quarta-feira, 22 de maio de 2013

O FRACASSO DE MOURINHO


 

PRINCÍPIO DO FIM DE UM MITO?

As três épocas de Mourinho à frente do Real Madrid constituem o falhanço mais completo de uma carreira que se julgava imparável e que só tinha o céu como limite. Uma vitória na taça do rei, outra no campeonato e uma supertaça é muito pouco para um treinador que rumou a Madrid com o objectivo de acabar com a hegemonia do Barcelona e conquistar a “décima” Copa da Europa para os merengues.

Dotado de plenos poderes na condução do futebol madridista e reunindo um dos melhores plantéis do mundo, se não mesmo o melhor, Mourinho não só não conseguiu atingir nenhum dos objectivos que a sua contratação pressupunha, como, pelo contrário, logrou pôr em causa alguns dos mitos que a propaganda à volta do seu nome havia laboriosamente construído nestes últimos dez anos – a empatia com o público da sua equipa e a relação indissolúvel com os jogadores do plantel, dos quais e dizia, para citar a propaganda, “serem capazes de morrer em campo por Mourinho!”.

Quanto ao futebol jogado, Mourinho, que segundo os mais entendidos críticos do desporto-rei nunca havia trazido nada de novo ao futebol, confirmou em Madrid a sua vocação para um futebol “resultadista”, desta vez completamente falhada, mas incansavelmente tentada, sem êxito, até ao último suspiro.

O que se passou em Madrid não significa necessariamente o princípio do fim de um mito, principalmente para quem nunca olhou para Mourinho como um caso marcante do futebol mundial, mas ajuda a definir com clareza que tipo de treinador ele é e o que se pode esperar do seu desempenho.

Mourinho é, antes de mais, um treinador que não serve para todas as equipas. As grandes equipas populares do futebol mundial, aquelas cujo poder está democraticamente distribuído pelos seus apoiantes, quanto mais não seja pela receptividade que a sua opinião acaba por ter nos órgãos directivos, não são equipas para Mourinho nem nelas Mourinho pode pôr em prática tudo o que considera imprescindível para alcançar o êxito, ou seja, os resultados.

Mourinho é um treinador para quem o futebol só parcialmente se joga dentro do campo, muito à semelhança, aliás, do que pensa aquele que foi o seu grande mentor já na sua idade madura e que tão fortemente o marcou a ponto de esbater ou quase apagar as influências de grandes nomes do futebol jogado, como Boby Robson e Van Gaal.

Além disso, Mourinho entende o papel do treinador como o de um dirigente autocrático, alheio e avesso ao diálogo que o contrarie, no círculo do qual só cabem aqueles que acrítica ou disciplinadamente o secundem, dispensando-lhes como contrapartida dessa devoção, verdadeira ou fingida, um falso paternalismo de cuja concessão se não cansa de extrair todas as vantagens.

Por último, Mourinho tem de ser o “Special one”. É ele que tem de estar sob as luzes da ribalta, mesmo quando fingidamente as reparte com os verdadeiros artistas do espectáculo.

É óbvio, como neste blogue foi antecipado há três anos, que um treinador com estas características não tinha grandes hipóteses de êxito num clube como o Real Madrid. E foi isso o que realmente aconteceu. Os mil e um episódios de confronto entre Mourinho e os apoiantes do Real Madrid, entre Mourinho e a imprensa madridista, e, por fim, com os próprios jogadores, mesmo com aqueles que à partida lhe pareciam garantir indefectível fidelidade, mais não são do que a expressão dessa incapacidade de adaptação de Mourinho a uma realidade que não aceitava e que queria todo o custo alterar.

Para desconforto e decepção de Mourinho, pode ainda dizer-se aquilo que parece ser a irreversível perda de hegemonia do Barcelona a nível mundial nada tem a ver com a sua presença à frente do Real Madrid, sendo antes o fim natural de um ciclo, porventura antecipado por um conjunto de factores aleatórios e também por uma certa incapacidade de prever e prover atempadamente às manifestas deficiências da equipa, visíveis há mais de um ano por quem não se deixasse inebriar pela extraordinária capacidade técnica e atlética de Messi que, de tão excepcional, tendia a ocultar o que de outro modo seria evidente.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

PARABÉNS, JORGE JESUS


 

PARABÉNS TAMBÉM PELA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA DESTA NOITE

Muitos benfiquistas estão sinceramente desiludidos com a prestação do Benfica esta época nas quatro provas em que participou. Desilusão e tristeza pela perda das provas em que participou não são sinónimos.

A desilusão é descrença, é perda da ilusão de ganhar. Tristeza é um sentimento diferente que tem a ver com a sensação de perda, de prejuízo, mas não descrença nem falta de ilusão.

O Benfica progrediu muito nestes últimos quatro anos. Progrediu no plano desportivo, no plano competitivo e encurtou consideravelmente as distâncias relativamente ao Porto que, nos últimos vinte anos, têm ganho no plano interno com relativa facilidade as várias provas em que participa, independentemente do juízo sobre como muitas dessas vitórias foram alcançadas.

O Benfica subiu a nível interno e a nível internacional. É certo que nos dois últimos anos perdeu dois campeonatos nas últimas jornadas quando os liderava, respectivamente, com cinco e quatro pontos de avanço. Mas isso também significa que esteve lá, no topo, fazendo estas dolorosas derrotas parte de um processo de crescimento que nunca é linear até verdadeiramente se consolidar.

No plano internacional, o Benfica atingiu nestes últimos quatro anos os quartos-de-final da Liga dos Campeões, com excelentes prestações, inclusive nos jogos em que foi eliminado e chegou igualmente aos quartos-de-final, às meias-finais e à final da Liga Europa.

Para uma equipa que salvo uma ou outra excepção soçobrava na primeira fase da prova em que participava pode e deve considerar-se um excelente resultado.

Os benfiquistas certamente queriam mais. A verdade, porém, é que antes tinham menos. Muito menos e desde há muito tempo.

Por tudo isto e também porque a equipa tem apresentado um futebol agradável e vistoso apesar de em todas as épocas ter perdido jogadores nucleares que vão sendo substituídos por jogadores que chegam de novo, que é preciso formar e integrar na equipa, sendo assim necessário em cada época começar parcialmente de novo, bem pode dizer-se que a prestação do Benfica tem sido boa e às vezes mesmo muito boa.

Parece ter sido isto o que Jorge Jesus hoje quis dizer, ou disse, na conferência de imprensa – uma das melhores desde que é treinador do Benfica.

De facto, Jesus sublinhou muito bem o facto de este ano a equipa ter estado em todas as grandes decisões. Perdeu-as ou perdeu três, mas só o Benfica, em Portugal, poderia ganhar as três. Ou seja, só pode ganhar quem disputa as finais e não quem fica pelo caminho.

Sobre dar os parabéns ao Porto, Jesus disse que não mudava de discurso em função da conjuntura – ou seja, criticou, como devia, aqueles que transformam um campeonato sujo num campeonato excepcional apenas por o terem ganho – e disse ainda que se o Porto ganhou foi porque fez mais pontos e quem faz mais pontos é quem merece ganhar.

Esta e outras respostas que deu na conferência de imprensa desta noite foram respostas de grande categoria.

Sobre painel da SIC Notícias que tanto criticou Jorge Jesus e a sua última conferência de imprensa pouco há dizer. De facto um painel composto pelo ressabiado Ribeiro Cristóvão – um saudoso do salazarismo – que ainda não percebeu que o seu clube não “conta para o totobola”, pelo David Borges que faz, como comentador desportivo, da crítica desonesta profissão e de Marques Lopes que aplaude Pinto da Costa e diz criticar os ladrões do BPN, ou seja, um tipo para quem a corrupção é má se for praticada na política e boa se favorecer o seu clube, pouco ou nada há a dizer para além do que foi dito. Não têm um pingo de credibilidade.

Para concluir falta ainda dizer que, neste último terço do campeonato, todas as equipas que defrontaram o Benfica fizeram desse jogo o jogo das suas vidas. Foi assim com o Beira-Mar de Costinha, que nunca mais fez um jogo como aquele, sendo, por isso, remetido muito justamente para a 2.ª divisão; a Académica que em nenhum outro jogo voltou a jogar como jogou contra o Benfica na Luz; o Marítimo que terá feito contra o Benfica o seu melhor jogo do campeonato; o Olhanense, que até levantou, com “dinheiro caído do céu”, uma greve para poder jogar contra o Benfica e o Estoril, um dos mais assanhado, para falar apenas de alguns.

O Benfica não jogou contra nenhum Nacional dócil e admirador das virtudes alheias nem nas provas internacionais lhe calhou jogar contra uma equipa que está a 40 (!!!) pontos da liderança …e muito menos ser eliminado por ela. Nem nunca disputou, como noutra ocasião já se disse, uma final europeia contra uma equipa da segunda divisão nem contra uma equipa que nunca ganhou um campeonato na sua terra!

Por tudo isto, parabéns Jorge Jesus!

sexta-feira, 17 de maio de 2013

AS DERROTAS DO BENFICA


 

NO PORTO E EM AMESTERDÃO

O Benfica jogou a sua nona final europeia – 7 na Taça/Liga dos Campeões e 2 na Taça UEFA/Europa – e a imprensa de todo o mundo, desta vez, atribuiu a derrota à “maldição” de Bela Guttman que embora não seja o que se diz começa cada vez mais a parecer-se com aquilo que dela se conta.

Realmente, a “maldição” do Benfica é ter jogado 9 finais contra o Barcelona, Real Madrid, Milan (2 vezes), Inter de Milão, Manchester United, Chelsea, PSV e Anderlecht. Ou seja, exceptuando o Anderlecht que não é um grande europeu, apesar de crónico vencedor do campeonato belga e, em certa medida, do PSV (que até já deu 5-0 ao Porto na Taça dos Campeões), também sempre presente nas competições europeias, os restantes dispensam apresentações tanto no presente como historicamente. Por isso, a “maldição” do Benfica é nunca ter jogado uma final contra uma equipa da 2.ª divisão ou contra uma equipa que nunca ganhou um campeonato na sua terra! Mesmo assim ganhou duas, como se sabe, uma contra o Barcelona, outra contra o Real Madrid à época penta campeão europeu!

O jogo de quarta-feira não teve nada a ver com a de sábado passado. Se o Benfica tivesse jogado no Porto como jogou em Amesterdão a esta hora já seria campeão. O jogo de quarta-feira é um daqueles em que uma equipa como o Benfica sofre as consequências de jogar numa liga como a portuguesa. Em jogos internacionais desta envergadura, o domínio exercido sobre o adversário tem de ser convertido em golos sob pena de a surpresa a todo o momento poder aparecer.

Provavelmente há alguma desconcentração durante a marcação do canto. Provavelmente, terá pesado na mente dos jogadores a derrota no Porto no último minuto. Mas nada do que se passou nesses breves segundos, por mais importantes que tenha sido para o desfecho da partida, poderá anular ou fazer esquecer o que se passou durante todo o tempo restante.

E o que nós vimos, o que todo o mundo viu, durante todo o jogo, foi um Benfica manifestamente superior ao Chelsea em todos os domínios da partida.

É certo que os golos do Chelsea não resultam tanto do mérito do adversário como de falhas da equipa do Benfica. No primeiro golo, houve uma falha de, pelo menos, dois jogadores, embora o trabalho realizado por Torres tenha sido de grande classe e merece o aplauso de quem gosta de futebol. Já o segundo, resulta de uma incompreensível falta de marcação de quem tinha a seu cargo aquele sector da zona, tanto mais incompreensível quanto é certo saber-se que aquele era um dos pontos fortes do Chelsea.

Não pode, por isso, falar-se de azar, mas pode dizer-se que o Benfica foi superior ao adversário, fez uma exibição vistosa, que enche de satisfação os amantes do futebol, com duas fatídicas falhas pontuais, nomeadamente a última.

Os comentadores de futebol, viciados no comentário em função do resultado do jogo ou, noutros casos, obcecados pelas suas simpatias clubistas ou por outros interesses, prevalecem-se desse resultado para analisar o jogo do fim para o princípio e desfigurar completamente o que se passou em campo.

Não é assim com todos. Há também gente séria e competente a comentar, nomeadamente na RTP Informação. Mas isso é raro. O mais frequente é ouvirmos comentadores intriguistas que tudo fazem para defender as cores do seu clube, tentando destabilizar o adversário com conversas aparentemente técnicas. De futebol não percebem praticamente nada, passando a maior parte do seu tempo na intriga, na insinuação, na maledicência, enfim, na tentativa de criação de um clima que em última instância possa servir as suas cores. O expoente máximo deste tipo de comentadores é Rui Santos.

Depois há outros que tendo ficado profundamente decepcionados com o resultado entram num verdadeiro delírio crítico procurando pôr tudo em causa, chegando ao ridículo de menosprezar as últimas quatro épocas do Benfica em comparação com o que se passou nos cinco ou seis anos anteriores, onde, com excepção de Trappatoni e porventura de Fernando Santos, o que se viu foi um Benfica inconsistente e sem perspectivas. É o caso de Jorge Baptista cujas críticas nunca são objectivas, raramente têm nada a ver com que o se passou no jogo, mas com os seus estados de alma ou, porventura, com a defesa de interesses insuficientemente explicados.

Não quer isto dizer que Jorge Jesus não tenha cometido erros, alguns deles graves, e não tenha falhas como treinador. Certamente que sim. O seu maior erro foi não ter rodado a equipa no jogo contra o Estoril, como aqui logo se referiu, e depois do desaire não ter encarado noutros termos o jogo contra o Porto. Esses, os dois grandes erros da época cometidos num tempo em que já era proibido errar.

Como treinador, as suas maiores falhas são, porém, de comunicação. Não se trata tanto de criticar o modo como diz, mas o que diz. Jesus incorre frequentemente em triunfalismo fácil que se tem revelado fatal. Essa euforia em que Jesus incorre, entusiasmado com a qualidade do seu trabalho, acaba por ter efeitos perniciosos sobre a própria equipa. Este ano Jesus deve ter definitivamente compreendido que a vitória verdadeiramente só existe depois de conquistada e não enquanto se conquista.

Se Jesus tiver compreendido bem o que se passou na sua vida de treinador entre sábado e quarta feira à noite será certamente um treinador mais competente nos anos que vem, fique ele no Benfica ou não.

terça-feira, 7 de maio de 2013

O QUE CORREU MAL AO BENFICA



CONSEQUÊNCIAS DE ERROS DE CÁLCULO

 

Há cinquenta e um anos, pouco tempo antes de vencer de vencer a segunda Taça dos Campeões Europeus, Bela Gutman disse a um jornalista do jornal A Bola que o entrevistava que o “Benfica não tinha cu para se sentar em duas cadeiras”, afastando assim a hipótese de uma dupla vitória na competição europeia e no campeonato nacional.

E hoje, terá? Jorge Jesus admitiu que sim, apesar de muitas vezes ter dito que o campeonato nacional era a primeira prioridade da equipa. A verdade é que não há nenhuma equipa com pretensões na Europa que despreze a possibilidade de chegar a uma final, mesmo que para a alcançar possa pôr em causa outro objectivo que teoricamente se afigurava mais fácil.

Percebeu-se, depois de assegurada a final na Liga Europa, que Jorge Jesus pretendia resolver o mais rapidamente possível a questão do campeonato, certamente para deixar os jogadores mais soltos tanto mentalmente como fisicamente para o jogo da final em Amesterdão. Se tivesse seguido à risca o plano que até ontem seguira, o mais natural teria sido que parte da equipa que jogou contra o Fenerbahçe não tivesse jogado contra o Estoril.

É que há vitórias que emocionalmente são tão devastadoras como as derrotas. E a vitória de uma equipa que alcança a final com dificuldade é um desses casos. A maior parte dos jogadores que participaram nesse jogo precisa, em regra, de descanso. Precisa de digerir bem a vitória, principalmente quando ganhar sempre e há vários anos não faz parte do quotidiano da equipa.

Este foi o primeiro erro do Benfica. Deveria ter havido rotação no jogo contra o Estoril. Assim corre-se o risco de levar para o Porto uma equipa sob grande tensão emocional que não existiria, mesmo que o Benfica tivesse perdido ou empatado, se os principais titulares não tivessem jogado ontem. A obrigação de pontuar no Porto a seguir a um desaire pelos próprios que participaram nesse desaire é psicologicamente muito desgastante.

Depois, em termos de comunicação, foi um erro, um grande erro, vir dizendo desde há algum tempo que o jogo das Antas não seria decisivo. O que qualquer pessoa minimamente avisada deveria ter dito é que na altura do jogo se saberia se ele seria ou não decisivo. Acrescentando que decisivo era o Benfica ir ganhando os jogos que tinha até lá.

Dizer agora que o Benfica depende apenas de si próprio é uma afirmação que escamoteia parte da realidade. Desde há muito que neste campeonato o Benfica depende apenas de si próprio. O pior é que a partir de ontem o Porto passou também a estar na mesma situação – a depender apenas de si próprio, facto que desde há várias jornadas não acontecia. Houve portanto uma verdadeira alteração qualitativa a partir do jogo de ontem. Uma alteração que fragiliza o Benfica.

Por último, o principal problema do Benfica consiste no facto de as equipas de Jesus “perderem gás” na ponta final do campeonato. Os jogadores, o treinador, os adeptos em geral e os adversários têm isso presente, pesando esse conhecimento muito diferentemente em cada um dos lados. Além de que Jesus tem um registo muito negativo nos jogos contra o Porto, independentemente de serem ou não determinantes. Nem sequer no primeiro ano impediu uma pesada derrota (3-1) quando a equipa estava à porta de se tornar campeã.

Concluindo, o Benfica não tem a vida nada facilitada e menos ficará ainda se o Paços de Ferreira resolver a questão do acesso à Liga dos Campeões no próximo sábado…

 

BENFICA AINDA NA FRENTE


 

ESTORIL IMPÕE EMPATE NA LUZ

 

Desde o primeiro minuto se percebeu que este não era o jogo do Benfica. Lima que, durante o campeonato, tantas vezes foi decisivo, dificilmente voltará a repetir uma exibição tão má como a que esta noite fez na Luz. Acontece um jogador estar em dia não, embora isso aconteça com pouquíssima frequência aos grandes jogadores e nos grandes jogos. Aos vinte minutos de jogo ou, quando muito, no fim da primeira parte, percebia-se que Lima estava a mais naquele jogo. Que não acertava uma! Não se trata de arranjar um bode expiatório para uma noite que correu mal a muitos. Trata-se de criticar as opções técnicas, baseadas em fezadas ou superstições, que se recusam a olhar a realidade tal como ela é. Se Lima estava num dos dias mais desastrados da sua carreira, deveria ter sido substituído.

Mas não foi só Lima que esteve mal. A equipa entrou ansiosa e sem capacidade para responder à velocidade que o Estoril soube impor a partir dos vinte minutos de jogo. O Benfica teve esse tempo inicial para ganhar o jogo e desconjuntar o Estoril. Não o fez e depois foi dominado quase sempre. Foi uma sorte, uma grande sorte, não ter perdido.
 
Para a história icará o empate a um golo, ambos marcados no segundo tempo. O primeiro por Jefferson e o segundo por Maxi Pereira.

Artur deixou entrar um golo incrível. Daqueles que tira pontos, embora depois tenha feito uma ou duas defesas de média dificuldade. Mas antes disso já havia pisado Luís Leal podendo ter dado origem a uma grande penalidade. É certo que no golo sofrido havia um jogador do Estoril em fora de jogo que lhe estorvou a visão do lance. Mas que árbitro iria apitar essa falta?

Carlos Martins que entrou a substituir Enzo Pérez, lesionado, nada fez de relevante, salvo a expulsão que aconteceu por culpa exclusiva sua. Inadmissível.

Os restantes também jogaram abaixo das suas possibilidades, embora sem erros individuais gritantes, mas tudo isso teria sido esquecido se o ataque tivesse cumprido o seu dever: marcar nas inúmeras oportunidades de que desfrutou.

O que mais incomodou na equipa do Benfica não foi tanto a fraca exibição mas a incontrolada ansiedade que se foi acentuando com a passagem do tempo. E não há campeões ansiosos. Os campeões são serenos e confiantes.

É isso que se exige ao Benfica nos dois jogos que restam do campeonato. Ambos igualmente importantes. Nenhum dos dois é mais difícil que o outro. São ambos difíceis e só podem ser ganhos com serenidade e concentração.

No Porto, o Benfica vai encontrar um ambiente de grande hostilidade que pode, inclusive, ultrapassar as fronteiras do adversário. O Benfica tem de estar preparado para tudo isso e não ter medo. Não ter medo, nem perder a cabeça. Não conceder pretextos a quem quer que seja. Sabe-se, por experiência própria, que se vai jogar num ambiente onde tudo valerá para alcançar a vitória. Tudo…menos a classe da equipa do Benfica. E essa chegará para fazer frente a todas as ameaças…

sexta-feira, 3 de maio de 2013

BENFICA NA FINAL DA LIGA EUROPA


 
UMA VITÓRIA INSISCUTÍVEL
Veja as imagens da vitória do Benfica // Veja as imagens da vitória do Benfica

Cinquenta e um anos depois de ter vencido a segunda Taça dos Campeões, o Benfica apurou-se frente ao Fenerbahçe da Turquia para a disputa da sua nona final europeia – sete na Taça dos Campeões, uma na Taça UEFA e outra na Liga Europa.
Perante um adversário que fez na presente temporada uma boa série de resultados nos jogos até ontem disputados fora de casa, temia-se que a vantagem que os turcos traziam de Istambul pudesse ser suficiente para lhes assegurar a passagem à final. Mas logo se percebeu que assim não seria. O Benfica terá feito ontem os melhores vinte minutos iniciais de todos os jogos este ano disputados nas competições europeias. Percebia-se na cara dos jogadores que o Benfica ia ganhar e percebia-se também que os jogadores, a começar por Cardozo, estavam plenamente confiantes na vitória.

O primeiro golo surgiu cedo, por Gaitan, numa excelente jogada pelo flanco direito benfiquista e adivinhava-se o segundo a todo o momento tal o ritmo que o Benfica estava impondo ao jogo . Quis, porém, o destino que assim não tivesse sido. Um penalty caído do céu colocou o Fenerbahçe na frente da eliminatória, obrigando o Benfica a ter de marcar dois golos para chegar à final.
Atordoados com o insólito resultado que por força do penalry se estabeleceu contra a corrente do jogo, os jogadores do Benfica apenas precisaram de uns minutos, cerca de dez, para se recomporem e recomeçarem com a toada inicial que retirava aos turcos todas as hipóteses de aguentar o resultado, como de facto veio a acontecer.

E assim foi. Pouco antes do intervalo, o inigualável Cardozo marcou o segundo golo num excelente trabalho sobre quatro adversários à entrada da área. E a partir daí a equipa estava lançada para o acesso à final que mais tarde ou mais cedo haveria de consumar-se.

Foi já no segundo tempo, pouco depois dos sessenta minutos de jogo, que Cardozo, mais uma vez, marcou o segundo, desta vez a passe de Luisão. E mais teria marcado Cardozo se Lima tivesse sido, como quase sempre é, um pouquinho menos egoísta. Teria Cardozo marcado o terceiro e encerrado de vez a sorte da eliminatória.

Assim não aconteceu, mas apesar da ansiedade dos últimos minutos, a passagem do Benfica nunca esteve em risco.

O jogo de ontem demonstrou que nos grandes momentos não há cansaço;  que Cardozo é um avançado insubstituível; que Matic é um jogador do outro mundo; e que o Benfica tem uma grande, grande, equipa. Certamente uma das melhores da sua história. Seguramente por força da valia dos jogadores, mas em grande parte devido ao mérito do seu treinador, Jorge Jesus, que trouxe muito ao Benfica, mas que também aprendeu muito no Benfica, a ponto de hoje ser um treinador muito mais completo do que aquele que há quatro anos pegou na equipa. O que só demonstra a sua  inteligência e capacidade de aprender com os próprios erros. 

Na final contra o Chelsea, objectivamente, o Benfica tem este ano menos hipóteses do que tinha o ano passado nos quartos-de-final da Liga dos Campeões pela razão simples de Benitez ser muito melhor treinador do que Di Matteo. Benitez é um treinador perito em finais e em jogos a eliminar como o seu passado no Valência e no Liverpool sobejamente demonstra. E também no Chelsea…

Para o caixote do lixo da história fica o ridículo treinador do Porto e os adeptos do Sporting tipo Eduardo Barroso, Dias Ferreira e Oliveira e Costa…