sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

JORGE JESUS, UM DESASTRE

 



ARSENAL 3 – BENFICA 2

Que o Benfica iria ter vida difícil na segunda mão dos dezasseis avos de final da Liga Europa, já toda a gente sabia, dada a fraca qualidade do futebol do Benfica e a incapacidade da equipa em criar situações de golo ou em concretizá-las nas poucas vezes em que as cria. O que se não sabia era que o treinador iria ter uma tão grande responsabilidade nessa derrota com as substituições que fez por volta dos 60 minutos de jogo.

Para que se perceba: o Benfica voltou a apresentar-se no jogo da segunda volta (disputado em Atenas por causa da COVID 19) com uma defesa de três centrais (Lucas Veríssimo, Otamendi e Vertonghen), mais dois laterais (Diogo Gonçalves ed Grimaldo). Uma linha média de três elementos (Weigl, Taarabt e Pizzi), uma linha avançada de dois: (Seferovic e Rafa).

Esta concepção táctica dos três centrais, mais dois laterais, que o Benfica experimentou, com outros jogadores, numa partida para a Taça de Portugal, salvo erro contra o Estoril, e depois repetiu parcialmente com os mesmos jogadores contra o Arsenal no jogo da primeira mão, foi, em nosso entender, muito mais ditada pela necessidade dc “acantonar” Lucas Veríssimo, que Jesus tanto se esforçou por contratar, do que pelas exigências ditadas pelo Arsenal. Logo aqui começam as “invenções” do treinador, pois sendo este um sistema exigente do ponto de vista do posicionamento defensivo só por muita sorte é que não iriam no decorrer do jogo aparecer situações para as quais a defesa no seu conjunto de cinco não estava suficientemente rotinada para responder com eficácia. Depois, sendo um sistema que exige muito dos laterais, já que terá de ser  por via deles que se poderá dar largura e profundidade ao jogo atacante, só pode ser experimentada e aplicada com sucesso quando se dispõe de laterias rápidos e com grande capacidade de recuperação nas transições defensivas. Por seu turno, competirá aos médios, pelo menos a dois deles, fechar o espaço que os laterais deixam a descoberto quando atacam e não recuperam defensivamente a tempo. Acresce a isto, para que a equipa tenha bola na frente e gente na área, que além dos avançados haja nas jogadas de ataque a presença do médio mais ofensivo e de um dos laterais.

Como o sistema é complexo, pressupõe muito trabalho, rotina ganha em competição, não seria de estranhar, como não foi, que a defesa, e por reflexo toda a equipa, para não se desposicionar, jogasse com lentidão, muita lateralização e passes para trás, enquanto o Arsenal ia tentando furar as linhas sempre que não caía na ratoeira do fora de jogo.

Esta foi a escolha de Jesus que somente não correu mal no primeiro tempo, apesar de o Benfica ter sofrido um golo, porque Diogo Gonçalves marcou de livre directo à entrada da área um excelente golo. Este golo, muito perto do intervalo, animou a equipa que se desprendeu das correias tácticas com que o treinador a agrilhoou a ponto de, nos pucos minutos que lhe faltavam para aa pausa ter estado à beira de marcar o segundo.

Veio a segunda parte e o jogo continuou frouxo nos quinze minutos iniciais, apesar de o Arsenal já estar a dar mostras de que iria arriscar o necessário para mudar o resultado, sem contudo ter criado nenhuma situação para o conseguir.

E foi então, aos 60m minutos, que Jesus cometeu a asneira da noite, previsível para qualquer pessoa que, com dois dedos de testa, venha acompanhando a carreira do Benfica e as capacidades dos seus jogadores. De uma assentada Jesus substituiu Seferovic, Taarabt e Pizzi por Darwin, Gabriel e Cebolinha. Se a substituição de Seferovic por Darwin ainda se pode compreender, pelas alterações que o modo de jogar de Darwin poderia trazer à frente de ataque do Benfica, apesar do suíço estar a cumprir dentro daquilo que são as suas capacidades, já as outras duas se anteviam verdadeiramente suicidárias.

Por sorte, antes que qualquer daqueles jogadores tivesse tido tempo de sequer tocar na bola, houve um canto contra o Benfica que permitiu a Helton Leite lançar rapidamente a bola para frente, antes de a equipa do Arsenal tivesse tido tempo de se reposicionar, bola essa defeituosamente atrasada por um defesa do Arsenal que permitiu a Rafa num dos seus extraordinários sprints ser mais rápido que o guarda-redes adversário e entrar com a bola pela baliza dentro.

Estava marcado o segundo golo e a eliminatória na mão com grande probabilidade de o score ainda poder ser mais dilatado, se o Benfica tivesse em campo jogadores suficientemente rápidos e tacticamente evoluídos capazes de proporcionar aos avançados bolas em profundidade. Pouco depois do golo, Darwin ainda se isolou, flectiu para a esquerda, mas quando chegou perto da baliza começou a não saber o que fazer com a bola, enrolou-se nela e perdeu-a. Numa outra ocasião, Gabriel beneficiando de umas dessas transições ofensivas, tinha tudo para entregar a bola ao colega isolado com grande probabilidade de marcar, mas optou por entregá-la inexplicavelmente ao guarda-redes adversário.

O Arsenal cada vez mais ansioso continuava a atacar pela esquerda e pela direita. Cebolinha completamente perdido em campo, não fazendo a menor ideia de como se defende, deixou de ser o obstáculo que o Benfica precisava para anular as jogadas do lado direito da defesa do Benfica e também à frente de cada vez que pegou na bola nada fez, salvo andar ou passar para trás. Um completo desastre, como, insisto, qualquer pessoa que perceba um pouquinho de futebol estaria em condições de antecipar. Por outro lado, Gabriel, errático nas marcações, como sempre, e sem qualquer hipótese de fazer passes longos, mesmo mal feitos, foi juntamente com Cebolinha mais um homem a menos no meio capo, recaindo sobre Weigl o trabalho que seria de um ou de outro, obrigando-o a desposicionar-se, deixando uma aberta no lugar que deveria ocupar. Veríssimo, pelo seu lado, ia dando sinais de intranquilidade. E assim, numa jogada pelo lado direito do Benfica, em que Cebolinha se portou nas duas vezes em que tentou enfrentar-se com o atacante arsenalista como uma verdadeira barata tonta, surgiu num remate cruzado indefensável o segundo golo do Arsenal.

Para cúmulo das asneiras, Jesus a sete minutos do fim tirou Grimaldo e meteu Nuno Tavares. E então numa bola que, começando por circular pela lado direito da defesa do Benfica sem que ninguém a interceptasse, chegou ao lado esquerdo com Gabriel como espectador e Nuno Tavares, distante do jogador que a recebeu, permitiu que este cruzasse à vontade para o poste oposto onde Aubameyang se antecipou a Lucas Veríssimo e fez o terceiro.

Depois dos 90 ainda entrou, para jogar pouco mais que dois minutos, Waldschmit num sacrifício gratuito, inútil e desnecessário.

E assim terminou uma jornada europeia em que Jorge Jesus mais uma vez deixou claro, sem qualquer dúvida, não somente a sua incapacidade para “ler” o jogo, como para fazer substituições.  Um erro imperdoável, tanto mais quanto mais previsível era o que poderia acontecer.

Jorge Jesus pode não sair pelo seu pé, mas se esse for o caso, como infelizmente parece, o Benfica vai ter que friamente ponderar o que lhe ficará mais caro: se manter Jorge Jesus em posto; ou se despedi-lo imediatamente. Se tivesse vergonha e dignidade, Jorge Jesus faria o que qualquer pessoa decente faz quando falha tão escandalosamente num lugar de alta responsabilidade. Ia-se embora, com ou sem pedido de desculpas.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

BENFICA – O PASSADO QUE AINDA PODERÁ SER FUTURO

 


Se eu fosse treinador do Benfica em Junho e soubesse que estavam para ser comprados Cebolinha, Gilberto, Darwin. Lucas Veríssimo e Pedrinho, comunicaria ao presidente a lista dos jogadores com que desejava ficar:

Vlachodimus, André Almeida, Ruben Dias, Grimaldo, Nuno Tavares, Weigl, Florentino, Samaris, Gedson, Pizzi, Taarabt, Rafa, Vinicius, Cervi e Gonçalo Ramos.

 Pedia o regresso de Diogo Gonçalves.

Vendia, emprestava ou dava os restantes, sem custos para o Benfica

Aceitava as compras de Helton Leite, Vertonghen e Waldschmit

E comprava na Liga Portuguesa sete ou oito dos melhores jogadores que nela jogam – 2 pontas de lança, um defesa esquerdo, um médio defensivo, um médio atacante, dois centrais e um terceiro guarda-redes cujos nomes não vou aqui indicar.

Eventuais dificuldades temporárias seriam supridas pela equipa B ou pela sub 23.

O Benfica teria poupado cerca de 80 milhões de euros, gastaria nas restantes compras, além das três acima citadas, cerca de 15 milhões de euros. E se Ruben Dias tivesse que sair, noutras condições, embora para o mesmo destino, aceitaria ficar com Otamendi – ou seja Otamendi comprado mais barato e Ruben vendido mais caro.

Com esta equipa o Benfica seria campeão nas calmas e teria entrado na Liga dos campeões, continuaria superavitário e não teria hipotecado financeiramente o futuro e muito menos desportivamente.

Com Jorge Jesus foi, infelizmente, a desgraça: desportiva e financeira, não apenas porque não ganhando desportivamente não se tem saúde financeira, mas também porque as compras por ele indicadas são uma tragédia, desportiva e financeiramente. Ele é tão mau, tão mau a escolher jogadores que nem se percebe como é que uma pessoa que anda nisto há cerca de 30 anos comete erros tão graves e irremediáveis.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

BENFICA - QUE FAZER?

 

O QUE MUDAR?




A maior parte das análises que estão sendo feitas sobre a situação do Benfica, apontam para respostas difíceis de pôr em prática.

Não é fácil substituir o presidente se ele não tomar a iniciativa de se demitir, dando lugar à marcação de eleições.  

Também não é fácil substituir o treinador se ele não aceitar um acordo de rescisão amigável, sem custos para cada uma das partes.

Mas também é verdade que mantendo estes dois intervenientes se torna difícil alterar o rumo das coisas. Se o presidente se não demitir nem for demitido, ele deve tudo fazer par rescindir com Jesus nas condições acima indicadas.

De facto, o Benfica é uma equipa sem alma, triste, que parece exclusivamente manietada pela ideia de não perder a bola. Isso faz com que os jogadores com menos técnica baixem a intensidade do jogo para não falharem o passe, que quase todos privilegiem o passe para trás ou para o lado, sem risco, mas também sem progressão, e mesmo quando conseguem chegar às imediações da área adversária e não encontram uma linha de passe segura, prefiram, por não haver quem remate de meia distância, em passes sucessivos atrasar novamente o jogo recuando até às imediações da sua área se não mesmo do guarda-redes, mesmo quando a equipa está empatada ou a perder.

Isto não é culpa dos jogadores. Alguém os deixa jogar assim. As agora chamadas transições ofensivas, os contra-ataques, em que o Benfica era fortíssimo, desapareceram quase completamente da equipa, seja por a velocidade não ser a desejada, seja por o jogador que conduz a bola não fazer a mínima ideia de como fazer o último passe. Este mal não é apenas aplicável às transições, ele está também presente sempre que se cria uma oportunidade. Normalmente, perde-se por o último passe ser quase sempre defeituoso. E nas raríssimas vezes em que o passe é bem feito, o jogador que o recebe, na esmagadora maioria das vezes, não acerta na baliza. Por outro lado, mesmo quando o avançado está isolado e tem a baliza obliquamente à sua esquerda ou à sua direita, o remate cruzado vai quase sempre para fora e outros vão directos ao guarda-redes.

As bolas paradas são hoje um verdadeiro quebra-cabeças para a equipa. Há muitos e muitos jogos que o Benfica não consegue marcar um golo de livre (talvez tenha marcado um, no princípio do campeonato), indo a maior parte deles para fora ou contra a barreira. Nos cantos, a mesma situação. Com excepção de Waldschmit não há quem saiba marcar cantos. O Benfica pode ter uma dúzia ou mais de cantos, por jogo, que daí não virá nenhum prejuízo para o adversário. A bola vai sempre para os adversários ou para onde nunca está ninguém.

No sentido oposto, o Benfica sofre sempre muito nos contra-ataques adversários, porque mesmo quando tem vários homens na defesa eles limitam-se a descer paralelamente à frente d portador da bola, sem tentarem interceptar o lance, permitindo àquele meter a bola onde deseja.

Tudo isto se treina e se corrige, mas no Benfica parece que não há quem o faça. A equipa está apática, sem garra, sem crença, comete sucessivamente os nmesmos erros, tem as mesmas falhas, e joga sem convicção. Dá até a impressão, desde o princípio, que está cansada do treinador. Um cansaço que até parece ter começado antes dele chegar.

Substituir Jesus é um imperativo, apesar de já pouco se poder fazer. O segundo lugar começa a ficar longe, a Liga Europa tem tudo para correr mal, e a Taça de Portugal, se o Benfica chegar à final, vai depender muito de como até lá as coisas tiverem corrido. Mais difícil é escolher quem pode ser chamado para fazer o resto da época. O Benfica, nos tempos que correm, não aguenta outra asneira. Quem chegar vai ter mudar muita coisa e vai ter de experimentar outros jogadores. Deixando de fora quem nestes seis meses não provou e dar uma hipótese a quem praticamente as não teve.