relativamente à de 2002) e depois se generalizou na formação tendente a privilegiar o físico, a rudeza em detrimento do talento puro. Esses jogadores quase todos defesas (zagueiros) e cabeças de área (de que os “Fenandinhos”, os “Paulinhos”, os "Luís Gustavos” são hoje os mais acabados exemplos) expulsaram do meio campo a tradicional criatividade e imprevisibilidade do futebol brasileiro. E o mais grave é que essa tendência está a lastrar às partes mais avançadas do campo onde também o físico tende a prevalecer sobre a arte, como é óbvio na presente selecção com os casos de Fred e de Hulk.

A par disto, que já era muito, o Brasil convive muito mal com a ideia de não ter sempre nas suas fileiras “o melhor do mundo”. Ora, como se sabe, nos últimos anos essa imputação recaiu sistematicamente em dois jogadores, embora um deles a mereça muito mais do que outro, daí que o Brasil, o futebol brasileiro, esperasse ansiosamente o despertar de um talento para logo o guindar ao pedestal de “o melhor do mundo” e à volta dele construir a sua equipa. Desgraçadamente para Neymar recaiu sobre ele essa maldição e desde então o pobre do rapaz vem arcando com a responsabilidade de levar a equipa às costas.

Esta ideia de idolatrar um jogador a quem falta ainda completar um longo percurso e fazer a equipa girar à sua volta como coisa secundária dá sempre mau resultado. Não apenas com Neymar, mas com qualquer outro que esteja na sua posição, chame-se ele Messi ou Cristiano Ronaldo. Deste último nem vale a pena falar tão evidentes são os exemplos que demostram que sem equipa, ou com a equipa secundarizada, ele não passa de um jogador comum. E o próprio Messi só foi grande no Barcelona com uma grande, enorme, equipa, onde despontavam talentos imensos como Xavi e Iniesta, para falar apenas destes, e um treinador “cinco estrelas”. Mas quando todo este contexto começou a esboroar-se, principalmente pela perda do treinador, Messi, embora continuando a ser um grande jogador, nunca mais foi o mesmo. Foi cada vez mais o Messi da selecção argentina…

Para além disto tudo, que já não era pouco, é evidente aos olhos de todos que no plano da metodologia de treino e do “pensar” o futebol, o Brasil perdeu hoje, ou melhor já perdeu há muito, na própria América Latina a hegemonia para os argentinos (mais próximos dos europeus, mas sempre muito criativos, como Bielsa, Sampaioli, entre tantos outros) e para os próprios colombianos que percebem hoje mais de futebol do que os brasileiros. Mas se no seu próprio continente perderam a hegemonia que dizer relativamente à Europa?

Esta questão é, porém, muito fácil de resolver. O Brasil tem de importar este saber até que o assimile e o supere, por muito que isso custe ao “país do futebol”. O Brasil vai ter fazer o mesmo que fizeram os inventores do futebol. Também os ingleses, durante muito tempo, não olhavam, ou olhavam com desdém, para o que se passava na Europa continental, apesar de os confrontos entre os clubes britânicos e os europeus continentais deixarem cada vez mais a nu essa fragilidade. E acabaram por constatar o que do lado de cá da Mancha já há muito se sabia: estavam atrasados. E o remédio foi importar o saber onde ele se encontrava. É isso que o Brasil vai ter de fazer. Importar tudo, desde a formação até ao futebol jogado pelas grandes equipas.

Como ao Brasil o que não falta é matéria-prima, depressa o atraso que agora existe será colmatado e ultrapassado. E nisto não pode haver orgulhos estúpidos. Da mesma forma que os brasileiros, os técnicos brasileiros, durante várias décadas, a partir de 50 do século passado, ensinaram futebol ao mundo, também agora o mundo onde o futebol está muito mais adiantado (Europa) deverá ser chamado a ensinar futebol ao Brasil, seguramente com resultados espectaculares a um prazo relativamente curto.

Dito isto, é preciso porém ter em conta que para além das debilidades técnico-tácticas da selecção brasileira, já amplamente expostas em confrontos anteriores, o Brasil foi ontem vítima de um colapso emocional, que se não tivesse existido não lhe asseguraria a vitória, mas certamente teria evitado o vexame por que passou. De facto, é quase incompreensível que jogadores excelentes, que jogam nas grandes equipas mundiais, quase todos fora do continente americano, com excepção de Júlio César (sem nenhuma culpa no aconteceu) e Fred, tenham cometido erros tão graves como os que cometeram durante todo o jogo. Erros que nunca teriam cometido se estivessem a jogar nas suas equipas europeias. Sem falar em nomes para não ser desagradável, como explicar os repetidos erros defensivos a que ontem sistematicamente assistimos? Isso era impossível nas equipas europeias em que jogam. E se porventura, por descuido, tais erros tivessem sido cometidos uma vez, jamais seriam repetidos.

Mas estes erros são apenas um exemplo do descontrolo emocional, sem o qual o Brasil sempre perderia. Claro, que no futebol o factor emocional, tanto no aspecto positivo como negativo, não pode ser desprezado. Ele existe, quer os treinadores queiram ou não. Mas do que também não há dúvida é que o futebol fica muito mais fragilizado quando os treinadores propositadamente o procuram convencidos de que ele terá um efeito positivo inigualável – um efeito que nenhuma ciência poderá igualar.

Pensar assim é um erro. Mais vale pensar o contrário, ou seja fazer como a Alemanha: o factor emocional existe no futebol, mas o nosso papel é contrariá-lo. É limitar os seus efeitos. E mesmo assim ainda resta muita aleatoriedade ao futebol: por a bola ser redonda e ser jogado com os pés…

Vamos esperar que estes 7-1 que a Alemanha deu ao Brasil acabem por ter um efeito positivo, muito mais positivo do que teria uma simples vitória tangencial…

terça-feira, 8 de julho de 2014

AFINAL, O QUE É O BENFICA?


 

 

UM ENTREPOSTO? UMA FEITORIA?
Festejos Benfica

Não perguntamos de quem é o Benfica porque os sócios, adeptos e simpatizantes já não têm ilusões acerca da resposta. O Benfica é dos credores em consequência da dívida que necessariamente se tornará insustentável dentro de pouco tempo.

A nossa pergunta é antes outra: afinal, o que é o Benfica? É um clube de futebol com um passado glorioso que não soube adaptar-se à época da globalização, ou seja, que pretendeu ser o que não poderia ser deixando ser o que estava ao seu alcance ou é antes um simples entreposto por onde passam jogadores durante uns escassos meses na expectativa de se valorizarem para imediatamente serem vendidos na busca do lucro fácil e rápido? É uma espécie, para pior, de uma feitoria unicamente preocupada com a comercialização dos produtos comprados que, além do mais, facilitam a comercialização pela venda dos produtos “fabricados” ou que, tendo sido comprados, se lhes juntou um considerável valor acrescentado?

E como é distribuído o produto desses negócios? Quanto cabe ao financiador? Quanto fica para o intermediário? Quanto é destinado a amortizações? E, depois de todas estas partilhas, quanto sobra para a colectividade que gerou o “valor acrescentado”?

O futebol, tal como o mundo do capital financeiro, que actualmente domina por completo o capitalismo e os negócios em geral, logo a vida das pessoas, está hoje minado pela ideologia dominante – a que recusa a justa repartição dos rendimentos e que advoga o crédito como panaceia para todos os males ou como solução para todos os problemas, com as consequências que, por todo o lado, se conhecem: o capital financeiro e especulativo cada vez mais forte e a sociedade cada vez mais desigual.

O Benfica está hoje draconianamente submetido a esta lógica, sendo o que se está a passar um exemplo muito mais eloquente do quaisquer palavras. De uma equipa campeã, quem restará? Afinal, quantos jogadores, participando nas vitórias do ano passado, eram propriedade do Benfica? Essa a grande incógnita.

Vejamos um por um a situação de alguns jogadores:

Oblak: Dizia-se que o esloveno tinha um contrato com o Benfica até 2018 com uma cláusula de rescisão de 20 M€. O que é que isto tem de verdade? Os direitos sobre Oblak são de quem? E a cláusula de rescisão, afinal, é de quanto? Como se explica, sendo verdade o que se dizia, que o guarda-redes não se tenha apresentado na data prevista e tenha antes entrado em negociações e exames preliminares com outro clube? Como se explica algo que a FIFA não permite? Por que é que o Benfica não actua? O Benfica não actua por duas simples razões, cumulativas ou não: primeiro, porque o Benfica já não manda no Benfica e depois porque, muito provavelmente, Oblak não é do Benfica ou não é na percentagem que se apregoou.

Garay – Dizia-se que os direitos sobre Garay eram em partes iguais do Benfica e do Real Madrid e que a cláusula de rescisão era de 20 M €. Afinal, o Benfica comunicou a transferência de Garay para o Zénite por 6 M €, cabendo-lhe apenas 2,4 M €! Afinal, tudo o que antes se dizia era mentira ou, pelo contrário, é mentira o que agora se anuncia? Alguém acredita que um jogador como Garay, titular da selecção argentina, tenha sido vendido apenas por 6 M €? Alguém está a ser enganado. Quem?

Siqueira – Siqueira estava no Benfica por empréstimo. A sua passagem pela Luz, de pouco mais de meio ano, valorizou enormemente o seu passe. Quanto pagou o Benfica para o ter por empréstimo? E quanto recebeu o Benfica pela valorização do passe? Terão sido estas questões devidamente acauteladas no negócio? O que sabem os sócios sobre isso?

Sílvio – Dizia-se que estava emprestado pelo Atlético de Madrid. Agora está lesionado. Onde se apresentará no início da época: em Lisboa ou em Madrid? E onde ficará? Tem o Benfica algum direito sobre ele? Aparentemente, não.

Enzo Pérez – Renovou o contrato com o Benfica antes de iniciado o Campeonato do Mundo. Diz-se que vai para o Valência. Ele nega ter conhecimento de algo, mas no Benfica ninguém se pronuncia. Primeira questão: de quem são os direitos sobre Enzo? Se são do Benfica, está o clube disposto a vendê-lo bem abaixo da cláusula penal ao tal oligarca de Singapura? Ou apenas se está à espera que as questões legais, relacionadas com a compra do Valência pelo dito oligarca, estejam resolvidas para formalizar a transferência? E nesse caso, quem ordena a transferência? A mesma pessoa que já “impingiu” um treinador português ao Valência? Que direito tem essa pessoa sobre o Benfica?

André Gomes - Foi a meio da época vendido a um “Fundo” por 15 M €. Todavia, no início da época apresentou-se no Seixal. Vai esse “Fundo” alugá-lo ao Benfica durante mais uns meses ou está o dito “Fundo” apenas à espera que se concretize a compra do Valência para se saber o destino de André Gomes?

Rodrigo – Idem. Foi na mesma altura vendido ao mesmo “Fundo” por 30 M €, mas igualmente se apresentou no Seixal por ninguém lhe ter comunicado a sua transferência para outro clube. Qual vai ser o seu futuro? Ou também ele está à espera da compra do Valência? E qual o papel do Benfica no meio de tudo isto? Ao abrigo de que contrato ficou Rodrigo na Luz depois de já estar vendido? Por quanto tempo e sob que condições? Os sócios não sabem!

Gaitan - Diz-se que vai para o Atlético de Madrid. Por quanto? De quem são os direitos sobre Gaitan? Diz-se que tem uma cláusula de rescisão de 45 M €. É para cumprir? O jogador diz que quer ficar na Luz. Se quer, então que estranha força impele o Benfica a vendê-lo bem abaixo da cláusula?

Markovic – Supunha-se que Marcovic era do Benfica. Afinal, diz-se agora que lhe pertence apenas por metade. Dizia-se igualmente que tinha uma cláusula de rescisão alta. Agora se percebe melhor porque nunca foi oficialmente revelada. Por uma razão simples: porque qualquer que seja o montante inscrito no contrato, o Benfica não tem qualquer poder negocial sobre a dita cláusula. A cláusula de rescisão é do montante que esse misterioso “comparsa” do Benfica quiser. Se esse “comparsa” achar que a valorização do jogador já mais que compensa o investimento, vende …e o Benfica aceita. E mais: porventura, estabelece no contrato com o vendedor cláusulas que numa venda futura só a ele o favorecem. Se não for assim, o Benfica que se explique. Que explique por que vendeu por 25 M € um jogador fantástico, de 20 anos, que tinha uma margem de progressão e de valorização infinitamente superior.

 

E já vamos em nove jogadores. Se a estes juntarmos Maxi (afinal, de quem é Maxi), Cardozo (idem?) e Sálvio (idem) de quem igualmente se fala, com quantos jogadores da época passada fica o Benfica? É isto um clube de futebol com uma das maiores massas associativas e adeptos do mundo ou é um simples entreposto comercial/financeiro gerido completamente à margem dos sócios?
Dir-se-á, outros vêm a caminho ou já cá estão. Quem os conhece? O que valem como jogadores? Ninguém o poderá agora dizer. Perante isto que os adeptos não exijam “milagres” a Jesus…porque “milagres” destes ninguém faz!
 
Uma coisa é certa: se os "Fundos" não forem proibidos e banidos do futebol, eles, a curto prazo, destruirão o futebol

ALFREDO DI STÉFANO

O MELHOR DE SEMPRE
 
 
O melhor de sempre da história do Real Madrid, cinco Taças dos Campeões Europeus consecutivas, oito campeonatos de Espanha, duas Taças Latinas, uma Taça de Espanha e uma Taça Intercontinental. Campeão também pelo River Plate, duas vezes, e pelos Milionários de Bogotá, quatro vezes, além de Campeão Sul-Americano. Internacional por três selecções: Argentina, Colômbia e Espanha e Bola de Ouro por duas vezes. Treinador em dez clubes um dos quais o Sporting Club de Portugal, embora por escassos meses.
 
Um dos melhores do mundo, para muitos o melhor de sempre, Di Stéfano teve a sua fase dourada entre 1956 e 1960 em que comandou a super equipa do Real Madrid na qual alinharam, durante esse quinquénio, jogadores tão extraordinários como Kopa, Didi, Puskas e Gento. 

domingo, 6 de julho de 2014

QUARTOS-DE-FINAL MENOS ESPECTACULARES QUE OS OITAVOS


 

ALEMANHA, BRASIL, ARGENTINA E HOLANDA NAS MEIAS
Holanda encuentra las 'semis' en la libreta de Van Gaal

Perdeu espectacularidade a passagem dos oitavos para os quartos-de-final. O Mundial que até ontem tinha sido muito provavelmente o melhor de sempre, ofereceu-nos nos quartos-de-final jogos pouco emocionantes, calculistas e sem grandes motivos de interesse.

O primeiro dos quatro, Alemanha-França, esteve muito longe de reeditar os grandes duelos do passado. A Alemanha marcou de cabeça, por Hummels, na sequência de um livre apontado por Kroos logo no início do jogo e depois foi aguentando o resultado até ao fim, tendo podido, pelo menos por duas vezes, ampliar a vantagem se Schürrle tivesse estado minimamente inspirado. A França esteve à beira de marcar no primeiro tempo por Benzema e também no último minuto pelo mesmo protagonista se não se desse o caso de na baliza da Alemanha estar um dos melhores guarda-redes de todos os tempos – Manuel Neuer.

A França tem uma excelente equipa, com futuro, com jogadores de grande categoria, mas a Alemanha prima como sempre pelo colectivismo, apesar de ter na suas fileiras os dois grandes jogadores deste Mundial – Manuel Neuer de que já falámos e Müller, um jogador completo: ataca, defende, passa e marca e além de tudo isso é imprevisível tanto no que refere ao que pode fazer como ao espaço que ocupa. Um jogador quase impossível de marcar. Foi ele que proporcionou a Schürles as oportunidades que este falhou. Além destes dois extraordinários jogadores, Neuer e Müller, também Hummels ocupa um lugar de eleição neste Mundial, seguramente o melhor central. Özil tem estado abaixo do seu melhor nível e Khedira também, apesar de terem sido quase sempre titulares.

O Brasil-Colômbia do qual tanto se esperava não primou pela espectacularidade mas antes pela excessiva agressividade. O Brasil entrou em campo com a manifesta intenção de não permitir por qualquer meio que os grandes nomes da Colômbia pudessem exibir o seu brilhantismo, principalmente James, disso se encarregando Fernandinho, Maicon, Paulinho e de uma maneira geral todos os que tinham de disputar bolas divididas com eles. A Colômbia parece ter ficado um pouco surpreendida com a agressividade brasileira e só tarde começou a reagir, pagando na mesma moeda e depois de já estar a perder. Vítima dessa guerra acabou por ser Neymar que abandonou o campo e o Mundial com uma vértebra fracturada.

O Brasil começou por ter a sorte de marcar cedo num canto, aproveitando Thiago Silva com o joelho uma bola que sobrevoou várias cabeças e o encontrou desmarcado sem oposição à frente da baliza. Foi só empurrar. A Colômbia acusou o golo, demorou a recompor-se e nunca o conseguiu de modo convincente, em parte por Quadrado ter estado muito desinspirado e James muito massacrado pelos médios e defesas brasileiros.

Na segunda parte David Luiz que vinha jogando com fúria, como se a sua vida dependesse do resultado daquele encontro, marcou excelentemente um livre à entrada da área e fez o 2-0. A menos de quinze minutos do fim, a Colômbia reagiu, criou algum sufoco ao Brasil acabando por fazer um golo de penalty provocado por Júlio César, porventura desnecessariamente em virtude de haver na jogada um defesa brasileiro que certamente conjuraria o perigo.

O Brasil terá feito o seu melhor jogo na prova e Colômbia, talvez por causa disso, o seu pior. Por isso, a vitória dos brasileiros não sofre contestação. A vitória no tempo regulamentar trouxe alguma tranquilidade ao Brasil e deu-lhe fundadas esperanças quanto ao que está para vir. A Colômbia, pelo contrário, acabou a chorar dando até a ideia de, no fim do jogo, ainda não ter percebido o que lhe tinha acontecido. Ela, que havia feito até ontem um Mundial melhor que o do Brasil e que certamente contava ganhar, parece ter desconhecido que ia defrontar uma equipa de Scolari. E foi isso o que derrotou a Colômbia.

Para finalizar uma palavra sobre o árbitro, o espanhol Carballo. Um mau árbitro como tantas vezes se tem visto na Liga espanhola. Não foi capaz de ter mão no jogo, deixou que em muitas jogadas se estivesse muito próximo da violência e, tendo subtilmente (às vezes nem tanto) beneficiado o Brasil, acabou por nem sequer assinalar falta a Zúñiga na jogada que vitimou Neymar. É certo que Neymar faz muita fita, muito trapezismo, mas naquela jogada poucas ou nenhumas dúvidas haveria de que foi agredido, voluntariamente ou não, com uma joelhada nas costas. Em resumo: Carballo ao seu nível …que é baixo.

Como a lesão de Neymar tenderá com o tempo a ser mitificada, convém que duas coisas fiquem para a História: a primeira, é que Zúñiga tinha por missão impedir qualquer jogada de contra-ataque iniciada por Neymar na sequência do corner. Portanto, a falta foi voluntária e intencional, no sentido de fazer colapsar a jogada. Aparentemente, foi uma falta desproporcionada, porque para conseguir o objectivo em vista não era necessário atingir Neymar com aquela violência. Isto é claro. Mas também é claro, e essa é a segunda questão que interessa ter em conta, que a agressividade posta naquela jogada é consequência do clima de agressividade presente em toda a partida, desde o princípio ao fim. E quem iniciou esse “estilo de jogo” foram os jogadores brasileiros que tinham por missão impedir de qualquer jeito as jogadas da Colômbia, nomeadamente dos seus jogadores mais criativos. Basta dizer que o Brasil fez 30 (!) faltas, muitas delas cometidas sobre James. Infelizmente, o árbitro apenas exibiu quatro cartões amarelos, dois para cada lado – Thiago Silva e Júlio César; James Rodriguez e Yepes. E o mais que se poderá dizer é que, com excepção da falta cometida por Júlio César, os restantes cartões foram exibidos por faltas incomparavelmente menos graves do que outras que não mereceram qualquer sanção especial. Em conclusão: o árbitro tem responsabilidades no que se passou, mas o Brasil semeou ventos e colheu uma tempestade cujas consequências estão ainda por se conhecer.

Nos jogos de sábado, a Argentina superiorizou-se claramente à Bélgica, uma Bélgica quase irreconhecível face àquilo que mostrou nos jogos anteriores. De sublinhar a lesão de Di Maria, absolutamente decisivo, que não voltando a jogar, como se diz, será uma grande perda para a Argentina já que ele vinha sendo, porventura até mais que Messi, o grande motor da equipa do país das pampas. Hoje, porém, a Argentina esteve melhor do que anteriormente, eventualmente em consequência das alterações introduzidas no meio campo.

No outro jogo, a sensacional Costa Rica obrigou a Holanda a grandes penalidades que, desta vez, não foram favoráveis aos homens da América Central. A Holanda foi superior durante quase toda a partida e Robben mais uma vez inigualável, embora a Costa Rica seja uma equipa extraordinariamente bem organizada. É muito difícil marcar um golo à Costa Rica, não apenas pela excelência do seu guarda-redes, Navas, mas também pela excelente organização defensiva, por isso, quando a Costa Rica fica em vantagem no marcador, dificilmente perde. Hoje, perdeu nos penalties, tendo-se assistido a uma novidade de Van Gaal que substitui no último minuto do prolongamento o seu guarda-redes titular pelo suplente Krull que, defendendo dois penalties, justificou plenamente a aposta do seu treinador.

 

sexta-feira, 4 de julho de 2014

O MELHOR MUNDIAL DE SEMPRE?


 

GRANDES EQUIPAS, GRANDES JOGOS

É sem dúvida um Mundial espectacular. Poucos foram os jogos, mesmo na fase de grupos, que enfastiaram o espectador. É certo que nessa fase houve equipas fracas, como os Camarões, Portugal e mais uma ou duas, mas isso não significou que, por uma ou outra razão, os jogos em que essas equipas participaram não tenham sido atractivos.

Tem sido um Mundial “aberto”, com muitos golos, muito equilibrado, onde os grandes jogadores, como quase sempre acontece, têm aparecido a marcar a diferença, quer sejam jogadores de campo ou de baliza.

Com excepção de duas ou três equipas que poderiam ter sido apuradas, a fase de grupos acabou por ditar a solução imposta pela justiça do que se fez em campo: os melhores prosseguiram, os outros foram para casa. E quando se diz os “melhores” não se pretende necessariamente dizer que os que foram apurados para os oitavos de final eram em todos os casos comparativamente superiores aos que foram eliminados. Quer-se também sublinhar o pundonor, a garra e a combatividade que sempre desempenha no futebol um papel importante, mais ainda num torneiro deste género.

Surpresas na fase de grupos só houve verdadeiramente no plano teórico, já que as classificações ao fim de três jornadas reflectem, no essencial, o que se passou no campo. Claro que as eliminações da Inglaterra, da Espanha e da Itália causam espanto, mais do que qualquer outra. Principalmente, pelo histórico dessas equipas, já que todas elas foram campeãs do Mundo, a Itália por quatro vezes. Como também é de salientar a eliminação de sete (em treze) equipas europeias logo na primeira fase. Pelo contrário, a eliminação das quatro equipas asiáticas nada tem de excepcional, assim como a passagem à fase seguinte de apenas duas (em seis) equipas africanas, dada a ingenuidade e a desorganização (e até a indisciplina) do futebol africano de selecções. Mas já é de realçar a passagem de três equipas (em quatro) da CONCAF aos oitavos de final, bem como o apuramento de 6 (em sete) da América do Sul!

Nos oitavos de final manteve-se a supremacia dos que tinham realizado melhores resultados na fase de grupos. Todos os primeiros classificados (Brasil, Holanda, Colômbia, Costa Rica, França, Argentina, Alemanha e Bélgica) foram apurados e os segundos (Chile, México, Uruguai, Grécia, Nigéria, Suíça, Argélia e Estados Unidos) foram eliminados.

Mas todos foram jogos espectaculares em que a incerteza pairou, na maior parte deles, até ao último minuto. Com excepção do França-Nigéria em que desde o início se percebia, não obstante a vivacidade posta no jogo pelos nigerianos, para que lado pendia a balança e do Colômbia-Uruguai, dada a superioridade do primeiro e a incapacidade do segundo, fortemente abalado pelo castigo a Suarez, todos os outros foram jogos disputadíssimos resolvidos no último minuto do tempo regulamentar (Holanda-México) ou do prolongamento (Argentina-Suíça, Alemanha-Argélia e Bélgica-Estados Unidos) ou nos penalties (Brasil-Chile e Costa Rica-Grécia).

De todas estas partidas, a passagem à fase seguinte mais periclitante foi sem dúvida a do Brasil, muito bafejado pela sorte (poderia ter sido eliminado no último minuto), de modo a deixar entre adeptos e adversários uma grande interrogação sobre o seu próximo futuro. Pelo contrário, a eliminação que poderia com alguma justiça ter sido resolvida ao contrário foi a do Costa Rica-Grécia não fora o desperdício dos gregos tanto no tempo regulamentar como no prolongamento e o grande guarda-redes (Navas) dos costarriquenhos.

Espectaculares foram sem dúvida o Argentina-Suíça e o Bélgica-Estados Unidos pela incerteza do resultado até ao fim e também pela grande exibição de Tim Howard. Mas emocionante foi igualmente o Alemanha-Argélia pelo brilhantismo e combatividade que os norte-africanos puseram no seu jogo.

Das equipas que passaram aos quartos-de-final, as mais consistentes são a França, a Colômbia e a Bélgica, por esta ordem. A Bélgica em último lugar pelas dificuldades que têm demonstrado na concretização – seis golos em quatro jogos e dois sofridos. Numa segunda linha vêm a Alemanha e a Holanda. A primeira, como sempre, pelo seu colectivismo e a segunda pela presença de Van Gaal no banco de Robben no campo. Que seria da Holanda sem ambos? Seguidamente vem a Argentina, dependente de Messi e de Di Maria, o Brasil, apenas porque joga em casa, e por último, distanciada destas, a Costa Rica, que já fez muito mais do que se esperava.

Mais logo e amanhã se saberá como vão as coisas ficar…

quinta-feira, 3 de julho de 2014

OS JOGADORES PORTUGUESES NO MUNDIAL DO BRASIL


 

UM POR UM

A prestação da selecção portuguesa no Mundial do Brasil foi muito má, como toda a gente reconhece. As responsabilidades têm recaído quase inteiramente sobre a equipa técnica e sobre a estrutura federativa, sem dúvida os principais culpados, mas os jogadores também não estão isentos de culpas.

Será por isso interessante analisar uma por uma a prestação de todos os que se exibiram no Brasil. Vinte e um ao todo, já que dos vinte e três seleccionados apenas Rafa e Neto não jogaram sequer um minuto.

Assim, temos:

Rui Patrício – Jogou contra a Alemanha, no jogo inaugural, e a partir desse jogo foi dado como lesionado. E dizemos dado como lesionado porque ninguém durante a partida vislumbrou o menor indício de lesão do guarda-redes português. Nesse jogo a prestação de Rui Patrício foi simplesmente deplorável, como aliás de toda a defesa. Mal o jogo tinha começado, já Rui Patrício estava a colocar a bola nos pés de Khedira com a baliza completamente desguarnecida. Só por falha de pontaria do médio germânico a Alemanha não fez o primeiro golo logo nos minutos iniciais. A intranquilidade do guarda-redes manteve-se durante toda a partida, tendo na segunda parte repetido o erro da primeira, do qual haveria de resultar o quarto golo da Alemanha. Considerando que durante a fase de apuramento Rui Patrício colocou a equipa em sérias dificuldades (Israel e Azerbaijão), a ponto de ter comprometido a sua presença no Brasil, só mesmo por teimosia de Paulo Bento Patrício poderá manter a titularidade.  

Beto – Fez o segundo jogo contra os Estados Unidos e parte do terceiro contra o Gana. Não fez nada de especial, mas também não cometeu nenhum erro. Os golos que sofreu foram mais por culpa dos médios ou da defesa do que propriamente sua. Enfim, uma participação condizente com o seu valor…que é médio. Apesar de tudo esteve melhor na baliza do que a falar em nome da selecção. De facto, somente uma completa ausência de respeito pelos adeptos o pode ter levado a dizer que os jogadores não tinham de se envergonhar daquilo que fizeram…

Eduardo - Jogou uns escassos minutos no último jogo por lesão (mais uma) de Beto. Apenas repôs a bola em jogo por duas vezes.

João Pereira – Começou o Mundial da pior maneira, cometendo nos minutos iniciais um penalty contra a Alemanha por derrube de Müller. Depois foi jogando ao seu nível…que é baixo, acabando por ser substituído no último jogo. Diga-se, todavia, em abono da verdade que, com excepção do já referido penalty do qual resultou o primeiro golo da Alemanha, não foi pelo lado dele que se desenvolveram as jogadas das quais resultaram os restantes seis golos que Portugal sofreu. De positivo, um centro na primeira parte do jogo contra os Estados Unidos que Cristiano Ronaldo desperdiçou infantilmente.

Pepe – Uma participação para esquecer. Responsável juntamente com Bruno Alves pelo segundo golo da Alemanha e depois a expulsão por volta da meia hora de jogo marcaram a presença de um jogador que não estava em condições físicas para participar no Mundial, o que agrava consideravelmente a sua propensão para a delinquência dentro do rectângulo de jogo. Responsabilidade do seleccionador que tem obrigação de conhecer o cadastro de Pepe e as condições em que são praticados a maior parte dos actos violentos que ditaram as muitas expulsões e penalizações que tem sofrido ao longa da carreia. Voltou a jogar no último jogo contra os Estados Unidos não tendo feito nada de especial nem pelo lado positivo nem pelo negativo. O facto de não pedido desculpa aos portugueses e aos colegas (publicamente) deixa antever a forte probabilidade de voltar a reincidir. Igualmente de ponderar a continuidade da sua presença na selecção tanto mais que com a idade e a natural perda de faculdades físicas é de esperar um aumento de acções violentas ou anti-desportivas fortemente prejudiciais à equipa.

Bruno Alves – Mais um jogador que não estava fisicamente em condições de participar no Mundial. No jogo contra a Alemanha foi responsável juntamente com Pepe pelo segundo golo e inteiramente responsável pelo terceiro. Na partida contra os Estados Unidos é responsável pelo segundo golo americano por ter levado uma eternidade a levantar-se, colocando em jogo Dempsey. Enfim, é um dos que deveria dizer adeus à selecção no Brasil já que tem vindo a revelar uma quebra continuada de forma, consideravelmente agravada pelas fracas prestações no Mundial.

Ricardo Costa – O melhor da defesa. Jogou meio jogo contra a Alemanha, entrando com o resultado em 3-0, e foi titular contra os Estados Unidos. Não teve responsabilidades nos golos sofridos. Inexplicavelmente, Paulo Bento retirou-lhe a titularidade no jogo contra o Gana. Foi também o jogador que se apresentou fisicamente em melhores condições.

Fábio Coentrão – Fez pouco mais que meio jogo contra a Alemanha. Lesionou-se, foi substituído e nunca mais jogou. Estava mal fisicamente e mesmo que não se tivesse lesionado não é crível que estivesse em condições de repetir as exibições do Mundial da África do Sul.  No jogo contra a Alemanha poderia ter marcado logo no início do jogo, se não fosse a dependência de Ronaldo. Em vez de rematar passou a bola a Ronaldo…que a deixou escapar pela linha de fundo.

André Almeida – Jogou pouco menos que meio jogo contra a Alemanha e outro meio contra os Estados Unidos, tendo sido substituído por lesão. Também não se apresentou nas melhores condições físicas. Chamado a substituir Coentrão como defesa esquerdo, nunca comprometeu apesar de ocupar o posto como substituto de recurso e de Ronaldo não auxiliar rigorosamente nada nas tarefas defensivas. Nenhum golo entrou ou se desenvolveu pelo seu lado. Depois da sua saída foi pelo lado esquerdo que se desenvolveram as jogadas de golo dos Estados Unidos. Nas tarefas defensivas cumpriu.

Miguel Veloso – Começou por jogar a médio contra a Alemanha, tendo depois recuado para defesa esquerdo a partir do momento em que André Almeida se lesionou no jogo contra os Estados Unidos. Como médio a sua prestação foi medíocre como medíocre foi a dos seus colegas de sector no jogo contra a Alemanha. Como defesa esquerdo defendeu mal, tentando compensar as suas deficiências defensivas com incursões atacantes pelo respectivo flanco. Fez mais de uma dezena de centros, tendo sido de dois centros falhados (contra os Estados Unidos e contra o Gana) que resultaram dois golos de Portugal. No cômputo geral, exibição medíocre.

João Moutinho – Moutinho está a léguas do jogador que foi na penúltima época que passou no Porto. Exibiu-se na selecção ao mesmo nível da época que fez no Mónaco. Ou seja, mediocremente. Falhou muitos passes, tendo de um deles resultado o golo do Gana (fatal para as aspirações da equipa portuguesa), e nunca foi o elemento do meio campo que a selecção precisava. Disse em entrevista, a propósito da sua prestação, que “não tinha de provar nada a ninguém”. É lamentável que assim seja, pois somente essa ausência de avaliação permanente pode justificar a titularidade que Paulo Bento lhe concedeu e que ele esteve longe de justificar.

Raul Meireles – Apresentou-se em más condições físicas, parecendo cansado e desmotivado. Jogou apenas os dois primeiros jogos não tendo em nenhum deles justificado a chamada à selecção, não obstante o seu passado na equipa. Contribuiu com a sua fraca prestação para o descalabro do meio campo português.

William Carvalho – Tendo aparecido como uma espécie de “messias” ou “salvador” da selecção portuguesa, mais por imposição das contingências do jogo (a multiplicidade de lesões) do que por opção de Paulo Bento, o jovem jogador do Sporting alinhou meio tempo contra os Estados Unidos e a tempo inteiro contra o Gana. Apesar de ter sido bem melhor que qualquer um dos tradicionais ocupantes do sector, William Carvalho tem limitações várias, umas eventualmente superáveis, outras não. É lento, não é criativo e tem dificuldade no passe de risco – o passe que distingue o médio de classe – por isso nunca o faz, preferindo o passe para o lado e para trás. Mas desarma bem e tem algum sentido posicional, embora neste aspecto precise ainda de aprender muito. Não é a estrela que os sportinguistas apregoam, mas tem lugar indiscutivelmente na selecção.

Ruben Amorim – Chamado à titularidade no último jogo, Ruben Amorim alinhou a médio, sobre o lado esquerdo (onde não costuma jogar), e depois a defesa direito em substituição de João Pereira. No meio campo, Amorim deu outra alegria ao jogo da selecção como o seu inteligente posicionamento e passes clarividentes. Na defesa cumpriu. Deveria ter sido titular em todos os jogos.

Nani – Tendo jogado muito pouco durante a época, duvidava-se que Nani tivesse o ritmo necessário para a competição. Esteve melhor do que habitualmente, principalmente no início dos dois primeiros jogos. Depois, na partida contra o Gana, decaiu, principalmente quando passou a ocupar as zonas mais interiores do relvado. Marcou um golo contra os Estados Unidos, acabando por ter uma prestação meritória.

Varela – Nunca alinhou de início, tendo apenas participado nos jogos contra os Estados Unidos e o Gana. Para a história fica o golo do empate contra os americanos no último segundo do jogo – o golo que impediu a desqualificação da selecção portuguesa logo no segundo jogo. Não fez muito mais…mas também não lhe deram oportunidade para o fazer.

Hugo Almeida - Lesionou-se no início do jogo contra a Alemanha, depois de ter tido uma oportunidade em que poderia ter feito mais do que fez. Foi ao Brasil para estar em campo cerca de 15 minutos.

Hélder Postiga – Foi titular contra os Estados Unidos, não tocou na bola e lesionou-se nos minutos iniciais. Inadmissível a convocatória de dois pontas de lança sem condições físicas para jogarem!

Eder – O jovem avançado do Braga acabou por alinhar nos três jogos em virtude das lesões de Almeida e Postiga. Teve tempo mais do que suficiente para mostrar o seu valor. Tem limitações várias e a equipa nada ganhou em o ter na posição de centro-avante. Tem de aguardar melhores dias.

Vieirinha – Entrou por saída de João Pereira na partida contra o Gana no decorrer da segunda parte. Animou o jogo da equipa e pareceu estar em boas condições físicas não tendo merecido, apesar disso, a preferência de Paulo Bento.

Cristiano Ronaldo – Decepcionante. Num grande palco onde os grandes artistas se exibem, Ronaldo não compareceu. É a terceira participação sem história do badalado jogador português numa fase final do Mundial. Falhou um golo contra a Alemanha quando o resultado ainda estava empatado a zero. Fez uma exibição medíocre contra os Estados Unidos. Falhou três ou quatro golos contra o Gana. Remata muito, mas com pouco ou nenhuma eficácia. Em três participações no Mundial tem três golos. Um em cada. O primeiro de penalty contra o Irão; o segundo, ridículo, contra a Coreia do Norte; o terceiro contra o Gana. Porventura, no melhor Mundial de sempre, onde as grandes estrelas brilham intensamente (Robben, Messi, Müller, James, Neymar e tantos, tantos outros), Ronaldo não apareceu. Se a jogar esteve simplesmente vulgar, a falar a sua prestação ainda foi pior. As palavras que proferiu após o jogo contra os Estados Unidos são indignas de um capitão. Ronaldo que é em grande medida um produto do marketing marcou seguramente o fim da sua fase ascensional nesta sua passagem pelo Mundial do Brasil. Se tinha pretensões a ficar no top ten da história do futebol, pode esquecer…  

 

Em resumo, a equipa portuguesa foi uma das piores do torneio como agora se está tornando evidente com o avançar da prova.