GRANDES EQUIPAS,
GRANDES JOGOS
É sem dúvida um Mundial espectacular. Poucos foram os jogos,
mesmo na fase de grupos, que enfastiaram o espectador. É certo que nessa fase
houve equipas fracas, como os Camarões, Portugal e mais uma ou duas, mas isso
não significou que, por uma ou outra razão, os jogos em que essas equipas
participaram não tenham sido atractivos.
Tem sido um Mundial “aberto”, com muitos golos, muito
equilibrado, onde os grandes jogadores, como quase sempre acontece, têm aparecido
a marcar a diferença, quer sejam jogadores de campo ou de baliza.
Com excepção de duas ou três equipas que poderiam ter sido
apuradas, a fase de grupos acabou por ditar a solução imposta pela justiça do
que se fez em campo: os melhores prosseguiram, os outros foram para casa. E
quando se diz os “melhores” não se pretende necessariamente dizer que os que
foram apurados para os oitavos de final eram em todos os casos comparativamente
superiores aos que foram eliminados. Quer-se também sublinhar o pundonor, a
garra e a combatividade que sempre desempenha no futebol um papel importante,
mais ainda num torneiro deste género.
Surpresas na fase de grupos só houve verdadeiramente no plano
teórico, já que as classificações ao fim de três jornadas reflectem, no
essencial, o que se passou no campo. Claro que as eliminações da Inglaterra, da
Espanha e da Itália causam espanto, mais do que qualquer outra. Principalmente,
pelo histórico dessas equipas, já que todas elas foram campeãs do Mundo, a Itália por quatro vezes. Como também é de salientar a eliminação
de sete (em treze) equipas europeias logo na primeira fase. Pelo contrário, a
eliminação das quatro equipas asiáticas nada tem de excepcional, assim como a
passagem à fase seguinte de apenas duas (em seis) equipas africanas, dada a
ingenuidade e a desorganização (e até a indisciplina) do futebol africano de
selecções. Mas já é de realçar a passagem de três equipas (em quatro) da CONCAF
aos oitavos de final, bem como o apuramento de 6 (em sete) da América
do Sul!
Nos oitavos de final manteve-se a supremacia dos que tinham realizado
melhores resultados na fase de grupos. Todos os primeiros classificados
(Brasil, Holanda, Colômbia, Costa Rica, França, Argentina, Alemanha e Bélgica)
foram apurados e os segundos (Chile, México, Uruguai, Grécia, Nigéria, Suíça,
Argélia e Estados Unidos) foram eliminados.
Mas todos foram jogos espectaculares em que a incerteza
pairou, na maior parte deles, até ao último minuto. Com excepção do
França-Nigéria em que desde o início se percebia, não obstante a vivacidade
posta no jogo pelos nigerianos, para que lado pendia a balança e do Colômbia-Uruguai,
dada a superioridade do primeiro e a incapacidade do segundo, fortemente
abalado pelo castigo a Suarez, todos os outros foram jogos disputadíssimos
resolvidos no último minuto do tempo regulamentar (Holanda-México) ou do
prolongamento (Argentina-Suíça, Alemanha-Argélia e Bélgica-Estados Unidos) ou
nos penalties (Brasil-Chile e Costa
Rica-Grécia).
De todas estas partidas, a passagem à fase seguinte mais
periclitante foi sem dúvida a do Brasil, muito bafejado pela sorte (poderia ter
sido eliminado no último minuto), de modo a deixar entre adeptos e adversários uma
grande interrogação sobre o seu próximo futuro. Pelo contrário, a eliminação
que poderia com alguma justiça ter sido resolvida ao contrário foi a do Costa
Rica-Grécia não fora o desperdício dos gregos tanto no tempo regulamentar como
no prolongamento e o grande guarda-redes (Navas) dos costarriquenhos.
Espectaculares foram sem dúvida o Argentina-Suíça e o
Bélgica-Estados Unidos pela incerteza do resultado até ao fim e também pela grande
exibição de Tim Howard. Mas emocionante foi igualmente o Alemanha-Argélia pelo
brilhantismo e combatividade que os norte-africanos puseram no seu jogo.
Das equipas que passaram aos quartos-de-final, as mais
consistentes são a França, a Colômbia e a Bélgica, por esta ordem. A Bélgica em
último lugar pelas dificuldades que têm demonstrado na concretização – seis golos
em quatro jogos e dois sofridos. Numa segunda linha vêm a Alemanha e a Holanda.
A primeira, como sempre, pelo seu colectivismo e a segunda pela presença de Van
Gaal no banco de Robben no campo. Que seria da Holanda sem ambos? Seguidamente
vem a Argentina, dependente de Messi e de Di Maria, o Brasil, apenas porque
joga em casa, e por último, distanciada destas, a Costa Rica, que já fez muito
mais do que se esperava.
Mais logo e amanhã se saberá como vão as coisas ficar…
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